domingo, 21 de janeiro de 2018

Tshiyuki morto

Kawaji Toshiyuki, 52 anos de idade, está morto. Seu corpo foi encontrado pela polícia de Osaka, no Japão, aos 26 de outubro de 2015. Segundo consta, a causa da morte foi um tiro disparado contra seu peito. Após algumas investigações, descobriu-se que Kawaji era líder de uma organização criminosa.

Qualquer brasileiro, habituado à rotina do absurdo das páginas policiais sempre recheadas, após tomar conhecimento desta notícia, seguramente indagaria o motivo de sua excepcionalidade. Sim, o que haveria de extraordinário no homicídio de um chefe de quadrilha?

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Segue a resposta, registrada pela séria revista britânica "The Economist": em todo o ano de 2015 houve, no Japão inteiro, um único homicídio produzido por arma de fogo! Kawaji Toshiyuki foi, ao longo de todo um ano, o único ser humano abatido a tiro no Japão. Em um humilhante contraste, no Brasil há uma média de 120 homicídios cometidos com armas de fogo por dia - sim, por dia!

O Japão é um país paupérrimo, desprovido de recursos minerais os mais básicos. Sequer de espaço para grandes investimentos em agricultura ou pecuária dispõe. Para piorar, seu solo é sujeito a constantes terremotos e salpicado por vulcões.

O Brasil é um país riquíssimo. Chega a ser difícil imaginar uma riqueza que não tenhamos em abundância. Do petróleo ao ouro, do ferro ao nióbio, a natureza nos foi pródiga. Temos espaço a fartar para plantar e criar. Nosso solo foi poupado de terremotos e vulcões.

Lá, um povo rico vive civilizadamente. Aqui, um povo pobre apenas sobrevive. Diante deste humilhante contraste, apontamos o dedo para o Zé-Povinho ou para os políticos. Acabamos nos esquecendo, porém, de que quando apontamos um dedo para alguém, direcionamos três outros a nós mesmos.

Sim, somos nós os maiores culpados. Preferimos não ver a realidade dos entornos de nossas cidades, nas quais o Estado há muito não entra. Somos pessoas de bem, mas não do bem; dizemos não ao mal, porém não aos maus - veja nossos maiores corruptos sendo festejados nos mais requintados ambientes e reflita sobre o quanto somos omissos enquanto elite dirigente.

Mesquinhos, sequer de continuidade administrativa conseguimos falar. Medíocres, vivemos há séculos do extrativismo. E, covardes, ainda cobramos de um povo abandonado o preço de nossa cegueira assassina.

Pedro Valls Feu Rosa

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