segunda-feira, 26 de junho de 2017


Símbolos nacionais

Grandes empresários deveriam ser símbolos de sucesso, empreendedorismo e retidão. Homens feitos por si mesmos em processos concorrenciais de que saíram vitoriosos. Apareceriam, então, como exemplos a serem seguidos tanto por jovens em início de carreira quanto por aqueles que seriam objeto de emulação.

Uma sociedade se organiza em função de exemplos a seguir, numa encarnação de valores a serem repetidos. O mundo empresarial deveria, nesse sentido, mostrar o caminho dos que pretendem o sucesso na vida econômica, sem descuidar, evidentemente, de que esse sucesso obedeça a regras do ponto de vista moral e jurídico. Não se trata de um vale-tudo no absoluto desconhecimento do compromisso com valores éticos.

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O Brasil, no longo reinado lulopetista, com suas consequências agora aparecendo, deu mostras de condutas que não deveriam ser imitadas. Seriam a expressão de um sucesso a ser obtido a qualquer preço, como se o mundo das regras jurídicas e de mercado fosse considerado simplesmente na perspectiva de sua perversão. Seu capitalismo seria o do compadrio, tornando-se progressivamente o dos comparsas.

Quais eram os símbolos nacionais que se vinham destacando? Quem era apresentado como caso de sucesso, preenchendo capas de revista, propagandas, notícias, redes sociais, o mundo televisivo? Marcelo Odebrecht, os irmãos Batista da JBS, Eike Batista e outros. Todos têm em comum estreitas relações com o ex-presidente Lula – embora todos procurem agora minimizar esse fato, o próprio Lula incluído. De repente, tornaram-se desconhecidos, como se num passe de mágica tudo o que fizeram juntos tivesse sido apagado.

É bem verdade que nesse relacionamento de compadrio Lula foi somente o líder máximo, tendo sido acompanhado por todo um submundo em que compareceram não apenas os petistas, mas a maioria dos outros partidos, numa espécie de partilha dos bens nacionais. Estabeleceu-se uma triangulação entre políticos, empresários e executivos de empresas estatais e bancos públicos, baseada tanto no enriquecimento pessoal e no sucesso das empresas quanto no financiamento de partidos políticos. Convém ressaltar que isso não ficou limitado a um falseamento da concorrência, restringindo severamente as condições de uma economia de mercado, mas terminou evoluindo para um complexo esquema de corrupção que permeou todo o aparelho estatal.

O saqueio da Petrobrás ilustra muito bem a que ponto esse processo foi conduzido, espalhando-se para outras empresas e bancos públicos. Os compadres evoluíram para comparsas. O mundo da política tornou-se o da polícia; o mundo empresarial, o do crime.

A Lava Jato tem o grande mérito de ter desvendado essa trama. Graças ao incansável trabalho de juízes, desembargadores, promotores, procuradores e policiais federais esse submundo veio à tona, expondo a corrupção que tomou conta do Estado, dos partidos e de parte do mundo empresarial. A delação premiada, nesta perspectiva, foi um instrumento da máxima importância.

Marcelo Odebrecht está preso, o nome de sua empresa aparece agora como símbolo de corrupção e descaso com os bens públicos. Os donos lutam por sua sobrevivência, imersos nos mais distintos tipos de problemas. Foram comidos por sua própria voracidade.

Eike Batista, outrora símbolo do rápido sucesso empresarial, cortejado por muitos e dono de muito boa capacidade de comunicação, pena em processos criminais. Seu império se desmanchou como um castelo de cartas, mostrando não ter uma base real. Sua imagem é um exemplo do que não pode ser repetido.

Os irmãos Batista, com destaque para Joesley, são um caso à parte. Não por não serem compadres e comparsas, mas por exporem à Nação que o crime compensa. Foram comparsas em grau máximo, mas pretendem se vender como vítimas e, pior ainda, como partícipes de um processo de revelação da corrupção. De bandidos pretendem parecer mocinhos.

Acontece que a sociedade brasileira, que manteve a sanidade e o bom senso no que diz respeito aos seus valores, embora tenha sido ludibriada eleitoralmente, insurge-se contra o espetáculo político-policial da corrupção. Os irmãos Batista continuam sendo vistos como bandidos que devem ser exemplarmente punidos.

Eles, porém, conseguiram um acordo de delação que os isenta da punição. Um dos irmãos, Joesley, num ato de completo descaramento, sem nenhum tipo de vergonha, logo embarcou com a família para Nova York, em avião particular, para usufruir o luxo de sua vida de criminoso bem recompensado. Seu iate foi para os Estados Unidos, para melhor desfrutarem suas regalias. E o mais grave: com o beneplácito e o apoio da Procuradoria-Geral da República.

A Lava Jato mostrou que a delação é um meio para obter provas, não um fim em si mesmo. O que estamos observando, contudo, é uma busca desenfreada por delações, como se fossem seu próprio fim. Ora, delações são, ou deveriam ser, instrumentos de punição, não ferramentas de impunidade.

O resultado é uma completa inversão de valores. Os Batistas chegam a reclamar candidamente de que estariam sofrendo “retaliações” do governo, como se o seu acordo com a Procuradoria fosse um salvo-conduto para que sua vida empresarial – e pessoal – continuasse “normalmente”. Fizeram um grande caixa para atravessar este período. Esqueceram-se de combinar com os russos. Seus fornecedores não mais querem vender-lhes seus produtos. Os clientes não mais querem comprá-los. Bancos públicos e privados querem segurança do que lhes foi emprestado. A Comissão de Valores Mobiliários investiga suas operações.

E a sociedade quer dar um basta a tudo isso!

Mundo 'fake'

Devemos a Donald Trump e aos seus a propagação de uma estranha tendência, velha, mas com nova denominação: as ”notícias alternativas” (“fake news”), também conhecidas como “pós-verdade”, em resumo, tudo aquilo que o magnata não gosta ou que não lhe caia bem. Sua negação ou tergiversação da realidade começou a ser uma constante desde sua própria cerimônia de posse que contou, como demonstram as fotografias, com menos presentes do que as de Obama em 2009 e 2013, apesar de ele ter afirmado que as imagens tinham sido manipuladas. À época, deveríamos ter aprendido que seria apenas o começo e seria a marca da casa.

Goebbels nos ensinou que uma mentira repetida mil vezes acaba se transformando em uma verdade. Os meios de comunicação vivem hoje uma situação esquizoide e são um pouco como o paranoico a que perseguem: já não contam como antes, tudo é relativo, depende do ponto de vista ou da ideologia de cada qual, e o que consideram negativo tem melhor recepção entre as pessoas do que os valores democráticos.

Estamos por acaso ante uma crise geracional? Ou ante uma crise entre a realidade e a ficção? Em um novo mundo ou em um falso? Me assusta a desfaçatez dos que se atrevem a negar a realidade porque, no fim das contas, pertenço a uma geração que uma vez se atreveu e foi capaz de romper o inimaginável. Por essa razão, sempre mantive que cada geração tem o direito de se equivocar.

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A herança que Trump está deixando ao mundo, essa nova maneira de viver à margem da realidade, ajustando-a ou negando-a, teria dado nos tempos de Freud material abundante para a análise e vários milhares de livros. No entanto, nesse século XXI onde impera a tecnologia, o reino do Twitter e o universo do Facebook, só é uma expressão das profundas mudanças que estão sendo gestadas nestes tempos.

Trump utiliza as armas de gerações anteriores para atacar a realidade e chamar de mentirosos e falsos todos aqueles que apresentam dados ou informações que não lhe convém. E depois está uma nova geração que salta por cima de tudo isso e vive rompendo os limites.

Ao final, tanto os que se vão como os que chegam são escravos da tecnologia. Já não há um mundo no The New York Times ou no EL PAÍS, já não há um mundo em outros jornais porque ninguém pôde imaginar, nem em seus mais incríveis sonhos, que os meios de comunicação perderiam o domínio e a distribuição da informação para o Facebook.

Enquanto isso, há sim uma verdade indiscutível. A imprensa e aqueles que vivem observando o que acontece ao nosso redor já não têm o monopólio da autoridade, de ditar o que é bom e o que é ruim. Pode se discordar do comportamento de um político ou do programa de um partido, mas o que não se deve fazer é negar seu direito ao erro e condená-lo porque não concorda com o que pensamos.

Não podemos negar aos demais o direito que nós algum dia exercemos ao romper as barreiras e os limites e ir além do horizonte. E, ainda que não se consiga ir tão longe como se esperava, terá valido a pena tentar porque é um direito geracional inapelável.

O problema é que a transição entre o velho e o novo está sendo feita com desqualificações, e não com consensos. A verdade é a verdade como a física é a física e a lei da gravidade estabelece que a maçã cai no chão, ainda que haja bruxos que afirmem que também pode ir para cima. No entanto, muitos – deixando de lado as lacunas geracionais – sabem que as maçãs sempre caíram nas nossas cabeças.

Nestes tempos a política e a sociologia nadam em mar de confusões, a mais importante delas a do sentido comum. De um lado há meios de comunicação que acreditam encarnar a verdade e se atrevem a ir contra a nova realidade e, do outro, há políticos que são capazes de afirmar que são mentiras até as verdades comprováveis.

Neste ocaso dos sistema de expressão tradicionais, não há que se esquecer que a sensatez de um editorial não pode competir com a ditadura dos 140 caracteres, e que sempre mantivemos que os povos, como as baleias, têm direito ao suicídio.

Antonio Navalón

Ali talvez bata um coração

Trocar língua por fita métrica. Talvez resolvesse tudo. Mas enquanto a medicina não alcança o nível de nossas sensibilidades, a gente tem que arranjar um jeitinho de viver. E viver já foi mais simples.

Hoje em dia a gente tem que tomar cuidado com o que fala. Medir cada palavra. Emitir sons precisos, claros, e, de preferência, que não contrariem qualquer opinião. Diante da impossibilidade deste objetivo, resta pouca coisa além da resignação.

E, parece, todos seguimos resignados com este destino. Talvez sejam estes os primeiros tempos em que as palavras tenham sofrido separação forcada do pensamento. Interessa cada vez menos o que se acredita. E cada vez mais a forma como se diz.

Fizemos opção pela supressão da expressão das ideias em detrimento da troca de conhecimento ou pontos de vista. Coisa até compreensível. Conviver com as diferenças é difícil. E humano. Todo mundo gosta de diversidade de opiniões. Até que ela acontece.

Houve época em que acreditamos que a tecnologia resolveria tudo. Traria intercâmbio de ideias. O acesso a informação motivaria a busca por conhecimento novo, diversificado. Cada um confrontaria suas crenças em uma busca constante de melhoria baseado no acesso a diferentes opiniões ou pontos de vista. Nada disso aconteceu. Enterramos mais esta quimera.

Cresce assustadoramente a quantidade de pessoas que buscam suas informações nas mídias sociais. Não buscam a melhor informação. Procuram apenas validar seus pontos de vista. Jamais testá-los. Relacionam-se com pessoas de opinião semelhante. E recusam aquelas que discordam. Tudo isso, claro, enquanto protestam contra a falta de tolerância e a abundancia do ódio. Vai entender.

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Debate e troca de ideias é coisa do passado. Fora de moda. Interações com o pensamento diferente é apenas entrincheiramento em eterna guerra de atrito e sem fim. Cada grupo com sua rede de muros construídos em nome de conceitos até muitas vezes aparentemente justos, destinados exclusivamente a uma guerra eterna e infrutífera pela hegemonia de pensamento.

Quem ousa contrariar a sabedoria convencional, é rotulado, combatido, ofendido e agredido. Parece não ter fim. As palavras não mais podem expressar pensamentos. E algumas palavras, defendem alguns, devem ser banidas. Junto com a liberdade de expressão de quem as pronuncia.

Culturas, defendem outros, não podem e não devem ser misturadas. Devem permanecer prisioneiras de muros imaginários ou imaginados. Afinal, creem, que quando livres, cultura poderia ser apropriada. E isso seria perigoso.
A pretexto de combater causas nocivas a humanidade, preferimos sufocar a liberdade de expressão. E com ela, potencialmente, a diversidade de opiniões. Isso custa caro. E é perigoso. Abre a porta para males muito maiores.

Talvez fosse mais produtivo se fizéssemos o contrário. Se permitíssemos a todos o direito de expressão, independente do seu conteúdo. Parece radical. Mas seria mais simples, claro, e melhor viver em um mundo em que as palavras representam o real pensamento de cada um. Sem muitos filtros. Sem proibição.

Não que seja agradável ouvir certas coisas. Mas, se a expressão de ideias que discordamos fosse permitida, aumentaria a probabilidade de que possamos modifica-las através do diálogo.

Que as diferenças sejam claras, discutidas, respeitadas e resolvidas. Que se expressem os detratores, os soberbos, os presunçosos, os maldosos, os mentirosos, e até mesmo os chatos de todo gênero. Que o façam a luz do dia. Não existe perigo nisso. Ignorância desaparece ao primeiro contato com a luz

E quem sabe até nos surpreendamos quando, às vezes, constatarmos que no peito deles talvez bata um coração.

O futuro dos predadores

Sempre que ligo a tevê no noticiário político, o PSDB está deixando o governo ou decidindo ficar com ele. O partido não conhece aquela teoria da dissonância cognitiva. Ela afirma que, uma vez feita uma escolha, a tendência é reforçá-la com racionalizações. Se escolhemos rosas brancas no lugar das amarelas, tendemos a ressaltar a beleza das brancas e a enfatizar os defeitos das amarelas. O PSDB ou está saindo ou ficando. Se decide ficar, faz precisamente o contrário do que acontece na dissonância cognitiva: começa a refletir sobre as vantagens de sair. No momento em que toma a decisão do desembarque, certamente vai falar muito das vantagens de ficar no governo. Enfim, parece ter uma permanente incapacidade de tomar decisões e seguir com elas.

O drama do PSDB se acentuou com as denúncias contra Aécio Neves. Sua tendência quase genética a subir no muro torna-se mais compulsiva no momento em que tem de escolher entre a Lava-Jato e o sistema político em colapso.


O interessante é observar como a existência das investigações mexe com a sorte dos partidos. O PT, por exemplo, torce para que Aécio Neves não seja preso, pois isso destruiria o argumento de que o partido é, seletivamente, perseguido. A prisão de Aécio pode tornar mais fácil a de Lula. Ambos olham com esperança para Temer, não porque o admirem e sim porque é o único com instrumentos potencialmente capazes de salvar todo mundo.

Escolha de Procurador Geral, mudanças na direção da PF — o sonho de consumo das estruturas partidárias cai nas mãos de Temer, por sua vez, preocupado com sua própria situação, sobretudo com o avanço das delações premiadas.

Janot deixa o cargo em setembro. Fala-se em corrida de delações. Ao mesmo tempo, fala-se num acordo para fixar a diferença entre receber dinheiro pelo caixa 2 sem oferecer nada em troca, ou receber em troca de favores oficiais. Quando setembro chegar, talvez termine o primeiro ato. O PSDB vai hesitar muitas vezes, os adversários políticos continuarão fingindo que não estão umbilicalmente ligados no barco que naufraga.

As raposas políticas trabalham para que Temer escolha um substituto amigo para Janot. É preciso ver como isto vai se passar na instituição, se ela se rende com sem luta, ou resiste ao lado da sociedade. Diz a imprensa que a candidata Raquel Dodge tem apoio de Sarney, Renan e Moreira Franco. Se a eleição dependesse do voto popular, esse apoio seria um abraço mortal.

Tudo é possível num país como o nosso. Surreal mas não o bastante para apagar de nossa consciência o gigantesco processo de corrupção que arruinou o país.

Terça-feira acordei em Curitiba e olhei pela janela do hotel: manhã fria, cinzenta e chuvosa. Pensei nos presos que estão por aqui. O inverno será duro para eles. E, certamente, alguns outros virão para cá.

Mas ainda assim, creio que uma fase esteja acabando. Ela não resolve nada sozinha. Mas abre a possibilidade do país enterrar o sistema politico partidário, buscar algo novo, ainda que questionável, como fizeram os franceses, por exemplo.

O esforço de Sarney, Renan, Moreira e outras raposas do PMDB para deter o curso das mudanças é patético.

Pessoalmente não acredito que uma procuradora de alto nível iria se prestar ao papel histórico de se tornar cúmplice da quadrilha que mantém o país oficial na lata do lixo.

Quando setembro chegar, com o ritmo intenso dos acontecimentos, o perigo de um retrocesso talvez já não esteja no ar. Qualquer substituto, minimamente decente, terá de concluir o trabalho já feito. Muitos fatos ainda devem ser desvendados. Algumas delações devem ajudar. Não creio que a de Eduardo Cunha possa ser uma delas. Cada vez que se fala em sua provável delação, é possível que ele enriqueça mais, vendendo o silêncio, inclusive para inocentes.

Mas a carta de Cunha revela uma reunião entre ele, Lula e Joesley que o dono da Friboi não mencionou sua delação premiada. Isso reforça a suspeita de que Joesley esteja escondendo jogo.

Semanas favoráveis, semanas negativas, semanas no muro, tempo vai se passando, as ruínas do velho sistema político partidário se acumulam. No entanto, o debate sobre a renovação ainda não ocupa o espaço merecido.

Com os dados que temos, é possível que as instituições que sobrevivem realizando seu trabalho e a sociedade que as apoia saiam vitoriosas dessa luta.

De nada adiantará essa vitória se não houver uma alternativa de mudança. Nem todos os bandidos serão presos e a força da inércia pode trazê-los de novo ao topo da cadeia alimentar. Eles comem, anualmente, cerca de dois por cento do PIB.

Por que mantê-los, sobretudo agora que estão se desintegrando? O preço do silêncio e da indiferença pode nos levar a perder uma nova chance de tirar o Brasil do buraco.

Paisagem brasileira

Arredores de Itupeva, Antônio Augustinho da Costa 

O barato da corrupção

Imagem relacionadaEstávamos em êxtase. Nos nossos aniversários, era tanta gente, tantos presentes, que distribuíamos entre os empregados do nosso prédio sem nem abrir os pacotes
Adriana Ancelmo, sobre viver em esquemas de corrupção

Temer pede à Câmara que suspenda os pudores

O traço mais vivo da gestão semimorta de Michel Temer é a tendência para o ineditismo. A partir desta semana, o brasileiro passa a conviver com uma anomalia jamais vista na sua vasta história de anormalidades: um presidente da República formalmente denunciado por corrupção. Em qualquer outro lugar do mundo, o fato produziria consequências gravíssimas. No Brasil, o governo esclarece que o anômalo é a nova normalidade. E segue em frente.

A caminho do caos, Temer atingiu o ápice da eficiência: ele mesmo violou as leis, ele mesmo forneceu a matéria-prima para sua delação, ele mesmo articula o sepultamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República na Câmara. Para livrar-se da abertura de uma ação penal no Supremo Tribunal Federal, o presidente precisa ter do seu lado pelo menos 172 deputados. O Planalto estima que a milícia parlamentar de Temer ainda reúne algo como 240 cabeças.


O procurador-geral da República Rodrigo Janot revela-se convicto de que o presidente cometeu o crime de corrupção. Sua denúncia, como manda a Constituição, será remetida pelo Supremo Tribunal Federal à Câmara. Se o Brasil fosse um país lógico, os deputados representariam os interesses dos seus eleitores. E forneceriam os 342 votos necessários para autorizar a Suprema Corte a decidir se Temer deve ou não ser acomodado no banco dos réus.

Entretanto, uma das primeiras vítimas dos novíssimos tempos é semântica. O lógico virou apenas um outro nome para o ilógico. Quando chamam de normal uma conjuntura que condiciona a abertura de uma ação penal por corrupção ao aval de uma Câmara apinhada de corruptos, o brasileiro sabe que está numa crise de significado ou numa roda de cínicos.

Servindo-se das evidências que Temer lhe forneceu ao receber no escurinho do Jaburu o delator Joesley Batista, o procurador-geral gruda o presidente à figura de Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala. Janot realça uma passagem da gravação que converteu Temer em escândalo. Nela, Joesley, o “notório bandido”, pede ao presidente um interlocutor para tratar dos interesses de sua empresa no governo. E Temer indica Rocha Loures —filmado depois recebendo propina de R$ 500 mil.

Pilhado, Temer alegou ter indicado Rocha Loures apenas para se livrar de Joesley. Disse também que o assessor da mala, é um homem “de boa índole, de muito boa índole.” De vez em quando, as evidências gritam tão alto que é impossível não reagir. Mas Temer aproveita que um pedaço da Câmara também apodreceu para lançar mão de um velho lema mosqueteiro: ‘Um por todos, todos por hummm…” O presidente pede aos deputados que deixem tudo pra lá em nome da cumplicidade carinhosa que sempre assegurou a autodefesa do sistema.

O Datafolha informou no final de semana que o eleitorado está de saco cheio. A popularidade de Temer encontra-se rente ao chão: 7%. Dois em cada três brasileiros gostariam de ver o presidente pelas costas. Mas um pedaço da Câmara se dispõe a mergulhar numa fase de cochilo deliberado. Recompensados pelo Planalto com cargos e verbas, os deputados fornecerão a Temer o que ele deseja: uma suspensão tácita dos pudores morais.

Presidente da República denunciado por corrupção é uma aberração. Mas todos os integrantes da milícia parlamentar do governo combinaram não notar. Pelo menos por enquanto.

Dois mundos

A vida pública no Brasil degenerou a tal ponto que ficou criada a seguinte situação: os sócios-proprietários do governo, divididos em bandos rivais que tentam se exterminar uns aos outros, perderam a capacidade de tomar qualquer decisão certa, seja ela qual for. Só conseguem errar. Um lado aposta “par”, o outro lado aposta “ímpar” e os dois perdem — é aonde chegamos, pela ação das facções que mandam hoje no país e passaram a acreditar, nos últimos anos, que podem salvar os seus interesses políticos e materiais dedicando-se a uma campanha permanente de suicídio. Há 14 milhões de brasileiros desempregados, levando uma vida de tormento silencioso e diário, enquanto os donos do aparelho de governo fazem tudo o que podem para manter o mundo da produção paralisado e sem oportunidades. O Brasil chegou aos 60 000 homicídios por ano — e responde por 10% de todos os assassinatos cometidos no mundo. Não há esgotos. Mas os barões, duques e arquiduques que controlam as decisões públicas se matam para ganhar seus joguinhos nos tribunais e em outros terreiros de disputa. Estão cegos.


Poucas vezes a degradação que criaram no país ficou tão clara quanto no desvairado “julgamento” do presidente Michel Temer, dias atrás, pela aberração conhecida como “Tribunal Superior Eleitoral”. De um lado, é mais do que sabido, pela exposição dos fatos, que em 2014 a ex-presidente Dilma Rousseff fez a campanha mais corrompida, fraudada e criminosa na história das eleições brasileiras, levando-se em conta a estonteante quantidade de delitos cometidos para mantê-la no cargo. É impossível, também, fazer de conta que o atual presidente, na condição de seu vice, não foi um beneficiário direto da trapaça — simplesmente ganhou a Presidência da República quando Dilma foi despejada do posto por fraude contábil, depois de um governo corrupto, trapaceiro e inepto. As provas dos crimes são indiscutíveis, e até os ministros do TSE concordam que a campanha foi paga com dinheiro roubado. Mas decidiram que Michel Temer deve continuar no cargo, porque em seu entender as provas contra a chapa vencedora, embora reais e concretas, não são válidas. Quer dizer: valem, mas na hora em que foram apresentadas não estavam mais valendo, pois apenas nossos cientistas jurídicos sabem que uma banana, hoje, pode ser uma laranja amanhã.

De outro lado, é um completo disparate achar que sete nulidades, que jamais foram eleitas nem para inspetor de quarteirão, possam decidir se o presidente da República fica ou não no cargo. Quem o coloca lá é o eleitorado. Quem tem o direito de tirá-lo é o Congresso Nacional, e não o senhor Benjamin ou o senhor Gilmar, o senhor Napoleão ou dona Rosa, e outros gigantes do mesmo porte. Quem é essa gente? Por que fazer um processo judicial que se arrasta por anos, se os juízes decidem que as provas não servem para nada e se não têm a mínima condição lógica para depor o presidente da República? Seja lá o que façam, não podem acertar. Apesar dessa insanidade geral, a desordem continua. O procurador-geral da República, agora, quer tirar Temer por “obstrução da Justiça” e outros crimes, sabendo muito bem que a Câmara dos Deputados não vai aceitar sua denúncia. A Câmara, por seu lado, ameaça chamar o procurador para explicar por que, em sociedade com um ministro do Supremo Tribunal Federal, perdoou sem nenhum processo judicial aos autores confessos de uma das mais delirantes operações de corrupção de toda a história brasileira.

A reação popular à “absolvição” do presidente foi a mais humilhante indiferença — a melhor resposta, possivelmente, para os que são donos do governo, da máquina pública e do Tesouro Nacional. Trata-se dessa aglomeração de políticos, magistrados, procuradores, lobistas, chefes de gangues partidárias, acionistas do Erário e todos os demais parasitas que desfilam pelo noticiário. Fingem que estão ocupadíssimos na solução das mais graves questões da vida nacional. Sabem perfeitamente que no Brasil há problemas de dois tipos — os problemas deles e os problemas da população, e que esses dois mundos jamais se tocam. Quanto tempo vai durar o mandato de Temer? Como acordou hoje o senador Calheiros — contra as reformas, a favor das reformas? O PSDB vai ficar no governo, sair ou ficar e sair ao mesmo tempo? Qual o último chilique do ministro fulano do STF, ou do STJ, do TSE ou de onde for? Lula é um líder nacional ou um futuro presidiário? Enquanto isso, como diria o deputado Justo Veríssimo, os desempregados que se explodam.

Gente fora do mapa

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Delta do Mekong (Vietnã)
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A busca da verdade

A recusa do mundo sempre foi um clássico na filosofia. Talvez os mais famosos nisso tenham sido os estoicos romanos, como Marco Aurélio (121-180) e Sêneca (4 a.C. - 65 d.C.). Um imperador, outro senador, gente de posses, como dizia minha avó. Se gente de posses diz que o mundo é uma farsa, há algo de verdade nisso. Uma das maiores razões para se recusar o mundo sempre foi a ideia que ele era o lugar da mentira.

Várias espiritualidades pregam essa recusa do mundo. Das mais profundas até aquelas que no lugar do mundo recusado colocam viver fazendo geleia em Gonçalves. A moçada que recusa o mundo hoje não abre mão do wi-fi. O mundo pode ser o lugar da mentira, mas o wi-fi é, seguramente, o lugar da vida. Você pode ser um “monge contemporâneo” que se comunica via mídias sociais. Antão (251 - 356) e Pacômio (292 - 348), que ruminavam trechos dos Salmos nos desertos do Egito, jamais imaginariam uma vida de monge assim.

Mas o mundo como lugar da mentira é mesmo uma questão muito séria em filosofia. Se num vilarejo onde moram dez pessoas pode ser difícil se saber o que é a verdade, como podemos falar em buscar a verdade num mundo com 7 bilhões de Sapiens ligados nas mídias sociais? Sei que nem todo mundo tem boa internet no mundo, mas isso vai mudar com o tempo.

Timothy Snyder, em seu excelente e didático “Sobre Tirania” (Companhia das Letras), chama-nos a atenção para o risco de abdicarmos da verdade, entre outras formas de risco da tirania dissolver a democracia. Jamais devemos abdicar de conhecer os fatos: “investigue”, diz ele. Concordo.

Mas, em nosso mundo contemporâneo, “buscar os fatos” é, sempre, em si, um fato mediado. Isto é, temos de confiar em alguma instituição (ele também diz que devemos defender as instituições), seja ela o governo e seus Poderes da República, seja ela a mídia (as grandes marcas, quero dizer), seja ela uma ONG, uma igreja, ou qualquer outra instituição. E aqui o problema se recoloca. Por que devo confiar nas instituições que se oferecem como mediadoras da verdade ou dos fatos?

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Grande parte dos agentes atuantes nas mídias sociais (nome chique para todo mundo ligado nelas) vê sua atuação como forma de “resistência” à manipulação dos “fatos” pela grande mídia ou pelas instituições públicas, ou, no mínimo, o que dá na mesma, como forma de “liberdade de opinião”.

A grande mídia, por sua vez, coloca na conta das mídias sociais grande parte do problema conhecido como “pós-verdade”: todo mundo pode veicular o que quiser em suas mídias sociais, mesmo mentiras. Este é um círculo vicioso interminável que aponta, entre outras coisas, para o seguinte: as mídias sociais pressionam as instituições constituídas (do governo à grande mídia, das escolas às igrejas) de forma desconhecida até hoje.

A “soma total” desse impacto ainda é desconhecida por nós. Do ponto de vista da percepção que temos das instituições políticas representativas existentes, as mídias sociais podem, em alguma momento, desconstruí-las ou redefini-las de forma ainda desconhecida por nós. Portanto, o risco da tirania (dissolução da democracia) nesse aspecto de busca da verdade e defesa das instituições pode ser “pior” do que pensa Snyder.

Faça um teste local: caso Joesley x Temer. Delação, vídeos, entrevista na revista “Época”, GloboNews (ambos veículos da TV Globo). O que você acha? É tudo verdade o que diz Joesley? O Ministério Público e a Procuradoria-Geral da Republica agiram de forma imparcial? O grupo Globo só quer informar você da melhor forma possível? Ou todos citados anteriormente (por “n” razões que nunca saberemos de fato) querem proteger de alguma forma o PT e o Lula? Ou querem apenas “ferir” o governo Temer? Ou é apenas “melação com a delação”?

A súbita divulgação dos primeiros vídeos após depoimento do Lula foram coincidência ou visava levar a opinião pública a esquecer o “case Lula”? O fato de a JBS ter crescido tanto na era PT é indicativo de que esta hipótese tem validade? Crer nesta hipótese é paranoia, postura crítica ou viés ideológico anti-PT? O que diz o Face?

Embolou geral

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Não se identifica quem é de que lado, não se sabe direito o que se quer, exceto o repúdio pela política. Este é o nosso principal conflito
José Serra (PSDB-SP)

O que você espera da segunda metade? Révélé

Pois é. Já acabou, passaram-se os primeiros seis meses de 2017, acredita? Sei que acredita porque deve estar igual a mim, se tinha depositado tantas esperanças de que as coisas iam melhorar, isso e aquilo, que voltaríamos a olhar pra a frente, que seria legal, iríamos tirar o pé da lama. Vamos tentar de novo para os próximos seis meses?


Não pulei sete ondinhas, porque não deu. Quando o ano virou eu estava aqui na cidade numa situação bem esquisita, hospital, família, você sabe se me acompanha. Mas à meia-noite projetei bons pensamentos, acreditei até em milagre; como era horário de verão, por via das dúvidas, repeti tudo de novo à uma hora da manhã. Acompanhei fogos coloridos da janela, vi pela tevê um monte de gente jogando astral para cima, de branquinho, fazendo promessas, jurando o velho amor eterno.


Temo que a gente não tenha se concentrado direito, porque nada rolou exatamente como gostaríamos. O milagre não rolou. O eterno não existe. A coisa toda está inclusive até mais enroscadinha: a situação do país tiririca, aquele que pior fica. E especialmente porque não temos nada / ninguém que preste para tapar o buraco.

Da próxima, precisamos ficar mais juntos, mais abertos às boas energias. Quem sabe se, sei lá, déssemos as mãos? Juntos, em todo o país. Então, estou propondo que a gente tente agora, para fazer, algo, dia 30 de junho, para 1º de julho – a Grande Comemoração do Réveillon do Segundo Semestre. Imagina você que fui procurar no Google e a única pessoa que falou sobre isso que eles registram sou … eu! Mais: se procurar entre aspas, as citações mandam só para mim, em locais de todo o país onde sou publicada.

(Confesso: a palavra foderaizer – “ligar o foderaizer”- , que também uso de vez em quando e que todo mundo entende, é só minha lá no Google. Não é fácil isso com tanta gente nesse mundo, veja bem. Marli Gonçalves, criando moda, expressões! Devia ganhar alguma coisa).

Réveillon tem origem no verbo réveiller; em francês, e quer dizer “acordar” ou “despertar”; “reanimar”. Perfeito. Tudo que precisamos agora. Nos reanimarmos. Para ir às ruas, mudar as coisas, batalhar para que parem essa cantilena que não aguentamos mais e que tanto tem nos prejudicado. Concentrem-se.

É. Sei o quanto de coisas temos a pedir. Comecei a fazer uma lista aqui e me impressionei, fiquei até cansada de tantas providências que deveria tomar que me passaram na cabeça. Tantas mágoas a esquecer. Tantas resoluções que infelizmente já sei que não vou conseguir seguir porque são aquelas que aparecem em todas as listas há anos. Parar de amar quem não me merece. Esquecer a desatenção e embrulhar o orgulho. Parar de prestar tanta atenção no ao redor. Parar de tentar salvar o mundo. E torcer para que me descubram – sucesso.

Os pensamentos coletivos, se nos esforçarmos, podem ser mais exatos, caprichados: que acabe o desemprego, que os juros abaixem, que tomem vergonha na cara, que parem de agir como piratas saqueadores. Que a arte nos encante novamente. Que parem de querer se meter nas nossas vidas, legislando sobre os nossos corpos e mentes, que deles sabemos nós. E como sabemos se somos nós, as mulheres!

Temos mais seis meses para chamar de nossos em 2017. Chegamos aqui, nem dá pra reclamar tanto, embora estejamos meio avariados. Nesses que passaram tomei várias mordidas, tropecei em muitas calçadas, pisei em poças. Mas estou aí e também vi dias lindos, conheci a solidariedade em momento de dor, aprendi um pouco mais o sobre o que é ser amigo, sobre como é bom não ter do que se arrepender por não ter feito ou tentado, porque fiz e tentei.

Pronto, está vendo? Dá para fazer igual ao fim do ano quando a gente fica fazendo balanço e inventário. Vamos lá. Que o segundo semestre seja um novo despertar.
Marli Gonçalves

Amargo regresso

Esqueçamos a Federação Russa, um dos lugares mais corruptos do planeta. O que Michel Temer foi fazer na Noruega, o país mais honesto do mundo junto com seus vizinhos escandinavos?

Foi levar uma carraspana da primeira-ministra, preocupada com os destinos da Lava Jato? Foi ouvir o anúncio do governo norueguês de que cortaria parte do dinheiro investido na preservação da devastada floresta amazônica?

Ou Temer foi para se reunir, como disse, com o Rei da Suécia que não mora na Noruega?

Ou como parece mais certo, Temer foi para fugir da crise política que o ameaça desde que se soube do seu encontro no porão do Palácio do Jaburu com o empresário Joesley Batista, dono do Grupo JBS, provedor de campanhas eleitorais do PMDB?

Pode ter tentado fugir da crise, mas ela não fugiu dele. Carrega seu nome.

Triste regresso. Hoje ou amanhã, a Procuradoria-Geral da República denunciará Temer por crime de corrupção passiva, Mais tarde por crime de obstrução da Justiça. Em seguida, por organização criminosa.

Temer entrará para a História por ter sido o primeiro presidente da República investigado e denunciado por corrupção. Para salvar-se, se agarrará a um Congresso povoado de bandidos.

Dava-se como provável no início da semana passada o arquivamento pelo Congresso das denúncias contra Temer. Mas como desde então os fatos só agravaram a situação dele, e como novos fatos estão por vir, ninguém mais se arrisca no Congresso ou fora dali a fazer previsões.

O cenário mais favorável a Temer – e o pior para o país – seria o de ele vagar como um fantasma até concluir seu mandato. Adeus reformas!

Elas foram e continuarão a ser desidratadas à medida que Temer mais se enfraqueça como seus aliados receiam. A da Previdência se resumirá à fixação de uma idade mínima para aposentadorias, o que de toda forma representaria um ganho.

Se antes, a exemplo da ex-presidente Dilma no seu segundo governo, Temer só comparecia a eventos fechados ao distinto público, daqui para frente tomará ainda mais cuidado.

Temos um presidente interditado como o anterior, ostensivamente rejeitado pela larga maioria dos brasileiros como conferiu a mais recente pesquisa de opinião do instituto Datafolha.

Sua aprovação de apenas 7% é a menor de um presidente nos últimos 28 anos. Seu governo é avaliado como ruim ou péssimo por 69% dos entrevistados, um recorde. E 65% acham que sua saída seria o melhor para o Brasil.

Quase 80% defendem a renúncia de Temer. Pouco mais de 80% são a favor da abertura de um processo de impeachment para tirá-lo do cargo. Se ele renunciasse ou fosse derrubado, um novo presidente deveria ser eleito pela população, segundo 83% dos consultados pelo Datafolha.

Em abril último, 58% diziam não confiar na presidência da República. Agora, 65%. Desconfiança maior só merecem os partidos – 69%.

Apesar disso, não haverá solução fora da política. Sim, com esses mesmos políticos e com esses mesmos partidos de hoje até que se produza nas eleições gerais do próximo ano uma desejável e radical mudança no sistema apodrecido que temos.

Por ora, políticos e partidos ainda preferem manter Temer onde está – o PT, por exemplo, para que a crise se aprofunde e ele possa se recuperar. Quanto ao PSDB...

O partido mais atrelado aos interesses dos grandes grupos econômicos e financeiros espera a ordem dos patrões para decidir o que fazer.