terça-feira, 17 de outubro de 2017

Haja estômago

Em outubro de 2014, manhã de domingo do segundo turno das eleições presidenciais, vimos disparar uma das campanhas mais asquerosas da política brasileira. Espalhados com rapidez impressionante pelas redes sociais, posts publicados, sem qualquer constrangimento, diziam que o doleiro Alberto Youssef havia sido assassinado na prisão. Queima de arquivo.

A boataria foi desmentida imediatamente pela Policia Federal, pela filha do doleiro e pelo então ministro da Justiça. De nada adiantou. Os rumores continuaram até a noite, quando se deu o anúncio da reeleição de Dilma Rousseff. Candidatos adversários de Dilma, obvia e lamentavelmente, também não foram poupados.

Campanhas ardilosas foram e são lançadas contra tudo e contra todos, a todo momento, pela internet. Fake news disseminam ainda mais ódio entre grupos, confundem eleitores, transtornam e distorcem processos que poderiam ser limpos e legais. A temperatura dessa febre certamente vai subir em 2018.

Não, não será nada fácil.

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No Brasil, estudos feitos pelo Grupo de Pesquisas em Politicas Públicas para o Acesso à Informação, da Universidade de São Paulo, apontam que 12 milhões de pessoas espalham noticias falsas sem a menor cerimonia. O Grupo monitorou 500 páginas digitais de conteúdo politico falso ou distorcido. Esse mal, às vezes, está muito mais perto de nós do que a gente imagina. Conheço pessoas que se animam com qualquer noticia contra a "esquerda" ou a "direita" e contra "eles", publicam qualquer noticia sem checar.

Estranho comportamento para um público que se diz atento às noticias falsas. Pesquisa realizada em janeiro deste ano, para a BBC, pela respeitada GlobeScan/Sustainability Surveys com internautas de 18 países, concluiu que os brasileiros são o povo mais preocupado em separar o joio do trigo. Será?

Depois do Brasil, vem França, Russia, China e Estados Unidos. Não cabe duvidar da pesquisa, mas, sinceramente, pode sobrar algum ceticismo. Barbas de molho. Todo cuidado é pouco ao replicar noticias. Feitiço contra o feiticeiro, tiro no pé, tudo pode acontecer. Nas redes, a campanha eleitoral de 2018 ja começou. Não é oficial, nem legal, mas a maldade já toma corpo.

Em 2018, as notícias falsas, mesmo sendo falsas, ficarão no ar durante toda a campanha eleitoral, ou o tempo que seus autores quiserem. A reforma aprovada por Temer garantiu que os provedores não terão obrigação de tirar do ar informações denunciadas como inverídicas. É recomendável que a gente duvide um pouco de tudo. Sob pena de pagarmos todos o mesmo pato.

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