quarta-feira, 7 de junho de 2017

O drama do analfabetismo no Brasil

A educação brasileira é um dos tristes marcos do período republicano e nos três últimos governos. E talvez venha a repetir o mesmo ciclo de frustrações no atual governo.

O assunto é recorrente e retorna, quando estamos às voltas com a revolução da educação, discutindo sua gênese e os seus objetivos.

No mundo inteiro, o Brasil ocupa uma das posições mais negativas em matéria de analfabetismo. Em termos de adultos, temos algo em termo de 40 milhões de analfabetos. Se agregarmos a esse número, que já não é pequeno, aqueles que são semianalfabetos, telvez cheguemos a um recorde internacional, alcançando quase 140 milhões de brasileiros.

Por aí se vê que meios e modos convencionais de tratar o problema do analfabetismo jamais podem surtir efeito. É preciso que haja, na verdade, um tratamento de choque. Defendi outro dia, a utilização e o pleno emprego de tecnologias educacionais em nossa relação ensino/aprendizagem. O uso mais adequado do rádio, do cinema, da televisão e do computador. Temos um satélite doméstico de telecomunicações, que não está utilizando a sua capacidade ociosa para servir a educação, o que é profundamente lamentável.

Um outro satélite, o Brasilsat, lançado a um custo de 750 milhões de dólares. Sabemos que os 48 canais que compõe o conjunto dos dois satélites, também têm espaços ociosos.

Os pais devem considerar o livro como um instrumento com que a criança tenha um relacionamento íntimo, no qual vai aprender lições que ajudarão muito na sua formação posterior. Se uma criança não possui o gosto pela leitura na infância, na adolescência ou na fase adulta as coisas se tornarão difíceis. Criar o hábito (ou gosto) pela leitura é um primeiro passo que depende basicamente de pais e professores. Há uma idade para isso, que infelizmente para os calouros não coincide com os seus 17 ou 18 anos. Começa antes, na altura ainda do ensino fundamental. Depois, é só alimentar a cabeça de bons produtos, a fim de que persista o interesse.

O bom professor, que estimula o gosto de ler, promove a leitura acompanhada, dialogada, comentada, leitura a dois etc., para identificar com os alunos a existência de uma obra de arte literária. Quando ocorre a descoberta, não há dúvida, estamos diante do intrincado e maravilhoso mundo da literatura.

O pré-escolar é o grande momento onde deve haver um estímulo à leitura. Essa relação deve ser bem natural, e de forma lúdica, tanto em casa quanto na escola. Mas temos uma grande preocupação com o que a criança realmente deseja. Afinal, o que ela pensa sobre os títulos que estão à sua disposição? Sendo ela a maior interessada, é justo que se faça um levantamento nacional sobre as aspirações do nosso público infanto-juvenil, isso evitaria o pseudodidatismo que pode ser detectado em muitas obras.

O que fazer para os estudantes leiam mais? A resposta não é tão simples. Os professores podem, discretamente, variar a oferta literária, entendendo que literatura não é língua somente. A leitura da obra literária, luxuosa ou não, é o ponto de partida ou regra de ouro do ensino de letras, que lidará com gêneros ou tipos conhecidos desde Aristóteles. Assim são criados os fundamentos literários para trabalhar o lirismo, a narrativa ( conto, romance, epopéia etc.) e outros tipos, como as memórias, o diário, a máxima, identificar o gênero é um primeiro e fundamental exercício, a que se deve somar o exame da estrutura da narrativa: enredo, personagem, tempo, ordem de relato, suspense, apresentação e desfecho.

Senhor ministro da Educação e Senhor Presidente da República:

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Morreu, neste início de século e de milênio, a educadora Branca Alves de Lima, aos 90 anos, deixando órfãos aqueles que acreditam que a alfabetização com cartilhas não só funciona muito bem como é mais simples do que essa “moda” atual do construtivismo.

A vida de Branca Alves de Lima, autora da cartilha ‘Caminho Suave’, é a síntese de um dos principais males – se não do principal mal – da Educação brasileira: o enorme desrespeito dos gestores e das políticas públicas educacionais em relação aos professores e professoras, aos estudantes e suas famílias.

O sucesso da cartilha ‘Caminho Suave’. Eles (o governo, o MEC e o Guia do Livro Didático, o Conselho Nacional de Educação, as secretarias de Educação etc.) estão projetando, quase decretando, que os alunos não usem mais cartilhas.

Veja hoje o caso dos ciclos. Professores e professoras que há décadas têm na reprovação seu principal recurso de disciplina foram, de uma hora para outra, proibidos de usá-la. Mesmo com a proibição e à margem do Currículo Escolar, avós, pais, parentes, amigos e professores, indicam a cartilha ‘Caminho Suave’, na alfabetização de seus entes queridos.

Branca Alves de Lima concebeu, em meados do século passado, a cartilha ‘Caminho Suave’, que vendeu cerca de 40 milhões de exemplares desde então. Mais de 48 milhões dos brasileiros adultos de hoje foram alfabetizados por ela.

Nelson Valente

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