terça-feira, 13 de junho de 2017

Marmelada

O julgamento da chapa Dilma&Temer é mais uma palhaçada que ilustra o festival de besteiras que assola o país. Assistimos a um julgamento cujo veredito é do conhecimento público antes de começar. O presidente da Corte, o midiático, vaidoso, inadequado e perigoso Gilmar Mendes definiu o placar logo no início do jogo: 4x3 para o time do seu amigo Michel, de cuja torcida pertence e com quem janta amiúde no Palácio do Jaburu. E que lhe dá caronas no avião presidencial. Este mesmo Gilmar Mendes que, entre outras façanhas, manda soltar notórios criminosos tipo José Dirceu e Eike Batista, só para citar alguns, que não se sente impedido de julgar causas patrocinadas pelo escritório de advocacia onde sua mulher trabalha e que aproveita dos cargos que tem para bombar o Instituto Brasiliense de Direito Público, do qual é sócio. E ainda protagonizou um espetáculo constrangedor assistido ao vivo pela TV por milhões de brasileiros, perplexos com o que estava acontecendo. Outra sacada dele: “temos que proteger o voto popular”. Algum de vocês votou em Temer?

E assim se coonesta o maior estelionato eleitoral de que se tem noticia na história país, até que o próximo estelionato o supere. O atual ocupante do Palácio do Planalto foi eleito na carona dos milhões gastos pela petista em sua milionária e, sustentam os fatos, criminosa campanha de 2014.

O triste espetáculo que assistimos vai ter desdobramentos.


O Tribunal Superior Eleitoral, mais uma jabuticaba brasileira sem paralelos no resto do mundo, a exceção da Costa Rica, uma fruta exótica tupiniquim, a exemplo do estojo de pronto socorro e extintor de incêndio obrigatório nos carros e da espetacular tomada de três pontas, assumiu que não tem serventia. Já não tinha autoridade definitiva pois de suas decisões cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal. Agora conclui melancolicamente que não tem razão de ser por não ter isenção e nem competência para atuar dentro dos limites da lei. Virou tribunal politico. Uma instituição inócua que consome 2,5 bilhões de reais por ano do nosso escasso e suado dinheirinho. Um escândalo. De agora em diante, com que cara vai poder fiscalizar e punir políticos eleitos ilegalmente? O TSE acabou, apesar dos esforços do Ministro Herman Benjamim, que produziu um voto profissional e exemplar, apoiado por dois ministros do Supremo, Luiz Fux e Rosa Weber. Os outros que votaram contra o relator nem sei bem quem são, exceção feita é claro ao notório Gilmar Mendes que mandou a modéstia às favas e que há muito tempo habita o noticiário, para seu deleite pessoal.

Muito pior do que o réquiem do TSE, que descanse em paz, é o estrago que esta palhaçada faz na nossa crença na justiça. Já não acreditamos no Legislativo, por abundantes razões, nem no Executivo, conspurcado por 13 anos de cleptocracia do PT e agora mais um do PMDB, que se mantém aos trancos e barrancos, ferido por escândalos de todos os tipos, corroído por um mar de lama de dar inveja aos inimigos de Getúlio Vargas.

Agora vem este ataque feroz contra um dos poderes da República que imaginávamos estar ainda incólume e que nos protegeria como Nação das safadezas em curso e na moda. Imaginávamos incólume, “pero no mucho”, já que refém do famigerado instituto do foro privilegiado, das 200 ações no STF que já prescreveram em benefício da bandidagem, e que mantém o Lula solto. Mas como a esperança é a última que morre, achávamos que a justiça um dia iria prevalecer. Era a nossa aposta. Perdemos por 4x3.

De toda esta lambança, o Ministro Herman Benjamim vai sair muito bem na foto, autor que foi da melhor frase do espetáculo: “eu, como juiz, recuso o papel de coveiro de prova viva. Posso até participar do velório, mas não carrego o caixão”.

Pessoas como ele e o ex-ministro Joaquim Barbosa no mensalão, corajosas e imparciais, fazem a diferença. Como o Ministro Fachin está tentando fazer na Lava Jato, apesar de frequentemente derrotado na segunda turma do Lewandowski e do Tofolli.

E nós, os cidadãos, como ficamos? Qual será a nossa reação a tanta iniquidade?

O que é mais importante para nós, proteger uma “governabilidade” mambembe ou o império da lei?

Como sempre, só nos resta o caminho das ruas.

É lá que podemos exigir que as “autoridades” nos respeitem.

Sob pena de perderem a cabeça, como o fizeram as cabeças coroadas na Revolução Francesa.

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