quarta-feira, 7 de junho de 2017

Degradação ambiental e política

“Terra, és o mais bonito dos planetas, estão te maltratando por dinheiro”, cantam Beto Guedes e Ronaldo Bastos, em “Sal da terra”. O papa Francisco alerta, em sua encíclica Laudato Si`, sobre o necessário e urgente cuidado da casa comum. Até presenteou Trump com essa Carta, há dez dias. O magnata-presidente jurou que iria lê-la. Se o fez, não passou da página 2.

A Semana Mundial do Meio Ambiente 2017, em que estamos, estimula reflexão e ação em relação ao esgotamento do planeta. Impõe que o lema franciscano seja conhecido e assumido por todos, crentes ou não: “fazer do necessário o suficiente, e viver mais simplesmente, para que simplesmente todos possam viver”. Uma nova consciência precisa ser desenvolvida: a de que nós, humanos, somos irmãos de tudo o que tem patas, asas e raízes. Temos, em nosso corpo, os mesmos elementos físico-químicos que compõem as estrelas. O sentimento universal de pertença despolui nossa alma tão envenenada pelo mundo das coisas.

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Objetivamente, o que se exige dos governantes são iniciativas para superar o paradigma do lucro como êmulo básico do desenvolvimento econômico. Para sobrevivermos como espécie, urge transformar o modo de produzir e consumir, acelerarando a mudança das matrizes energéticas. Nessa direção, pedem-se ações mais imediatas. No Brasil, por exemplo, 60% dos municípios ainda têm vazadouros de lixo a céu aberto (a despeito do que determina a Lei de Resíduos Sólidos), o que impacta a saúde da população. No Rio, apenas 3% do que descartamos é coletado seletivamente.

A semana é também mais uma da crise arrastada da junta privatista ainda presidida por Michel Temer. O PMDB é a expressão plena da “poluição” da nossa política institucional. Segundo Marcos Nobre, da Unicamp, o partido de Temer, Moreira, Padilha e Jucá “é uma empresa de venda de apoio parlamentar, que não tem condição de governar porque para governar é preciso coordenar e o PMDB não tem tecnologia para coordenar governo”.

A política suja que ainda predomina tem como matriz o modo de produzi-la e de ofertá-la ao eleitor “consumidor”. Seu financiamento vem de grupos econômicos, sua dinâmica é a da parceria público-privada para beneficiá-los. Governantes e parlamentares vendem seus mandatos e votos. Degradação absoluta, que operações judiciais e policiais começam a desvendar. Mas não têm, por si mesmas, poder de substituir o sistema carcomido. É preciso desintoxicar o modo de fazer política, construir partidos e envolver a população, eliminando o veneno da demagogia e o “gás carbônico” das negociatas e do clientelismo.

No centro das possibilidades da salvação do planeta e da política nacional está o agente público - aquele que cumpre tarefas de governança, legislação ou julgamento. Para esses vale também a exortação de Francisco a representantes de movimentos populares, em novembro passado: “aquele que está afeiçoado às coisas materiais ou ao espelho, que ama o dinheiro, os banquetes, as roupas refinadas, o carro de luxo, por favor, não entre na política, em uma organização social ou movimento popular, porque causaria muito dano a si, ao próximo e mancharia a nobre causa que assumiu. Tampouco que entre no seminário!”.

Despoluamo-nos, pois!

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