quinta-feira, 4 de maio de 2017

Somos vítimas permanentes dos eternos vendedores de ilusões

Inicio estas linhas semanais, caro leitor, cada vez mais impressionado com o que ocorre de trágico em nosso país e, claro, no mundo inteiro. Que cada qual cuide, no mundo, de seu país, e que nós cuidemos do nosso, enquanto há tempo, antes que a crise, em todos os setores, se agrave mais ainda. Não há no que falo nenhum ressaibo de sentimento pessimista. Já me preparei para combatê-lo quando surge.

Como se não bastassem nossas tragédias cotidianas, que vão da violência escancarada à corrupção generalizada - esta última vinda à tona por meio da operação Lava Jato, que, pela primeira vez, enfrenta os poderosos, mas que jamais pode afastar-se do Estado democrático de direito - tomei conhecimento, na manhã de ontem, de um assassinato brutal e covarde em fazenda próximo a Belo Horizonte.

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A pequena propriedade a que me refiro me pertenceu há algum tempo, e a vítima trabalhou comigo durante 23 anos. Foi através dela, e também de outros que também trabalharam comigo, que, a partir da década de 1970, passei a respeitar a natureza. Aprendi com eles, no amanho da terra e na pequena criação de gado leiteiro, o que jamais aprendi em toda minha vida. Devo a eles o que não posso pagar. Completei lá verdadeiro curso de pós-graduação no conhecimento da terra e da vida, mas, sobretudo, no conhecimento da vida do trabalhador rural, em grande parte responsável pelo desenvolvimento de nosso país.

Impactado pela injustiça contra os pequenos que grassa neste país (daí o cuidado que se deve ter com as reformas que estão sendo propostas pelo governo), tirei do artigo “A arte de enganar os eleitores”, de Sandra Starling, publicado neste O TEMPO, o título que dei a estas linhas. Depois de se referir ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e a Marine Le Pen, líder da direita radical que disputa o segundo turno com Emmanuel Macron (do movimento Em Marcha!) na França, Sandra diz que operários votam nos “vendedores de ilusões para caírem depois na desilusão”. “Escrevo isso porque estou acompanhando também as pesquisas sobre quem poderá vir a ser o presidente eleito no Brasil em 2018”, explica ela.

E é exatamente isso, leitor, que poderá acontecer, digo eu, se os operários brasileiros, sobretudo os mais humildes e desassistidos, apostarem, pela terceira vez consecutiva (se isso for possível, depois de tantos processos contra ele), no ex-presidente, por duas vezes, Luiz Inácio Lula da Silva – um autêntico vendedor de ilusões, que, auxiliado pela ex-presidente Dilma Rousseff, depois de obrigado a engoli-la na reeleição, sangrou o país por meio de concessões absurdas, tanto a bancos quanto a empresas e governos amigos, financiados pelo BNDES.

Não sei se Lula será ou não preso. Nem se deve ser ou não preso. Não compulsei os processos contra ele, e como dizia meu professor Amílcar de Castro, “direito é prova, nada mais do que isto”. Sei, porém, que contra fatos tão notórios poderá haver argumentos.

Rezemos para que Deus, finalmente, tenha piedade dos brasileiros. Que não caiamos, pela terceira vez, nas mãos hábeis (e corrompidas) de um traidor, que se vestiu de vendedor de ilusões, nem muito menos nas de um maluco da direita, que tem certeza de que é Deus.

O que posso dizer, enfim, é que também eu, leitor, com outra honrosa exceção, fui vítima de vendedores de ilusão. Além dos pequenos e humildes, eles enganam a ingênuos ou incautos.
Durma em paz, Silvânio!

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