quinta-feira, 18 de maio de 2017

O que aconteceu ao país deve ser avaliado com prudência e coragem

Qualquer um de nós, mas, principalmente, aquele que acompanha de perto a política brasileira, jornalista ou não, está sujeito a influências diversas quando se dispõe a analisar o que de fato aconteceu ao país depois do início da operação Lava Jato – uma operação que se desdobra cada vez mais e, ao que parece, está longe de chegar ao fim. Isso não quer dizer, porém, que não se possa, auxiliado pelos fatos e pela prudência, analisar, por exemplo, o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sergio Moro, que passou a ser sua principal peça, durante cinco horas, na última quarta-feira, em Curitiba.

Depois desse depoimento autoacusatório, há até quem entenda que a verdadeira revolução empreendida pela Lava Jato deva ser permanente. Ou seja: daqui para a frente, a preocupação com o roubo de nosso suado dinheiro, pertencente ao erário, por meio, claro, dos órgãos credenciados para isso, precisa ser permanente, obviamente respeitado o Estado democrático de direito. É este, aliás, seu único limite.

Erário, leitor, é o dinheiro de que dispõe o governo para gerir ou administrar o país, mas com a atenção voltada para os que mais necessitam dele. É o próprio Tesouro nacional, que é controlado pelo Fisco, que, por sua vez, é um conjunto de órgãos públicos destinados a arrecadar e fiscalizar os tributos que nós pagamos. O que está em jogo, assim, é o nosso dinheiro, criminosamente desviado. Está provado que, até o início da operação Lava Jato, nosso Tesouro nacional estava à mercê de forte grupo de bandidos, mexido e remexido segundo seus próprios interesses. É duro dizer isso, mas há outra maneira de dizê-lo?

E o que mais dói é saber que milhões de brasileiros acreditaram no que pregou o ex-presidente quando se ofereceu, por cinco vezes, como “o cara” realmente disposto a promover, no país, além do combate sistemático à corrupção, um desenvolvimento fundado na justiça social. Obteve sucesso em duas, apoiado pela classe média, mas fracassou em duas, embora, no início, tenha reacendido a esperança. E pior: o ex-presidente ainda não caiu na real e aguarda, ainda, outra oportunidade para voltar, pela terceira vez, ao cargo que lhe foi confiado.

E é aqui, leitor, que afinal queria chegar. Nego-me a acreditar que um ex-presidente que provou, por meio de peça autoacusatória que assinou livremente, que nunca passou de um simples falastrão, volte a ter a confiança do povo. Não creio nas pesquisas que o apontam com 30% das intenções de voto. O povo brasileiro não é burro!

Tive a cachimônia de ouvir a patacoada desfilada pelo ex-presidente. Foi simplesmente patético seu depoimento, além de errático e profundamente arrogante. De um lado, a paciência e a firmeza de um juiz consciente de seu poder, mas, sobretudo, consciente de seu dever; de outro, a grosseria de quem ainda se considera acima da lei.

Lula ainda tem pela frente quatro, cinco ou mais processos, nos quais é acusado, não de ser proprietário de um ou dois imóveis na praia do Guarujá ou e em Atibaia, mas de ter tolerado – se não compactuado com – uma verdadeira quadrilha, com ramificação em mais de 25 países, disposta a sangrar os cofres de nosso sacrificado erário.

Urge que o país vire logo essa página trágica de sua história. A retirada de cena do ex-presidente, coercitivamente ou não, será um auxílio enorme para os que almejam um futuro de justiça e paz.

“Alea jacta est”!

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