domingo, 26 de março de 2017

Sai da rua, gente!

Se dependesse do governo Temer, choveria canivete, esta tarde, na Avenida Paulista. Bastaria que chovesse por lá. Porque o melhor termômetro para conferir o sucesso de manifestações de rua no país é a Avenida Paulista.

Pôr gente para desfilar pela orla do Rio debaixo de um sol abrasador de domingo é moleza: basta tocar um bombo e cantar uma marchinha. No caso de Salvador, ligar um trio elétrico. Ivete Sangalo pode ficar em casa.

O grupo Vem Pra Rua, responsável por várias manifestações durante o processo de impeachment de Dilma, calcula que as de hoje acontecerão em pelo menos 114 municípios do país, e quatro cidades no exterior.

O objetivo dos protestos é apoiar a Lava Jato, pedir o fim do foro privilegiado para políticos e barrar a aprovação do projeto que introduz o voto em partidos, acabando com o voto em candidatos.

As reformas previdenciária e trabalhista ficarão de fora. Também não haverá espaço para pedidos de “Fora Temer”. É assim que está planejado. Falta combinar, naturalmente, com o povo que comparecer.

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Aí é que mora o perigo para o governo. Muita gente nas ruas cobrando isso e aquilo é sempre um risco para qualquer governo – quanto mais para um que chegou ao poder nas circunstâncias conhecidas.

É fato que a economia começa a dar sinais de recuperação, mas o desemprego ainda teima em crescer. A rala popularidade do governo Temer continua sendo atestada por todas as pesquisas.

O apoio das ruas à Lava Jato incomoda um governo com sete a oito ministros atingidos por delações; um governo que depende visceralmente para sobreviver de um Congresso povoado por suspeitos de corrupção.

De resto, ninguém controla multidões – nem mesmo a polícia em certos casos. Como garantir que fatias delas não gritem “Fora, Temer” ou não protestem contra a reforma da Previdência?

Feliz domingo de sol para todos.

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