sexta-feira, 24 de março de 2017

Brasília em transe

Além de tentar salvar a pele da Lava-Jato e uma anistia ao caixa 2, nossos representantes no Congresso dizem que estão tentando fazer uma reforma política, mas querem mesmo é encontrar um jeito de fazer as suas campanhas eleitorais em 2018 às custas do contribuinte. No ano passado, as primeiras eleições sem doações de empresas tiveram centenas de milhares de doações irregulares, ilegais ou fraudulentas flagradas pelos tribunais eleitorais. Mas nada aconteceu para eleitos e doadores.


Agora, eles querem um financiamento público bilionário, distribuído em proporção ao tamanho das bancadas. Para dar mais a quem já tem mais? Não seria mais justo, digamos, metade do fundo eleitoral ser dividido igualmente entre os partidos que sobreviverem à cláusula de desempenho, e metade proporcionalmente às bancadas?

Quanto ao sistema de voto em lista partidária, pode ser uma boa ideia. Desde que:

Os candidatos sejam escolhidos por voto direto pelos filiados ao partido (que estiverem em dia com suas mensalidades... rsrs). E a lista eleitoral obedeça à ordem dos mais votados e ponto final.

Que não existam candidatos “natos”, como os que já têm mandato, ou “preferenciais”, como os dirigentes partidários. Ou “honorários”, como medalhões do partido. Mulheres terão cota na lista? E negros? E LGBT? Sem democracia interna, a lista se torna só um instrumento da elite partidária para exercer sua vontade.

Os caciques aceitarão a lista dos candidatos eleitos pelos filiados? Mesmo se obrigados a fazer prévias, encontrarão formas de fraudá-las? Vão filiar gente para comprar-lhes os votos?

Ou seja, o voto em lista é uma boa ideia, mas para os políticos, não para os eleitores.

Falando em reforma eleitoral, a quem interessa o voto dos que votam por obrigação? Em quem votam essas pessoas que votam de má vontade? Quem elas ajudam a eleger? Os piores, é claro!

Dizem que elas têm que aprender a votar, votando, mesmo contrariadas. Não, elas não aprenderão, porque não querem aprender, só vão contribuir para enfraquecer o peso dos votos mais conscientes e baixar o nível dos eleitos.

Nelson Motta

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