segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Palco iluminado

Do Pacífico não se ouvem os pandeiros. Pelas fotos na internet, parece que eles estão esquentando. Mas ninguém parece mais querer conhecer a nossa batucada. De qualquer modo, ainda bem que o Carnaval está chegando.

Comemorar é bom. E merecido, considerando o sofrimento dos outros 360 dias do ano. Além disso, nos trópicos a gente se permite a começar o ano na 4ª feira de cinzas. Privilegio, diga-se, que não é para qualquer nação.

Melhor que isso, quem sabe depois do Carnaval aconteça alguma novidade. A gente bem que precisa. Faz tempo que tudo é velho. As tramas. Os protagonistas. As histórias. As ideias. Até as notícias. Tudo passado da validade.


Resultado de imagem para palco iluminado gif
Não existe hoje exercício mais rematado de perda de tempo do que comentar os fatos e as notícias diárias, ou mesmo semanais. Tudo já vem velho, embolorado, repetitivo. Sempre mais do mesmo.

Não existem mais escândalos novos. Apenas versões mais graves dos anteriores. Sequer os desafios mudam. Continuam os mesmos. Atravessam gerações. E não são encarados. Vão sendo levados a golpes de barriga, em sucessão interminável de jeitinhos, quebra-galhos, ou simplesmente abandono.

Como Sísifos reencarnados, seguimos condenados a repetição e a futilidade do esforço desperdiçado. Repetimos sempre os mesmos erros, invalidando completamente o duro esforço despendido. Tem faltado sentido, unidade e clareza no rosto de um mundo ininteligível.

Não surpreende. Somos governados por versões imperfeitas de Narciso. Sempre tão preocupados com seus próprios interesses que vivem isolados sem sentir, ouvir ver ou enxergar a vida como ela é. E manifestam diariamente o desprezo por aqueles que deveriam representar.

Daqui a pouco já é Carnaval. Tempo de usar os guizos falsos da alegria e andar cantando nossas fantasias. E, quem sabe, enquanto pisamos nos astros distraídos, ainda que sem querer, deixemos de ser palhaços de nossas perdidas ilusões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário