sábado, 4 de fevereiro de 2017

Jogos de cartas marcadas e recorrência a casuísmo

Manobras políticas vêm escancarando facetas corruptas e matreiras dos dirigentes do país. Elas decorrem de interpretações malandras da Constituição Federal para acomodar interesses de autoridades que ignoram os anseios da população expressos em calorosas manifestações desde 2013. Esses políticos tornaram-se mais afoitos, nos últimos meses, porque a operação Lava Jato vem desbaratando esquemas de corrupção que podem incriminar importantes figuras da República.

Tentando barrar a merecida punição, vários dão declarações contra o juiz Sergio Moro, os procuradores e a Polícia Federal, mantendo confabulações com os diversos segmentos do Estado para usar brechas da legislação que viabilizem recursos extraordinários em benefício desses ocupantes dos altos cargos e de seus satélites.

Analisando a práxis política de países desenvolvidos, onde prevalece o Estado moderno caracterizado por ordenamento jurídico enxuto para encaminhar interpretações objetivas da legislação, não identificamos ranço de casuísmo e personalismo, enquanto há destaque para o princípio maior da democracia de que todos são iguais perante a lei. Neles, existe também compromisso com a austeridade, pois os recursos públicos são parcimoniosamente gastos para avançar no bem-estar da comunidade e não gerar fosso social entre os dirigentes e os contribuintes. Justamente nisso o Brasil falha vergonhosamente, porque aumenta sempre os privilégios de políticos, magistrados, promotores e sua monumental equipe de assessores recrutados por critérios familiares e partidários. Embora haja servidores públicos que mantenham reputação ilibada, raros renunciam às gratificações especiais, aos planos de saúde ilimitados e a outros confortos impossíveis aos cidadãos comuns. Ou seja, mandatários e servidores públicos gozam sem acanhamento uma vida nababesca, enquanto a maioria de brasileiros está mergulhada em miséria, doença, ignorância e desqualificação profissional.

Como podemos ter esperança de que este país vai melhorar se nossas autoridades estão sempre manobrando para perenizar seus privilégios sem medidas concretas que assegurem o resgate definitivo de seus eleitores da servidão, do obscurantismo e da dependência econômica? Como podemos conferir credibilidade a dirigentes que promovem conluios para aumentar seus currais eleitorais, carimbar o orçamento em obras realizadas por empreiteiros amigos e manipular licitações ajustadas a empresas próprias e de seus apaniguados?

As eleições nas duas Casas legislativas mostraram que prevalece uma massa de parlamentares dispostos a conchavos além de seus partidos. Ignoram suas divergências ideológicas para construir uma agenda corporativista ajustada aos interesses do Poder Executivo, como se fossem subservientes a ele. Prestam-se, então, a acordos para conduzir um senador sem credibilidade entre os eleitores esclarecidos e transgridem norma da Constituição Federal, perdendo o respeito dos brasileiros.

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