sexta-feira, 3 de junho de 2016

Nem sempre a pressa é inimiga da perfeição

Como escrevo para este Blog há quase 11 anos, imagino que alguns leitores já me conheçam e saibam o quanto sou apaixonada pela Imprensa. Um dia sem ler o jornal é impensável. Ler pelo menos um jornal e ler todo o Blog do Noblat, inclusive o twitter do Blog, são, para mim, a melhor maneira de começar o dia.

Mas ando meio aborrecida com a nossa Imprensa. Explico: nossos jornalistas trataram Lula a pão de ló durante seus dois mandatos, com muita paciência e aceitando, de bom grado, as explicações furadíssimas que ele dava para as trapalhadas que pouco a pouco começavam a aparecer por conta do processo do Mensalão.

O mesmo fizeram no primeiro mandato de dona Dilma. Ela só começou a perder parte do apoio da Imprensa por ser uma pessoa estranhíssima: mal-humorada, dura, antipática e cheia de não me toques. Mas foi o desenrolar da campanha eleitoral que fez com que ela perdesse o apoio popular que Lula lhe deixou de herança. Herança que ela desbaratou e que resultou na perda da simpatia de parte da Imprensa.


Pensando nesse passado recente, fico intrigada com a impaciência da Imprensa com o governo de Michel Temer. Vamos ser justos? O vice-presidente montou seu ministério em condições adversas, tendo que correr contra o tempo. E como sabia que ia precisar do Congresso, foi ali que buscou a maioria de seus ministros. Ora, que culpa tem ele do Congresso ser um dos maiores celeiros da Lava-Jato?

Pois bem, não há um dia sem que se leia uma notinha, ou um artigo criticando Michel Temer. Por dá cá aquela palha, implicam com ele, como se fosse possível ao presidente interino pegar um país em estado crítico e em menos de um mês transformá-lo numa potência econômica! Muito já fez ele escolhendo uma equipe econômica ultra competente e para a Petrobrás um presidente que merece o cargo.

Chegam a criticar seu português impecável, saudosos, com certeza, do dilmês que tanto mal fez aos nossos ouvidos. Mas dão espaço à presidente afastada, que é tão sem noção que sentindo a ausência do “presidenta”, disse o seguinte: "Acredito que a terminação 'a' tem grande importância para a primeira mulher presidenta da República. É lamentável que um governo sem voto e provisório tente apagar 54 milhões e meio de votos, retirando uma letra tão bonita, a primeira, do alfabeto. É sem noção!". Ela sempre se esquece de dois detalhes: Temer dividiu os votos com ela; os votos que receberam já eram!

Repito aqui o presidente Michel Temer: pela enésima vez digo da minha admiração pela Operação Lava-Jato, assim como pelo Ministério Público e pela nossa Polícia Federal. Devemos muito ao que estão fazendo pelo Brasil, sequer sabemos exatamente quanto, sabemos apenas que é muito.

Mas tenho dois pedidos a fazer: que a Operação Lava-Jato se apresse em nos revelar o máximo que puder para que o Brasil ande para o futuro e não retorne ao passado. Sobretudo que publiquem, para que nós brasileiros possamos ler, toda a novela do caso da compra da refinaria de Pasadena. Temos pressa em saber tudo que for apurado e temos pressa em ver que a impunidade perde sua força no Brasil.

O outro pedido é ao Governo Temer: vocês não acham que deveria haver uma regulamentação para os benefícios que a presidente afastada deve receber? Como, por exemplo, quantos assessores e funcionários ela pode ter no Alvorada; avião da FAB apenas para ir a Porto Alegre, uma vez por mês; um carro com motorista e segurança; equipe de enfermagem para sua mãe, uma senhora de 92 anos; e plano de saúde para a presidente e sua mãe como dependente. E pouquíssimo mais.

Nós somos um país rico que está muito pobre. Estamos apertando o cinto até o ponto em que nossa saúde ficará prejudicada. Não podemos sustentar os luxos da afastada. Isso, sim, seria sem noção!

A força do tabu

Assisto com alguns dias de atraso a entrevista de Ricardo Paes de Barros no programa Roda Viva que não perco. Costuma ser excelente. Mas este foi uma ginástica angustiante.

O esquema, como se sabe, são seis jornalistas e um entrevistado. Ja estou no 48º minuto do programa onde só se fala de um assunto, e já não me contenho: o Brasil tem diagnósticos perfeitos de todos os seus problemas mas não consegue dar consequência a isso. Medimos tudo muito bem medido. Sabemos onde erramos e porque erramos mas não nos permitimos consertar nada.

Sabemos, por exemplo, que tem duas vezes mais gente no Bolsa Familia do que justificam as próprias medições do governo. Mas nem os seis jornalistas, nem o entrevistado mencionam a conclusão imediatamente subsequente: estão distribuindo o dobro de bolsas para comprar votos.

Mas o assunto aqui não é este. Volto ao que interessa. Não falta dinheiro para nada. Ao contrário, o problema é que sobra dinheiro no Estado. Sabemos onde e porque falha a educação (e a saúde, e a segurança publica, e etc.); sabemos quem são os responsáveis por essas falhas. Mas nem o entrevistado, nem os entrevistadores mencionam a conclusão imediatamente subsequente de que o que falta é a sansão: o problema não se resolve e não tem solução porque partimos da premissa de que o funcionário público, seja o que distribui o dinheiro, seja o que o recebe mas não entrega o que foi contratado para entregar, é indemissivel.


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Segue a entrevista mencionando cada um dos nossos fracassos e a sequencia é sempre a mesma: sabemos o que fazer, sabemos como fazer, mas não fazemos porque não fazer não acarreta consequência nenhuma.

A esta altura ja estou no 56º minuto da entrevista e a palavra mágica continua não sendo pronunciada: DEMISSÃO. Demissão de quem falha; demissão de quem não cumpre. Nem mesmo em demissão para quem rouba se ousa falar.

Cada jornalista daquela banca trabalha, acorda cedo, perde o feriado, cumpre plantões, estuda, capricha e se sacrifica porque se não o fizer é demitido. Cada jornalista naquela banca sabe que o funcionário falta, atende mal, não cumpre plantões, não estuda, não capricha, não entrega e nãos e sacrifica porque entregando ou não entregando, com crise ou sem crise nacional maior de todos os tempos, ganha 21% de aumento e nem sonha com a hipótese de perder o emprego e o salário que está, sempre, desde o mais baixo, na faixa mais alta do padrão de salário do resto do Brasil.

Preventivamente uma das entrevistadoras ja adianta, assim meio do nada, que “meritocracia é uma falácia num ambiente de desigualdade de oportunidade” e recebe uma resposta apropriada do entrevistado. “Se formos esperar o fim da desigualdade para começar a aplicar a meritocracia estamos roubados”. Mas a palavra chave do sistema meritocrático – DEMISSÃO – continua sem ser pronunciada.

Logo no início da entrevista, alias, o entrevistado registrou que a maior desigualdade de renda dentro do país está no setor publico (nos supersalários, nas super-aposentadorias, ficou subentendido, porque falar claramente nisso também é tabu). O setor privado, registra ele, reduziu a desigualdade de renda em proporções gigantescas nos ultimos anos mas no ambiente do Estado, onde não ha meritocracia, o processo foi o inverso, a ponto de afetar a média nacional. E eles são só 11,1 milhões os funcionários públicos que consomem 45% do PIB deixando menos de 3% para investimento público! A esmagadora maioria deles são aqueles médicos e professores que ganham uma miséria, donde se conclui que os superfuncionários que distorcem a media nacional são uma ínfima minoria. A enormidade do numero (dos supersalários e das super-aposentadorias) que desse raciocínio simples se deduz é de uma obscenidade que clama aos céus mas a reação da banca foi um silêncio sepulcral. Nenhum comentário, sequer. Ninguém chutou a bola levantada. Batida a marca de 1 hora, 22 minutos e 48 segundos da entrevista inteira, a palavra proibida não foi mencionada uma vez sequer.

Assim não vai. Eu já ando com vergonha de me apresentar como jornalista…

Qualquer dona de casa da favela sabe que se contratar uma empregada amanhã e começar a conversa dizendo que a partir do momento da contratação ela é indemissível para todo o sempre e é ela própria quem vai decidir o valor do seu salário, em 15 dias ela estará na casinha do cachorro e a tal servidora deitada na sua cama. O chato do Brasil é que aqui não tem mistério nenhum. O Brasil foi despachado para a casinha do cachorro.

Isso aqui só começa a ter solução quando DEMISSÃO passar a ser uma ameaça tão real, concreta e diária para os políticos e funcionários publicos quanto é para o resto da humanidade, inclusive para todos os brasileiros que não são empregados do Estado. Estes já não têm direito sequer ao que fazem por merecer porque pagam pelo que os que comem 45% do PIB enfiam no bolso sem merecer. 12 milhões já estão desempregados por conta disso, mesmo tendo entregado o tempo todo tudo o que foram pagos para entregar.

Esse sistema medieval de servidão só se reverte com o instituto do voto distrital com recall. Pois passando o político que contrata os demais funcionários a ser demissível de forma simples, rápida e direta por quem o colocou onde está, serão demissíveis todos os funcionários que ele contrata porque demitir quem não entregar o que é pago para entregar passará a ser a condição para que ele próprio entregue o que tem de entregar e, assim, não seja, ele mesmo, demitido.

É, digamos assim, uma cadeia de “sentimentos”…

Isso é claro como a luz do sol. Mas enquanto os jornalistas forem os zelosos porteiros desse tabu, seja porque tiveram a cabeça feita para isso, seja porque são casados ou têm filhos, pais, irmãos e etc. que recebem do Estado sem entregar, o Brasil não terá nenhuma esperança de cura.

O impacto do asteroide

As gravações vazadas ou divulgadas no Brasil são vistas, prioritariamente, sob a ótica da Operação Lava Jato. Até que ponto revelam uma trama para anular o trabalho policial, em que momento cruzam a linha do crime de obstrução da Justiça?

Como isso já foi discutido e, inclusive, levou à queda de dois ministros em apenas 20 dias, creio que é possível propor novas leituras das gravações, sobretudo a partir da experiência de muitos anos em Brasília.

Na vida cotidiana, a frase “sabe com que está falando?” já foi dissecada pelo antropólogo Roberto DaMatta e revela um aspecto autoritário da sociedade brasileira. Em Brasília, quando um problema depende de um juiz ou de um burocrata, os políticos fazem instintivamente outro tipo de pergunta: Quem fala com ele?

Essa pergunta é recorrente. Amigos, colegas de trabalho, familiares, todos são lembrados como uma possibilidade de influenciar.


Os políticos partem da correta presunção de que ninguém é um ser metafísico, completamente isolado da sociedade. E trabalham para convencê-lo pelos caminhos sentimentais do afeto e da gratidão.

Em alguns casos, a pergunta é mais ríspida e direta. Em vez do “quem fala com ele?”, surge o “quem o indicou para o cargo?”.

De todas as maneiras, é um processo permanente que envolve centenas de demandas, inclusive algumas pouco republicanas ou, francamente, fora da lei, como é o caso da obstrução de Justiça.

Num certo nível e com suas gradações, creio que é um processo comum a outros países. Essa incessante busca de um mensageiro adequado para seus pleitos é um dos atributos da política.

Juízes e autoridades sabem da existência desse processo. São treinados para conviver com ele e, dentro de suas possibilidades, resistir cordialmente.

A tarefa de neutralizar a Operação Lava Jato é talvez a mais complexa que alguns políticos brasileiros enfrentaram no caminho. Em certos momentos, houve uma ponta de desespero, como nas gravações de Lula nas quais ele pede que uma pessoa internada na UTI tire os tubos e fale ao telefone com a juíza Rosa Weber.

Possivelmente, não aconteceria nada de novo se o paciente em estado grave trocasse algumas palavras com a magistrada. Mas a simples expectativa mostra como é profunda a dependência da pergunta: Quem fala com quem?

No caso da Lava Jato, dois fatores complicaram o abundante fluxo das conversas que constituem o mecanismo cotidiano de Brasília.

O primeiro deles são as gravações feitas pelos investigadores. Elas foram realizadas para mostrar que os acusados tentavam escapar da Justiça e teciam suas tramas para evitar que caíssem nas mãos do juiz Sérgio Moro. Neste caso, entram as gravações que envolvem Lula e o governo Dilma.

Outro favor novo: as delações premiadas. Elas tornaram perigosas mesmo as ligações telefônicas entre amigos, as conversas que, teoricamente, estão fora do alcance da polícia. Neste conjunto estão as gravações realizadas por Sérgio Machado. As pessoas vão sendo capturadas na medida em que entram e falam no ambiente, como é o caso do ex-ministro da Transparência Fabiano Silveira.

Em ambos os casos, as gravações representam jatos de areia no mecanismo de poder de Brasília, antes tão fluido e vivenciado como natural.

A reação de Lula e de José Sarney, dois homens que experimentaram o poder e ainda o detêm hoje, em escala menor, é de insegurança. Como se o mundo virasse de pernas para o ar e o eixo do poder perene subitamente fosse alterado: uma revolução.

Lula revelou esse desgosto ao cunhar a expressão “República de Curitiba”. Sarney, nas gravações de Sérgio Machado, define o processo como uma “ditadura do Judiciário”.

Cada um reagiu à sua maneira. O PT, pelo confronto, que é a linguagem mais comum ao partido. Era preciso paralisar os adversários, denunciar a mídia golpista e toda essa história.

Ao que me parece, o PMDB compreendeu que o eixo do poder se deslocou e tratou de arrastá-lo de novo para sua posição original.

E recolocou, em outro nível, a pergunta tradicional: Quem fala com quem? Era preciso cativar os juízes do Supremo, seduzir os grandes órgãos da imprensa, só assim o poder se reinstalaria em Brasília e o País voltaria à normalidade. Tentativa também fracassada.

Um elemento interessante nessa luta permanente para recuperar o eixo do poder é a maneira como Lula, Sarney e o próprio Machado encaram o silêncio de alguns e o apoio popular à Lava Jato. Em vários momentos, usam a palavra covardia, lamentam que o avanço das forças de Curitiba não seja combatido por uma resistência nacional. Era como se os invasores fossem tomando o País e, ao invés de pedras e bomba, ganhassem aplausos e flores.

O velho Sarney sabe que nem tudo terminou e prevê um assalto final com a “metralhadora ponto 100”: a delação de Marcelo Odebrecht e dos executivos de sua empresa.

Quase nada ficará de pé. Neste momento, denunciar e punir talvez não tenham mais a urgência dos tempos que se encerram. Definidas as responsabilidades individuais, será possível explorar o campo do sistema político em que tudo aconteceu, e a fantástica reação humana diante de um mundo que desmorona.

Faltam ainda dezenas de gravações, depoimentos, acareações. Se o tempo permitir, voltarei a elas com uma curiosidade diferente. Não mais saber quem vai ou não ser preso.

O universo político brasileiro sofreu o impacto semelhante ao dos asteroides que destruíram os dinossauros. Mas como é diferente quando se trata da história humana. Os dinossauros não tiveram escolha, não buscaram o contato desesperado entre si, não delataram nem gravaram escondidos as conversas mais reservadas. Políticos são humanos. Muito humanos.

Fernando Gabeira

A crise do Brasil diante dos ares do tempo

Há uma sensação geral de que o país perdeu o rumo. O incômodo vem de fatos específicos: caos político, corrupção, recessão, desigualdade, violência, epidemias, desemprego, deseducação, falência das contas públicas.

Poucos, porém, consideram que esses indicadores de falta de rumo e de decadência têm em comum o fato, ainda mais grave, de que estamos sem sintonia com o “espírito do tempo”, o conjunto de ideias que orientam a humanidade e cada nação para o futuro. É como se, além de estarmos rodando no meio do mar, não soubéssemos como inflar as velas do barco na direção dos ares que sopram para o futuro.

Não é a primeira vez que isso acontece. Quando o mundo ingressava na primeira revolução tecnológica, com o capital industrial e o trabalho assalariado dentro das regras do mercado, nós optamos por continuar escravocratas, patrimonialistas, ruralistas, exportadores de bens primários, obscurantistas no pensamento. Cem anos depois, quando iniciamos nossa industrialização, passamos a fabricar velhos produtos, não nos dedicamos a inventar produtos novos, conforme os novos tempos que já se iniciavam.

No século XXI, outra vez estamos dessintonizados com os ares do tempo: a revolução científica, o capital do conhecimento e a inovação como motores do progresso. Continuamos emergindo ao passado, não ao futuro: comemoramos continuar exportando commodities e fabricando autos, sem desenvolver capacidade de inovação para criar novos produtos da economia do conhecimento, sem base científica e tecnológica, sem colocar o bem-estar na frente de produção, consumo e renda, sem compromisso com o equilíbrio ecológico.

Vemos a tragédia imediata da recessão e do desemprego ao redor, mas não percebemos a tragédia distante de continuarmos na velha economia da produção primária, da indústria metal-mecânica, da dupla dependência tecnológica, tanto na inovação dos produtos quanto na inovação das ferramentas.

A maior prova da falta de sintonia com o futuro é o descuido com que tratamos nossa educação de base, desperdiçando milhões do mais importante vetor do futuro: os cérebros bem-formados de nossa gente. O vetor do progresso está na educação de qualidade igual para todas as crianças, independentemente da renda dos pais e da cidade onde vivem.

Desprezamos o futuro quando nos recusamos a prestigiar o mérito dos bons professores, diferenciando-os dos demais. Não estamos sintonizados com o futuro ao mantermos uma máquina estatal ineficiente, a serviço de sindicatos e partidos, e não do público; ou quando nos recusamos a atualizar velhas leis que já estão superadas. Nos tempos em que a taxa de natalidade diminui e a esperança de vida aumenta, o espírito do tempo exige a reforma no sistema previdenciário.

A maior crise brasileira não está nas aparências do que nós vemos e sofremos, mas em nossa recusa de olhar para onde sopram os ares do futuro e de como fazer as reformas que nos sintonizarão com ele. Estamos desorientados com o presente caótico e outra vez não nos sintonizamos com as forças do espírito do tempo.

Com fim da boquinha, petistas agora reclamam do desemprego

A histeria coletiva dos petistas tem nome: desemprego. Milhares deles vão se juntar agora aos milhões de brasileiros desempregados pelo governo da Dilma. Sentirão na pele, sem as tetas do estado, o que é ficar na rua da amargura e sem perspectivas em um país que já ultrapassou a casa dos 11 milhões de desempregados. O pior de tudo é que seguramente mais de 90% desses militantes despedidos não têm qualificação para disputar o concorrido mercado de trabalho porque se acostumaram às boquinhas da fábrica Brasil, a maior indústria pública de ociosidade do país. 

O sonho de se perpetuar no poder acabou. Para aqueles que achavam que o Brasil iria repetir o México, onde o PRI – Partido Revolucionário Institucional – governou o país por 71 anos, infelizmente a casa caiu. A choradeira é geral. A troca de cadeiras também. Durante os últimos doze anos, os petistas invadiram os órgãos estatais, praticando todo tipo de vandalismo e atividade criminosa. Na Petrobrás, por exemplo, conseguiram derrubar os ativos da empresa de 340 bilhões de reais para minguados 35 bilhões. Criaram novas empresas públicas, aparelharam outras e dilapidaram o patrimônio dos brasileiros institucionalizando a corrupção, símbolo da administração petista.

Lula, o homem que chefiou a organização criminosa, vive hoje refém do seu próprio medo, na expectativa de não saber a hora ou o dia que a turma do Sérgio Moro vai bater à sua porta. Os filhos, que ele envolveu nas maracutaias, estão atormentados, mesmo com o caixa abarrotado de dinheiro, como é o caso de Luís Cláudio Lula da Silva que tem 10 milhões de reais nas contas descobertas pela Lava Jato. Seus auxiliares como o ex-ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, já prepara a trouxa que levará para Curitiba quando a Polícia Federal o escoltará a pedido de Moro para responder pelo dinheiro sujo que recebeu para a campanha da Dilma.

E a Dilma? Não perde por esperar. Marcelo Odebrecht começou a falar na delação premiada e pelo que se escuta em Brasília vai levá-la ao fundo do poço onde já estão os tesoureiros do PT e um bando de políticos e empresários que, com a sua cumplicidade, reeditaram a máfia siciliana no Brasil. Odebrecht, já condenado a 19 anos, foi instruído pelo pai a levar à sepultura todos do governo que o ajudaram a assaltar o estado. Não quer passar o resto da vida na cadeia por acobertar os refinados petistas que embolsaram os bilhões das empresas estatais.

Os brasileiros devem se acostumar a partir de agora com comícios e passeatas relâmpagos, posts depreciativos na internet e notícias falsas produzidas pelos blogueiros oficiais, que ainda mamam nas estatais, para transformar notícias em panfletos terroristas. Mas, à medida que o dinheiro deixa de pingar no caixa, o esforço “ideológico” desses escrevinhadores chapas brancas que divulgam a tese do golpe, derrete-se como geleira no verão.

Aos poucos, como era de se esperar, os movimentos de rua vão se escasseando por falta do dinheiro público que alimentava centenas deles por meios dos sindicatos e centrais sindicais. A própria Dilma, sozinha, perdeu seus auxiliares mais fieis depois que o Lula a culpou pela crise e se disse arrependido do seu nome para sucedê-lo. Contenta-se em reunir estudantes da UNE na UNB para repetir insistentemente a tese do golpe, como se as instituições brasileiras tivessem abaladas depois do seu impeachment. O tempo certamente vai deixá-la mais isolada. A Dilma não tem um histórico petista, suas raízes são brizolistas e seus métodos de enxergar o estado assemelham-se às teses do Leonel Brizola, responsável pela bancarrota do Rio de Janeiro, daí o desprezo da cúpula do PT por ela.

Com a abertura da caixa preta petista, sabe-se agora que por onde caminhou um petista ficou a pegada da corrupção. Descobre-se, por exemplo, um rombo do Bolsa Família de mais de 2 bilhões de reais, o principal programa do PT, que deixaram de chegar às famílias mais pobres. Cerca de 500 mil funcionários públicos estavam no cadastro do Bolsa Família engordando com a fome dos miseráveis. E ainda há quem alimente a lorota de que o governo petista fez uma revolução social no país. Uma mentira que de tanto ser propagada quase virou verdade.

É o fim da pirotecnia petista.

Reduzir com miséria

O PT dizia que tinha um programa para reduzir a pobreza. Reduzir a pobreza fazendo com que 14 milhões de famílias dependam, em média, de R$ 160 por mês para não ficarem na miséria? Isso é reduzir pobreza? O PT quebrou o país e deixou a área social destruída
Osmar Terra, ministro do Desenvolvimento Social

Ditadura de araque

Nunca imaginei ouvir Sarney dizendo “abaixo a ditadura”. Não disse, mas afirmou, solene, na gravação de Sérgio Machado, que estamos sob a pior das ditaduras: a da Justiça.

Para ele, pior do que a ditadura da força militar, a do proletariado que desmoralizou o comunismo, a religiosa dos aiatolás é a ditadura da Justiça, que, fazendo cumprir a lei sem distinção de classe social, investiga e enjaula seus colegas e amigos, respeitando os ritos processuais e assegurando a defesa dos acusados, que podem recorrer das decisões.


Qualquer ditadura, por definição, é abominável, porque detém todo o poder, tira a liberdade e os direitos do cidadão, faz suas próprias leis, não pode ser contestada por ninguém nem por outro poder do Estado. Embora seja um oximoro na retórica sarneysiana, a ideia de uma ditadura da Justiça, se tal coisa fosse possível, seria bem recebida: diante dela todos são iguais.

Enquanto não se inventa uma ditadura da Bondade, ou do Bem, a da Justiça é a mais viável. Seria uma ditadura original, que, fazendo respeitar a lei e o estado de direito, contribuiria decisivamente para o exercício da democracia — que, paradoxalmente, é o oposto de uma ditadura.

O bom da ditadura da Justiça é que ela não poderia ser dominada pelo governo, nem pelos militares, pelos religiosos, pelos ideológicos, nem pelos políticos. É independente, não se origina nas fraudes e conchavos eleitorais, deve impor a força do Estado no cumprimento das leis. Se não for dura, não é ditadura, deve aplicar penas pesadas a criminosos que, se forem condenados em segunda instância por um colegiado, não podem mais recorrer em liberdade, o que garantia a impunidade dos ricos e poderosos em recursos infindáveis até a prescrição final.

Na ditadura da Justiça não há nomeações politicas, seus integrantes enfrentam concursos rigorosos para entrar na carreira, os juízes dos tribunais superiores são sabatinados pelo Senado. E o Conselho Nacional de Justiça investiga e pune os juízes corruptos. Uma ditadura em que quem não deve não teme. Mas quem deve, treme.

É pena, mas é tudo só um pesadelo de Sarney.

Nelson Motta

Dilma e o seu destino

Em um ponto, pelo menos, concordam a presidente afastada Dilma Rousseff e o presidente em exercício Michel Temer: a situação de transitoriedade do governo atual “não é útil” para o Brasil.

Temer disse-o ontem em entrevista ao SBT. Indiretamente, Dilma diz quase todo dia quando bate sem piedade em Temer e no governo que ele comanda. Deveriam queixar-se à Justiça.

A transitoriedade está prevista em lei – e para acabar com ela só mudando a Constituição, tarefa difícil que o Congresso se nega a enfrentar desde o impeachment de Fernando Collor.

Além de prevista em lei, a transitoriedade foi regulamentada em detalhes pelos atuais ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em julgamento recente.

O ideal para Dilma seria a permanência no cargo até o último ato do seu julgamento pelo Senado. Para Temer, um processo relâmpago de impeachment que confirmasse sua presidência em definitivo.

Compreensíveis tais posições, mas irreais como demonstrado. Algo tão traumático como um impeachment exige certo tempo para ser assimilado por todos os seus personagens, o povo incluído.

De resto, o tempo serve também para assegurar o devido respeito legal aos direitos do presidente processado. Como tirar às pressas do poder quem foi posto ali pela maioria dos eleitores?

O que tem feito mal ao país nos dias que correm não é a transição de um governo para outro, mas o clima de confronto e de acirramento de ânimos criado pela presidente afastada e por seus aliados.

As ruas já não respondem mais com tanta energia ao discurso do golpe. Entre quinhentas e mil pessoas, apenas, compareceram, no Rio, a uma manifestação estrelada pela própria Dilma.

País a fora, os chamados movimentos sociais reúnem cada vez menos gente para protestar contra o fim próximo de um governo desastroso que não deixará saudade nem mesmo no PT e em Lula.

Dilma parece destinada a sair de cena da mesma maneira como governou: sozinha.

Leitor petista diz que foi roubado

O sujeito estava indignado. Havia sido roubado, segundo me escreveu. Enquanto o lia, perguntava eu a mim mesmo: teria sido ele vítima de uma “saidinha de banco”? Levaram-lhe o carro? Comigo, aliás, já aconteceu isso e pior. Mas não era por aí o seu queixume. Imaginei que lhe tivessem tomado o posto de trabalho ou o poder de compra, na mão grande da recessão e da inflação. Sua ira tampouco provinha disso. O que o incomodava pessoalmente, a ponto de sentar-se para escrever-me, era a subtração de seu voto. “Roubaram-me o voto que dei na eleição de 2014”.

Parei para revirar os bolsos da minha própria cidadania. Percebi que graças a votos como esse, centenas de bilhões escoaram pelo ralo da irresponsabilidade fiscal. Outro tanto no petrolão e em obras de estatais. E a cada semana aumenta a lista de crimes e de criminosos nas confissões e delações da Lava Jato e congêneres.
Meu leitor era, pois, fã incondicional de dona Dilma. Um dos remanescentes. Daqueles que, mesmo diante de tudo que se sabe e do quanto mais se possa supor sem recorrer a trovoadas da imaginação, não sentem o menor remorso do que fizeram na última eleição presidencial. Seus neurônios e sua luta política esgrimam contra um dado inquestionável: para que a pior presidente da história da República volte ao poder basta que 28 (só isso!) entre os 81 senadores considerem que Dilma não cometeu crime de responsabilidade, ou entendam que ela deve continuar governando mesmo que tenha cometido esse gravoso crime. Por quê? Porque é o que está na Constituição, que vem sendo cumprida e continuará sendo cumprida até o final desse processo. Duela a quién duela.

Ele considera seu voto em Dilma mais valioso do que o bem do país, mais significativo do que todos os bilhões roubados. Seu voto paira acima dos sucessivos tombos do PIB e da inflação de dois dígitos. Sacode ombros ante os 11 milhões de desempregados, ante o presente e o futuro sonegado a tantos numa conta sinistra que não para de crescer.

Vá que o moço nunca tenha parado para pensar que presidencialismo sem impeachment é ditadura. Admito que ele ignore isso. Mas como pode considerar que seu voto sozinho arranca da Constituição o preceito do impeachment? Teria sido o caso de Fernando Collor uma pegadinha constitucional, para valer só uma vez?

Meu indignado leitor está irado, também, com algumas indicações políticas feitas por Temer. Nisso estamos de acordo, com duas enormes diferenças.
1a) Eu sempre estive indignado. Nunca chamei nenhum sacripanta de herói do povo brasileiro. Minha indignação moral não é seletiva.
2ª) Sob o governo Temer, uma certeza eu tenho e espero que seja suficientemente majoritária ao término do julgamento em curso no Senado: a área financeira de seu governo não dorme de touca nem faz que não vê quando bilhões somem do erário e das estatais.

Eles não precisam posar de gerentões ou faxineiros para promover a reconstrução que a nação - legítima soberana da democracia - exigiu nas ruas.

Percival Puggina

Reajuste de servidor faz inveja a desempregado

Boulos e seus vândalos obtêm inequívoca vitória política

O governo Temer está sendo vítima da má-fé congênita dos movimentos de esquerda e, obviamente, da própria inexperiência. Por isso, e já fiz esta observação aqui, cumpre botar ordem na casa. Parece-me evidente que falta, lá vem a expressão mágica, uma coordenação política. No dia em que vieram a público números arrasadores sobre a economia, que evidenciam o tamanho do desastre do petismo, a nova gestão, pela via da inabilidade, cede de forma inaceitável a seus adversários. Explico.

Os milicianos do MTST, liderados por Guilherme Boulos, invadiram o escritório da Presidência da República em São Paulo. Era um ato contra uma decisão do ministro Bruno Araújo (Cidades), que, tão logo tomou posse, decidiu revogar uma portaria assinada por Dilma, pouco antes de deixar o palácio, que autoriza a contratação de 11.250 moradias do Minha Casa Minha Vida Entidades.

De fato, note-se, o governo já havia afirmado que pretendia rever o tal decreto para aprimorá-lo. Ocorre que o anúncio oficial da retomada da contratação foi feito precisamente nesta quarta, enquanto o prédio estava invadido — a ação dos milicianos de Boulos só deve ser suspensa nesta quinta.

Antes que prossiga, uma observação: o Minha Casa Minha Vida Entidades nada mais é do que a privatização do bem público em proveito de grupelhos. Em que consiste o programa? Movimentos como o MTST recebem o dinheiro — sim, o dinheiro — para a construção das casas, e eles próprios se encarregam de contratar a mão de obra. Alegam que o custo é menor. Não se tem evidência disso.

Atenção! Passam a ser candidatos à moradia apenas os militantes do grupo em questão. Assim, o que se tem, na prática, é o poder público financiando a militância política. O senhor Guilherme Boulos passa a ser sócio do poder público.

É um escândalo que o Ministério Público Federal não se interesse por isso. Quando menos, programas assim criam cidadãos de primeira e de segunda classes, não é? Se alguém está disposto a furar a fila da moradia, já sabe o que fazer: entrar no MTST e passar a seguir as orientações de seu guia genial.

Entendo que estamos diante de uma flagrante inconstitucionalidade, já que trata desigualmente os cidadãos. Por que haverá de ter privilégio quem se filia ao movimento?

Uma aberração como essa não tem ser revista e aprimorada, mas extinta mesmo. Ocorre que é preciso fazer a coisa com a devida prudência. A sociedade tem de ser informada do que está em curso. Quantos brasileiros conhecem exatamente o que é o Minha Casa Minha Vida Entidades? Quantas casas já distribuiu? Quanto o movimento de Boulos recebeu até agora? Quantas unidades construiu?

Tudo isso deveria ter antecedido o anúncio da revogação da portaria. E tudo isso deveria ter antecedido o anúncio da nova portaria. E, por óbvio, uma coisa é certa: um governo não tem de fazer concessão nenhuma enquanto um prédio público está ocupado por vândalos.

Boulos, obviamente, está cantando vitória, ainda que a decisão, de fato, já tivesse sido tomada. Ocorre que, em política, a versão triunfante é bem mais importante do que o fato. Disse ele: “O povo que ocupou o escritório da Presidência, que esteve na casa do [Michel] Temer, mostrou que a organização pode fazer o governo recuar”.

Sempre que um sujeito como Guilherme Boulos obtém uma vitória política, o que se tem é uma perda correspondente de civilidade. Se ele ganha, o estado de direito perde.

'A internet está nos tornando mais ignorante e narcisistas'

Todos calados. E extasiados perante o desfile do imperador. Até que um moleque se atreve a dizer o que todos veem: “Ele está nu!”. Andrew Keen se vê como aquele menino do conto de Andersen, só que 170 anos depois. E, hoje em dia, o relato é narrado ao contrário: nus estamos todos, por culpa do grande rei Internet. “É genial, eu mesmo a uso. E deixo isso claro em meia página. Entretanto, o resto do livro é dedicado aos senões…”, sorri. Ou seja, como a Rede favoreceu os monopólios, a desigualdade, o narcisismo e a vigilância, segundo o autor. São razões pelas quais, como diz o título do seu livro, The Internet Is Not the Answer (“a Internet não é a resposta”, inédito no Brasil).

É o terceiro livro que esse jornalista e escritor britânico (Hampstead, 1960) dedica ao lado sombrio da Rede, depois O Culto do Amador (ed. Zahar, 2009) eVertigem Digital (ed. Zahar, 2012). Tanto que ganhou fãs, críticos e a fama de grande polemista contra a rede mundial de computadores. E, com a mesma virulência, acusa o Vale do Silício e seus gurus (com nomes e sobrenomes) de terem se aproveitado de nós para enriquecer enquanto nos prometiam um mundo melhor, mais livre e mais democrático. Se 90% dos norte-americanos consideram que a Internet foi benéfica para a sua existência, segundo um estudo de 2014 do Centro de Pesquisas Pew, citado no próprio livro, Keen se diverte remando contra a corrente.

E com um sorriso aceita outro desafio: resumir sua tese em um minuto. “Há quatro chaves. A Internet está agravando a desigualdade entre ricos e pobres; está contribuindo em longo prazo para a crise do desemprego, com máquinas inteligentes que substituem inclusive o trabalho especializado da classe média; está criando uma economia da vigilância, onde somos o produto, transformados em dados que Google e Facebook vendem a outras companhias para fazer publicidade. E está nos tornando mais mal informados, mais ignorantes e narcisistas”. Quase nada.

Para defender essa conclusão tão polêmica, Keen emprega, ao longo de 379 páginas (50 de bibliografia), relatos, dados, entrevistas, reflexões e recapitulações históricas. “O principal desafio era fazer um livro acessível, divertido e bem argumentado. Não escrevo para acadêmicos”, observa. Assim, em um parágrafo ri do chefão da Amazon,Jeff Bezos, em outro cita um estudo da ONU segundo o qual em 2013 havia mais pessoas com celular (seis bilhões) do que com acesso a uma privada (4,5 bilhões), e num terceiro recorda a origem da Rede.


“A Internet nasceu como pesquisa acadêmica financiada com recursos públicos. Os objetivos poderiam ser resumidos em enfrentar a União Soviética e gerar um mundo melhor. Mas em 1991 começou sua comercialização”, conta Keen. E, com ela, o elenco de problemas que ele lamenta. “Se pudesse voltar atrás, iria a meados dos anos noventa, quando começou a se oferecer todo o conteúdo grátis. E a 2001, quando o Google estabeleceu o seu modelo de negócio”, acrescenta. O escritor acusa o buscador de hipocrisia: no início, se opunha à publicidade. Hoje, nos vendeu a ela.

Mas por que um cidadão deveria se queixar de serviços gratuitos e úteis como os do Google e Facebook? “O objetivo do Google, como disse o próprio Eric Schmidt [ex-diretor-executivo], é nos conhecer melhor que nós mesmos. E para isso eles têm o YouTube, o Google Maps, o Gmail, o Android, os carros sem motorista… Não se trata do Grande Irmão de 1984, de Orwell, e sim de nos vender coisas. Somos ratos trancados numa gaiola, rodeados por estas grandes companhias e por anunciantes”, diz Keen, quem também recorda as armadilhas fiscais usadas por Facebook, Apple, Google, Amazon e demais titãs 2.0.

Além de examinar esses colossos, seu livro foca também os mais de três bilhões de internautas do planeta. E as conclusões não são menos inquietantes: “Esquecemos como escutar, estamos encerrados em nós mesmos, e mais sozinhos do que nunca. A Rede expôs algumas das nossas piores características. Se não existisse, continuaríamos tendo Trump e gente insultando os muçulmanos. Mas o fato é que é a plataforma perfeita para o racismo e a misoginia, para que o ódio difunda sua metástase”. Keen considera que a Internet fracassou também em sua promessa de um iluminismo global, e que, se fosse vivo, Voltaire estaria enormemente decepcionado.

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