domingo, 28 de fevereiro de 2016

Lula faz da festa do PT um palco de molecagens

A festa de 36 anos do PT foi um fracasso.

O partido alugou, no Rio, um espaço onde caberiam quatro mil pessoas bem acomodadas.

No seu melhor momento, a festa, animada pelo cantor Diogo Nogueira e a bateria da escola de samba Portela, só atraiu 1.500 pessoas, se tanto.

O PT esperava, pelo menos, três mil pessoas.

A assessoria de Diogo fez questão de informar que ele não tem vínculo com o PT. Para ele, o show foi como outro show qualquer.

Com medo de vaias, a presidente Dilma preferiu manter-se à distância. Estendeu sua visita oficial ao Chile.

Ouviu-se os gritos de sempre. A saber: “Dirceu/guerreiro/do povo brasileiro” – uma alusão ao ex-ministro José Dirceu, condenado pelo mensalão e preso novamente na Operação Lava Jato.

Também: “Não vai ter golpe”. Ou ainda: “Olê, olê, olê, olá, Dilma, Dilma.”



Naturalmente, a estrela da festa foi Lula. Que aproveitou a ocasião para bater na Justiça, a quem acusou de ser subordinada aos jornais; na mídia e nos seus adversários. Aproveitou para fazer molecagens.

Moleque, segundo o Dicionário do Aurélio, é sinônimo de canalha, patife e velhaco. Mas pode ser sinônimo de pilhérico, trocista e, jocoso.

Digamos que as molecagens de Lula foram as de um sujeito pilhérico, trocista e jocoso.

Ao falar pela primeira vez de público sobre o sítio de Atibaia frequentado regularmente só por ele e sua família, Lula disse que o recebeu de presente do amigo Jacó Bittar, ex-sindicalista, doente, a quem ele visitou às escondidas no último carnaval.

O filho de Bittar, que não tinha dinheiro sozinho para comprar o sítio, associou-se ao empresário Jonas Suassuna para fechar o negócio. O sítio está no nome dos dois.

- Todo mundo aqui conhece o Jacó Bittar, meu companheiro. Ele inventou de comprar uma chácara, fez uma surpresa para mim. Jacó e meus companheiros quiseram comprar a chácara para me fazer surpresa – contou Lula.

Ele não comentou a reforma do sítio feita pela Odebrecht. Mas em petição ao Supremo Tribunal Federal, a defesa de Lula afirmou que a reforma foi feita por José Carlos Bumlai, preso pela Lava-Jato.

No final do ano passado, Lula negou que fosse amigo de Bumlai. Fotografias de Bumlai com Lula provaram a amizade.

Lula falou sobre o tríplex no Guarujá:

- Eu digo que não tenho o apartamento. A empresa diz que não é meu. E um cidadão do Ministério Público, obedecendo ipsis literis o jornal 'O Globo' e a 'Rede Globo', costuma dizer que o tríplex é meu".

Ironizou o imóvel como "tríplex do Minha Casa Minha Vida, de 200 metros quadrados".

O Lula fanfarrão de sempre aproveitou o resto do seu discurso para dizer coisas do tipo:

* “O Lula paz e amor vai ser outra coisa daqui para frente”;

* “Eu queria dizer para eles: vocês não vão me destruir, vamos sair mais fortes dessa luta";

* "Se quiserem voltar ao poder, se preparem para 2018 e vamos disputar democraticamente. Sacanagem a gente não aceita";

* "Temos um partido chamado Globo, um partido chamado Veja, um partido chamado Outros Jornais, que são a oposição desse país”;

* "Os petistas não podem levar desaforo para casa toda vez que falarem merda da gente".

O discurso de Lula coincidiu com a divulgação dos resultados da mais nova pesquisa Datafolha. Ela apurou que:

1. Governo Dilma segue rejeitado por 64% dos brasileiros. Outros 60% querem que a Câmara dos Deputados aprove o impeachment de Dilma;

2. 33% dos brasileiros revelam ter votado em Lula sempre que tiveram a chance de fazê-lo de 1989 para cá. Desses, um terço descarta votar de novo em 2018;

3. 58% dos brasileiros acham que Lula foi beneficiado por empreiteiras no caso do triplex do Guarujá e do sítio em Atibaia. E que Lula as beneficiou nos seus dois governos. O famoso toma-lá-me-dá-cá;

4. Mesmo entre simpatizantes do PT, um terço acha que Lula se beneficiou de empreiteiras no caso do triplex e do sítio.

O Judiciário e o Polegar da Turba

Não é de hoje que se atribui ao Judiciário a tentativa de politizar a Justiça, situação que acaba conseguindo na esteira do vácuo legislativo.

O argumento sempre lembrado é o de que o Poder Legislativo deixou muitos artigos da Constituição de 88 sem regulamentação, abrindo uma janela para o Supremo Tribunal Federal avançar na função de formar entendimento sobre demandas que chegam à Corte.


Em alguns casos, diz-se, estariam os magistrados extrapolando o ofício restrito de jus dicere (interpretar a lei) e adotando a função de jus dare (fazer a lei). Veja-se a recente decisão da Suprema Corte de autorizar o encarceramento de condenados na 2ª. Instância, relativizando a cláusula pétrea da presunção de inocência, inserida no inciso LVII do artigo 5º da Constituição de 1988, pela qual “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

De tão impactante, a visão adotada pelos magistrados dá impressão de que um novo dispositivo foi inserido na Carta Magna. A mais alta Corte não só teria legislado, mas cumprido a tarefa de uma Assembleia Constituinte, eis que uma cláusula pétrea, nos termos do artigo 6º, inciso 4º. da CF, não pode ser objeto de deliberação nem por proposta de emenda constitucional. Tal alternativa só seria possível por meio da instalação de um novo Poder Constitucional Originário, a quem cabe produzir nova Constituição Federal.

O que justifica a decisão do STF? Alguns fatores: o inconformismo social sobre a impunidade e a morosidade da justiça; a recorrência ao exemplo do sistema penal norte-americano, que permite o encarceramento após condenação na primeira instância; ou a prisão após a condenação em 2ª instância conforme muitos países o fazem.

São relevantes as razões que justificam o entendimento do Supremo, até pelo fato de que o Brasil é um dos poucos países a adotar o critério de aguardar o julgamento do último recurso para prender o condenado. Ocorre que a maneira surpreendente (sem grande discussão) como a Corte interpretou um princípio imutável, como cláusula pétrea, causou perplexidade, sugerindo que outros estatutos semelhantes poderão ser modificados sob o clamor das ruas.

A permissão para a Receita Federal ter acesso às contas dos contribuintes sem autorização judicial integra também a pauta de receios com que são recebidas certas decisões do STF.

Pergunta-se: não se trata de mais um caso de invasão de privacidade? Ou vale a versão de que, na era da invasão da vida privada pelas redes de comunicação eletrônica, inexiste espaço para o sigilo? Será que o órgão que interpreta a Constituição passou a se guiar por uma bússola que muda de acordo com o vento, trocando a clássica função de “garantidora” do império legal por uma interpretação frouxa de normas?

Essa é uma hipótese a ser considerada. Pincemos Ortega y Gasset: “o homem é o homem e suas circunstâncias”. Significa intuir que o Supremo passou a levar em conta demandas sociais e temporais, fatos que o circundam, a textura da política, ou, concretamente, os escândalos e denúncias que, nos últimos anos, solapam a crença nas instituições. Há muito tempo, o Judiciário brasileiro parece incomodado com o grito das massas: “justiça para todos e chega de impunidade”.

Para alcançar esta meta, porém, pode o Supremo imprimir um modus operandi diferente do traçado que orienta seu escopo funcional? Francis Bacon, em 1597, já escrevia: “os juízes devem ser mais instruídos e reverendos do que aclamados, mais circunspectos do que audaciosos”. Antigamente a frase mais ouvida no ambiente do Direito era: “juiz só fala nos autos”. Ora, o que mais se ouve hoje é juiz falando fora dos autos, opinando, fazendo pré-julgamentos, elogiando, criticando, antecipando posições e até votos em processos.

Outro conceito: o juiz é, antes de tudo, um cidadão. Essa seria mais uma abordagem usada pela (nova) magistratura para justificar postura mais condizente com a atualidade. Emerge a figura do juiz-cidadão cumprindo missão em favor da polis.

A política, pois, também corre nas veias dos protagonistas da Justiça. Interpretar a lei, condenar desvios, aplicar a justiça seriam tarefas encarnadas pelo ideário concebido por Aristóteles. Nesse sentido, há um traço de união entre magistratura e política. Mas persiste a dúvida: será que a hermenêutica jurídica não atende a interesses de setores e grupos? Difícil acreditar nisso, mas é uma hipótese. O fato de um juiz de uma alta Corte ser escolhido em lista tríplice pela presidente da República não contamina julgamentos futuros com o óleo da retribuição?

A Constituição de 88 também acabou conferindo à Suprema Corte traços políticos. Nossa Lei Maior acaba sendo a ponte estreita que liga Justiça e Política. Por conseguinte, densa massa política acaba batendo na mesa dos magistrados. Ademais, o rol de direitos e garantias concedidas aos cidadãos, na esteira da implantação do Estado Democrático de Direito, a partir de 88, acarreta expansão da litigiosidade.

Conflitos de toda a ordem abarrotam as gavetas dos Tribunais. A sociedade organizada, por sua vez, forma amplas camadas de pressão. Ministros, monitorados em tempo real pela mídia televisiva da Justiça, juntam-se a outros atores do Estado-Espetáculo, na preocupação com questões de forma, não apenas de fundo. Donde surge mais uma dúvida: o espetáculo midiático baliza decisões?

Apesar desta leitura parecer negativa, é oportuno dizer que o Judiciário é o Poder mais respeitado do país. O que se põe em xeque é o perigo da Justiça comprometer seu ideário com locução “política” e a tendência crescente de entrar em veredas que não são suas. Por que o STF insiste em adentrar o regimento da Câmara? Dedo para cima ou dedo para baixo? Esse era o gesto que a turba fazia no Coliseu Romano quando os gladiadores recebiam o veredicto de vida ou morte. O imperador deixava o lutador viver ou morrer, atento ao grito da massa. Magistrados, cuidado!

No alvo errado


Já virou um procedimento de rotina para o ex-presidente Lula e todo o seu sistema de apoio, nessa miserável cachoeira de suspeitas que não para de jorrar em torno dele. Em vez de apresentar um mínimo de fatos capazes de atestar que é um homem decente, e afastar pelo menos o grosso das desconfianças que construiu em torno de si próprio, o principal líder político do Brasil se escondeu de novo. Deveria responder a algumas perguntas num fórum criminal de bairro em São Paulo — coisa que qualquer cidadão com a vida em ordem seria capaz de fazer sem o menor problema. Mas não. De tudo o que podia fazer de ruim, escolheu o pior: simplesmente não foi ao interrogatório, aproveitando-se de um desses truques burocráticos que a Justiça brasileira oferece a toda pessoa que tem dinheiro, influência e advogados suficientes para impedir que a lei se aplique a ela. Por que não foi? Pelo mesmo motivo, exatamente, que o manteve de boca fechada, até agora, em relação a tudo o que vem sendo dito sobre sua conduta: não consegue dar, nem com a assistência dos mais distintos criminalistas do país, uma única resposta que possa ser levada a sério sobre os benefícios pessoais inexplicáveis que vem recebendo de empreiteiras de obras públicas.

genildoResolve alguma coisa? Não resolve. As perguntas só irão embora no dia em que forem respondidas. Lula, o PT e o seu mundo ganharam mais algum tempo; em compensação, o ex-presidente vai tomando cada vez mais indiscutível sua reputação como homem que foge da raia. Parece que estão tentando botar de pé, na sua usina de marketing, a imagem de Lula como um novo “Cassius Clay”, o boxeador que passou nas cordas toda uma de suas lutas mais célebres — até reagir e mandar o seu adversário para a lona. Há um problema complicado com essa comparação: Cassius Clay só ganhou porque compareceu ao ringue no dia marcado para a disputa. Mas a regra número 1 para Lula é sumir: em vez disso, acusa os adversários. Neste último episódio, sua tropa falou de “linchamento”, tentativa de “impedir” sua candidatura à Presidência em 2018, guerra da elite ao seu “legado” e o resto da ladainha de sempre. É como se Clay, em vez de subir no tablado, ficasse xingando George Foreman lá no meio da plateia. Parecem ter esquecido que não estão numa campanha eleitoral, e sim diante da Justiça penal — não adianta enganarem o eleitorado, pois quem precisa acreditar no que dizem é o juiz. Estão atirando no alvo errado.

A fuga permanente de Lula não chega a piorar sua imagem junto aos milhões de brasileiros que, já faz muito tempo, desistiram de acreditar nele. Seu problema, a partir de agora, parece ser com os outros milhões que são seus eleitores, simpatizantes e irmãos de fé — essa multidão de gente sem rosto, sem nome e sem triplex que vota nele, briga por sua reputação e não ganha nada com isso. Lula sempre achou que esse povo engole tudo; tem uma credulidade e uma paciência sem limites. Vai continuar assim para sempre? Diante das perguntas a que seu líder não responde, talvez comece a perder o interesse em ouvir Lula falando pela milésima vez no “legado”, no “operário” que cuida dos pobres, na boa fortuna que trouxe a eles. Pode estar se enchendo com as histórias de que Lula é importante para “o futuro do mundo”, ou que a “elite” inventa todas as acusações contra ele. Tudo bem, mas não é isso que essas pessoas estão perguntando hoje, nas viagens de três horas até o trabalho ou na procura do emprego que perderam. Querem saber a troco de que empresas pagam reformas caríssimas no sítio que Lula “frequenta” — um lugarzinho meia-boca, segundo diz agora o seu estado-maior, mas que para 99% dos brasileiros é um sonho que não vai se realizar até o fim da sua vida. Por que manda para um sítio que não é dele uma mudança com 200 caixas? Por que lhe pagam uma cozinha de 130 000 reais, mais do que vale uma casa inteira no Brasil real? Por que a empresa de telecomunicações que ganhou do ex-presidente um favor “top de linha” instalou uma torre de celular ao lado do bendito sítio? Por que seus filhos moram de graça? Por que sua vida é cercada pelos quatro cantos por empreiteiras de obras públicas — e estaria certo Lula receber tanto dinheiro delas?

Lula vem fracassando dia após dia na batalha para mostrar que não está escondendo nada, como acaba de comprovar mais uma vez com sua recusa em responder a perguntas do promotor público. O que pretenderia, então? Passar assim o resto da vida?

O mosquito

Parece que este ilustre tatame, na profusão de assuntos a serem abordados, distancia-se de alguns involuntariamente. É uma tática. É claro que não acuso meu grande irmão de adotá-la, mas a “imprensa da forma geral” é pródiga em inventar terremotos sob medida para isentar de culpa quem permite que barragens de dejetos sejam abarrotadas de lama até o topo, sem qualquer compromisso com a segurança e a qualidade do projeto. Os assuntos simplesmente “caem no esquecimento” quando interessa, enquanto uma Smartmatic é desmontada e vendida como sucata para simpatizantes do bolivarianismo rampeiro.

Já sabemos, por exemplo, que os acarajés premiados são muito mais que marqueteiros baratos; eles são uma das pontes desse bolivarianismo rampeiro, levando malas de grana brasileira para turbinar campanhas eleitorais de outros ditadores da quadrilha na latrino-américa. É muito pior do que parece. Já disse aqui mesmo que a “classe dos fazedores de campanha política” ─ onde já me enquadrei ─ deveria ser riquíssima com esse mar de grana sendo carreado para os santinhos. A verdade é que essa é a grana da compra de consciências. A bolada na Dilma que não me deixa mentir.

Quantos cretininhos fundamentais fazem parte deste exército de carcamanos a soldo, financiado com o nosso dinheiro público? Conheço alguns cientistas brasileiros que são autênticas jabuticabas nacionais. Não falam de ciência, mas de grana. Como conseguir verbas públicas para tocar suas pesquisas, como falsear os dados para inflar as contas, como transformar suas irrelevantes conclusões em material político e por aí vai.

O assunto em questão é de uma simplicidade que assustaria uma criança: Onde estão os mapas da microcefalia no país? Onde estão os mapas das áreas infectadas, e não dos infectados em trânsito? Essa omissão da verdade comprova que as autoridades do governo jogam com a epidemia como fator de política e de ameaça à população. A desinformação é a arma. Já pensou quanto dinheiro pode ser carreado para uma pesquisa induzida, cujo fim em si é tentar provar a relação entre o zika vírus e a microcefalia?

Vou fazer um prognóstico baseado em pura lógica ─ a mesma que me faz afirmar que não posso assegurar que a Smartmatic tenha fraudado as eleições presidenciais, mas posso afirmar sem medo de errar que ela só poderia tê-lo feito com a cumplicidade das “oposições”. O que os “cientistas” conseguirão provar, depois de comerem toda a grana disponível para estudar o tal mecanismo, é que uma “dupla de fatores” é a real responsável pela doença.

Cobrem-me mais tarde por esta afirmação. É de uma evidência oceânica, fraudada por toda sorte de crendices e vigarismos. Outros países estão monitorando suas grávidas infectadas e até agora nenhuma desenvolveu microcefalia em seus fetos. O surto se restringe ao Nordeste. Não é um indicativo evidente de que não é o vírus o causador da doença, mas um dos vetores indutivos da coisa? Com a palavra, a ciência. A séria, não aquela que vive de pires na mão, inventando terremotos sob medida para livrar a cara do governo em suas falcatruas. Tá feito o desafio.

Língua de feitora

É fundamental que trabalhemos um pouco mais
Dilma Rousseff

A crise anestesiou o Brasil

Pesquisa Datafolha indica que o brasileiro pode estar se acostumando com seu drama. No Brasil de hoje, basta abrir um jornal, uma janela, uma geladeira ou qualquer fresta para dar de cara com a crise. A Lava Jato exibe o pus no fim do túnel. A recessão congestiona a trilha rumo ao olho da rua. E a inflação faz sobrar mês no fim do salário. Porém…

A despeito da progressiva deterioração da conjuntura, houve, desde dezembro, uma redução do pessimismo do brasileiro em relação à situação econômica —pessoal e do país. A taxa de reprovação de Dilma ainda é alta, mas permaneceu praticamente inalterada, na casa dos 64%. Ficou congelado também o percentual de brasileiros favoráveis ao impeachment: 60%. (veja os detalhes aqui)


É como se o país estivesse na UTI, mas anestesiado. A vida cotidiana numa nação submetida à perversão perpétua acaba ganhando contornos de anormal normalidade. As ruas voltaram para casa. Estão sendo intimadas a roncar novamente no dia 13 de março. Mas parecem hesitar. Os primeiros atos de impaciência não surtiram efeito. Quando soube que o heroi da resistência da oposição era Eduardo Cunha, o asfalto foi dormir. Acordou sem culpa, virou o rosto e foi cuidar do seu feijão com arroz.

Nunca antes na história do país uma crise foi tão televisionada. A roubalheira, o desemprego e a carestia não transcorrem num cofre remoto, numa empresa desconhecida ou num supermercado distante. Os fenômenos acontecem, em cores vivas, na sala de estar de todos os brasileiros que escolhem não virar o rosto. O descalabro virou mais uma novela. A diferença é que é mais difícil distinguir mocinhos de bandidos.

A novela atual tem um roteiro de terror. Mas é, essencialmente, um reencontro do brasileiro com a vocação da política para o mal —agora em versão revista e ampliada. Durante anos o país assiste, em capítulos diários, entre comerciais de sabão e inseticida, à mistura da roubalheira com a ineficiência. A propaganda é enganosa. A mancha não sai. E os ratos se multiplicam.

A longo prazo, estaremos todos mortos. A curto prazo, se você consegue manter a cabeça no lugar, provavelmente já virou o rosto. Terceirizou a reação ao juiz Sérgio Moro e à força-tarefa da Lava Jato. E foi cuidar do seu feijão com arroz. Muitos ainda tentam ver o lado bom das coisas. Mesmo que seja preciso procurar um pouco.

Sobre nossos direitos e garantias fundamentais

Uma das maiores conquistas de Getúlio Vargas foi a Previdência Social. Antes da Revolução de 30 inexistiam aposentadorias, pensões, férias remuneradas, proteção do trabalho do menor e da gestante. Aos foram estabelecidos como direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados. O diabo é que, com o correr do tempo, muito da teoria desapareceu na prática, em função da teoria revivida do passado.


No passado também imaginou-se implantar direitos iguais para trabalhadores urbanos e rurais, como agora deixou de dar certo. A relação de emprego protegida contra despedidas arbitrárias, ou sem justa causa, perdeu sua indenização compensatória no campo e começa a perder na cidade. Havia seguro-desemprego em caso de demissão involuntária, até a medida provisória da presidente Dilma dar o dito pelo não dito. Depois de dez anos no mesmo emprego, era proibido mandar alguém embora, exceto por justa causa, mas o benefício em 1964 foi trocado por pressão pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, ou seja, o fim da estabilidade pela falta de garantia do trabalho.

O salário mínimo, quando criado em lei, seria capaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, vestuário, lazer, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo. Quem sustentará hoje sua família com 800 reais mensais?

Vão naufragando os direitos e garantias fundamentais. Há quem acredite neles?

Lutem por mim, eu mereço!


Ele é o presidente que segue iluminando de esperança o coração do povo mais humilde e já provou, em seus dois mandatos, que o Brasil pode ser o país pioneiro na consolidação de uma autêntica democracia com os pobres dentro 
Documento dos 36 anos do PT definindo Lula

Lula, o líder das massas, agora só consegue movimentar grupelhos em centros de convenções. Perdeu a gordura das mentiras, das bravatas, das maravilhas sem pé nem cabeça. Mais do que tudo. perdeu as ruas. Resume-se a pedir que o defendam da "injustiça". 

No tal encontro de sexta-feira com a intelectualidade (?) engajada, Lula saltou os cachorros contra o Ministério Público, a imprensa (não podia deixar, inclusive proibida de registrar o evento) e a decisão do STF de proibir recursos de condenados em segunda instância.

Qualquer cego enxerga que o ex-presidente se movimenta entre amigos implorando que o tirem (e aos familiares) da cadeia, porque suas maiores críticas são contra a Justiça. Lula foge dela como o diabo da cruz e, como já é seu costume, deixa pelo caminho os amigos rendidos.

O mesmo ídolo da cafajestada, aguerrida em sua defesa, não retribui amizades. Lula é o típico meu pirão primeiro. O egoísmo do grande chefe mostra o primarismo de um aproveitador, felino em subir degraus que procura quebrar a cada subida atrás de si.

Numa rápida consulta à biografia do Flagelo de Garanhuns, pode-se notar que Lula "esquece" os amigos pelo caminho. Quantos deixou para trás? Alguns passam tempo na cadeia ou passaram para poderem pensar melhor sobre a farsa do grande presidente que ajudaram a criar e se mostrou o mais calhorda dos muy amigos.

O mesmo líder, que se puder entrega qualquer um em troca da salvação de sua alma (faz lembrar até o pelego alcaguete em "Assassinato de Reputações: um Crime de Estado", de Romeu Tuma Júnior), se ajoelha neste tempos de Lava-Jato pedindo encarecidamente a ajuda dos fiéis petistas que restaram. Um mero punhado, com exceção dos sustentados com a bolsa mortadela, que só fazem barulho e porradaria. 

Mas qualquer ajuda para Lula está sendo bem-vinda no momento quando o ídolo se mostra feito nas coxas com o mais desprezível dos ingredientes: a ganância dos sem caráter.

Pessoas de bem precisam abandonar a 'cumplicidade'

Não sei, se por desinformação ou desinteresse, as pessoas de bem, quando colocadas frente a estas escórias da humanidade, acabam se curvando. Por exemplo, na área em que atuo (Medicina), vi a dona Dilma e o seu Lula buscarem profissionais da mais alta qualificação para tratarem de suas neoplasias em São Paulo. Recentemente, dona Dilma andou por Porto Alegre para acompanhar o nascimento da neta no hospital Moinhos de Vento, um hospital da elite porto-alegrense. Eu me pergunto? Será que não temos um pouco de culpa de tratarmos lixo como gente e estender o tapete vermelho?

A Medicina preconiza que todo médico é obrigado a atender pacientes em casos de urgência/emergência. Entretanto, casos eletivos ficam a critério médico. Será que vivemos numa sociedade baseada em valores materiais em que o profissional, frente a uma oferta financeira ou de status, fica cego para seus valores morais e acaba sucumbindo?


Será que o mundo não seria diferente se lixo fosse tratado como lixo, parasita como parasita, se a sociedade conseguisse isolar do convívio seres tão perniciosos, que roubam, mentem e matam tão somente pelo poder e dinheiro? Será que, se houvesse estas atitudes de pessoas de bem, estas pragas se perpetuariam?

A impressão que eu tenho é que a sociedade está sendo constantemente estrupada, mas toda vez que o bandido se aproxima, este é tratado como rei. Esta frase é bastante verdadeira: “Entre um governo que faz mal e um povo que consente, há uma certa cumplicidade”.

Problematizando a questão

Cenas de um provável futuro. A mãe repreende a filha de 11 anos por ela nunca lavar um copo depois de usá-lo, e ouve como resposta: "Mamãe, precisamos problematizar uma questão de gênero". A garota quer dizer que não veio ao mundo para lavar copos. Enquanto isso, seu irmãozinho de oito anos pode ser reprovado na escola por ter fracassado na arguição sobre sublevações intestinas na África Subsaariana. E o pai já pensa em contratar um professor particular de gê e tupi para o menino tirar o atraso na escola.

Esses são alguns dos itens dos currículos a ser aplicados pelo MEC com a iminente aprovação da "Base Nacional Comum Curricular", uma reforma do ensino destinada a fazer do brasileiro um povo politicamente correto. No país dos novos comissários do pensamento, só interessam a herança ameríndia e africana, a luta das mulheres, os direitos das minorias e outros quesitos cuja importância ninguém discute, mas que os donos do poder julgam ser de sua exclusiva propriedade.

Acusam-se os historiadores brasileiros, por exemplo, de nunca terem dado atenção suficiente à questão indígena e negra. Mas isso não é verdade. Há bibliotecas abarrotadas de livros sobre a África, o tráfico, a vida em cativeiro e como, contra todas as probabilidades, a cultura negra sobreviveu e se impôs junto à cultura "oficial" no Brasil. Os indígenas também têm vasta bibliografia, com destaque para os livros sobre as tribos da Guanabara –como o recente e monumental "O Rio Antes do Rio", de Rafael Freitas da Silva, cuja dedicatória é reveladora: "Aos nossos gregos, os tupinambás".

Mas não importa. O MEC decidiu que é preciso rever tudo, o que fará com que milhões de livros didáticos se vejam superados e multidões de professores tenham de se reciclar ou ser substituídos.

O jeito é problematizar a questão.

Elogio da dialética

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.
Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar:
E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro. Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem
falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o "hoje" nascerá do "jamais"
Berthold Brecht

A Lava Jato é o impeachment

O juiz Sergio Moro derrubou a manobra da Odebrecht que tentava desqualificar os documentos bancários enviados por procuradores suíços à Lava Jato. Após uma retificação de procedimento, eles continuarão valendo como prova. É uma dor de cabeça tentar sabotar quem conhece as leis. Por isso, a maior operação anticorrupção da história do país está completando dois anos de vida. Até o STF já tentou pulverizá-la. É inútil.

Charge O Tempo 27/02

O Brasil continua afogado no conto de fadas do oprimido – e, agora que Lula está no centro das investigações, a temperatura vai subir. Do já famoso e vexaminoso “manifesto de juristas” montado pelos advogados da Odebrecht, que comparava Moro aos trogloditas da ditadura, ao choro de petistas e seus artistas de aluguel contra a “criminalização” do filho do Brasil, assiste-se a uma rajada de tiros n’água. O estoque de clichês populistas não acaba – o que pode acabar é a proverbial paciência da opinião pública para engoli-los.

Um dos ministros fisiológicos da coleção de Dilma Rousseff declarou, numa das faxinas fantasiosas da presidente, que só deixaria o cargo debaixo de tiro. Acabou saindo por bem – ou melhor, por muito bem: colaborou com o show da faxineira e negociou com ela um substituto de sua gangue, para continuar a sucção que ele iniciara. Assim é o teatro dos pobres milionários. Na vida real, quem só sairá de seu caminho debaixo de tiro é Sergio Moro.

A Lava Jato já tinha revelado ao Brasil o desenho do petrolão antes da reeleição de Dilma. Até os maiores críticos do PT apostavam que, se a presidente ganhasse a eleição, a operação esfriaria. É o país acostumado às CPIs flácidas e às investigações que só sobrevivem enquanto o escândalo está nas manchetes. Aí vieram Sergio Moro e a equipe de procuradores e agentes federais da Lava Jato desmentir a teoria da vida mansa para quem tem costas quentes. Desta vez não foi a bravura da imprensa, nem uma mulher traída ou um sócio roubado quem empurrou a depuração em frente: foi a virtude de um grupo de pessoas que trabalham de verdade. O Brasil está se olhando no espelho e não está se reconhecendo.

Pois é esse pedaço de Brasil sério e raro, que não está fazendo nada além de trabalhar direito, sem partidarizações ou jogos de influências ocultas, que agora está sendo caçado a céu aberto como peru em véspera de Natal. Claro que os caçadores são todos bonzinhos, sofridos e vítimas do peru ao qual tentam degolar. É a especialidade da casa. Você ainda vai ver muitas “reportagens” plantadas por essa elite cultural parasitária acusando a Lava Jato e Sergio Moro de arbitrariedades, condutas abusivas e caça às bruxas. O choro é livre. Como já foi dito aqui, Moro e sua devassa só são paráveis à bala. Espera-se que a coalizão da vadiagem progressista ainda não tenha incorporado o bangue-bangue a seu ideário sublime.

Mas há um único e grave equívoco associado à Operação Lava Jato. E é este equívoco que custa mais caro ao país no momento: o bando que engendrou o monumental sistema de roubo do Estado em favor de um partido continua mandando no Brasil. E mandando turbinado pelo dinheiro roubado. Nunca se viu nada igual, em lugar nenhum do mundo. Uma devassa com a proporção de um tsunami varrendo uma república inteira, sem desalojar do topo dela o grupo responsável pela bandalheira revelada.

A correção desse equívoco é urgente e óbvia, embora o país do Carnaval pareça não se dar conta: falta um pedido de impeachment de Dilma Rousseff baseado na Lava Jato.

O gigante não sabe se samba ou se dorme – sua única certeza é cair em todos os truques do Supremo Tribunal companheiro para proteger a presidente em estado vegetativo. A ideia é esperar a paralisia e a recessão chegarem ao nível do pré-sal? É muito sofrimento ficar carregando o TCU como um vaso de porcelana para que a acusação das pedaladas fiscais não se esfarele no caminho. Ou torcendo para que Eduardo Cunha desembarace as malandragens do companheiro Barroso.

Dilma é a representante oficial do grande projeto – de Lula, de Dirceu, de Vaccari e de toda a teia montada com as marionetes petistas na diretoria da Petrobras. Alguém duvida disso? Os dois anos de literatura da Lava Jato são mais do que suficientes para embasar esse pedido. Acorda, Brasil.

O PT, na oposição

O Programa Econômico Paralelo apresentado pelo PT não é esdrúxulo apenas pelo que contém, mas também pelo que não contém.

A primeira proposta é a “forte redução dos juros básicos”. É a derrubada na marra, como se a política monetária só fosse relevante pelos seus efeitos sobre as despesas da dívida e como se a inflação não existisse. É o que deu errado em 2011 pelo que a economia vem pagando até hoje. Em nenhum momento o PT se pergunta o que fazer com o regime de metas e o que fazer para combater a inflação, que vai esmerilhando o salário do trabalhador à proporção de mais de 10% ao ano.

Quando reivindica o uso de reservas externas para dar cobertura a investimentos de infraestrutura, o PT desconsidera duas coisas: que a transformação das reservas em reais (para pagamento das despesas com projetos no Brasil) produz uma correspondente emissão de moeda cuja esterilização exigiria aumento da dívida interna. E ignora que o atual estoque de reservas opera como âncora das contas externas. Seu uso para outros fins fragiliza a economia, num momento de forte crise interna.

A maioria das 16 propostas tem por objetivo aumentar a arrecadação. Mas produz mais espuma que substância, como a taxação pelo IPVA de aviões e barcos, cobrança de imposto progressivo sobre a posse de glebas improdutivas, e adoção de tributação sobre grandes fortunas.

Mas, ao reivindicar reajuste de 20% sobre as despesas com Bolsa Família e a expansão de outros gastos sociais, o resultado imediato é aprofundamento do rombo fiscal e não o contrário.

Embora reclame que a política econômica do governo Dilma despreza a obtenção de resultados imediatos e que, por isso, é preciso cuidar de apressar soluções, a maioria das propostas do PT exige para sua aprovação longas e complicadas tramitações no Congresso. Nada aí tem a ver com combate aos incêndios de agora.

Esse programa alternativo não diz nenhuma palavra sobre os grandes problemas da economia. Não mostra, por exemplo, como evitar que a dívida pública dispare para 80% ou 90% do PIB. Como ignora a prostração da indústria, provocada pelos equívocos do próprio governo PT, não aponta nenhuma medida destinada a seu resgate. Em nenhum momento indica como recuperar a Petrobrás e a maioria das estatais que foram dilapidadas pela corrupção e por políticas desastradas dos dois governos do PT. Também não traz soluções para o rombo da Previdência Social que, em 2015, chegou a R$ 158 bilhões e deverá crescer inexoravelmente nos próximos anos.

Enfim, se esse programa é tão bom, por que não foi adotado nos últimos 14 anos de governo PT?

No entanto, o fato mais relevante é a crescente hostilidade do PT ao governo. Embora seja o mais importante partido da base, vem tomando posições radicalmente contrárias à política econômica adotada, como se pretendesse livrar-se de um peso morto.

É uma atitude que sangra ainda mais o governo Dilma, como se a atual postura do partido seja forçá-la não propriamente a mudar a política, mas a desistir de governar – se é que a atual inapetência do governo Dilma signifique governar.