sábado, 13 de fevereiro de 2016

Acabou-se o que era doce

Admito não ser tarefa fácil retomar a rotina depois de um prolongado período de festas. Ainda mais quando se tem pela frente um ambiente impregnado de ódios e rancores das mais diferentes espécies. Chego a desconfiar de que a velha cordialidade brasileira sucumbiu diante dos inúmeros radicalismos que se espalham por toda parte.

Tem sido difícil lidar com essa fauna raivosa de pseudodemocratas de direita e de fascistas de esquerda, que, em sua arrogância característica, esquecem que o diálogo é imprescindível nos regimes democráticos. As tentativas de assegurar esse direito esbarram, geralmente, na intolerância de quem jamais admite a presença do contraditório.


De certa forma, o descrédito que paira sobre a nossa classe política vem ajudando a alimentar esse estado de beligerância. As contradições ideológicas observadas nos atos do governo e nas atitudes dos partidos de oposição revelam um oportunismo pernicioso, costurado em conchavos políticos sem o menor constrangimento. Na verdade, são acordos espúrios apresentados, cinicamente, como necessários à sustentação de hipotéticas bases políticas.

Em meio a esse fogo cruzado ainda temos que lidar com a calamitosa situação econômica que deteriora, a cada dia, o bom humor da nossa sociedade. Infelizmente, o receituário dos magos das finanças continua se limitando, em tese, ao velho recurso do aumento de impostos ou da privatização indiscriminada de tudo o que aparece pela frente. A maioria dessas propostas não leva em consideração as angústias das camadas mais pobres da população, vítimas do desemprego crescente e de uma inflação galopante que compromete os seus parcos salários.

De uma maneira geral, são soluções imediatistas e incapazes de reverter, no médio e longo prazo, a tragédia social que se anuncia para um futuro próximo. Só não enxerga essa perversa realidade quem não quer ou não tem interesse em lidar com ela. Enquanto isso, o tal pragmatismo de resultados imediatos continua sendo aclamado como se fosse uma fórmula mágica para resolver qualquer problema de ocasião.

Em paralelo, assistimos aos resultados da inconsequente gestão federal, estadual e municipal que levou a nação brasileira a um endividamento desmedido e, consequentemente, a um estado econômico falimentar. A maioria dos investimentos em serviços públicos essenciais — saúde, educação, transporte, infraestrutura e segurança pública — foi destinada, prioritariamente, a atender aos interesses políticos partidários e aos lobbies das grandes empresas. Institui-se, como regra do jogo, um pacto sinistro de conivência mútua que está sendo difícil de ser desarticulado.

Este tipo de comportamento alcançou, também, a produção da habitação popular. A construção dos indefectíveis conjuntos residenciais nas periferias das grandes cidades não trouxe nada de novo em benefício da sociedade. Muito pelo contrário. Pobre da população que vive nessas localidades distantes e que é obrigada a se deslocar, diariamente, por horas a fio, entre a sua residência e o trabalho. E depois não querem que haja favela no núcleo central e nos bairros da cidade.

Não podemos continuar indiferentes diante destes e de outros desvios de conduta. Qualquer intenção de estabelecer padrões exemplares de cidadania deve passar necessariamente por uma participação efetiva do conjunto da sociedade. Não dá pra continuar transferindo para o poder público a exclusiva responsabilidade de resolver todos os problemas que ocorrem nas cidades.

É necessário, portanto, que a população brasileira tome consciência do seu papel no enfrentamento dos aspectos que contribuem para a contínua degradação dos nossos ambientes urbanos. O espírito coletivo deve sempre prevalecer na construção e consolidação da cidadania. Iniciar pela solidariedade talvez seja a maneira mais eficaz de reverter o estado de anomia que se instalou no Brasil. Sabemos o quanto é difícil recuperar a urbanidade perdida, mas, alcançar esse objetivo depende exclusivamente da nossa vontade.

Luiz Fernando Janot

PT, 36 anos: ocultando esqueletos na Quaresma

Dez de Fevereiro de 2016, Quarta-Feira de Cinzas do calendário cristão: não poderia ter sido mais simbolicamente melancólica e depressiva a data comemorativa da passagem dos 36 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores o PT. Salvo se ocorresse uma nova etapa da Lava Jato (que alguns previam mas não aconteceu). O Japonês da Federal, ou outro agente da PF, batendo na porta de alguns de seus maiorais, às primeiras horas da manhã, em apartamentos, mansões, sítios e condomínios privados de São Paulo, Brasília, Rio ou Salvador.

Um evidente clima de Quaresma, da base à cúpula, real ou metaforicamente falando, foi o que se viu na data magna dos petistas. E é o que se vê, ainda, nesta semana e nestes dias da encruzilhada e de graves incertezas do partido e de seu fundador e maior líder, Luís Inácio Lula da Silva, cercado de dúvidas e suspeitas por quase todos os lados (e agora, reconhecidamente, com a PF nos calcanhares) neste fevereiro para nenhum militante ou dirigente petista jamais esquecer.

PT e Lula: nascidos como irmãos siameses e indissociáveis, a partir dos movimentos sindicais do ABC paulista. Cultuados pelo amplo apoio de intelectuais de peso, nas academias e nas casas de arte, sem falar nas protetoras e preciosas bênçãos dos grandes pregadores da Igreja Católica, no período áureo da Teoria da Libertação. Tudo isso em meio a monumentais manifestações populares de resistência democrática e pr opostas políticas e de princípios éticos perenes ou projetos de governo e administração inovadores, quase revolucionário, que mexiam fundo nos coração, principalmente da juventude, no país inteiro, ou quase.

Indispensável relembrar isso, diante das imagens opacas e das palavras, repletas de titubeios, de estranhos e lastimáveis subentendidos, no vídeo postado "a dente de coelho", por Lula, em sua página no Facebook, para não deixar passar totalmente em branco a data maior do partido que ele fundou. E que o levou à Presidência da República, por dois mandatos, além de empurrar a afilhada, Dilma Rousseff, goela abaixo de uma nação. A custos perversos e condenáveis que a Lava Jato e outras operações da PF, da Justiça e da PGR desvendam, paulatinamente, a partir do “fio puxado” com o Petrolão.

Agora, em seu segundo e desastroso governo, Dilma vive a maior parte do tempo prisioneira no Palácio do Planalto - ao lado de seu blindado atual ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner (“negociador político e estrategista do Governo, de Lula e do petismo”), sob suspeitas da Lava Jato - ocupada, quase em tempo integral, na promoção de arranjos e acordos (cada vez menos republicanos e recomendáveis) que lhe “garantam a governabilidade” e o projeto de poder que, tudo faz crer, é a unica coisa em que o seu partido e linhas auxiliares parecem verdadeiramente interessa dos e aplicados, ultimamente.

Ou então, dedicada ao quixotesco e triste papel de desarvorada mata-mosquitos, de luxo, em andança nacional que começa neste sábado, 13, pelo Rio de Janeiro e que deve alcançar todas as unidades da Federação. Cercada de militares das Forças Armadas, convocados pela mandatária para a “guerra” contra o aedes aegypti , transmissor do zika vírus

Batalha forjada com todos os sinais evidentes de antigas, improvisadas, marqueteiras e frustradas campanhas de apelo cívico e social, de maus governos, em tempos de crises brabas. É preciso promover guerras e arranjar um “inimigo perigoso” qualquer. Com os antigos “subversivos “ no poder (alguns de novo na cadeia, agora por corrupção e malfeitos definidos pela Constituição e punidos com base no Código Penal) , o mosquito que voa tranquilo no Brasil há 30 anos, serve como luva.

E estamos de volta ao tema do começo deste artigo. À Quarta-Feira de Cinzas do começo do período penitencial da Quaresma. E do vídeo com o solitário e desconexo arrazoado que Lula produziu para marcar os 36 anos da fundação do PT. Ao vê-lo e escutá\-lo, a inevitável comparação com o samba, de Chico Buarque, “Quem te viu, quem te vê!”.

O criador do PT e líder político de envergadura, na política brasileira e continental nas últimas quatro décadas, aparece quase irreconhecível no vídeo, salvo pelas manhas e trejeitos palanqueiros de sempre. Desarrumado nos trajes e nas idéias, evidentemente abatido (ou representando mais uma vez?) ele pontifica um produto precário e mal acabado tecnicamente, fora do “padrão de qualidade de marketing” a que Lula e o partido se impunham antes da Lava Jato.

No conteúdo, exalta conquistas políticas e sociais. Ensaia um mea culpa que fica o meio do caminho: “É certo que não fizemos tudo que tínhamos que fazer e é certo também que cometemos erros – e quem comete erros paga pelos erros que cometeu”, Parece mais cerimônia de ocultação de esqueletos em tempo de penitência quaresmal, mal (ou bem?) comparando.E fica por aí, antes de retornar ao inevitável e inabalável projeto petista de poder. Reconhece que o parti do enfrenta “dificuldades momentâneas”, mas para Lula isso é apenas um tropeço, que antecipa futuro luminoso. Amaldiçoado quem pensar mal dessas coisa, diriam os franceses com imbatível ironia. A conferir.

Hoje tem marmelada?? Tem, sim Senhor!!!

O velho chavão de circo é o mais adequado para a mobilização governamental contra o mosquito Aedes aegypt. Nada mais cretino do que promover "campanha" (alô, alô, pai Santana) quando não se tem dinheiro para combater epidemia e aplicar na saúde. Resta usar os trocadinhos do caixa para pagar marqueteiro e usar o que puder dentro do governo como um batalhão de ministros e milhares de soldados para fazer de conta que dá conta do desastre. 
 
A "excepcionalidade do momento" ilumina com holofotes a mediocridade do governo Dilma. Enquanto Barak Obama envia mensagem ao Congresso norte-americano solicitando uma verba extra de quase R$ 8 bilhões para combater o mosquito e seus virus, o governo brasileiro está sem dinheiro para qualquer emergência e, contando com a mídia, sempre solícita em sua função, faz quase de graça seu carnaval a preço de banana, saracoteando no sofrimento.

O chefe da Casa Civil, Jacques Wagner, e marqueteiros viram o grande potencial do vírus Zika para colocar o governo novamente na agenda positiva. E estão se aplicando no espalhafato. Nunca na história deste país se viu tal mobilização contra o mosquito há 40 anos esquecido em sua semeadura de desconforto, doença e mortes. O inseto passou incólume 13 anos de governo petista, que se lixou para o problema como de resto se lixou para o país.

Será que a humanidade do governo Dilma acordou em plena crise quando injeta dinheiro à vontade - esta semana foram mais R$ 83 milhões para apenas dez clubes melhorarem sua sua taxa de desaprovação? 



Obra de um Centro Cultural que era para ser entregue em 2012
Está na cara que o carnaval deste sábado é mais uma campanha publicitária. Vão atacar focos domiciliares porque dá mais efeito midiático, é barato e deixa o cidadão como o culpado pela infestação. Fingem que governam e tiram o deles da reta.

Não há sequer previsão de uma faxina dos governos em suas obras eleitoreiras paralisadas, com água parada há meses, lixões e depósitos. Também não se determina a urgente coleta de lixo sistemática em todas as cidades. Menos ainda o governo fala em saneamento básico, limpeza de rios e canais ou melhores condições para atendimento aos atingidos pelas doenças do mosquito.


Parque aquático abandonado há anos em Maricá
A saúde está mais do que no vermelho e o saneamento só fica no papel. Com isso o Brasil continua a ser o lixão a céu aberto para Dilma desfilar de porta-bandeira sob aplausos dos basbaques de sempre regiamente pagos pelo dinheiro público. 

O recruta Lula contra todo o resto do pelotão

A família Silva, antes de o apelido do chefe, Lula, ter sido adicionado à própria denominação, morou numa modesta casa de vila operária no Jardim Assunção, em São Bernardo do Campo, há 40 anos. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, hoje intitulado do ABC, não tinha mais de dar expediente no torno mecânico, para o qual fora habilitado pelo Serviço Nacional da Indústria (Senai), e liderava greves operárias que desafiaram a legislação trabalhista da ditadura, abalando com isso as estruturas do regime tecnocrático-militar de exceção. Ele simbolizava então a nova classe operária brasileira e, assim, deu-se ao luxo de adquirir um sítio, que denominou Los Fubangos, às margens da Represa Billings, perto de casa, e atualmente está abandonado.

Agora, 40 anos depois, Luiz Inácio e Marisa Lula da Silva, que moram num apartamento duplex em bairro nobre da mesma cidade do ABC, protagonizam um dos casos mais estapafúrdios, ridículos e bisonhos da história do sempre conflagrado direito fundiário no Brasil. A Polícia Federal (PF), o Ministério Público de São Paulo (MPSP) e o Ministério Público Federal (MPF) investigam a hipótese de o casal ter usado um triplex no edifício Solaris, da construtora OAS, na praia das Astúrias de um balneário que já teve seus dias de glória, o Guarujá, e um luxuoso sítio na Serra da Mantiqueira, em Atibaia, no interior de São Paulo, para ocultar patrimônio, uma forma de lavar dinheiro ilícito.

A história do imóvel à beira-mar é absurda, de tão suspeita. A cooperativa dos bancários (Bancoop) fundada por Ricardo Berzoini, da casta dirigente do sindicato da categoria em São Paulo, sob a égide do amado companheiro Luís Gushiken, construiu-o e denominou-o Residencial Mar Cantábrico. Sob a presidência de outro famigerado sindicalista, João Vaccari Neto, a cooperativa é acusada há dez anos de haver ludibriado cerca de 3 mil famílias, cobrando delas penosas prestações mensais e não lhes entregando, como devia, moradias prontas para usar.

Os compradores das unidades do edifício no Guarujá não têm de que se queixar. A empreiteira OAS encarregou-se de acabar as unidades não concluídas, mudou o nome para Solaris e beneficiou graduados militantes do Partido dos Trabalhadores (PT), do qual Lula é o principal líder. Mesmo com a Bancoop sob suspeita do MPSP há dez anos, esses beneficiários da generosidade possibilitada pela má gestão de Vaccari nunca arredaram pé de seus domínios com vista para o Atlântico. Figuram entre eles Simone, mulher de Freud Godoy, que foi segurança de Lula e “aloprado” acusado de ter falsificado dossiê contra José Serra, Vaccari, sua cunhada Marice Corrêa de Lima e, suspeita-se, o casal Marisa e Lula.

Não consta da saga do torneiro mecânico que ocupou o cargo mais poderoso da República que tenha dado expediente em agência bancária na vida. Nem que Marisa tenha tido uma banca de jornal ou qualquer bem que se possa aproximar semanticamente da palavra bancário, que orna a denominação da Bancoop. O líder dos oprimidos jamais emitiu um protesto ou uma palavra de agradecimento pelo sacrifício de milhares de bancários que acusam, até hoje em vão, na Justiça, o PT, que ele lidera, de ter malbaratado a poupança deles. Sempre atento ao rabo de palha alheio, ele também nunca protestou contra o uso do dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para financiar a pilhagem de que Vaccari é acusado.

A enxurrada de explicações que tem sido dada pelo casal também passa ao largo das suspeições dos agentes da lei em torno do empreendimento. A Operação Triplo X – assim batizada em referência ao triplex pelo qual o casal pagou originalmente R$ 47.695,38, conforme o próprio ex informou ao Imposto de Renda na declaração feita para a campanha de 2006 – investiga a hipótese de a OAS ter usado os apartamentos para lavar propinas do petrolão.

Segundo o delegado Igor de Paula, “há indícios de que alguns desses imóveis foram utilizados para repasse de recursos de propina, a partir de contratos com a Petrobras”. A PF e o MPF buscam, então, a razão lógica, no meio dessa barafunda de versões, para a OAS ter assumido o empreendimento a ponto de seu então presidente, Léo Pinheiro, ter acompanhado o casal Lula na visita ao único triplex do prédio, em cuja reforma a empresa investiu R$ 1 milhão e que eles não tinham comprado. Hoje os dois estão juntos e misturados com a empresa panamenha Mossack Fonseca, acusada de possuir unidades no edifício e de estar ligada a firmas abertas no exterior por réus da Lava Jato.

Já era confusão de bom tamanho para o ex, mas ele ainda terá de explicar, na condição de investigado, por que um consórcio formado por empreiteiras acusadas de roubo do erário, a OAS e a Odebrecht, e o pecuarista falido José Carlos Bumlai, que usava no Palácio do Planalto um passe livre assinado por ele, comprou para um sítio em Atibaia pertencente a dois sócios de seu filho Fábio Luiz uma cozinha chique igualzinha à que a OAS encomendou para o tal apartamento.

Mas mesmo protagonizando essa história implausível e no momento em que PF e MPF o investigam em Lava Jato, Zelotes e Solaris, Lula não perdeu a pose e disse a fiéis blogueiros que é “a alma viva mais honesta que há”. O jornalista Jorge Moreno deu no Globo ordem mais sensata à frase: “A alma honesta mais viva que há”. Faz sentido. Afinal, para continuar bancando o São Lula Romão Batista, o ex terá de convencer a Nação de que PF, MPSP, MPF, vítimas da Bancoop e o juiz Sérgio Moro advogam para o diabo contra a sua santidade.

Assim, Lula age como o recruta que se diz injustiçado pelo sargento que teima em fazê-lo marchar no passo do restante do pelotão, pois acha que só ele está no passo certo. O diabo é que ainda há na plateia da parada quem acredite que certo está ele, não juiz, federais e procuradores. Até quando terá o benefício da dúvida?

Defender a democracia passou a ser prova de conservadorismo

Ser oposição é, acima de tudo, exercitar a divergência. A ditadura militar tinha somente uma posição política: a da exclusão. Em uma perspectiva histórica, a resposta através de grupos armados também era monotemática. Substituir uma ditadura por outra. Conquistamos a democracia nas ruas. E dela nunca podemos abrir mão. Hoje temos uma imprensa livre, sem censuras. Podemos ao menos manifestar nossas visões políticas.

Causa espanto ver neste espaço democrático quem defenda soluções à margem do Estado de Direito, e elogie uma ditadura amparado em comparações com o desastre que vivemos. Sinto informar: por maior que seja, o estrago ainda é menor que o causado pela mordaça imposta ao Brasil nos anos sombrios. Se antes éramos “nós x eles”, hoje já assistimos ao “nós x nós”. Soma de resultado zero.

O vírus da intolerância contamina qualquer espaço de discussão. Alguns pretendem transformar um espaço plural em um curral de ideias próprias. Se você concorda comigo, seja bem-vindo! Se discordar, vou demonstrar que estou certo e você errado. Ou seja, minhas certezas me bastam! Já aprendi tudo o que a vida pode me ofertar. Assim, não me movo da posição em que estou. O nome disso pode ser qualquer um, menos democracia.

Não se faz oposição para nada propor. Não se substitui um regime ou governo sem saber o que colocar no lugar. Ser oposição é caminhar para um ponto Ômega. Talvez utópico. Mas, respeitando o que vivemos, aprendemos ─ e a partir daí redesenhamos o novo. Falar em democracia, até mesmo nos espaços plurais, passou a ser sinal de alienação ou conservadorismo. A democracia é de todos, e portanto sujeita a divergências e contestações. Se caminharmos na direção oposta, seremos neo-petistas de direita.

Todo crime deve ser julgado pelo Judiciário. Não demonizo adversários. Não desculpo a farsa. Tento desmascará-la. Seguindo o mestre Guimarães Rosa, digo com orgulho “que de muito pouco sei, mas desconfio de muita coisa”. Com o debate e a democracia, acabo por transformar desconfianças em evidências. É o suficiente.

Cometi muitos erros, e cometerei outros. Minha vida está longe de ser um exemplo de acertos. Mas nunca sucumbi ao sectarismo que impede a convivência de opostos e o respeito aos adversários.

O que iguala um lulopetista e um neo-petista de direita? A certeza plena de ser dono da verdade. A alteração do passado. A falta de senso crítico. E o olhar eternamente colocado no retrovisor. Tenho receio de ambos. São faces da mesma moeda.

Quero o fim do pesadelo que nos martiriza. Nem por isso desejo quarteladas, nem transformo histórias pessoais em parâmetros definidores do futuro. Isso é coisa de seita. E contra elas me insurjo desde sempre. Sou um devoto do Estado Democrático de Direito e um defensor incondicional da verdade histórica.

Abrir mão desses valores me transformaria num oposicionista “pitbull”. Prefiro ser somente oposicionista.

Lula criou o Meu Amigo, Meu Abrigo

Antes de morarem de graça no Palácio da Alvorada, Lula e Marisa Letícia moraram de graça num apartamento do amigo Roberto Teixeira.

Desde 2011 o casal ocupou 111 vezes, de graça, o sítio em Atibaia que tem como dono oficial Fernando Bittar, amigo e sócio de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.

Amigos empreiteiros doaram ao obediente palestrante o triplex no Guarujá, também reformado de graça pelos parceiros do Petrolão.

O filho Lulinha morou alguns anos num apartamento nos Jardins sem pagar o aluguel avaliado em 12 mil reais. Hoje mora num apartamento em Moema sem pagar o aluguel avaliado em 35 mil reais. Os dois imóveis pertencem ao amigo e sócio Jonas Suassuna.

O caçula Luís Cláudio mora de graça num apartamento nos Jardins cujo dono é o onipresente Roberto Teixeira.

Que Bolsa família, que nada. O mais bem sucedido programa social da era Lula foi feito para garantir a vida mansa de uma só família ─ a dele. É o Meu Amigo, Meu Abrigo.

Dilma vai a Lula... Logo a sede do governo sai do Planalto e vai para a Papuda

Querem um emblema que explica o fato de estarmos nesta pindaíba? A presidente Dilma Rousseff está em São Paulo. Eu nem tinha me dado conta da agenda, mas notei algo estranho e denso no ar tão logo acordei. Achei que o ar-condicionado estivesse desligado, mas não… Aí entendi.

O que ela veio fazer neste estado? Encontrar-se com Luiz Inácio Lula da Silva, seu antecessor. Hummm… É bem verdade que você nunca viu Barack Obama pedir a opinião de Bill Clinton — não que ele não devesse, rsss… Quem sabe fizesse menos besteiras… —, mas, em si, um encontro entre pessoas do mesmo partido pode até ser considerado normal.

O que é anormal é a agenda. Ela, sim, nos remete às coisas que infelicitam o Brasil.

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Um dos temas do encontro, segundo informa apuração da Folha, é o sítio de Atibaia. Ora, por que um imóvel que pertenceria aos sócios do filho de Lula é do interesse da presidente da República? Resposta: porque ele se tornou um símbolo, por incrível que pareça, do jeito petista de governar.

A esta altura, não há uma só pessoa que acredite que os tais Fernando Bittar e Jorge Suassuna sejam realmente os donos daquele troço. Todos os indícios apontam que não. Sim, não será a crença desse ou daquele que vai definir a verdade. O que interessa aí é a cadeia de relações que esse sítio revela. E essa cadeia demonstra um país governado nas sombras.

A Polícia Federal decidiu abrir um inquérito para apurar, afinal de contas, de quem é aquele “puxadinho de ricos”, a relação das empreiteiras com ele e se, de algum modo, as benfeitorias realizadas se relacionam com a República Paralela do Petrolão.

Administrativamente, a Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça, cujo titular, José Eduardo Cardozo, é escolha pessoal de Dilma. A presidente vai debater com Lula exatamente o quê?

A Previdência está quebrada. Uma reforma que tornasse o sistema viável não resolveria os problemas do Brasil, mas seria uma sinalização importante. Todas as tentativas honestas e corretas nesse sentido foram duramente combatidas pelo PT desde que o partido existe.

A legenda já deu sinais de que não pretende se engajar na mudança. Quem manda é Lula. Nisso como em tudo o mais. Eis por que sempre se cobrem de ridículo as versões de que ele nunca sabe de nada.

O PT não é o PT, mas uma legião, como os demônios. Há os sindicatos, os ditos movimentos sociais, as organizações que considero de caráter paraterrorista, como MST e MTST… Hoje, são minoria no país, mas podem provocar turbulências, como se sabe.

Dilma vai tratar da reforma da Previdência com Lula — o homem do sítio e do tríplex — como quem vai falar com o chefe de uma milícia, com um senhor da guerra. Alguém que não consegue explicar a sua relação com dois imóveis, que é obrigado a se esconder na retórica do vitimismo passivo-agressivo, tem uma espécie de palavra final sobre uma mudança que é vital para os brasileiros.

Eis o país de Lula. No 36º ano de fundação do partido, no 14º ano do poder petista, parte considerável do futuro do Brasil fica submetida à vontade de um coronel, que atrela políticas públicas às necessidades da máquina que lhe confere poder e às vicissitudes de sua, digamos, folha corrida no setor imobiliário.

Digam-me: é isso o que se espera de uma República?

De resto, Dilma Rousseff demonstra, ao marcar essa conversa, que não é mesmo dona de seu mandato. Está entregue às articulações de feiticeiros como Jaques Wagner e Ricardo Berzoini, braços de Lula no Palácio do Planalto. Trato desse assunto na minha coluna de hoje da Folha. Eles já perceberam que está em curso, em algumas áreas do debate político, uma espécie de troca: corte-se a cabeça do demiurgo e se salve a de Dilma.

Eles forçam a governanta a atrelar o seu destino ao do antecessor. E ela não tem saída, porque é fraca e não sabe fazer política, a não ser se render a esse jogo.

Imaginem a cena: a presidente do Brasil se desloca para discutir a reforma da Previdência e a propriedade de um sítio com quem deve explicações à polícia.

A isso fomos reduzidos.

Dilma tem de ser apeada do poder antes que o Brasil seja apeado do mundo que interessa. E antes que a sede do governo seja transferida do Palácio do Planalto para a Papuda.

A quem parabenizar por mais um título que envergonha o Brasil?

Ficar na 76ª posição entre 168 países onde é maior a percepção de corrupção já seria uma vergonha para um país como o nosso, a nona maior economia do mundo, segundo estimou o Fundo Monetário Internacional no final do ano passado. Já fomos a sexta.

Mas que tal ser premiado com o título de país que sedia o segundo maior caso de corrupção do mundo?


Foi o que aconteceu, segundo votação popular promovida pela ONG Transparência Internacional, com sede na Alemanha. A votação, aberta em outubro último, atraiu mais de 4.5 milhões de pessoas em todo o mundo.

O caso de corrupção na Petrobras obteve 11.900 votos. E só perdeu para o caso do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovych, que recebeu 13.210 votos pelo desvio milionário de recursos públicos para sua conta privada.

A corrupção na Petrobras superou a corrupção na Fifa, com 81 casos de lavagem de dinheiro comprovados, e a corrupção do ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli (10.166), acusado de desviado mais de R$ 800 milhões do dinheiro público.

Yanukovych deixou a Ucrânia e, hoje, vive exilado na Rússia. A Lava-Jato, que investiga a corrupção na Petrobras, ainda está longe de chegar ao fim.

Encenação de combate à crise

Sem condições de tomar as medidas que se fazem necessárias para debelar a avassaladora crise econômica em que meteu o país, o governo vem tentando dissimular suas limitações com uma patética encenação de combate.

A dimensão mais alarmante do desastroso quadro econômico que hoje enfrenta o Brasil não é propriamente a recessão e a inflação de dois dígitos e, sim, a paralisante falta de perspectiva com que se debatem investidores, empresas e famílias, descrentes da capacidade do governo de restabelecer controle sobre as contas públicas. Para que o país vislumbre uma saída ordenada da crise e rompa a paralisia decisória que a vem agravando, o governo tem de ser capaz de sinalizar uma mudança crível de regime fiscal, que permita entrever evolução sustentável das contas públicas no futuro.

É aqui que a coisa pega. Salta aos olhos que faltam ao governo convicção, credibilidade e apoio político para levar adiante as medidas que seriam necessárias para sinalizar essa mudança crível de regime fiscal. Mas, no aperto em que se encontra, o governo decidiu agora ensaiar novo discurso, em que se permite vagas menções ao controle da expansão do gasto público e alusões perfunctórias à necessidade de uma reforma “exequível e justa” da Previdência.

Aos incrédulos, o que se pede é que acreditem que, de repente — 11 anos após ter liderado, com grande estardalhaço, o torpedeamento da proposta de contenção da expansão do gasto público feita pelo então ministro Antonio Palocci —, Dilma Rousseff estaria, afinal, convencida de que a contenção de gastos faz todo o sentido. E que também acreditem que a mesma equipe econômica que por tanto tempo festejou o expansionismo fiscal irresponsável, sob a bandeira da nova matriz macroeconômica, estaria de repente imbuída da necessidade de medidas severas de contenção de gastos.

Credibilidade à parte, o próprio governo não esconde sua preocupação com os efeitos colaterais desse tímido ensaio de mudança de discurso. O Planalto e a Fazenda têm feito das tripas coração para tentar conciliar o inconciliável. Bem sabem que, por vagas que sejam, as menções a medidas de contenção de gastos e as alusões à reforma da Previdência foram muito mal recebidas no PT e nos chamados movimentos sociais, de cujo apoio a presidente não pode prescindir na difícil quadra que atravessa.

Sem ir mais longe, basta ter em conta a reação do atual ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto. Se a presidente estivesse de fato empenhada em promover reformas na Previdência, não teria entregue o ministério da área, há pouco mais de três meses, a figura tão insensível à assustadora aritmética adversa que vem determinando a evolução das contas previdenciárias.

Espertamente, partidos que compõem a base aliada já fizeram ver ao Planalto que só terão condições de apoiar esforços de contenção de gastos e alterações de regras de acesso a benefícios previdenciários se as medidas contempladas pelo governo puderem contar com respaldo explícito e inequívoco do PT.

É pouco provável que isso venha a ocorrer. Às voltas com o desgaste político imposto pela operação Lava-Jato e pelos desastrosos cinco anos de governo Dilma, o PT já tem razões de sobra para se alarmar com o que as eleições municipais de outubro lhe reservam. É difícil que, a esta altura, se disponha a se desgastar ainda mais com o minguado eleitorado fiel que lhe restou, abandonando de repente seu velho discurso de resistência à contenção de gasto público e à reforma da Previdência.

O governo está cansado de saber disso. E não é por outra razão que tem mantido um discurso tão vago sobre as medidas fiscais com que acena, escorado em promessas evasivas de envio de propostas concretas ao Congresso “nos próximos meses”. É o que lhe basta para ganhar tempo e, na medida do possível, tentar prolongar a encenação de combate à crise até que o Congresso, afinal, decida se a presidente deve ou não ser afastada.

Rogério Furquim Werneck

'Somos todos Lula'

No domingo de carnaval os repórteres Vera Rosa e Ricardo Galhardo revelaram que, durante uma reunião com Lula, dirigentes do PT sugeriram a criação de uma rede de apoio a Nosso Guia com o slogan “Somos todos Lula”. Seria algo como o famoso “Je suis Charlie”, criado depois do ataque terrorista à redação do “Charlie Hebdo”. Seria, mas jamais será.

Puxando-se pela memória, a ideia ecoa uma proposta feita em 1978 pela imperatriz Farah Diba, do Irã. Seu país estava conflagrado, com milhões de pessoas na ruas pedindo o fim da monarquia mequetrefe de seu marido, o xá Reza Pahlevi. Farah vivera em Paris e lembrou que em 1968, quando os estudantes franceses pediam a renúncia do presidente Charles de Gaulle, o velho general convocou seus partidários para uma marcha pela avenida Champs Elysées. Um ministro interrompeu-a:

— Talvez consigamos fazer uma marcha como a de De Gaulle, mas só em Paris.

Era lá que estavam os iranianos endinheirados que haviam fugido do país e lá passava a maior parte do tempo a princesa Ashraf, irmã gêmea de Reza. Semanas depois de propor a marcha, Farah e o marido saíram às pressas de Teerã. Ela não teve tempo para limpar direito sua escrivaninha.

“Somos todos Lula”, quem, cara pálida? Nosso Guia queixa-se de que ninguém o defende. Nem ele, pois até agora não deu uma só explicação para seus confortos. Some-se a isso que jamais defendeu o comissário José Dirceu. Talvez não achasse argumentos para fazê-lo.

A vida deu a Lula um sentimento de onipotência que em certos momentos soa irracional, mas é sempre compreensível. Ele e sua mulher, Marisa, saíram daquele Brasil que tem tudo para dar errado. O retirante pernambucano cresceu na pobreza de uma família desestruturada. Sua primeira mulher, grávida, morreu num hospital público. Marisa, seu segundo matrimônio, fora casada com um taxista assassinado, cujo carro passou a ser dirigido pelo pai, também assassinado.

Como dirigente sindical, Lula comandou duas greves históricas que projetaram-no nacionalmente. Ambas resultaram em perdas financeiras para os grevistas, mas isso tornou-se uma irrelevância. Candidatou-se ao governo de São Paulo em 1982 e ficou em terceiro lugar, com 1,1 milhão de votos contra 5,2 milhões de Franco Montoro. Disputou quatro vezes a Presidência da República e perdeu duas eleições no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso.

Metamorfose ambulante, superou todas as adversidades. Elegeu-se, reelegeu-se, colocou um poste na sua cadeira e ajudou a permanência de Dilma Rousseff no Planalto, dando ao PT um predomínio inédito na história do país. Conta a lenda que um áulico atribuiu-lhe a cura de um câncer de um colaborador.

Lula acredita na própria invulnerabilidade. Para quem se reelegeu depois do escândalo do mensalão, tem boas razões para isso. A ideia de multidões vestindo camisetas com a inscrição “Somos todos Lula” reflete o modo de fazer política de um comissariado intelectual e politicamente exausto. Noves fora a piada de que esse poderia ser o uniforme da bancada de Curitiba, marquetagens desse tipo exauriram-se.

É impossível especular como ele sairá das encrencas em que se meteu, mas uma coisa é certa: seus maiores aliados, como sempre, são os seus adversários.

Elio Gaspari

O plano B

A honestidade pode ser a melhor política, mas é importante lembrar que aparentemente, por eliminação, a desonestidade é a segunda melhor política
George Carlin

Brasil vive uma década de ressaca

O Lula é um cara que disfarça bem a arrogância. Que esbanja prepotência desde que chegou à presidência. Sua primeira ação autoritária no poder foi pedir a expulsão de um jornalista do New York Time que disse aos seus leitores o óbvio: Lula bebe. Bebe por prazer e por vício, segundo noticiou. Uma doença crônica que atacou o seu pai até à morte. Ele mesmo não nega. Sempre exaltou o gosto por uma cachacinha, uma preferencia nacional. Mas irritou-se quando o repórter, ao traçar o seu perfil, divulgou para o mundo a sua afeição pela bebida.

Enrolado na Lava Jato, Lula vive hoje depondo na PF. Por enquanto para esclarecer crimes de corrupção que ele e a família estariam envolvidos. Como um sultão, achou que poderia fazer tudo impunemente desde comprar apartamento luxuoso, reformar e decorar com dinheiro de origem suspeita até sitio também ampliado pelas empreiteiras que assaltaram a Petrobrás. Ao se eleger, nem bem setor na cadeira de presidente, já encomendou um avião de mais de 100 milhões de dólares para substituir o sucatão que até então servia ao governo para suas inúmeras e infrutíferas viagens internacionais. Fora do poder, substituiu-o pelos jatinhos das empreiteiras de quem virou lobista de luxo.

Despreparado, convocou os pelegos sindicais para dirigir à nação com ele, profissionais do ócio, que nunca deram um murro numa broa. Viviam de fazer greves e atravancar o desenvolvimento do país, como se a paralisação fosse o único instrumento reivindicatório da categoria. Hoje, essas centrais vivem a serviço do governo. Raramente saem às ruas para combater a incompetência petista. E quanto se reúnem, com a bandeira vermelha do partido, é para apoiar a administração atabalhoada da Dilma que enterrou o país na maior crise econômica de todos os tempos.

Lula administrou o Brasil como um botequim, renovando sempre que possível o estoque de bebida. Apenas o de bebida, depois de receber o bar arrumado e com vários outros produtos à venda. Surfou na onda da prosperidade porque pegou uma nação sem inflação e crescimento positivo, mesmo com a economia europeia e americana em crise. Não soube tirar proveito da situação e danou-se a gastar alardeando que a “marola” não atingiria o Brasil.

No comando do país trabalhou com duas pessoas notoriamente incompetentes: Guido Mantega e Mirian Belchior, esta viúva do prefeito de São André, Celso Daniel, cuja assassinato é atribuído a cúpula do PT. Por isso, o cala boca que a levou a bons cargos, sendo o último deles o de presidente da Caixa Econômica Federal, como se fosse uma expert em finanças.

O Ministério das Minas e Energia, ele entregou a Dilma Rousseff, que dispensa comentários. Para quem não sabe, a Dilma chegou a esta Pasta despois de apresentar um laptop ao Lula, um computador portátil que falava e mostrava imagem, um bicho esquisito que encantou o presidente. A Dilma, à frente do setor, foi a responsável pela compra da refinaria de Pasadena, uma sucata que deu um prejuízo de 1 bilhão de dólares ao pais.

Para fazer uma média com políticos e fortalecer a base do seu partido nos estados, Lula, de cara, anunciou a construção de três refinarias de petróleo. Uma delas, a de Pernambuco, é alvo de escândalo de corrupção e superfaturamento. As outras duas, a do Maranhão e a do Ceará, não saíram da terraplenagem sufocando as finanças da Petrobrás. A de Pernambuco teria a parceria do governo bolivariano da Venezuela. Hugo Chávez morreu sem botar um tostão nas obras.

Manipulando o povo com programas assistencialistas, verdadeiros criadouros de votos, Lula ainda conseguiu fazer o sucessor. Deixou como herança a Dilma, que, a exemplo do mestre, continuou o trabalho de terra arrasada.

Esses fatos, quando lembrados, mostram como o Brasil andou para trás, cambaleando como bêbado trôpego durante a última década. Agora, envolvido em uma grande ressaca, o botequim corre o risco de perder a única garrafa que resta na prateleira.