terça-feira, 27 de dezembro de 2016

2016 vai invadir 2017!

O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente 
Mario Quintana

Até a cronologia anda meio abilolada. 2016 vai acabando e no mundo todo as pessoas de bem desejam um Ano Novo melhor, trocando generosas aspirações. Mas... todas temem que algumas tragédias e problemas do ano que finda voltem a acontecer! A esperança é uma plantinha que morre à míngua? Aliás, o mesmo Mario Quintana, sempre mordaz, dizia que “esperança é um urubu pintado de verde”.

Não exageremos no ceticismo. Tudo tem, pelo menos, dois lados. E o que dá pra rir dá pra chorar.


No ano que chega, os grandes corruptos estarão expostos, envergonhando de vez altos empresários, quase toda a elite política e desarrumando agora o governo temerário, pois o do PT (seu aliado de outrora) já foi.

Muitos até então “intocáveis” ficarão vulneráveis. Isso tem um lado positivo: o capitalismo de compadrio e a política do tráfico de influência, do toma lá dá cá, estão com os dias contados no Brasil. O sentimento antipolítica vai crescer, o que é péssimo. Mas expressa a negação da forma demagógica e mercantil de se fazer política no Brasil.

O desemprego continuará elevado, e isso não tem qualquer aspecto positivo: “sem o seu trabalho, o homem não tem honra, e sem a sua honra se morre, se mata: não dá pra ser feliz”, cantou o saudoso Gonzaguinha. Arranco positividade, mesmo no plano da utopia: quem sabe a gana de lucros das empresas diminui e elas demitem menos, para evitar convulsão social?

O capital financeiro continuará por cima, mas nesse ano de 2016 até os lucros dos grandes bancos reduziram um pouco, em relação a 2015. Que em 2017 caiam mais, nesse país que emenda a Constituição para limitar investimentos sociais mas não corta um centavo dos gastos financeiros, com juros (sempre estratosféricos) e amortização da dívida pública.

A violência, tanto física e direta, contra a vida e o patrimônio, como a cultural, do preconceito, do racismo, da homofobia, prosseguirá, mas o clamor contra ela também não cessará: a cada ponto um contraponto.

Um “ajuste” de precarização de direitos seguirá sendo tentado pelo governo, mas a resistência será grande. 2017 se anuncia como um ano de grandes mobilizações populares, e não haverá repressão policial que contenha o clamor justo das ruas.

O Brasil seguirá socialmente desigual, com sua renda per capita sendo a metade da que há na Grécia, um país com problemas semelhantes aos nossos. A quebradeira de estados e municípios será notícia, e drama para servidores públicos sem salários e povo sem os serviços de que necessita. Mas disso tudo emergirá um novo modelo de gestão, transparente, participativo e que fechará as torneiras da corrupção.

As festas desse fim de ano serão austeras, o que faz valorizar mais a presença do que os presentes. E as dificuldades de 2017 serão, para a cidadania,um desafio: só a luta muda a vida!

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