segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O voto inútil

A alienação eleitoral é fato no Brasil e no mundo. A política hipoteca o futuro pois não mora lá. As eleições municipais brasileiras, e as nacionais americanas, são pródigas em exemplos de dois povos que tentam se afastar das leis da imitação e eleger alguém anti-engodo.

Trump não garante respeitar o resultado caso não vença; Lula não vota sabendo que vai perder. A ideia que o empregado assumiu o controle e não irritou o patrão deixou pasma a esquerda europeia. Ricos se aposentam mais cedo do que pobres.

Juiz não quer ser ministro na capital, prefere ser nababo regional. Jovens ocupam escolas para impedir que outros jovens estudem. Funcionários públicos emendam feriado e querem enforcar o ano que vem. Cargo de confiança faz dossiê de colega para impedir sua promoção.

Não há governo que consiga colocar nos trilhos o trem para andar. São manchetes de qualquer dia, qualquer lugar. Eles não aceitam o título de milionários e privilegiados e insistem que o que têm são vacas produzindo bezerros.

Eles acham uma provocação oito grupos predadores cobiçarem a telefônica brasileira em recuperação judicial e nenhum deles ser um deles. O maior comprador vem de um país dilacerado e é credor do grupo falido.

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A riqueza está cada vez mais associada ao ambiente grosseiro da política. A análise política fica chocada de não poder decifrar a fábula das ideias atuais que só querem circular, propagar-se, desmontar esse universo de controle da opinião que faz, para cargo do inerte Legislativo, o candidato mais medíocre, ser o mais votado.

Mas no voto para a cabeça do poder a fantasia do confronto está se desfazendo e o mundo do chat, Facebook, Twitter, WattsApp vai cada vez mais se segregando, um gueto de iguais, um truque para muitos que não são nada, mas precisam parecer alguma coisa.

Eu já tenho o amigo para culpar. Me falta o delito adequado a ele, dizia o americano ao brasileiro, sem receio, seguro de que Deus continuaria a frase e o livraria de ofender aos que acreditaram nele. A linha entrecortada da vida oferecida pelo sistema eleitoral dos dois países, seus altos e baixos, revela uma reta, que vai do Ocupe Wall Street, de 2011, ao Vem Pra Rua de 2013.

Reta que dá ao povo a segurança de que existe uma articulação entre a memória individual do seu sofrimento infantil e a memória coletiva na qual se apoiou até agora. Dois mil e quatorze, no Brasil, foi inútil.

Deixou identidades formadas pelas percepções cotidianas, a balança de interesses convencionais que circundam a memória dos manipulados. Só sobrevivemos porque o voto, como o dinheiro, não muda ninguém, somente desmascara. E aí, a surpresa.

A impressão individual, repetição e a consciência social passam longe do livre-arbítrio. Os jovens livres sentem que são tantos os polos emissores de identidade que perde o vigor a homogeneidade. Mateus, você sabe que vale mais uma frase do que um credo.

E Levi sintetizou: quem chama de tolo seu irmão não ganha a eleição.

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