domingo, 20 de novembro de 2016

O camburão

Fosse eu o presidente da república, em minúsculas mesmo, estaria sim preocupado com os acontecimentos. Em primeiro lugar, sua única meta passou a ser ameaçada pelas contingências. Tirar o Brasil da crise é aparentemente simples, mas exige algo que ele não tem e vai jogando fora quando pode: credibilidade. Os índices de confiança num país que rouba até centavos dos seus aposentados subiram um pouquinho em meses anteriores, aliviados pelo impeachment da mulher barbada do palácio. Evidente que isso não bastou.

Era a prisão dos ladravazes, que inundaram o país de lama, a centelha de confiança de que o país precisava para mudar de rumo. Ao declarar que prefere o maior bandido de todos os tempos solto, por medo, Michel Temer vai mostrando de que lado está. De um lado que não vai conseguir enganar a plebe rude por muito tempo. Seriam necessárias mais que gomalina no cabelo, mesóclises e a tal temperança elegante para convencer o país a abandonar a guerrilha e voltar para o batente.

Imagem relacionada
Primeiro camburão surgiu em 1904 em Curitiba
O Rio de Janeiro é o primeiro e mais visível exemplo do que é ser governado e extorquido por bandidos, até o talo. Um Estado falido, sem dinheiro para honrar seus compromissos a na beira de uma crise sem precedentes, por não poder pagar pelo péssimo funcionalismo público que contratou, todo esse tempo. Um ex-governador celerado, exigindo ser transferido de Bangu para o Copa D’Or é o que temos pra hoje, naquela cidade, um dia, maravilhosa. O engraçado da coisa é que, aparentemente, forças opostas pelo vértice – uma ideologia tacanha – se reuniram para invadir o Congresso e atacar a Alerj, no Rio de Janeiro.

Tanto faz, percebem? Um governo que não agrada gregos nem baianos está a um passo de que todos se unam de novo para tirá-lo de onde está. Sabermos que mais da metade do Congresso é denunciada numa operação policial, que se esforçam para aprovar leis que livrem seus rabos sujos da punição iminente, que juízes em Berlim se esbaldam em supersalários que não deixam dúvidas de que estão de qualquer lado, menos do lado da lei, mostram de forma inequívoca que este governo que mal começou, já acabou.

Sinceramente? Mais uma vez eu queria que minha dissensão fosse meramente ideológica. Não é. É de caráter. De moral. De ética. De perceber que só poderíamos ser governados por bandidos de uma facção com a cumplicidade, cobertura e falta de oposição de todas as demais. A Lava Jato explicou tudo. Pro camburão com todos eles. Não vai sobrar nenhum.

Nenhum comentário:

Postar um comentário