terça-feira, 1 de novembro de 2016

Luta de viúva para manter sonho de 'escola de ricos para pobres'


Elizabeth e o falecido marido sonhavam com
escola beneficente para "ajudar a escola pública"
"Uma escola de rico para os pobres" era o lema de Thereza Elizabeth Castor, de 68 anos, e de seu marido, Belmiro Castor, quando decidiram usar o tempo livre para criar uma instituição de ensino gratuita para crianças da cidadezinha de Piraquara, na zona rural de Curitiba, no Paraná.

"Queríamos uma escola que tivesse todo o aparelhamento e o atendimento das escolas particulares - que atendem ao nível alto da nossa sociedade - para atender crianças necessitadas", diz dona Elizabeth, como é conhecida, à BBC Brasil.

O ano era 2007, e a primeira decisão do casal foi que a escola deveria ser completamente independente da administração pública, mantida por doações de pessoas ou empresas interessadas em projetos beneficentes.

"Como meu marido foi secretário de Educação do Estado, ele teve a experiência de que a parte educacional fica muito sujeita às vontades dos políticos, que ficam pedindo remanejamento de alunos e professores para agradar o eleitorado. Por isso não quisemos nenhum vínculo com a classe política."

"Além disso, queremos ajudar o poder público na educação. Não faria sentido a escola ser custeada por ele", afirma.

O Centro Educacional João Paulo 2º, começou a funcionar em 2010, financiado por um grupo de amigos do casal. Até o espaço físico da escola foi projetado, voluntariamente, pelo renomado arquiteto Manoel Coelho - autor do projeto da PUC-PR e do mobiliário urbano de Curitiba.

Alunos dos 6 aos 14 anos frequentam o colégio
 beneficente para aulas de reforço e de artes
O ensino infantil em período integral, para crianças de 3 a 5 anos, é reconhecido pela secretaria de educação. Dos 6 aos 14 anos, elas vão para lá depois da escola regular e têm aulas de reforço de português, matemática e literatura, além de teatro, caratê, futebol, artes, música e dança.Alunos dos 6 aos 14 anos frequentam o colégio beneficente para aulas de reforço e de artes

As quase 300 crianças atendidas pelo Centro João Paulo 2º, no entanto, são um número pequeno perto da mudança que Elizabeth e Belmiro queriam começar. Ver o modelo da escola copiado e reproduzido, diz ela, é o que realmente falta para realizar o sonho.

"Sabemos que só uma escola funcionando dessa forma ajuda um grupo de pessoas, mas acreditávamos que o projeto pudesse servir como um piloto para incentivar outros núcleos da sociedade a repetir isso, até em outras cidades", diz ela.

"Infelizmente, ainda não aconteceu."

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