domingo, 2 de outubro de 2016

O município é o princípio e a razão de qualquer nação

Ruas limpas, visual também despoluído, não da sujeira rotineira produzida pelos usuários, consequência de nossa má educação, mas do material de propaganda eleitoral. Refiro-me à propaganda dos candidatos a prefeito e vereador. São milhares espalhados pelo Estado.

Nossa democracia está sob teste nestas eleições. Acabou a época do marketing político, e desapareceram os profetas da comunicação. Em poucos dias, saberemos se nosso processo eleitoral, antes turbinado pelo dinheiro, tornou-se, pelo menos, mais transparente.

Os candidatos à Câmara Municipal correm de um lugar para outro, como formiguinhas. E isso, leitor, já aconteceu em passado não muito distante. Ao todo, são 1.395 candidatos. Alguns tímidos, outros mais destemidos – todos, uníssonos, pedindo votos ao pé do ouvido. Distribuem “santinhos”, nos quais expõem seus atributos, mas muitos escondem, com “mão de gato”, o nome do partido ao qual pertencem. Na prática, negam o regime democrático, que não existe sem partido.

São muitos os candidatos a prefeito – 11 ao todo, se não estou enganado. Todos disputam, com aparente dedicação, a difícil missão de melhorar (e muito) a educação, a saúde, a segurança, a mobilidade urbana. São itens que fazem parte de uma relação enorme de outras inadiáveis necessidades, tão essenciais ou importantes quanto as que apregoam. O custo absurdo da máquina municipal, o desperdício generalizado, a eficiência na gestão, a consciência do bem comum, a ética, a liberdade, a participação popular, a diversidade, o transporte, por exemplo, têm que ser incluídos nessa primeira relação de prioridades.

Fiquei ciente, no debate a que assisti na Record, no último dia 25, domingo, de que o Orçamento anual da prefeitura é de R$ 9 bilhões. Não saberei contar, nem muito menos visualizar tanto dinheiro, mas imagino, perfeitamente, o quanto dessa grana deve ter escoado no ralo da safadeza, da irresponsabilidade ou da notória incompetência.

Escolher o futuro administrador de nossa cidade não é nada fácil, mas é possível. O eleitor belo-horizontino dispõe de bons candidatos, alguns deles jovens ainda e de bom potencial. Dos 11 que se habilitaram e se dispuseram a enfrentar os novos tempos, um deles sobressairá aos olhos de cada eleitor. Será julgado por sua história pessoal, por sua qualidade humana e por sua experiência na política.

Dizer por aí que Belo Horizonte “precisa de prefeito, não de político” é um equívoco. O cargo de prefeito é eminentemente político, no mais exato sentido da palavra. A política é a arte de bem governar os povos. O mal nunca esteve nela, mas em seu desvirtuamento pelos que a desonram. A política é meio de valorização do ser humano.

As últimas pesquisas apontam que, dos 11 candidatos a prefeito, João Leite, do PSDB, e Alexandre Kalil, do PHS – o primeiro, ex-goleiro do Atlético Mineiro, e o segundo, ex-presidente do clube –, estarão no segundo turno. Nas eleições de 2014, Kalil pensou em ser candidato a deputado federal, mas desistiu na última hora dizendo que jamais seria candidato a qualquer cargo público. Agora, tudo indica que irá até o fim. João Leite, além de ex-atleta, é formado em história. Foi vereador, secretário municipal e estadual e está, hoje, no sexto mandato de deputado estadual.

Mas nada impede que haja uma reviravolta nas pesquisas de opinião feitas até agora. Isso poderá ocorrer até domingo, na boca da urna. Ademais, quantos deixarão de votar nas eleições municipais, decepcionados que estão com nossos políticos? Juízo, pois.

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