quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Entre o fim do mundo e o que o PT chama de 'emenda do fim do mundo'

No último fim de semana mais de 27 mil habitantes da província argentina de Mendonza enfrentaram um engarrafamento de cerca de 7.500 carros para vencer a passagem Los Libertadores, o longo túnel que atravessa a Cordilheira dos Andes e que separa Mendonza do Chile.

De um bom tempo para cá tem sido assim todo fim de semana. O que antes se fazia em 30 minutos agora se faz em até oito horas. Feitas as contas, vale a pena. Os preços do outro lado da fronteira são incrivelmente mais baixos do que os pagos pelos argentinos em seu país.

Roupas, produtos eletrônicos e utensílios domésticos, segundo o jornal espanhol El País, chegam a custar do lado chileno três vezes menos. O Chile vai bem, obrigado. A Argentina tenta se recuperar do desastre econômico produzido pelo governo de Cristina Kirchner.

Isso lembra alguma coisa por aqui?

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Vez por outra, governo Maduro permite que venezuelanos possam ir às compras na Colômbia. Eles atravessam a pé a fronteira entre os dois países. A situação econômica da Colômbia é estável. A da Venezuela, um inferno.

E não se trata de um país qualquer, mas de um dos maiores produtores de petróleo do mundo.. E a Venezuela não quebrou por que o preço do petróleo caiu. Foi a condução da economia por Hugo Chávez e por seu sucessor que levou o país à falência.

A inflação naquelas bandas é das mais altas do mundo. A miséria extrema, que Chávez prometera acabar antes do fim do seu primeiro governo, aumentou deste então. Em agosto último, o secretário-geral da ONU ofereceu ajuda à Venezuela. Maduro recusou.

Pouco antes da queda da ex-presidente Dilma Rousseff, seu então ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, defendeu mais uma vez um duro ajuste fiscal e falou em estabelecer um teto para os gastos do governo.

Não sei se Dilma bancaria a ideia de Barbosa caso não tivesse sido deposta. Só sei de duas coisas: que a proposta de Barbosa era parecida com a proposta da emenda aprovada, anteontem, em primeira votação pela Câmara dos Deputados. E que por falta de apoio político, Dilma dificilmente conseguiria que o Congresso a aprovasse.

Ao se eleger presidente pela primeira vez, Lula teve a sabedoria de não querer reinventar a roda na economia. Governou como Fernando Henrique Cardoso havia governado. Aproveitou os bons ventos que sopravam no exterior para socorrer os mais pobres. Esse foi seu maior mérito. Depois cedeu aos conselhos de Dilma e o mais é história conhecida.

Não existe gestão econômica de direita e gestão econômica de esquerda. Existe uma boa ou uma má gestão. Sob pena de aumentar a pobreza via inflação e juros altos, governos não podem gastar além do que arrecadam. O que os ricos perdem com a inflação compensam com os juros altos. Os pobres só perdem.

Os governos do PT gastaram muito além do que podiam – e o pior: gastaram mal. O que o PT chama hoje de “emenda do fim do mundo” parece ser a única maneira de evitar o fim do mundo.

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