sábado, 3 de setembro de 2016

Um conto chinês

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Se Chico - o Anísio - fosse vivo poderia repetir o bordão de "Pantaleão", um dos seus mais famosos personagens: "É mentira, Terta?!".

Este é o bordão que perturba o pensamento de milhões de pessoas, não só no Brasil, mas, também, no exterior, que acompanharam o longo e tumultuado processo de impedimento e cassação dos direitos políticos da ex-presidente Dilma Rousseff.

O presidente Michel Temer, constitucionalista com larga experiência no estudo das nossas muitas constituições e político com conceito de ilibada conduta no uso do dinheiro público, partiu para a China demonstrando que o país vive em democracia plena e seu presidente pode deixar o comando do governo sob a responsabilidade do jovem presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia.

Apesar das manifestações violentas de seguidores de Lula, real líder da massa ainda sustentada pelo governo, a realidade é que a maioria do povo está calma e ordeira desejando trabalhar para reparar os graves danos provocados pela política irresponsável praticada por 13 anos pelo Partido dos Trabalhadores.

Lá, do outro lado do mundo, o presidente Michel Temer, em momento de descanso na viagem de volta, poderá rever o filme "Um conto chinês" do cineasta argentino Sebástian Borensztein que retrata um fato bizarro, para utilizar a palavra do ministro do STF, Gilmar Mendes, sobre o fatiamento da fase final do processo de impedimento.

O fato deu-se quando uma vaca despencou de um avião militar russo que transportava algumas cabeças de gado afanadas de fazendas. A vaca soltou-se das amarras colocando em perigo a vida dos tripulantes que decidiram jogar o animal ao mar. O inusitado é que a vaca caiu sobre um barco pesqueiro japonês e o afundou, deixando os pescadores a boiar sobre as águas até serem salvos por um barco patrulha russo. Durante algum tempo a história foi contada como piada até que as autoridades russas confirmaram o relato dos japoneses.

A inusitada decisão do Senado Federal em eliminar texto constitucional para garantir direitos políticos à Dilma Rousseff é um desses fatos que nos remete a muitas decisões formuladas não para serem atos juridicamente perfeitos, mas atos políticos que desconsideram a letra fria da lei para acomodar os interesses de dirigentes políticos.

O presidente Michel Temer, lá da China, decidiu não analisar a decisão do Senado Federal , afirmando que a questão é jurídica e caberá aos juristas decifrar o julgamento. Para ele, o importante é que a interinidade acabou e ele deve se dedicar à estabilidade política e à recuperação econômica. É razoável supor que os chineses estejam ansiosas para investir no Brasil, incentivando outros investidores a fazer o mesmo.

No encontro com o presidente, Xi Jinping, se instado a responder à pergunta do dirigente chinês sobre o "impeachment": ­- 真正的总统, após a devida tradução, (é verdade, presidente?) poderá dizer: Agora não trato mais de assuntos jurídicos, sou só o presidente constitucional do Brasil; é a última referência que farei à nossa flexível Constituição Federal nos próximos dois anos, se não, a vaca, em vez de cair do céu e parar no mar, irá para o brejo!

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