segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Orai, irmãos

Gritos do inferno - YouTube:
Com as devidas escusas, a sociedade brasileira poderia anotar, neste momento, frustradas, todas as esperanças que lhe eram oferecidas pela saída definitiva do comando da nação da presidente Dilma Roussef. Vivemos o mais baixo estoque desse sentimento – o da esperança por dias melhores –, e nossa chance estava na possibilidade de que o atual governo aceitasse outras marcas ditas claras, forjada tal ação num projeto que teve tempo para se construir.

Temer, seu partido e seu grupo sabiam do Brasil que os aguardava.

Inflação em marcha, dólar de câmbio favorável, mas apenas para se honrarem compromissos de endividamento do Tesouro e das empresas tomadoras de empréstimos corrigidos pela taxa do dólar. Efetivamente, o Real supervalorizado não favorece as exportações, porque com tal valor não se remuneram os custos de produção no Brasil.

Decididamente, não há porque alimentarmos grandes esperanças.

O presidente Michel Temer regressou da China, para onde partira levando na sua bagagem grandes expectativas, mas nessa semana o assunto que maior dimensão alcançou no noticiário nacional foi a votação que se espera para hoje, a da cassação do mandato do deputado federal Eduardo Cunha, já que não mais lhe pertence o bastão de presidente da Câmara dos Deputados. Eduardo Cunha está reduzido à importância de seu mandato, o de deputado federal.

Mas não. Há meses, quase um ano, que nossa Câmara dos Deputados consome seu tempo, o trabalho de parlamentares, muitos deles até sérios e respeitáveis, para discutir a cassação do mandato de um deputado que responde a 11 inquéritos e processos, alguns sobejamente provados de sua culpa e responsabilidade e outros dependendo de despachos meramente burocráticos para afirmarem, da forma mais exposta, a sua indignidade como cidadão e deputado, seu abuso, seu desrespeito às normas mais comezinhas de postura e decência.

Eduardo Cunha, um tipo forjado no que há de pior da ação política, espera confortável o que lhe poderá vir; para decidir sua vida valendo-se dos recursos que amealhou, largamente provados onde se encontram depositados, com suas mais censuráveis estratégias.

Isso tudo está dito, demonstrado e provado. O que nos resta, brasileiros, é nos atentarmos ao cenário que temos. Se dependermos desse atual Congresso, presidido por Renan Calheiros, composto de senadores e deputados que conhecemos, com o dever que esses últimos têm, de julgar um cidadão (nem digamos de um deputado federal) com as responsabilidades constitucionais que se juraram respeitar, resta-nos rezar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário