domingo, 8 de novembro de 2015

Dima Cunha parabola dos burros Impeachment x cassacao brasileiro pendurado

Segue o jogo (infelizmente)

Um país refém de si mesmo, começando a entender a enrascada em que se meteu, enquanto, atônito, observa o descortinar do maior e mais viciado esquema de corrupção já engendrado em sua história. De resto, impeachment, alternativas no cenário político, ritos e pedaladas encerram melancolicamente a agenda do brasileiro em 2015.

É verdade, pelo menos emergiu um cenário até então desconhecido, dando origem a um senso crítico que certamente ecoará até 2018. Entretanto, ao passarmos para o âmbito político propriamente dito, constatamos que ficou ainda mais explícito o instinto de sobrevivência típico da nossa classe política.

Peguemos, por exemplo, a ópera-bufa envolvendo Cunha, PT, PSDB e STF, em que se transformou o cada vez mais etéreo pedido de impedimento da presidente. A rigor, o que pode ser depreendido?

Nada de muito relevante, apenas que foi, está, e ainda continuará, por algum tempo, a ser instrumentalizado como argumento de barganha para manter o atual estado de coisas, jamais para modificá-las. E que o desejo de Cunha, Lula, Dilma, mesmo o dos tucanos, até ensaiou variar, mas acabou pendendo mesmo para a continuação do carteado, e não para um terremoto que reembaralhe as cartas.

No fundo, diga-se, pelo menos até este momento, a ideia do impeachment não chegou a pegar na esfera política, e mesmo a opinião pública não fez a pressão que deveria para ver Dilma pelas costas. Sobre este aspecto, aliás, peço encarecidamente, não me venham com fotos de passeatas épicas, nem falar sobre os milhares que em todo o Brasil tomaram as avenidas para vociferar contra nossa paquidérmica mandatária.

Digo, claro que as inúmeras manifestações organizadas via internet, com carros de som, bonecos, e toda uma estrutura capaz de atrair multidões de brasileiros, não podem ser subestimadas. Ainda assim, o “Fora Dilma” não ganhou o País como, por exemplo, aconteceu com o “Fora Collor”. Conseguiu institucionalizar um clima de Fla-Flu político, o que já foi um enorme passo e produzirá dividendos para a oposição nos próximos pleitos, mas não extrapolou o antipetismo.

De resto, não seria mesmo fácil tirar Dilma do poder. Infelizmente, o discurso de esquerda ainda é capaz de seduzir jovens e estudantes via retórica ideológica, e de atrair o povão já acostumado a ser domesticado pelo populismo barato. Isto, sem falar no histórico apoio de grande parte da mídia e também da classe artística.

Muito embora, após as reprovações das contas no TCU, eu tenha passado a defender que o impedimento é justo e mesmo desejável, opinião esta que não mudou, jamais encarei a queda da presidente como uma questão de vida ou morte, e portanto não entro em desespero ao constatar que ainda restam três longos anos com uma mentecapta no papel de Chefe de Estado.

Difícil, duro mesmo, é constatar que continuamos e continuaremos sendo cozinhados por um sistema desgraçadamente invencível.

No atual ritmo da caravana, mesmo que o voto deixe de ser obrigatório, a maneira de fazer política por aqui, o sistema partidário, toda a engrenagem, enfim, não permitirão muitas esperanças.

Se pode piorar? Em se tratando de Brasil, sempre pode, mas, com o presente do jeito que está, só sendo muito otimista para temer pelo futuro.

Simpatia pelo diabo

A 6ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção, encerrada sexta-feira, na Rússia, aprovou uma resolução proposta pelo Brasil que prevê a troca de provas e informações entre os países nos âmbitos civil e administrativo. Acordo essencial para o combate à corrupção. O que a ONU e os outros 176 países signatários talvez não saibam é que por aqui se anda no caminho inverso.

Por maiores que sejam os esforços da Justiça, de setores do Ministério Público e da polícia, em vez de facilitar os procedimentos para investigar e punir corruptos, o governo Dilma Rousseff e aliados no Congresso Nacional dificultam ao máximo.

Em setembro, Dilma propôs, e o Congresso está prestes a aprovar, a repatriação de recursos não declarados depositados por brasileiros no exterior, algo que oficializa a lavagem de dinheiro. O projeto que já era ruim foi piorado pelo Parlamento, que introduziu anistia ampla, geral e irrestrita para todo tipo de trambiqueiro ao descartar a confissão da origem dos recursos a quem quiser trazer o dimdim – ainda que roubado - de volta.

Com interpretações menos rigorosas dos acordos de leniência, o governo pretende ainda abrandar a lei anticorrupção, sancionada pela presidente há menos de um ano. A ideia é sustar a punição das empresas que participaram de transações ilícitas. Um entendimento torto, pelo qual a culpa recai sobre pessoas e não sobre as empresas, como se elas não auferissem qualquer benefício com a roubalheira.

Dilma, que iniciou seu primeiro mandato fantasiada de faxineira, adora dizer que é uma combatente incansável contra a corrupção. Mas não perde a chance de criticar a delação premiada – instrumento precioso para descobrir a ladroagem e os caminhos dela. Na mesma linha, seu padrinho Lula chama os depoimentos, que agora constrangem a ele e seus familiares, de “mentira premiada”.

O mesmo país aplaudido na ONU pela resolução anticorrupção continua a ostentar números pornográficos de roubalheira.

Não existe um cálculo exato quanto aos prejuízos causados pela ação dos larápios públicos. Em 2011, o deputado Mendes Thame (PSDB-SP) divulgou um estudo apontando que a corrupção custava ao ano nada menos do que R$ 82 bilhões. Um ano antes, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) estimara perdas de R$ 69 bilhões, cifra que, na atualização do estudo, saltou para R$ 102 bilhões em 2012. Absurdos 2,25% do PIB daquele ano.

Os números da época não incluíam o Mensalão, cujo desvio comprovado de R$ 55 milhões virou troco perto dos R$ 7,2 bilhões apurados pela Operação Lava-Jato, R$ 2,4 bilhões já recuperados para os cofres públicos.

Protagonistas no combate à corrupção, PF, MP e Justiça são achincalhados por Lula, PT e aliados. Lula exige a PF sob controle, reclama da ingratidão de ministros do Supremo nomeados por ele e por Dilma. Vai a público denunciar perseguição das elites contra ele e, entre quatro paredes, negocia no Congresso proteção para o filho encrencado com serviços prestados a lobistas que nada têm a ver com esportes, atividade fim declarada pelo rebento. Muito menos explica ao distinto público como amealhou tantos milhões em tão pouco tempo.

O Brasil aplaudido na ONU é roubado todos os dias. Pior: é complacente e permissivo. Trata a corrupção e a roubalheira desenfreada como crimes banais. Frequenta o inferno.

Convive com presidentes da República que chamam de aloprados gente flagrada em delito, que dão nome de malfeito ao roubo deslavado dos cofres. Engole Caixa 2 como recursos não contabilizados e chama os ladrões que compraram votos de mensaleiros. Dá o simpático apelido de pedaladas aos graves crimes de responsabilidade fiscal cometidos por Dilma.

Está longe de fazer jus aos aplausos.

Atraso ideológico

A maneira mais fácil e também mais desonesta de contestar opiniões que divergem das nossas é tentar desacreditá-las. Tal procedimento, além de torpe, é prejudicial à elucidação de questões que muitas vezes envolvem interesses fundamentais. Isso ocorre frequentemente quando estão em jogo problemas políticos e ideológicos, o que dificulta o entendimento de problemas vitais para o país.

Faço essas considerações porque acredito que uma das funções do jornalismo é informar e contribuir para o esclarecimento das questões de interesse público.

Eu, que militei no Partido Comunista Brasileiro, convencido de que o marxismo era o caminho para a construção de uma sociedade fraterna e justa, deixei de acreditar nisso em consequência das experiências que vivi e do próprio fracasso daquele projeto revolucionário em nível nacional e internacional.


Já tive oportunidade de manifestar minha opinião sobre esse fato, mas, qualquer que seja o diagnóstico, a verdade é que o grande sonho da sociedade proletária se desfez definitivamente. Há, porém, os que não desistem de suas convicções e há também os que se aproveitam da boa-fé das pessoas para substituir o sonho socialista pelo que intitulo de "populismo de esquerda", que se constata hoje em alguns países da América Latina, como Venezuela, Bolívia, Argentina, Equador e Brasil.

Em cada um desses países, o tal populismo assume uma forma específica, mas em todos eles o discurso ideológico substitui a luta da classe operária contra a burguesia pela luta dos pobres contra os ricos, que Lula apelidou de "elite branca".

Esse populismo se caracteriza, de um lado, por programas assistencialistas e, de outro, por um discurso anticapitalista que, como no caso do Brasil, é só para inglês ver, uma vez que seus principais sócios são grandes empresas. A operação Lava Jato revelou à opinião pública brasileira a extensão do "conluio" montado pelo governo populista, em aliança com empresários, para saquear a Petrobras e outras empresas estatais.

A ação desse populismo de esquerda no governo do país é a causa principal da situação caótica a que o Brasil foi arrastado nestes quase 13 anos de gestão petista. O Programa Bolsa Família, montado com objetivo eleitoral, se atenuou a carência de famílias miseráveis, em vez de resolver o problema da pobreza, estimula uma grande massa de trabalhadores a não mais trabalhar.

Por outro lado, o programa Minha Casa, Minha Vida constrói conjuntos residenciais muitas vezes em lugares inacessíveis e de péssima qualidade (muitos deles já estão caindo aos pedaços). Também, neste caso, a troca de interesses deixa as construtoras à vontade para usarem o material mais barato e construírem de qualquer forma, já que o governo não as fiscaliza, pois são todos amigos.

O aumento das famílias atendidas pelo Bolsa Família –calculado em mais de 30 milhões– e os gastos com o programa Minha Casa, Minha Vida podem ser a razão que levou Dilma a violar a lei de responsabilidade fiscal, tomando empréstimo de bancos públicos sem condições de ressarci-los.

Quando Aécio Neves, na campanha eleitoral, denunciou o estado crítico das finanças do país, ela o chamou de mentiroso e garantiu que a situação das contas era ótima. Ganhou as eleições e logo começou a fazer o contrário do que afirmara. Mas o desastre dos governos petistas não se limita aos gastos demagógicos e à corrupção. Atinge a estrutura econômica do país, anulando-lhe o crescimento e provocando desemprego e inflação.

Aliando demagogia e incompetência, os petistas deram pouca atenção aos Estados Unidos e à Europa – parceiros comerciais importantes do Brasil– e voltaram-se para o mercado sul-americano –o Mercosul. Para agravar nossa situação econômica daqui para diante, os Estados Unidos e o Japão montaram uma aliança comercial que representa 40% do comércio mundial e da qual estamos fora. E fora também estaremos de outra aliança, que incluirá os norte-americanos e os europeus.

Nisso é que dá atraso ideológico somado a incompetência.

Enfaixado como múmia

O debate mais acalorado, neste momento, se dá sobre as formas de se reativar a economia nacional. Seria desnecessário escrever, mas, com os despropósitos que circulam, precisa-se lembrar que são as atividades “primárias” e de “transformação” que movimentam a roda.

Parcela preponderante da elite nacional não é vocacionada ao produtivismo, continua convencida do patrimonialismo, e as coisas assim desandam.

A brusca freada das atividades produtivas vêm deixando para trás empregos, oportunidades de progresso, competitividade e até arrecadação pública. Somem por muita gente as formas de enfrentar decorosamente a vida. Os mais fracos são os tais que mais caro pagam as consequências.

A produção desencadeia relações econômicas em todas as direções, vertical e transversalmente.

Para quem tem dificuldade de visualizar um fenômeno a que me refiro, basta imaginar um mercadinho cheio de bancas e sem produtos para vender. O comerciante, se é que vive da venda de algo que foi produzido, não ganhará com nada a vender. A multiplicação de valores, a distribuição de renda, se dá pelos salários e pelos reinvestimentos.

Desculpo-me com a maioria dos leitores por tratar do elementar. Infelizmente, muitos se esqueceram da dinâmica da roda e acreditam em Papai Noel. Deliram com aumento de impostos sobre uma produção menor, e não pelo aumento dessa produção. Com maior renda diminui a fila do SUS, que migra para os planos de saúde, encurta-se da fila dos planos assistenciais, e aumenta-se nos supermercados.

Sobrecarregar o que já não suporta (mundo que produz), a carga vigente apenas faz com que os fracos morram, e quem tem pernas pra andar migre para longe procurando um país de economia estável, inteligente e estruturada. Exatamente o que falta aqui.

Tudo aquilo que a sociedade organizada pode fazer bem tem que ser deixado a esta fazer. Até o social-comunismo chinês mostrou que, para distribuir progresso e prosperidade, precisa crescer em tamanho econômico. Por isso o Estado chinês protege e fomenta atividades. A China ficou como segunda potência econômica, se contentando com apenas 23% de carga tributária. Saiu assim do gueto, deixando as empresas reinvestirem e aplicarem em crescimento. Nos últimos 20 anos deu uma arrancada portentosa. Já o Brasil, aumentando gradativamente o confisco, que chegou a 35%, cairá neste ano 3%, e o próximo, nas previsões, não será diferente.

Pegando os últimos cinco anos, o Brasil não avançou, a China cresceu seu PIB em 50%.
Uma viaja na velocidade de um avião, e outro se arrastando pelas trilhas mais absurdas.

Se a carga tributária é a maior vilã, o Estado poderia passar a se abster de atrapalhar, modernizar-se ou ao menos desburocratizar. Ficar quieto já seria já uma excelente ação. Precisa voltar a ser Estado, e não empecilho anacrônico e perverso gargalo das atividades econômicas, mantendo o potencial de desenvolvimento engavetado e esperando nas mesas de quem não entendeu seu papel cívico e social; depende ainda de quem não dispõe de preparo.

Apenas em Minas, cerca de 15 mil empreendimentos aguardam autorização para se transformarem em atividade produtivas. Mais de três anos é o prazo que aguardam pela inadequação de leis. Muitos projetos se “desanimam”, a velocidade do Estado é inadequada à modernidade.

O Brasil é o país mais complicado do mundo, ilhado no seu anacronismo, convencido de ser grande apesar da pequenez das ideias que o atrofiam.

O Estado se transformou em monstro, esqueceu-se até de que ele é o maior perdedor de sua lerdeza e complicação. Não sabe mais que sobre tudo que se produz cobra 35%, com ou sem lucro do empreendimento. O ganho é dele, e o risco é do empreendedor, que, se tudo der certo, fica nos 5% líquidos (média nacional).

A burocracia não simplifica, esgota a capacidade, perde de vista a função principal de fomento das atividades que lhe geram, a ele, Estado, o sustento.

Aquilo que falta para crescer neste momento é resolver essa absurda equação, que chegou a inviabilizar por inteiro a economia e seu crescimento.

Os 15 mil projetos que precisam de carimbos, certidões, relatórios “arqueológicos”, entre outras firulas, dariam a Minas 450 mil empregos e uma arrecadação anual de alguns bilhões. Equivale a cerca de seis empresas automobilísticas do tamanho da Fiat de Betim.

O mais grave é que não existe a consciência da justa via para solucionar a lerdeza da “máquina pantagruélica”. Existe o lamentável desnorteamento, e o país está sendo enfaixado como múmia (pela sua “burocracia”).

Reflexões sobre o estado psíquico de Lula


Embora não seja uma prática usual um psiquiatra apresentar uma prática diagnóstica de um sujeito que não examinou pessoalmente nem a ele pediu exame, vou apresentar aqui o que penso ser a personalidade de Lula por se tratar de figura pública e que tem afetado os brasileiros por suas vigarices.

A antiga denominação do que tem o ex-presidente era Personalidade Psicopática. A classificação diagnóstica mudou. Hoje, na ONU, a CID-10 é chamado de Transtorno da Personalidade Anti-Social. A Associação Psiquiátrica Americana qualifica a DSM-IV-TR de Transtorno da Personalidade Dissocial.

O quadro clínico para esse tipo de psicopata é assim descrito:

“Os pacientes podem mostrar-se altivos e dignos de credibilidade ao entrevistador. Entretanto, sob a aparência (máscara de sanidade) existe tensão, hostilidade, irritabilidade e cólera. Entrevistas provocadoras de estresse, nas quais os pacientes são vigorosamente confrontados com inconsistências em suas histórias, podem ser necessárias para a revelação da patologia. Até mesmo os profissionais mais experientes já foram enganados por tais pacientes”.

Uma investigação diagnóstica completa deve incluir um exame neurológico minucioso, uma vez que esses pacientes costumam exibir eletroencefalogramas anormais e leves sinais neurológicos sugestivos de um dano cerebral mínimo na infância.

Os portadores da disfunção frequentemente apresentam um exterior normal e até mesmo agradável e cativante. Suas histórias, entretanto, revelam muitas áreas de funcionamento vital desordenado. Mentiras, faltas à escola, fugas de casa, furtos, brigas, promiscuidade com amantes e atividades ilegais são experiências típicas que, conforme relatos dos pacientes, começaram durante a infância. As personalidades anti-sociais frequentemente impressionam o clínico do sexo oposto com suas características exuberantes e sedutoras, mas os clínicos do mesmo sexo podem considerá-las manipuladoras e exigentes.

Os indivíduos com personalidade anti-social demonstram uma ausência de ansiedade ou depressão, o que pode aparecer incongruente com suas situações, e suas próprias explicações do comportamento anti-social fazem-no parecer algo impensado. Ameaças de suicídio e preocupações somáticas podem ser comuns. Ainda assim, o conteúdo mental do paciente revela uma completa ausência de delírios e outros sinais de comportamento irracional. De fato, eles frequentemente demonstram um senso de teste de realidade aumentado e impressionam os observadores por terem uma boa inteligência verbal.

Os pacientes com personalidade anti-social são altamente representados pelos chamados “vigaristas”. São exímios manipuladores e frequentemente capazes de convencer outros indivíduos a participar de esquemas que envolvam modos fáceis de obter dinheiro ou de adquirir fama e notoriedade, o que eventualmente pode levar os incautos à ruína financeira, embaraço social ou ambos.

Não falam a verdade e não se pode confiar neles para levar adiante qualquer projeto, ou aderir a qualquer padrão convencional de moralidade. Promiscuidade, abuso do cônjuge, abuso infantil e condução de veículos sob os efeitos do álcool são eventos comuns. Há ausência de remorso por tais ações, ou seja, tais pacientes parecem desprovidos de consciência.

As perspectivas de tratamento são sombrias. Os portadores desse transtorno são praticamente intratáveis. E a ressocialização penitenciária, quando presos, é nula.

Toffoli vai lavar as mãos e deixar Dilma se arrebentar no TSE

Diz o velho ditado que as aparências enganam. Na política, com facilidade pode-se confirmar que muitas coisas parecem ser, mas não são. Por isso, é preciso passar sempre um filtro nas informações, se não dá tudo errado. Veja-se o caso do ministro Dias Toffoli, que atualmente preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sabe-se que ele jamais teve notório saber jurídico nem reputação ilibada. Pelo contrário, responde a dois processos no Amapá, já condenado em primeira instância, e foi reprovado duas vezes em concurso para juiz.


Assim, pode-se dizer, sem medo de errar, que nunca antes na história deste país um advogado chegou ao Supremo Tribunal Federal tão desqualificado. Amigo de Lula e de José Dirceu, Toffoli foi representante do PT nas campanhas de 1998 e 2002. Com a eleição de Lula, foi nomeado Subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, então comandada por José Dirceu. No segundo mandato, voltou ao governo como chefe da Advocacia-Geral da União. Em 2009, foi indicado por Lula para o Supremo e facilmente aceito pelo Senado, com sabatina e tudo o mais.

Portanto, Toffoli deve sua vitoriosa carreira exclusivamente a Dirceu e a Lula, nesta ordem.

Na canalhice que caracteriza os três Poderes da República, poder-se-ia até esperar que ele agisse no Supremo e na Justiça Eleitoral como um serviçal do governo do PT, e isso realmente aconteceu em seus primeiros anos, com votos esquisitos e suspeitos (logo de início, foi o único ministro a favor do habeas corpus pedido pelo entaõ governador Jose Roberto Arruda). No mensalão também se comportou de modo reprovável, chegou a ser ironizado pelo ministro Luiz Fux, considerado um dos maiores conhecedores de Processo Civil.

Toffoli assumiu a presidência do TSE antes da eleição de 2014 e tomou decisões altamente suspeitas, como a apuração secreta, numa sala fechada onde nem mesmo os outros ministros do TSE podiam entrar, e a manutenção em sigilo da apuração em Minas Gerais, cujo resultado foi fundamental para eleger Dilma Rousseff.

Tudo indicava que ele continuaria se comportando como um serviçal do PT, porque foi nomeado exatamente com este objetivo, da mesma forma como aconteceu no primeiro governo Dilma com as nomeações das inexpressivas e desconhecidas advogadas Maria Thereza de Assis Moura, para o Superior Tribunal de Justiça, e Luciana Lóssio, para o Tribunal Superior Eleitoral.

Tofolli é muito jovem. Ainda nem chegou aos 50 anos. Sabe que Dirceu, Lula e o PT não têm mais futuro e não quer deixar sua carreira ser destruída por eles. Por isso, seus votos mais recentes já revelam uma independência que ele jamais demonstrara, ficando o trabalho sujo no TSE a cargo apenas das ministras Maria Thereza e Luciana.

O fato é que a presidente Dilma, Lula e o PT têm perdido todas as votações e Toffoli inclusive votou a favor da continuidade dos processos que podem cassar a chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer.

Na última sexta-feira, Toffoli decidiu que a ministra Maria Thereza vai continuar como relatora da ação de investigação eleitoral movida pelo PSDB. Fica parecendo que o ministro está prestando mais um serviço ao PT e ao governo. Mas as aparências enganam.

Maria Thereza pediu para ser substituída por ter ficado vencida na decisão do TSE que reabriu a ação contra Dilma, em que foi até humilhada pelo ministro Gilmar Mendes. Mas a mudança de relator, conforme solicitado pela ministra, não está prevista nas normas do TSE. Toffoli consultou as partes interessadas, não houve consenso, ele então confirmou a ministra Maria Thereza.

Com essa decisão, Toffoli deixa a babata quente nas mãos das petistas Maria Thereza e Luciana Lóssio, que são absolutamente inexperientes e não terão como inocentar Dilma.

No processo, o PT sustenta que todas as doações que o partido recebeu foram feitas legalmente e declaradas à Justiça Eleitoral. Acontece que na Lava Jato já surgiram diversos testemunhos indicando o contrário, e só precisam ser reforçados por provas materiais, que também já existem. Assim, o PT, Dilma e Lula vão se arrebentar, é só uma questão de tempo. Mas o esperto Toffoli vai escapar de fininho, como se dizia antigamente.

Vai demorar para avaliarmos os danos da má gestão no Brasil

Há um prejuízo não contabilizado até agora na falência econômica múltipla produzida no Brasil pelo conjunto da obra Dilma-Lula-PT; é difícil fazer as contas dessa perda no momento, e continuará sendo difícil mesmo depois que o país, em algum dia do futuro, sair da recuperação extrajudicial onde está atolado após cinco anos de desgoverno contínuo, com a assinatura da atual presidente, somados a mais oito de “esquenta”, com a assinatura do seu “ex“ no cargo. O prejuízo em questão é o atraso que o Brasil está contratando hoje para o seu desenvolvimento de amanhã.

A dificuldade em identificar um número capaz de medir com precisão quanto isso vai custar está no nevoeiro que necessariamente envolve cálculos a respeito do que poderia ter acontecido e não aconteceu ─ no caso, aliás, tudo o que não aconteceu de bom e o muitíssimo que aconteceu de ruim em quase treze anos corridos de aposta do governo no lado que perde. Mas todo mundo já pode contar que a recuperação da economia, quando vier, sofrerá com uma quantidade de espinhos muito maior do que seria razoável. É a proverbial “bomba de efeito retardado”.

O nome do problema, em termos simples, é: perda de tempo. Ela vai se traduzir, na prática, em perda de oportunidades, de energia, de mercados, de musculatura para competir, de competência tecnológica, de lugar na fila. O Brasil voltará a funcionar, mais cedo ou mais tarde ─ mas verá, com frustração, que seu motor não estará rendendo o suficiente para girar na velocidade necessária. Verá na sua frente competidores que ainda há pouco tempo estavam lá para trás e, pior que isso, descobrirá que ficou difícil emparelhar com eles.

Vai constatar que outros estarão ocupando os espaços que vem perdendo agora, e aqueles em que precisaria entrar. Vai verificar que perdeu escala, carrega custos excessivos em tudo o que faz, trabalha com produtividade baixa. Vai se surpreender com a descoberta de que é um país pura e simplesmente atrasado, que produz pouco, mal e caro. O Brasil não faz hoje o seu dever; não vai entregar amanhã o resultado. Num mundo que avança cada vez mais rápido, se arrasta como um carro de boi.

O México acaba de superar o Brasil como o maior produtor de carros da América Latina. A Africa dos sonhos da politica externa de Dilma, de Lula e do PT, em cima da qual o Itamaraty imagina construir a supremacia mundial do Brasil, é cada vez mais um competidor agressivo no mercado de matérias primas e na produção agrícola, a única área em que as coisas vão bem por aqui; o seu grande parceiro e aliado na vida real de hoje é a China. Enquanto dezenas de países pelo mundo afora assinam tratados de livre comércio entre si, e com isso aumentam de imediato suas exportações, empregos, renda, arrecadação pública e a produção geral de suas economias, o Brasil fica olhando sem fazer nada; acha que procurar este tipo de acordo é executar uma diplomacia de direita, e precisamos de uma diplomacia de esquerda.

Nossas prioridades externas são os maiores perdedores econômicos existentes hoje na face da Terra – Venezuela, Argentina, o Babaquistão do Oeste e por aí afora. Não existe, nesta corrida internacional, uma questão de “espírito olímpico”, onde o importante não é ganhar vantagens meramente comerciais, e sim pregar o evangelho dos povos desfavorecidos. Ao contrário, a única coisa que importa é ganhar, pois quem ganha é o bem estar, a prosperidade e o futuro dos cidadãos beneficiados pelo aumento do comércio e da produção. Na mesma estrada, em sentido inverso, quem perde não é o “país” – são os brasileiros, que em 2015, até o dia 30 de setembro, já perderam mais de 650.000 empregos (mais de 1,2 milhão, nos últimos doze meses) e que precisam desesperadamente do trabalho que estariam tendo se o governo entendesse que o comércio externo é uma das chaves do progresso interno – e um motor do avanço social.

Na hora de correr atrás do que foi perdido vai se ver como ficou cara essa conta. 

A tropa vencedora


O prêmio CBRE - "Urban Photographer Of The Year" (Fotógrafo Urbano do Ano) deste ano contou com mais de 21 mil inscritos de 113 países. Entre os vencedores está Pedro Guimarães Lins Machado, na categoria Cities at work, com a foto da tropa de choque da PM contra manifestantes no Rio.

A nau dos insensatos em planeta exaurido

Sebastian Brant publicou, em 1494, “A Nau dos Insensatos”, uma história de 112 loucos que iam para Narragônia, um reino da loucura. Muitas outras obras receberam depois esse título. Um filme de Stanley Kramer, por exemplo, mostrou, em 1965, um grupo com atitudes insanas durante uma viagem entre o México e a Alemanha antes do nazismo. É possível usar agora o mesmo rótulo para analisar a relação entre economia capitalista, grande população compelida ao consumo desenfreado e os recursos naturais do planeta, porque essa equação não será sustentável por muito tempo se não houver revisão do tratamento conferido ao ambiente.

A acumulação patrimonial integra a Revolução Agrícola, que ocorreu entre 10 mil e 12 mil anos atrás, determinando sedentarismo e criando o conceito de propriedade privada. Ela mobilizou homens vigorosos para a estocagem de víveres e delimitação de territórios, oprimindo outros homens e povos. Isso atingiu um ponto extraordinário, no século XVIII, com a Revolução Industrial, que implicava a produção em grande escala de muitos itens para a população que se fixou nas cidades. Todos foram compelidos à adoção de novos padrões culturais, fomentando o novo sistema produtivo, enquanto trabalhadores e consumidores de bens além de suas necessidades básicas.

Criou-se, assim, o binômio mercado insaciável x produção em grande escala, sem considerar a finitude dos recursos naturais. Ou seja, não se questionou, até o fim do século XX, a sustentabilidade desse procedimento no planeta. Buscou-se, pelo contrário, explorar todas as fontes de matéria-prima com drástica intervenção em inúmeros ecossistemas.

Surgiram novos conceitos sobre conforto, beleza e felicidade mediante adoção de automóveis, asfalto, plástico e outros produtos alheios à simples subsistência, com intensa substituição de objetos obsoletos por outros mais modernos. Não importavam a geração de lixo e a inutilidade do produto, principalmente quando ele se tornava símbolo de poder, riqueza e prestígio.

A conscientização de que a devastação ambiental pode comprometer nossa sobrevivência ocorreu há poucos anos e ficou restrita a algumas pessoas; poucas ações foram implementadas, justamente para não bloquear o dinamismo econômico nem rever os conceitos sobre desenvolvimento e modernidade. Ficamos, pelo contrário, dependentes da comunicação em tempo real e aplaudimos o uso egoísta de qualquer instrumento.

Os desastres climáticos, a redução de água potável, a contaminação do solo, a extinção de muitas espécies vegetais e animais e as novas enfermidades indicam que haverá brevemente esgotamento da natureza. Estamos, portanto, pavimentando o caminho para a tragédia, pois não haverá uma tecnologia que possa deter essa fúria contra a exploração desenfreada. A Terra não terá complacência por quem acredita que o banquete nunca terá fim, e seremos todos engolidos pelo mesmo processo destruidor decorrente dessa orgia.

Deus e a sarjeta

Depois de ter feito o Sol e a Lua, os mares, os céus, as aves e o homem, o Senhor achou que tinha obrado muito, e obrado bem. Daí se deu (quem mais poderia dar a Ele?) um dia de repouso.

Não estou em concorrência com ninguém, muito menos com Deus, mas, levando em conta minhas potencialidades, sinto que trabalhei mais do que ele. Bem verdade que não cometi a façanha e o exagero de criar Sol e estrelas. E jamais teria criado o homem. Dentro das minhas limitações, o duro que venho dando pela vida afora é desproporcional a minhas forças.

Para não morrer de fome nas sarjetas (profecia de uma cigana que me anunciou péssimo destino), tenho feito o diabo para sobreviver. A profissão é mais complexa do que a do Criador. Sempre pinta algum trabalho. Deus pode descansar realmente. Pensando bem, não havia mais nada a fazer, a não ser deixar que o mundo e suas leis (feitas também por Ele) trabalhassem sozinhos e para nossa desgraça.

No caso do jornalismo, a tarefa nunca está cumprida. No tempo da criação, Deus fez o que quis. Não havia pesquisas de opinião, o que o senhor acha do Sol, dos mares, dos pássaros? Já o jornalista está sempre na corda bamba: qualquer comentário pode dar bode. E sua tarefa nunca acaba. Quando morreu John Kennedy, fiz uma edição extra no jornal em que trabalhava. Foram horas de faina rude.

Quando saíram os primeiros exemplares, ouvi no rádio que tudo estava superado. O assassino fora preso, isso exigiria uma nova edição, e por que mais uma apenas? A notícia quando é verdadeiramente notícia parece que nunca acaba.

Dólar alto, inflação, economia estagnada, Dilma, Eduardo Cunha. Não importam. Assumo nossas desgraças sem ser, eu próprio, um desgraçado: afinal, ainda não morri de fome na sarjeta
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O bom samaritano é ateu


Se alguma vez – Deus queira que não – apanhar de assaltantes enquanto vai de Jerusalém a Jericó, é melhor que depois passe por ali um samaritano pouco religioso. Porque ser religioso ou ateu não deixa as pessoas melhores, mas parece condicionar a forma de entender a generosidade e o altruísmo com desconhecidos. E as pessoas menos religiosas têm uma tendência mais espontânea a ajudar o próximo, segundo os últimos estudos.

O último trabalho surpreendeu ao mostrar que as crianças criadas em ambientes religiosos são menos propensas a ser generosas, que existe uma correlação inversa entre o altruísmo e a educação em valores identificados com a fé. Por meio de um experimento realizado com menores de 5 a 12 anos em seis países culturalmente muito diferentes (Canadá, EUA, Jordânia, Turquia, África do Sul e China), os pesquisadores descobriram que os estudantes que não recebem valores religiosos em suas famílias são notavelmente mais generosos quando se trata de compartilhar seus tesouros com outras crianças anônimas.

“É importante destacar que as crianças mais altruístas vêm de famílias ateias e não religiosas”, destaca o chefe do estudo, Jean Decety, neurocientista e psicólogo da Universidade de Chicago. “Espero que as pessoas comecem a entender que a religião não é uma garantia para a moralidade, e que religião e moralidade são duas coisas diferentes”, acrescenta ao ser questionado da importância desse estudo.

Além disso, na pesquisa perguntava-se aos pais se seus filhos eram mais ou menos generosos e, curiosamente, os pais e mães mais religiosos acreditam que estão criando uma prole mais solidária: os religiosos dão como certo que seus filhos são mais altruístas, mesmo que na hora da verdade compartilhem menos. Outra descoberta importante é que a religiosidade faz com que as crianças sejam mais severas na hora de condenar danos interpessoais, como por exemplo os empurrões. “Essa última descoberta encaixa bem com pesquisas anteriores com adultos: a religiosidade está diretamente relacionada com o aumento da intolerância e das atitudes punitivas contra delitos interpessoais, incluindo a probabilidade de apoiar penas mais duras”. Em resumo, os menores criados em ambientes religiosos seriam um pouco menos generosos, mas mais propensos a castigar quem se comporta mal.