quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Aumento da Gasolina

Arrastão

É uma desabusada manifestação de igualdade, de impessoalidade e de anonimato fora do seu lugar apropriado: a ‘rua’ com os seus patifes e donos usuais

Entre os viventes do “Grande Rio”, arrastão é nome de pescaria e também de uma trepidação social tida como criminosa mas que, como tudo o que ocorre diante dos nossos olhos sempre cegos para o presente, é uma sequela de um modo de vida.


No momento em que o Brasil oficial (das esquerdas & direitas) começa ser desconstruído pelo Brasil real, hierarquizado e reprimido; na ocasião em que começamos a atinar que somos nós com o nosso trabalho que sustentamos um governo rico que nos agride por meio de uma violentíssima fraude mascarada de credo ideológico, o arrastão é um indício dos limites de um estilo de vida centrado na malandragem híbrida, no qual governar é roubar “dentro da lei” e ser governado é não ter nada a ver com isso.

Aliás, tal estilo é parte do viés estadomaníaco, estadofilíaco e estadofóbico da nossa concepção de país. Numa idealização do Estado e do governo cuja função capital seria a de ser o agente “civilizador” de práticas sociais tidas como atrasadas, bem como um erradicador de todos os nossos problemas e questões, sem interferir na estrutura social. O Estado e os seus governos mudariam tudo o que achamos ruim, deixando, porém, o conjunto de hábitos firmados no patriarcalismo-escravocrata intocados. Nada temos a ver com a desigualdade vergonhosa que nos aprisiona, pois a sua erradicação seria tarefa exclusiva do Estado que, por acaso, inventamos.

O Estado deve comandar a sociedade, mas o perigo brota quando a sociedade manifesta-se na “rua”, fazendo arruaça. Agora é a “rua” falando impertinentemente contra a “casa” — quebrando muros e arrombando portas — querendo tomar o lugar do governo.

As chamadas “manifestações” nada mais são do que “arrastões” sociopolíticos. São discursos opostos ao que admitimos como falas “educadas”. Seja contra o governo ou contra um estilo de administrar a riqueza coletiva, desviando-a de seus fins em nome da “política” e dos canalhas; e seja também e, acima de tudo, contra uma desigualdade social que chega ao pornográfico.

O arrastão é, como disse Gilberto Freyre, um brasileirismo. Como o jogo do bicho, a sacanagem, o rouba mas faz e o “ir à praia” — algo singular e ambíguo. É uma inversão violenta do carnaval mas próxima da carnavalização. Neste sentido, o arrastão é uma desabusada manifestação de igualdade, de impessoalidade e de anonimato fora do seu lugar apropriado: a “rua”, com os seus patifes e donos usuais. O arrastão não acontece na praça nem do tal comício igualitário, mas com palanque. Não se trata de uma manifestação com hora marcada, bandeiras e discursos dos messias para o “povo bom”.

Como seu nome indica, o evento ocorre subitamente na praia. Nessa praia cujo mar domesticado vira piscina e onde os “peixes” a serem apresados na rede somos nós, e não os gatunos costumeiros que estão nas paginas dos jornais! Como é que pode o povo atacar a si mesmo e a nós, o grupo privilegiado e dominante que se recusa a se assumir como tal e sempre põe a sua reprimida culpa num outro lugar. Na formação do país, no governo que criticamos porque nomeia outras pessoas, rouba com outra gangue mas — note bem! — que sempre nos representou de forma adequada por meio de uma polícia que prende quem sai do seu lugar.

Então, na praia gloriosa e englobada pela celebrização em mídia, verso e música — quem não gostaria de comer um “peixão” ou namorar a garota de Ipanema? Num espaço de lazer aberto e radicalmente igualitário, onde todo mundo está seminu; neste local livre de muros, exceto os do mar-piscina e do paredão de classe na forma dos edifícios de luxo nos quais moramos e frequentamos, eis que surgem os agentes ocultos da nossa inconsciente opressão na forma de um bando de meninos que desconhecem o seu lugar e vêm “tirar as nossas coisas” como se estivessem num jogo e na TV.

Somos igualitários-aristocráticos de modo que não enxergamos a miséria que engendramos como resultante de uma secular repressão econômica modulada por um clientelismo afetuoso. Muito pelo contrário, vemos a nós mesmos como democratas amigos e compadres dos pobres... Desde que — é claro! — o Estado faça a sua parte.

Tal como nossos avós davam alforria a alguns dos seus escravos que viravam pessoas, nós temos amigos negros e pobres e, no nosso conforto, somos insensíveis a sua miséria e opressão. Mudar cabe ao Estado, a nós cabe clamar pela repressão quando esses pobres tomam nossos colares, pulseiras, relógios e celulares num extrarrotineiro arrastão.

Acolhemos o protesto, mas não aceitamos a “violência”. Enquanto isso, não vemos nos governos que financiamos e elegemos; e nas ideologias que nos sustentam, a incompetência e a indiferença costumeira por um estilo de vida desmesuradamente desigual, mas enfeitado pelos rapapés nostálgicos do “você sabe com quem está falando?”

O arrastão é um desses “você sabe com quem está falando" que a aguda crise do sistema moral brasileiro desmascara. Afinal de contas, vamos continuar pensando que a vida é mesmo uma novela que pode ser desligada, ou é algo seriíssimo (mesmo porque não há outra) para ser consertada e mudada nas suas iniquidades? Não seria o arrastão um alerta para uma desfaçatez que está nos liquidando?
Roberto DaMatta

Espírito público à brasileira


No Brasil, quando se diz que alguém é dotado de espírito público, o que se está afirmando é que essa pessoa tem sensibilidade para os reclamos da opinião pública. No exercício do poder, fará o que o povo quer.

Eis aí o nascedouro de problemas que podem transformar tão sensitivo cidadão num perigo à solta, numa bomba-relógio com caneta e chefe de gabinete. Os motivos são vários, mas destaco dois. O primeiro diz respeito à enorme diversidade contida no conceito de “povo”. Embora seja designado por uma palavra no singular, o povo é absolutamente plural em tudo, inclusive em aspirações e carências. Portanto, sendo sensível aos reclamos do povo, o tal cidadão, dotado de espírito público à moda da terra, pode estar ouvindo e atendendo demandas excessivas e quase sempre contraditórias entre si e com o interesse público. É uma singela realidade pela qual já passamos inúmeras vezes na história. Além de arrasar o país sob o ponto de vista financeiro, ainda deforma a nação sob o ponto de vista da cultura política.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) nasceu para conter os malefícios desse tipo de “espírito público”, que outra coisa não é que gestão irresponsável dos recursos alheios, muito frequente nas esferas de Estado e, pelo mesmo motivo, nos clubes de futebol. Se dinheiro na mão é vendaval, dinheiro sem dono é furacão. O PT se opôs à LRF, mandou-a às favas quando chegou ao poder e encontrou admiradores em número suficiente para lhe garantir três reeleições sucessivas. Até que a inevitável consequência explodiu na vida de cada um. Transferir dinheiro de todos para alguns ou de uns para outros e vice-versa, vai contra o interesse geral. Produz uma conta amarga, a ser paga no curto, no médio e no longo prazo.

No curto prazo, os impostos sobem, no médio prazo a inflação se eleva e, no longo prazo o endividamento compromete as gerações futuras. Foi assim que Lula começou a quebrar o Brasil e que Dilma achou possível continuar governando. Lembre-se de que quando não tinha mais de onde tirar dinheiro, ela começou a distribuir, em concorridas solenidades, até o que ainda não existia, os royalties do pré-sal. Tudo seria canalizado para a Educação e para a Saúde. As duas áreas vivem o inferno que se conhece e sequer cabe alegar boas intenções.

Sob o ponto de vista da cultura política, esse conceito de “espírito público", estabelece, na sociedade, de modo extensivo, uma dependência em relação ao Estado, convertido no mais cobiçado empregador e no almoxarifado provedor compulsório de todas as necessidades. Pelo viés oposto, o verdadeiro espírito público sabe escolher o mal menor e o bem maior, é animado por um senso real de justiça e por um sentido de história. Sabe distinguir direito de privilégio. Pessoas assim são estadistas e não demagogos vulgares, rastaqueras, como é a maioria dos nossos políticos, animada po esse “espírito público” tão ao gosto dos formadores de opinião e do eleitorado brasileiro.

Percival Puggina

Essa enorme falta de razão

Crises, se compreendidas e superadas, podem ser uma valiosa forma de amadurecimento. Para recorrer a um exemplo trivial, impressiona o contraste entre a Alemanha nazista e a de hoje, onde parece imperar a banalização do bem.

A atual crise brasileira, em suas dimensões política, econômica e social, pode ser uma fecunda inspiração para o futuro, desde que reflitamos adequadamente sobre suas causas e as opções para superá-las, sem nos prendermos a antigos e lamentáveis autoenganos
.
A sociedade consegue perceber, com clareza, a corrupção, a inflação, o desemprego, os juros altos, a deterioração dos serviços públicos, mas não consegue entender os desequilíbrios fiscais que integram o atual quadro de crise.


É certo que o tema encerra sutilezas técnicas que não são facilmente compreendidas pelo público leigo. Aliás, tornou-se também obscuro até mesmo para especialistas, em virtude do arsenal de mistificações contábeis utilizadas pelo governo, das quais as mais conhecidas são as chamadas “pedaladas fiscais”, que se encontram em julgamento no TCU.

Tem mais. O orçamento público, que já era peça de ficção, converteu-se em fonte da desordem fiscal.

Ao menos em relação aos investimentos, os restos a pagar, em absoluto desacordo com seu significado, já são maiores que os valores correntes. Essa subversão conceitual é apenas um sintoma da confusão instalada nas contas públicas e evidente clamor por uma reforma orçamentária.

Ocorre que poucos se importam com a expansão dos gastos públicos, pois eles exercem um extraordinário fascínio sobre as pessoas, em contraste com a compreensível baixa popularidade dos impostos.
Os gastos são até capazes de fazer crer que gozam de autonomia existencial, independendo da carga tributária. De mais a mais, seus donatários são guardiães zelosos.

A superação de desequilíbrios fiscais requer determinação e coragem. Vejam o que ocorre na Grécia, Espanha e Portugal.

Só com ajustes conjunturais, entretanto, não teremos futuro, porque corremos o risco de nos defrontarmos com os mesmos problemas.

A reforma da previdência, por maior que seja a resistência política, é indispensável. Junto com ela, a reforma da legislação orçamentária, o aperfeiçoamento da lei de responsabilidade fiscal, a eliminação dos privilégios de carreiras de servidores públicos, a instituição de um programa nacional de eficiência na administração pública, etc.

Infelizmente, ainda não se conhece, com clareza, a crise fiscal. Sobretudo, não se tem consciência de sua gravidade. Por isso, prosperam demandas de reposição salarial, persistente herança da indexação, como se vivêssemos em um mar de rosas. Os subsídios creditícios do BNDES e os privilégios tributários das aplicações financeiras permanecem intocáveis. Roma arde e vários Neros tocam lira.

Não é razoável afirmar simplesmente que não há mais gastos a cortar. Muito menos, falar de despesas obrigatórias, sem identificar as leis que geraram a obrigação. Teria o governo a necessária credibilidade para fazer afirmativas peremptórias, depois de tentar ludibriar a sociedade, com uma parafernália de expedientes contábeis? Ou seria apenas uma fagulha visível de um autoritarismo, que abomina a contestação?

Não precisamos ficar reféns de explicações infantis, insultosas à inteligência, que pretendem atribuir a crise fiscal a problemas externos. A mentira não costuma libertar ninguém.

A hora é da transparência. Precisamos dissecar o orçamento e conhecer as opções para enfrentar o desajuste fiscal. Esmiuçar, também, as causas estruturais, para que possamos prevenir problemas futuros.

Chega de achismos, previsões que postulam ser profecias, receitas infalíveis para uma vida virtuosa, saltos lógicos que extraem conclusões a partir de uma meia dúzia de tabelas, prestidigitações econométricas, discussões perfunctórias, dogmatismos caducos, esquematismos escolares.

O Brasil precisa pensar a crise. E amadurecer. Se nada for feito, já podemos antever que o maior problema fiscal será o próximo.

Everardo Maciel

A crise por que passa o país só será vencida com mais democracia

A crise por que passa o país só não é definitivamente desesperadora porque temos, como única arma (e a sua maior força é a liberdade), a democracia, tantas vezes combatida ou até destruída pelos que sempre a temeram. É nessa plantinha tenra, que exige de nós vigilância e dedicação, que reside toda a nossa segurança. Uma ideia-força que já enfrentou muitas ditaduras, tanto de esquerda quanto de direita. Que o digam Hitler e Stalin, que um dia se arvoraram donos do mundo. A verdade é uma só: povo nenhum prospera sem liberdade. Só ela nos dará meios para combater a desigualdade e administrar a justiça.

O que garante a permanência dessa plantinha entre nós são as nossas atuais instituições, que nos autorizam, por exemplo, não só a pensar, mas a externar o que pensamos, falar ou escrever francamente, bem como analisar, sem nenhum temor, o desempenho dos nossos eventuais governantes. São elas que permitiram que a corrupção no país fosse finalmente enfrentada com vontade e coragem, tanto da Polícia Federal quanto do Ministério Público Federal. Ambos podem contar com o apoio do Poder Judiciário, representado, com fidelidade, ao lado de tantos outros, pelo juiz Sérgio Moro – um homem culto, competente, eficiente e probo, qualidades essenciais ao bom julgador.

Não nos impressionemos, leitor, com a decisão do Supremo Tribunal Federal de retirar do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, mas, principalmente, do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, em Curitiba (por enquanto, só houve um caso, o que envolve a senadora Gleisi Hoffmann), um ou outro braço da operação. Pode ter agradado a alguns afoitos advogados, que imaginam que, daqui em diante, as coisas serão diferentes, pois a abertura de outras frentes de apuração nos Estados lhes dará, no mínimo, mais tempo ou, quem sabe, a absolvição dos réus seus clientes. O advogado de João Vaccari Neto já está pensando até em pedir a anulação do processo contra ele. Doce ilusão!

O receio manifestado, em entrevista, pelo juiz Sérgio Moro, de que “a dispersão da investigação não serve à Justiça, pulveriza o conjunto probatório e dificulta o julgamento” veio em boa hora.

É um chamado geral à responsabilidade.

Se a decisão do STF se mostrar, na realidade, eivada de segundas intenções, não terá resultado na prática. Não existe só um Sérgio Moro no país. Não devemos admitir, a priori, que outros juízes tenham a coragem de destruir o que já foi feito até agora contra a maior organização criminosa jamais vista no país, responsável pela gravíssima crise de caráter por que passam os brasileiros. Nenhum juiz será adversário dessa verdadeira cruzada contra a corrupção, empreendida, desde junho de 2013, pela sociedade brasileira como um todo, cansada e absolutamente enojada com a sujeira moral que tomou conta do país.

O mais provável é que a decisão tomada pelo STF acabe por multiplicar os “Moros” pelo país e os torne ainda mais ciosos da responsabilidade de que foram investidos perante a nação brasileira. E o tiro, leitor, certamente, sairá pela culatra, se é que houve, da parte de oito ministros, a intenção de subestimar a inteligência do povo brasileiro.

Nego-me, enfim, a acreditar que qualquer um dos ministros do STF que votaram pelo fatiamento da operação Lava Jato desempenhe papel que não seja o de respeito à Justiça e à ética. Admitir o contrário é admitir o fim do Poder Judiciário. Um desastre irreparável.

Somos todos Sérgio Moro!

Neste ano, cinco ministros da Educação

Qualquer pessoa que saiba somar 1 + 1 sabe que, para se obter resultado na área de educação, é preciso tempo e perseverança. Mais do que qualquer outro setor, a educação exige firmeza, paciência. A educação não se dá bem com solavancos, mexidas, improvisações, alterações de rota a cada momento.

Nestes 13 anos de lulo-petismo, o Brasil teve nove diferentes ministros da Educação. As grosso modo, dá em média um ministro novo a cada 17 meses.

Os governos lulo-petistas não primam assim pela eficiência gerencial. Isso também é fato que não se discute, é ponto pacífico.

Porém, mesmo se fossem geniais administradores, todos eles, mesmo se Fernando Haddad ou Cid Gomes fossem excepcionais administradores, não seria possível fazer uma boa gerência da educação brasileira trocando de ministro a cada 17 meses, certo?

E a velocidade com que se troca o ministro da Educação vem se acelerando à medida em que mais se propaga que o Brasil de Dilma Rousseff é a Pátria Educadora.

Quanto mais Dilma mente, quanto mais quem manda no governo é o marqueteiro, quanto mais se excede em incompetência e agora absoluto vácuo de poder presidencial, maior a velocidade com que se troca o ocupante da cadeira de ministro da Educação. Veja as datas abaixo.

Só este ano, já tivemos cinco ministros da Educação!

Cristovam Buarque (2003-2004); Tarso Genro (2004-2005); Fernando Haddad (2005-2010); Aloizio Mercadante (2012-2014);José Henrique Paim (2014-2015); Cid Gomes (2015);Luiz Cláudio Costa (interino) (2015);Renato Janine Ribeiro (2015); Aloizio Mercadante (2015-?)

É de doer. É de chorar.

É de exigir a renúncia ou o impeachment. Já. O quanto antes. O país não aguenta mais.

Sérgio Vaz

Quem tem medo de Lula e de Dilma?

Lula e Dilma me lembram o filme “Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?”, em que marido e mulher retornam bêbados para casa após uma festa, e acolhem em sua residência um casal diante do horário avançado, pois homem e mulher moravam longe do local da reunião.

Nesse meio tempo, esposo e cônjuge discutem a sua relação através de fortes acusações, ofensas e agressões em frente aos convidados.

Elizabeth Taylor ganhou o seu segundo Oscar por esta interpretação, que foi acompanhada pelo seu marido, à época, Richard Burton.


Lula, enquanto presidente da República, deve ter virado do avesso o Brasil no que diz respeito a fuçar nos segredos que havia entre a nação e seu mundo empresarial; parlamentares e seus comportamentos baseados em dividendos sobre contratos aprovados com a União; aparelhamento do Estado, compromisso dos ministros nomeados ao STF, e que devem ter se comprometido com o ex-presidente de uma forma ou de outra como agradecimento ao tão sonhado posto.

Imaginem se Lula, e ele não precisa beber, resolver botar a boca no trombone e relatar essas relações promíscuas entre os poderes, com banqueiros, empreiteiros, os planos de roubos ao erário, as divisões com os aliados do produto dessas falcatruas, a maneira como o ex-presidente deixou o País à sua mercê, do seu jeito!

Assim, Lula deve soltar os cachorros sempre que se encontra com a sua colega de partido, a petista Dilma, acusando-a de colocar em risco essas relações estabelecidas fundamentalmente à base de corrupção e desonestidade, traição ao Brasil e ao povo, em face do dinheiro vultoso obtido explorando e extorquindo a população e País.

Dilma e a sua incompetência, confusão mental e comportamento que beira o delírio, deve deixar Lula temeroso de que a parcela de conhecimento que Dilma possui desses escândalos venha à tona, tanto pela paciência que ela pode perder em qualquer momento, quanto pela maneira de ter supostamente encontrado uma fórmula para amenizar sua culpa pelas sandices praticadas e sua omissão sobre os ilícitos cometidos pelo PT, certamente a pedido de Lula, em face do objetivo traçado de amealhar um patrimônio formidável durante o período que o PT está no poder, e cuja concessão se estendia aos amigos que colaboraram neste sentido.

Pois estava o ex-presidente tão tranquilo quanto à impossibilidade de o seu nome ser envolvido em qualquer processo, que não pensou no Plano B, de ser denunciado por cúmplices, diante da sua certeza de que Dilma faria um bom governo, receita para qualquer crise ser esquecida ou escândalo denunciado.

Acontece que não somente o petrolão veio à baila, como o desempenho da presidente tem sido o pior possível, justamente os dois vetores que, unidos, poderão acarretar sérios e graves problemas ao petista pelo desvio de rota, antes um pouso programado em grande aeroporto, hoje uma descida de emergência, e sabe-se lá onde vai aterrissar!

Mas quem tem medo de Lula? Empreiteiros? Banqueiros? STF? Parlamentares? BNDES? Partidos aliados? As Instituições Brasileiras? Os governadores e ex-governadores do PT? Por fim, a quem Lula mais causa medo, pavor, a quem mais amedronta, na eventualidade remotíssima – mas uma possibilidade, por que não? – de chutar o balde e confessar como foi o seu governo e como escolheu Dilma à sua sucessão e para quê?

Bem, caso Lula tenha um ataque e decida contar a sua história, o Brasil virará de cabeça para baixo, e salve-se quem puder!

Investigar para honra desta nação

O círculo vai se fechando em torno do Lula. Certas perguntas, porém, precisam ser respondidas antes que o primeiro companheiro fique sem saída.

Quantas viagens ele fez às custas de empreiteiras, como presidente e ex-presidente da República, a países da Africa, América Latina e outros continentes, para alavancar negócios de empresas brasileiras junto a autoridades estrangeiras?

Quanto recebeu dessa intermediação, a título de palestras ou comissões pelo sucesso da contratação de obras e serviços?

Qual era seu patrimônio e de seus filhos antes dessas viagens e como ficou após a última realização?

Essas três indagações se entrelaçam a partir de duas constatações: não é ilegal para um presidente ou ex-presidente atuar para o sucesso de empresas brasileiras empenhadas em trabalhar em outros países. Também não é ilegal para ex-presidentes faturarem em função de seus esforços para o crescimento de empresas brasileiras.

O que põe essas operações sob suspeita de crime é se presidentes ou ex-presidentes agiram pressionando ou mesmo sugerindo a bancos e entidades estatais, como o BNDES, para privilegiarem empresas brasileiras empenhadas em obras e serviços externos.

Torna-se necessário apurar se houve participação ou influência do Lula nos financiamentos e créditos concedidos às empreiteiras. Não se trata de missão impossível, ainda que árdua. Se executada com critério e pertinácia, poderá inocentar ou condenar o ex-presidente da República. Não é ilegal trabalhar e faturar, ainda que muitas vezes pareça imoral. Constitui crime, porém, traficar influência. Por isso, donos, diretores e funcionários dessas empresas encontram-se na cadeia. Investigar, mais do que necessário, é imprescindível, para honra desta nação.
Demitir é sempre penoso, muitas vezes cruel e injusto. Faz, no entanto, parte de qualquer administração. Se um ministro não vai bem, ou se uma empregada doméstica vai mal, haverá que substituí-los, de preferência depois de esforços para melhorar suas performances. Muitas vezes com dor, ainda que na maior parte dos casos quem demite imagine afirmar-se como poderoso e implacável.

Agora, demitir sem olhar nos olhos, pelo telefone ou por notinhas plantadas no jornal, é antes de tudo covardia. Falta de coragem. Pior ainda se por injunções pouco éticas, malandragens e armações indignas.

Sinais de decadência

Muitas civilizações e muitos países entraram em processo de decadência irreversível. Foram capturados por uma espiral descendente e não tiveram condições de sair dela. O Egito Antigo e a Grécia são exemplos clássicos. A Espanha de hoje é uma sombra da potência mundial que já foi. O Reino Unido, onde o sol nunca se punha, deixou de ser o que era. Todos foram e deixaram de ser, ainda que com graus variados de fracasso e decadência. Alguns, como o Reino Unido, se adaptaram aos novos tempos. Outros nem tanto, como a Espanha. A Grécia vive do passado.


Esse processo de decadência estaria acontecendo aqui no Brasil? Será que estamos entrando em processo de decadência antes mesmo de termos tido os benefícios do sucesso absoluto? Sem dúvida, sim. O Brasil vive um processo de decadência econômica e social, iniciado em 2012, que pode durar anos e se transformar em tendência irresistível. Os focos de alarme estão na gestão da questão fiscal, na demora em promover ajustes essenciais no arcabouço institucional do país e na completa rendição aos interesses corporativistas de burocratas e de grandes corporações. Há muito digo que o Estado foi sequestrado por interesses específicos e que não consegue resistir a eles.
A outra dúvida que se apresenta: temos ou não capacidade para reverter o processo iniciado em 2012? Perto de nós existem exemplos patéticos de insucesso. Venezuela e Argentina destruíram o que conquistaram de bom. São sociedades em processo acelerado de decadência. O caso argentino é mais grave, quando se pensa no sucesso social e econômico do país no século passado. Foi tudo destruído pelo populismo irresponsável. O pior é que não há reflexão profunda sobre as raízes do fracasso e da decadência. Culpa-se o mundo, culpam-se os fundos abutres e os vizinhos. Nunca a si próprio.

No Brasil, a era Lula entrou na antessala do sucesso, e chegamos a achar que nosso lugar por lá era cativo. Que, finalmente, fazíamos o mundo se curvar à nossa grandeza. A capa da “The Economist” com o Cristo Redentor decolando nos dava a certeza do “agora vai!”. Promovemos uma Copa do Mundo e vamos para as Olimpíadas, responsabilidade que o mundo nos deu acreditando em nossa capacidade. No delírio, chegamos a dar lições de moral à Alemanha de Merkel em 2012, quando Dilma criticou o receituário de austeridade preconizado pela líder alemã.

Agora, para evitar a decadência, temos de ser austeros, pragmáticos e humildes. Não é o que parece que acontecerá. O governo trata da crise fiscal com incompetência. Incapaz de se decidir pelos cortes e de enfrentar a questão de frente junto com a população, busca o déficit primário como disfarce para uma covardia institucional imensa. Pior, tratou da perda do investment grade como se isso não tivesse grande importância. O mundo já está complicado o bastante para que deixemos de fazer o dever de casa da recuperação.

Nossa grave incompetência e nossa covardia institucional podem estar dando início a um longo processo de decadência. A presidente Dilma Rousseff, por conta das indefinições em torno de um possível impeachment, ainda tem tempo para tomar as medidas corajosas de que o país precisa. Ela poderia fazer uma autocrítica séria dos erros de sua gestão e iniciar um processo de recuperação do país e, quem sabe, de seu mandato. Porém, ainda não chegamos ao ponto de deixarmos de ser covardes e mostrar coragem cívica.

Murillo de Aragão 

A ponte não baixa

Em todo lugar você vê um descalabro. Temos que nos concentrar onde está o melhor do Brasil. (...) Em cada um de nós. Não está em outro lugar, nem no exterior, nem nos políticos. A política tem dificuldade de criar estadistas, não gosta disso. Antes havia. Agora nem tanto. E Brasília, onde está o Governo e os Ministérios, é um castelo com uma ponte levadiça que sempre está levantada. Essa ponte nunca baixa para que os demais possam entrar. Temos que derrubar esse castelo e essa ponte, e fazer uma pavimentação normal para que possamos vigiar.
Nélida Piñon

A crise parida por Lula e Dilma assassina 2.777 empregos por dia

O governo federal acaba de informar que, nos últimos 12 meses, “foram fechadas 985.669 vagas do mercado de trabalho formal”. Tradução do palavrório: em burocratês castiço: no curtíssimo período de um ano, a crise econômica produzida em parceria por Lula e Dilma Rousseff engoliu 1 milhão de empregos com carteira assinada.


Nunca antes na história deste país tantos foram para a rua em tão pouco tempo. São 83.333 demissões por mês. Ou 2.777 por dia. Ou 115 por hora. São quase dois por minuto. Enquanto esse oceano de gente golpeada pelo sumiço do salário luta pela sobrevivência, a presidente que mente compulsivamente segue torturando os fatos e assassinando a verdade.

Nesta semana, por exemplo, em mais uma discurseira soporífera na ONU, anunciou que logo haverá trabalho de sobra até para os bebês de colo. Tal milagre só seria materializado se Dilma conseguisse estender ao país inteiro o vitorioso Programa Desemprego Zero para a Companheirada, instituído há 13 anos. Entre os milhares de militantes do PT, não existe um único desempregado.

Todos sustentados pelos pagadores de impostos, os filiados ao partido que virou bando estão longe da crise. Para alívio do Brasil que presta, logo estarão também longe do poder.

Augusto Nunes

Petistas arrumam boquinhas para assistir, de longe, a casa cair

No trimestre que se encerrou em julho, o IBGE estimou que já são cerca de 8,6 milhões os desocupados no país. A taxa de desemprego é histórica no mesmo período: 8,6%. Mas para a ex-ministra Ideli Salvatti e o seu marido, o tenente músico do Exército Jeferson da Silva Figueiredo, a crise no Brasil só enfrenta quem não tem padrinho. Eles vão faturar quase R$ 80 mil reais por mês em duas boquinhas que a Dilma arrumou para o casal nos Estados Unidos.

Enquanto os consulados e as embaixadas brasileiras vivem na pindaíba, sem dinheiro para pagar sequer as despesas mínimas como aluguel e serviços domésticos que contratam, a Dilma autoriza Ideli a assumir o cargo de assessora na Organização dos Estados Americanos (OEA) com um currículo tão mambembe quanto o do Tiririca. E indica também o maridão para um cargo na Subsecretaria de Serviços Administrativos e de Conferências na Junta Interamericana de Defesa, em Washington.

Para trabalhar nessas funções nos Estados Unidos, recebendo em dólar, não precisa de qualificação profissional nem muito menos preparação acadêmica, pelo menos é o que se pressupõe dessas duas nomeações. Basta apenas ser amigo do ministro da Defesa, Jaques Wagner que atropelou as recomendações do Exército que falava do despreparo do marido da ex-ministra. Pois é, não teve jeito. Da tinta da caneta dele saiu a excrecência dessas indicações.

O Exército avisou a Wagner de que nomeações desse tipo são submetidas a exames rigorosos. Passam por um processo de seleção onde vários fatores são analisados. Argumentou também que a Força não dispunha da vaga. Mas o ministro não quis saber da ponderação dos militares e assinou a portaria avocando o parágrafo único do artigo 1º do decreto 2.790 de 1998, que diz que "ao ministro do Estado Maior das Forças Armadas é delegada competência" para baixar atos relativos aos militares que servem naquele órgão (OEA) e que, nas Forças, a prerrogativa é dos comandantes”.

O mal estar gerado pela decisão do ministro chegou até a Dilma que mesmo assim ratificou a decisão do seu ministro. Assim, o casal deixa o Brasil para viver confortavelmente em Washington fugindo da crise que se aproxima a passos largos e ameaça levar o país para o fundo do poço a julgar pelas últimas pesquisas do Ibope que dão a Dilma 70% de rejeição.

Se fosse obedecido o critério de lisura e de boa conduta para esse cargo, Ideli Salvatti certamente seria reprovada. Nos últimos anos, ela esteve envolvida em vários escândalos: compra superfaturada de 28 lanchas por R$ 31 milhões quando esteve à frente do Ministério da Pesca, dinheiro de emenda (R$ 200 mil) para uma ONG de um assessor no Senado, envolvimento com os aloprados e o uso indevido do helicóptero de socorro da Policia Rodoviária Federal para fazer campanha em Santa Catarina. Respondeu, inclusive, sindicância na Comissão de Ética Pública da Presidência da República. É com essa folha corrida que Ideli vai representar o governo brasileiro em Washington.

É assim que a petezada atua com o dinheiro público. Incapazes de disputar o mercado fora do governo, preferem se locupletar com as benesses oferecidas por esse governo que aparelhou o estado para servir os interesses da sua militância. Muitos desses petistas sabidos, como Ideli, estão caçando boquinhas no exterior para deixar o país antes da casa cair. Não querem ser lembrados mais nem como petistas.

Enquanto a sinecura petista progride, milhões de pessoas vivem a angustia do desemprego. Indefesos, esse trabalhadores assistem à economia ir para a sepultura com a coveira negando-se a acreditar que o defunto já está “mortinho da silva”.