sábado, 11 de julho de 2015

Há sempre dois lados

Em meio a tantos fatos negativos e um pessimismo que se generaliza, no Brasil e lá fora, ainda há, principalmente por parte de quem consegue fazer um grande exercício mental de se distanciar de tantas opiniões e análises trágicas, como extrair sinais positivos de uma sociedade que parece arruinada, mas que sinaliza, mesmo que de modo acanhado, para a modernização do pensamento e aperfeiçoamento de algumas questões éticas e sociais.

Há sempre dois lados. Exemplos estão aqui e acolá, prontos para nos dar um pouco de fôlego. No Brasil, há menos de cinco anos, ninguém seria capaz de dizer que proprietários de grandes fortunas e políticos seriam condenados e presos. Temos hoje pelo menos uma dezena deles encarcerados.

O desgaste da presidente também fez brotar, depois de mais de uma década, uma oposição no país. Isso é bom. O governo que não tem um freio faz besteiras e nos conduz para precipícios como esse em que nos encontramos. Se Lula e Dilma tivessem tido uma força política que os tensionassem nos anos de vacas gordas, como teve FHC, talvez o leite não secasse tão rapidamente.

Há também uma movimentação que há muito tempo não se via nas Casas Legislativas do país. Eduardo Cunha, querendo ou não, pôs parlamentares parcimoniosos para trabalhar. Se seus métodos são questionáveis, que se recorra à lei.

A maioridade penal foi reduzida de 18 para 16 anos. Será a solução para a criminalidade que nos assola? Provavelmente, não. Mas alguma coisa foi feita.

Agora, como diz Aécio Neves, o Senado tem a oportunidade de lapidar a proposta. E que o ECA seja, enfim, modernizado, como querem alguns!

Os parlamentares também sinalizam com a reforma política, mesmo que esta esteja longe do ideal. Pelo menos já será menos fácil roubar nas eleições vindouras, pois teremos alguns filtros importantes. A aprovação do mandato de cinco anos e o fim da reeleição para presidente, governadores e prefeitos, a cláusula de barreiras e, nesta semana, a imposição de limites para gastos e financiamento de campanha, reduzindo o período eleitoral de 90 para 45 dias, são, inquestionavelmente, avanços a serem festejados.

No mundo também é possível enxergar por outros prismas. Não é só a insanidade do Estado Islâmico que marca nossos dias. Há de se reconhecer esforços como os de Obama e dos Castros. Há de se reconhecer sobretudo o papel do papa Francisco, que, apesar de todos tabus, traz algo novo, recebendo, com naturalidade, um cristo pregado em cima da foice e do martelo. E com as palavras dele, chegamos ao fim de mais uma semana em tempos de crise: “Dialogar significa renunciar não a nossas ideias, mas à pretensão de que são elas as únicas válidas”. Há sempre os dois lados.

Capitalismo à brasileira é um regime que não deu certo

Presentear o papa Francisco com um crucifixo adaptado para a foice e o martelo do comunismo foi uma atitude patética e altamente reveladora de quem é o presidente boliviano Evo Morales. Com isso, o governante mostrou seu invulgar despreparo político, porque o marxismo ortodoxo é hoje um regime completamente superado pelos fatos, até porque, em sua essência, jamais vigorou em nenhum país do mundo. Mas o papa não passou recibo e fez até um duro discurso contra o capitalismo que ainda é praticado nos países subdesenvolvidos.


Todas as experiências até agora foram de implantação de um marxismo desvirtuado e sem liberdades civis, com censura à imprensa, prisão, tortura e assassinato em massa de opositores, situações que levariam à loucura pensadores libertários como Karl Marx e Friedrich Engels.

Aliás, entre os dois teóricos alemães, tenho preferência especial por Engels, que era um homem rico, sustentava o companheiro e jamais perdia de vista os pecados do capitalismo, dos quais ele próprio acabava se beneficiando, vejam que personalidade fascinante.

Sem jamais ter sido verdadeiramente adotado nos moldes preconizados por Marx e Engels, o comunismo pelo menos serviu para pressionar o aprimoramento do capitalismo, através da criação dos direitos civis e trabalhistas, dando enfim margem ao surgimento do socialismo democrático, amplamente consagrados nos países nórdicos, que se tornaram exemplo de desenvolvimento socioeconômico, com melhor qualidade de vida e justiça social.

Diante da evolução do capitalismo e do advento do socialismo democrático, foi se formando um consenso de que hoje o mais importante é o Estado garantir o básico à população, oferecendo saúde, educação, moradia e segurança em condições dignas, pois a própria sociedade se encarrega do resto, conforme ficou demonstrado no dia a dia dos escandinavos.

O que não é tolerável é que no século XXI ainda tenhamos a manutenção de certos arremedos de capitalismo, como ocorre no Brasil, onde a riqueza total insiste em tentar conviver com a miséria absoluta, como se esta possibilidade pudesse ser viável.


O resultado foi a formação de uma sociedade estranha, em que hipoteticamente somente os pobres se mantêm em suposta liberdade, porque a classe média e os ricos são obrigados a viver literalmente atrás das grades e não podem confiar nem mesmo nos seguranças contratados pelos condomínios de luxo.

O que dizer de um país em que um adolescente de favela, que sonha em comprar uma moto para fazer entregas de pizzas, terá de anualmente pagar IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), enquanto os milionários estão isentos de taxação sobre seus iates, helicópteros e aviões?

O que dizer de um ensino público com os alunos sendo automaticamente aprovados, ano após ano, mesmo se continuarem analfabetos?

O que dizer de uma nação que divide seus cidadãos entre portadores de planos de saúde e usuários de uma rede pública que não os atende? E o que dizer se, além disso, ainda há uma subdivisão, porque nem todos os planos de saúde funcionam bem e há muitos que não servem para nada?

Por fim, o que dizer de uma sociedade em que o cidadão de bem é proibido de ter uma arma, mas o sistema policial só consegue elucidar 8% dos crimes de morte e apenas 3% dos homicidas são efetivamente condenados?

Esta é a realidade do capitalismo à brasileira, regido por um partido que diz ser dos trabalhadores.

Carlos Newton

PS – Muito interessante o Capitalismo Social preconizado por Martim Berto Fuchs. Minha filha é dona de um estúdio para ensaio de bandas. Consegui convencê-la a adotar o Capitalismo Social. Assim, o operador de som que toma conta do estúdio ganha metade da renda líquida e ela ganha a outra metade. O sistema é muito bom e a gente dorme sem consciência pesada.

O golpe que o PT quer dar


O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, pelego de carteirinha, acusa o juiz Sérgio Moro de “colocar de joelhos as instâncias superiores”. Vai mais além o cumpañero: “É um absurdo que delatores A, B ou C acusem alguém sob tortura”.

Então os cárceres da Polícia Federal, em Curitiba, estariam servindo de como câmaras de tortura. “O que se ouve de bastidor é que está havendo tortura não só psicológica. E alguém falando nessas condições tem o direito de mentir”.

Em vez de sair em defesa dos trabalhadores sufocados pela inércia e esbanjamento dos governos petistas de Lula e Dilma, o prefeitinho chapa-branca corre para defender os interesses dos grandes empreiteiros que puseram a Petrobras na lama. Não parece nem de longe o PT que reclamava até de salário mínimo e hoje defende qualquer migalha para o assalariado.

“É preciso que as instâncias superiores assumam a responsabilidade por este processo”, conclama Luiz Marinho.

Não é à toa que Dilma e o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, se encontraram sigilosamente em Lisboa, bem longe do país, para tratar da Lava Jato que tanto atrapalha os interesses lulistas e do grande empresariado. Um por temer a queda e outro por perder a boquinha. Assim se acertaria entre dois poderes da República, no exterior, um acordo que envergonha o país. Ter poderes com presidências desse calibre de imoralidade, não se é democracia, mas escravatura. O país ao serviço dos senhores do PT.

O golpe, tão anunciado por petistas como coisa da oposição, está sendo dado em seus porões, os mais sujos da era democrática.

Com o medo de todo um projeto de dominação, com o lulismo imperando intocável por mais de 20 anos, os petistas correm para torpedear qualquer processo legal que impeça continuar com o osso na boca.

São suficientemente cretinos para armarem qualquer jogada, sob uma faixa de “legalidade”, para assegurem o trono como qualquer filho (a) de chocadeira.

A montanha gerou uma ratazana

Favoreceu deputados e senadores, mais do que as instituições democráticas, a reforma política aprovada quinta-feira na segunda votação pela Câmara. Porque, em vez de proibir doações eleitorais de empresas, como seria correto, permitiu que possam ser feitas aos partidos, não aos candidatos, limitadas a 20 milhões de reais. Dá quase no mesmo, tendo como resultado que dinheiro sujo continuará filtrando pelas urnas, com a peculiaridade de favorecer os caciques partidários, que distribuirão os recursos conforme seus interesses, em especial para eles mesmo. As empresas que ultrapassarem o valor fixado ficarão proibidas por cinco anos de participar de licitações e de celebrar contratos com o poder publico, penalidade fácil de contornar dada a multiplicidade de empresas pertencentes a um mesmo grupo. Aquela que estiver realizando obras para o governo federal não poderá doar para campanhas de presidente da República, mas suas irmãs gêmeas poderão.

Favorecimento inexplicável é a permissão para o troca-troca de partidos por trinta dias a contar da aprovação da lei, uma bofetada na fidelidade partidária, de encomenda para acomodar interesses subalternos. Outra aberração aprovada refere-se ao funcionamento dos partidos de aluguel: em vez de exigir votação considerável para cada legenda, a nova lei exige que apenas disponham de um parlamentar, entre 513 deputados e 81 senadores. Com uma solitária presença no Congresso, o partido de brincadeirinha terá direito aos recursos do Fundo Partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão. Foi também para o espaço a proposta um dia levantada pelo ex-senador Pedro Simon, de que a propaganda gratuita deveria limitar-se a um estúdio, um microfone e um banquinho para o candidato sentar. As grandes e custosas produções continuam permitidas.

Duas medidas acoplam-se às necessidades e à lógica: as urnas eletrônicas deverão dispor de mecanismo para imprimir o voto digitado pelo eleitor, capaz de facilitar pedidos de recontagem; as posses de presidente da República e governador de estado deixarão de realizar-se no primeiro dia de janeiro seguinte às eleições, mas dia 4, para os governadores, e dia 5 para o presidente. Enseja-se que convidados estrangeiros possam vir ao Brasil com mais comodidade, apesar de uma inusitada prorrogação de mandatos.

Uma alteração votada, no entanto, não será aprovada no Senado, nem que a vaca tussa: a limitação de todos os mandatos legislativos e executivos a cinco anos. Os senadores dispõem de oito anos, historicamente. Foram garfados pelos deputados, que por sua vez prorrogaram-se, passando de quatro para cinco anos. Como depois de o Senado vetar essa modificação a matéria retornará à Câmara, basta verificar os números, pois uns são 513, outros 81.

Os deputados revogaram a reeleição para cargos executivos, não podendo mais os presidentes, os governadores e os prefeitos concorrer a um segundo mandato imediatamente depois do primeiro. Ignora-se como reagirão os senadores, mas no caso da manutenção do princípio, no Senado, a segunda volta na Câmara deverá restabelecer a proibição.

Em suma, e com todo o respeito, senão gerou um rato, a montanha deu à luz uma ratazana.

Os próximos capítulos

 Após algumas das semanas mais críticas da crônica de horrores que o acompanha desde outubro de 2014, o governo considera que a pressão foi algo aliviada após a caudalosa entrevista da presidente à Folha e seu sumiço internacional subsequente.

Auxiliares presidenciais pontuam o "algo" do alívio, apesar da retórica de Dilma "Eu Não Caio" Rousseff, de resto reprovada pelos próprios, cientes da fragilidade da chefe.

A prudência se dá pelo óbvio. O governo tem muito pouco a oferecer e está basicamente na mão do PMDB. Será o partido no comando do Congresso e da vice que, considerando improvável a cassação do diploma de Dilma pelo TSE, definirá o ritmo do esticamento de uma corda que para muitos já parece arrebentada.

Por ora, o que o Planalto pode ofertar é fisiologia comezinha, já que o dinheiro acabou. Precisa empacotar melhor os planos que tira do chapéu: a MP flexibilizando salários e jornadas foi um exemplo acabado de como não apresentar uma medida importante à sociedade.

E tem de rezar para a melhora econômica, central para a sobrevivência ou não do governo. Para tanto, a medida "tipo tipo" deixada no ar pelo dilmês empregado na entrevista será uma última tentativa de convencer o mercado de que o ajuste fiscal é sério; o governo sabe que a recessão com inflação está envenenada pela deterioração de expectativas.

Além de buscar mais arrecadação, o que está sendo elaborado agora é algum tipo de corte mais qualificado nos gastos do governo. O "tipo tipo" é tesourada, das bravas.

A questão é que o tempo da economia não é o mesmo da política. A Lava Jato segue implacável, e há o temor de que as ruas voltem a rugir no protesto de 16 de agosto.

Para tentar auscultar o movimento, o Planalto já montou uma central de monitoramento de rede sociais. A essa altura, contudo, é praticamente tudo o que pode fazer.
 Igor Gielow

Lula Massa e a classe operária que não vai ao paraíso

“A classe operária vai ao paraíso” (La classe operaia va in paradiso) é um clássico do cinema engajado. Filme italiano, lançado em 1971 e ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes no ano seguinte, foi dirigido por Elio Petri, com argumento e roteiro dele próprio, e Ugo Pirro. A história mostra a realidade das fábricas e dos ambientes além das linhas de produção. No Brasil, nos anos de chumbo, fez sucesso em cinemas alternativos e cineclubes. Era o contraponto aos sindicatos controlados por pelegos que apoiavam o regime militar, muitos dos quais ex-interventores do Ministério do Trabalho.

O protagonista da história é Lulu Massa, um operário consumido pelo capital e cujo trabalho estranhado consome sua vida. A fábrica adota sistema de cotas (metas) que intensifica a produção. Ele é o operário-padrão da fábrica, sendo hostilizado pelos demais companheiros de chão de fábrica. Após perder um dedo na máquina, Lulu adota uma atitude crítica ao modelo de exploração, confrontando a gerência. Os operários (situação e oposição sindical) contestam as cotas. Após uma greve, Lulu é demitido. Depois de negociações, ele consegue ser readmitido na fábrica, volta à linha de produção. Torna-se um líder autêntico.

É inevitável a comparação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder operário que chegou ao paraíso do poder. Protagonista da primeira grande greve operária do regime militar, depois das paralisações isoladas de Osasco (SP) e Contagem (MG), em 1968, Lula emergiu para a cena política nacional nas greves de metalúrgicos do ABC paulista de 1978. Foi essa a gênese da criação do PT, em 1979, e da CUT, em 1983, instrumentos que o levaram à Presidência da República.

Quatro anos e meio após deixar o poder, Lula está de volta às assembleias e encontros sindicais. Luta para salvar do fogo do inferno o seu legado político. Na sexta-feira, participou da plenária da poderosa Federação Única dos Trabalhadores (FUP), em Guararema, São Paulo, vestido de macacão laranja, a cor dos uniformes da Petrobras. Já não organiza a defesa de empregos e salários, seu objetivo é a preservação do poder, que escorre pelos dedos com o fracasso do governo Dilma Rousseff.

Mais uma vez, Lula puxou a orelha da presidente , a pretexto de defendê-la: “Eu penso que ela tem que priorizar andar por esse país. Ela tem que botar o pé na estrada. Em vez de ficar na televisão ou na internet ouvindo os que falam mal dela, ela tem que ir para a rua conversar com o povo, que está torcendo e querendo que ela governe esse país da melhor maneira possível”. Acontece que Dilma não tem condições de correr para o abraço com o povo. Aonde for, será vaiada; aplausos, só da claque organizada, como a de Guararema.

A CUT, como o PT, perdeu capacidade de mobilização. De nada adianta o “Lula lá” dos sindicalistas reunidos no litoral paulista diante das consequências da roubalheira na Petrobras, para a qual os sindicatos fizeram e ainda fazem vista grossa. Na véspera do encontro, por exemplo, o Estaleiro Mauá, localizado em Niterói, suspendeu suas atividades por tempo indeterminado. Cerca de 2 mil trabalhadores foram dispensados após o término do expediente. O setor já cortou mais de 14 mil vagas desde o início do ano, atingindo mais de 100 mil pessoas indiretamente. Motivo: atrasos nos repasses da Transpetro e da Petrobras.

A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE mostra que a massa salarial real habitual (sem o 13º salário) diminuiu 10% entre novembro do ano passado, pico dos últimos anos, e maio deste ano. E a situação se agrava. A Volkswagen negociou com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a inclusão de mais 2.350 trabalhadores no sistema de lay-off. A Ford promove “parada técnica” de produção e férias coletivas para trabalhadores nas fábricas de São Bernardo e Taubaté. Até a JBS, “campeã nacional” do processamento de carne, anunciou que concederá férias coletivas a 400 funcionários da sua unidade de bovinos em Nova Andradina, em Mato Grosso do Sul. Um dia antes, suspendeu as operações em sua planta industrial de Cuiabá (MT).

Em vez do prometido aos trabalhadores durante a campanha eleitoral, em seis meses de segundo mandato, o governo Dilma abriu-lhes a porta do inferno. A inflação esperada para 2015 era de 6,4%; hoje, a expectativa está na casa dos 9%. A elevação estimada da taxa Selic para o ano é de 14,25%, em comparação com 12,5% previsto em janeiro. Previa-se, no início do ano, uma contração de 0,5%. A recessão, porém, é mais acentuada e pode chegar a menos 2%. Numa imagem figurada, é como se Lulu Massa travasse a engrenagem da linha de produção com uma barra de ferro. O país enguiçou.

E como falta ainda o que ver!

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Há ainda muita água a correr debaixo da ponte, é o que se sabe. Falta raciocínio e sobra fígado
Ruy Fabiano, "O governo e o xadrez"

Para que serve um jornal

O que um jornal não deve ser:

* apenas um prédio cheio de gente e de máquinas capazes de produzir a cada expediente um número variável de folhas com um apreciável volume de informações;

* apenas a soma de registros necessários para orientar a vida das pessoas a curto prazo.

* ou uma espécie de ata do cotidiano de um lugar ou de um ajuntamento de lugares.

* muito menos deve ser acima de tudo uma oportunidade de negócios para proveito dos que são os primeiros a dele beneficiar-se. A saber: acionistas, empregados e fornecedores.

O que um jornal deve ser:

* um espelho da consciência crítica de uma comunidade em determinado espaço de tempo Um espelho que reflita com nitidez a dimensão dessa consciência.

Um jornal pode estar até mesmo adiante do sentimento das pessoas que o leem. E feri-las por causa disso. Mas se for crível e honesto, poderá operar a mudança do sentimento.

A única coisa que um jornal não pode é deixar-se ficar para trás quando seus leitores avançam. Porque não haverá futuro para ele.

A democracia depende de cidadãos bem informados.

Jornal depende da confiança pública.

Antes de ser um negócio, jornal é um serviço público. E como servidor público deverá proceder.

Mais do que informações e conhecimento, o jornal deve transmitir entendimento. Porque é do entendimento que deriva o poder. E em uma democracia, o poder é dos cidadãos.