quarta-feira, 27 de maio de 2015

A verdade existe!


Num país onde mentir é a norma, a afirmação assusta, muito embora nenhuma verdade possa ser absoluta ou “verdadeira”. No entanto, sabemos que ela deve ser discutida e tenazmente procurada, como naquela admirável novela de Jorge Amado sobre o Capitão de Longo Curso, o venturoso Vasco Moscoso de Aragão - um dos poucos mortais cujo sonho foi capaz de dobrar a realidade.

Jorge Amado - cujo espírito literário eu invoco e solicito nesse (con)texto - fabricou esse espantoso personagem no livro Os Velhos Marinheiros, cuja 26.ª edição, publicada em 1970, jaz falante e encantada ao meu lado.

Nada como pegar, sopesar, tirar a poeira e amorosamente reabrir um livro lido na juventude e revisitar suas páginas na velhice, sentindo o mesmo arrebatamento. Nada como recordar os parcos (e, por isso mesmo, definitivos) encontros com seu autor e ter sido mencionado com dignidade em sua autobiografia, Navegação de Cabotagem. Nada como ressuscitar pelo espírito da literatura esses heróis fantásticos na sua pródiga e brasileiríssima ambiguidade.

O livro abre com uma reflexão sobre a morte e as mortes de Quincas Berro D’Águae prossegue com o brilhante romance biográfico de Vasco Moscoso de Aragão. Nos dois casos, o autor usa uma linguagem cartorial, daquelas que listam fatos com desapaixonada e malandra eficiência. O partido a ser tomado é o da fantasia que, como a verdade, deve prevalecer sobre a calúnia e a mentira - essas irmãs da exploração e do fascismo.

Nos dois casos, trata-se de evidenciar os fatos, pois os heróis têm duas vidas. Qual seria a verdadeira? Para tanto, como assevera Jorge Amado pela boca de seus narradores que fazem parte da narrativa, é preciso chegar ao fundo do poço, onde se encontra a verdade.

“A verdade está no fundo de um poço num livro ou num artigo de jornal. Em todo o caso, em letra de fôrma, e como duvidar de uma afirmação impressa? Eu, pelo menos, não costumo discutir, muito menos negar, a literatura e o jornalismo” - completa o narrador, com minha total aprovação.

Ou, como aprendemos com o Dr. Siqueira, “juiz aposentado, respeitável e probo cidadão, de lustrosa e erudita careca, (...) tratar-se de um lugar-comum”. Mas como esse mesmo entendido em leis, julgamentos, denúncias e mentiras complementa com “voz grave, de inapelável sentença, (...) a verdade está no fundo do um poço, mas lá se encontra inteiramente nua, sem nenhum véu a cobrir-lhe o corpo, nem sequer as partes vergonhosas. No fundo do poço e nua”. Decreta o Dr. Siqueira.

Por isso, descubro eu - antropologista de longa vida, muito trabalho e de pequeno curso, quem não gosta de nudez não aprecia e verdade e dela não gostando, jamais desce ao fundo do poço. Não têm a coragem, pois mesmo na ética mais rústica, há o dever de ouvir o outro lado - de dizer o que o outro, o bandido ou o acusado teria dito. Sem isso, qualquer pecha ou acusação vira morfeia.

Ou seja: descer ao fundo do poço e, com uma boa lanterna, descobrir a verdade verdadeira, nua e crua, é um dever e uma exigência ética. Sem ela, o que seria dos pobres, dos fracos, dos sem fama e dos que ainda têm vergonha na cara? Mas quem, neste nosso Brasil de hoje, pode se permitir essa viagem para o fundo do poço, a não ser os de petróleo para roubar?

Acontece, entretanto, que a verdade existe e você a encontra ao lado da boa-fé e da honestidade lá no fundo do poço e nuinha, como diz o livro de Jorge Amado. Querem prova?

Na semana passada, uma crônica intitulada Ruas Sem Nome, na qual mencionei um personagem com quem convivi na minha vida de antropologista de longo curso. Dono de um bar, era uma figura folclórica e querida. Era conhecido como Caxixê. Fora do bar, foi um chefe de família impecável. Teve filhos e deu aos seus descendentes o nome de um estadista aliado do final da segunda guerra (1939-1945). Havia o Getúlio, o Stalin, o Churchill, o De Gaulle e o Roosevelt, com tive contato porque ele era caixa e gerente do Banco da Amazônia, no qual eu depositava meu cheque de pesquisa, um cheque visado que hoje é - como a verdade - peça de museu. Desse Roosevelt, o velho Caxixê tinha um enorme orgulho.

A crônica versou sobre isso e sobre o papel dos nomes. Alguém duvidou: minha história era muito boa para ser verdade. Mas eis que hoje, quinta-feira, dia 21, recebo uma mensagem das senhoras Elsa Barroso e filhos; e de Rosiane Barroso, confirmando minha história. Ambas me oferecem residência e conforto em Belém e uma delas é filha do Franklin Roosevelt Braga Barroso, que tanto aplainou minha vida naqueles velhos tempos.
A mensagem confirma a verdade! Foi prova de que ela existe, embora esteja no fundo do poço. Meu velho coração ganhou alento. Nem tudo está perdido. Pelo menos não completamente perdido.
PS: Você pode achar que isso é pouco. Mas para mim é o testemunho que as vidas são feitas de pequenas coisas. Pois nenhuma mentira, por mais eloquente, resiste a um grão de mostarda.

O que resta ao brasileiro

Impostos no Brasil retorno Boomerangue Bumerangue mata brasileiro sangue peito

O que mais resta a fazer a quem é assaltado por uma quadrilha de bandidos se não tem com que se defender? ... Fazer de conta que está morto, darling, fingir-se de morto...
Miguel Ángel Astúrias – Week-end na Guatemala


Sair da crise é o milagre brasileiro de hoje. Apesar de não serem autorizados a fazer milagres, os petistas estão prontos a conseguir essa façanha. Novamente enganosa como criar aquele de um grande desenvolvimento que nos levou ao buraco.

Milagre só com força divina e não há santo petista que esteja assim com grande influência junto aos poderes celestiais. Perderam demais ao se aliar ao diabo para assegurar o trono do poder. Pagam ainda pouco do muito que devem ao inferno, que não costuma deixar furo na cobrança.

As contas estão chegando e o ajuste não fecha porque governar não é apenas fazer continha caseira de débito e crédito como ensinam os economistas pela tevê. Vai mais além do que a vã consciência dos governantes brasileiros acostumados às pirotecnias contábeis. Não se faz nas coxas nem se pode recorrer à ajuda dos santos dos endividados para deixar as contas zeradas.

O custo de um país leva anos para ser pago. Um rombo como o do PT em 12 anos - o 13º é de tentativa de acerto - será levado na canga do povo ainda por muito tempo, bem mais do que anunciam.


As promessas econômicas se baseiam em números, mas são condicionadas e influenciadas pelo dia a dia sempre turbulento da sociedade e da política. Por mais que falem de melhoria na próxima temporada, já se prevê menos, e bem menos do que apregoam os arautos cúmplices. E os gastos continuam a bater nas portas do Planalto, sempre blindadas.

Dilma acredita, fiel à própria incompetência, que as anunciadas concessões de junho podem ajudar a sair do buraco. O gesto é daquela família endividada que vende o que deixou virar quinquilharia. Como não cuidou como deveria quando governo, deixando tudo ser sucateado, agora vai vender a preço de banana para arrecadar dinheiro. Só isso mostra o tamanho do buraco em que enfiou o país.

Ficaram mais de uma década sem cuidar do público e agora passam as concessões ao empresariado privado por um trocadinho que recoloque a imagem deles no paraíso.

É nessa brecha que aparecem com salvas e pompa os chineses para colocar Dilma de volta à agenda positiva. Mas não se pense que os dólares são um negócio da China, são negócios chineses que sabem muito bem negociar. Não virão à toa para brincar nem darão dinheiro por também terem bandeira vermelha.

Palmas para o governo e que se contente o povo em ser roubado e ver o patrimônio nacional sucateado para atender ao poderio partidário. Ao povo, as contas!

Estado dilapidado

Estamos todos mortos, sim de vergonha, de falta de respeito ao erário público, da ausência de governabilidade, de lideranças políticas e acima de tudo de uma visão estadista para o Brasil. Vivemos o estágio mais glamouroso dos Brics - que em outras palavras sua conotação passa a ser a seguinte: Brasil, Recessão, Inflação e Corrupção.

Socorro da China que entrou de sola pisando fundo e querendo levar tudo de mais barato para, no porvir, trazer sua mão de obra e despejar nos canteiros de todo o País.

Ninguém duvida depois do forte ajuste fiscal que o Brasil foi corroído, carcomido e dilapidado na última década perdida, e como isso acontece num passe de mágica sucede por um conjunto inimaginável de erros, falta de fiscalização, supervisão, aliados à incompetência da visão de mercado e o esdrúxulo viés da inclusão social e fartura para todos indistintamente.

No dia que o crédito fácil acabou, que a indústria automobilística não teve a redução de impostos ou que a desoneração da folha ficou longe do seu padrão, as empresas começaram a pedir, lenta e gradualmente, recuperação judicial e o Estado Brasileiro está literalmente falido.

O Brasil precisa aprender, e rapidamente, a ser um País honesto, decente e moralmente capaz para os ambientes de negócios, no momento ímpar a sociedade vê com tristeza o Estado do bem estar social ser substituído pelo estado assassino. Sim, sem dúvida, quando deixa matar impunemente em vários cantos do País, quando não abastece de remédios as farmácias, ou priva do essencial serviço público sua população, tornando refém do mais perfeito golpe que sequestrou o Estado brasileiro em mãos de um grupo obcecado pelo poder,com sede e fome de corrupção.

Quem pagará a conta, mais uma vez: a sofrida classe média, com o desemprego em alta, inflação igualmente, balança comercial em queda, exportações reduzidas e uma crise moral e financeira sem antecedentes na longa retomada de uma democracia institucional.

Erramos e não foi um ponto fora da curva foram quase todos, pois não soubemos planejar, não aproveitamos a maré alta, nem os impostos com elevação da arrecadação, e fomos pioneiros em gastos supérfluos na ajuda aos países vizinhos, à gastança da copa do mundo, das olimpíadas, e nada mais se faz do que terminar com a produção e desavergonhadamente reduzir o nível da indústria nacional.

Distanciamos e muito dos americanos e dos europeus e hoje sentimos os reflexos desse divórcio. Nosso diálogo ficou restrito ao inexistente Mercosul, bancos públicos e privados endividados.

Para que se tenha uma ideia da macrocrise de 7 milhões de empresas nacionais, mais de metade está com restrição ou problema no acesso ao crédito. Enquanto isso, o BNDES não revela e não deixa qualquer cidadão saber o destino dos seus recursos.

Enfim a tragicomédia que assola agora a terra brasilis ao mesmo tempo que expulsa sua juventude mostra-se hospitaleira para receber todos aqueles vindos de países em guerra, com terremoto, ou epidemias constantes. Se não corrigirmos o rumo e programarmos reformas em todos os campos, e os mais afetados serão saúde e educação do corte de 70 bilhões.

A nossa população saberá exercer a verdadeira cidadania nas próximas eleições em 2016. Pena que faltem candidatos à altura de uma boa governança e de uma transparente democracia, exceto se importarmos políticos honestos e eticamente comprometidos com o interesse público, pois nosso horizonte de bons políticos enfrenta uma recessão e carência as quais afetam o futuro da Nação.

A natureza brasileira?

A série de estatísticas da violência é menos para assustar e mais para lembrar que uma sociedade brutalizada não se desconstrói do dia para a noite. A semente nociva do desprezo pela integridade física do outro está em nós. Diante de um crime hediondo, a mais cândida das avós é capaz de propor técnicas de tortura de fazer corar agente do DOI-Codi. O Brasil precisa se confrontar com sua natureza bárbara e firmar um urgente pacto pela vida
Flávia Oliveira 

Svengali de si próprio

Certa vez, Nelson Rodrigues definiu a pessoa absolutamente só como um "Robinson Crusoé sem radinho de pilha". Mas Dilma Rousseff está pior do que Robinson –abandonada até por aqueles que, no dia seguinte à sua reeleição, ainda lhe faziam rapapés. Não será surpresa se, em breve, não tiver sequer um contínuo para lhe levar cafezinho.

O eleitorado a abandonou porque descobriu que ela mentiu –o país que ela descreveu não existia. Os sem-terra, sem-teto e sem-ética também a abandonaram porque acham que ela os traiu. O PT, idem, porque as duras medidas econômicas que ela precisa tomar para tapar os buracos que seu governo abriu atingem a massa trabalhadora, o que deixa mal o discurso do partido. E o próprio Svengali que a inventou, o ex-presidente Lula, já está lhe mostrando a língua, embora, por enquanto, delegue a função de atacá-la ao seu pajem, o senador Lindbergh Farias.


O que me pergunto é se Dilma foi a única autora do programa de seu primeiro governo, que quase quebrou o país, dos pronunciamentos triunfalistas que fez à nação naqueles quatro anos e das promessas eleitoreiras que conduziram à sua segunda vitória. Não consigo visualizá-la sentando-se a um computador, hesitando por alguns segundos diante da tela em branco e finalmente pondo-se a escrever os projetos de lei, medidas econômicas e material de propaganda.

Quero crer que as decisões estratégicas de Dilma 1, os textos de suas mensagens delirantes e as mentiras de campanha tenham sido pensados, escritos, revistos e aprovados por seus auxiliares diretos no governo –companheiros de partido–, os quais nunca tomariam iniciativas que discordassem das orientações do líder maior, que é Lula.

Donde, se Dilma fracassou, quem é o responsável? Hoje parece claro que Lula só deu certo como o Svengali de si próprio.

Os trabalhadores não têm partido e o partido não tem trabalhadores


Pouco antes de morrer, aos 90 anos, Luiz Carlos Prestes declarou, num programa de televisão, que os comunistas não tinham partido, e que o partido não tinha comunistas. Respondia a uma das maiores iniquidades políticas jamais praticadas entre nós, sua expulsão do PCB por um grupo de anões que a História sepultou.

O tempo passou mas as lições do Cavaleiro da Esperança permanecem. O PT ainda não rejeitou seu líder maior, mas a conclusão surge clara: os trabalhadores não tem mais partido, e o partido não tem trabalhadores.

Dá pena verificar os companheiros, com raras exceções, votando as medidas provisórias que restringem direitos trabalhistas e previdenciários, do seguro desemprego ao abono salarial e às pensões das viúvas, aplaudindo o aumento de impostos e calando-se diante do lucro dos bancos. Como o Lula permanece em silêncio, como fez durante algum tempo o velho Prestes, haverá que esperar o inevitável. Não demora que os anões de hoje venham a afastar o torneiro-mecânico de ontem. Dilma está para Giocondo Dias assim como Aloízio Mercadante para Roberto Freire.

A gente pergunta como foi possível o grupelho dito comunista renegar seu líder maior e até, mais tarde, mudar de sigla, tornando-se um invertebrado PPS, linha auxiliar do neoliberalismo. Mas não é que a História se repete como farsa? O Partido dos Trabalhadores perdeu os trabalhadores e deixou de ser partido. Companheiros em profusão aderiram às benesses do poder, alguns até mergulhando na corrupção desenfreada. Há anos que não se tem noticia de protestarem contra a farsa do salário mínimo. Esqueceram a importância de conquistar os meios de produção. Tornando-se primeiro em clubes recreativos, os sindicatos transformaram-se em atalho para a burguesia. Suas bancadas no Congresso apoiam a terceirização e não se lembram mais da taxação das grandes fortunas. Acomodaram-se à sombra das mordomias. Preferem ser consultores em vez de trabalhadores.

O desfecho parece próximo. Fica a dúvida: quem representará os oprimidos? Foi o Lula, um dia, mas fora uns poucos sabujos de agora, falta-lhe o suporte que também faltou a Luiz Carlos Prestes. Náufragos solitários, restou a um, como ainda resta ao outro, cultivar o inconformismo e acreditar na mudança. Recomeçar.

O prêmio

Uma incógnita. Até onde pode nos levar nossa mesquinha, incansável, porque insaciável, ambição de poder? Porém, tudo se resume a isso: o prêmio final se chama Poder.

Rachel de Queiroz

Universo Pollyana

O alto preço da prática ilusionista já começou a chegar para os petistas. E a um custo trágico para a sociedade brasileira
Pollyana, aquela garota pobre imortalizada por Eleonor Porter num dos maiores clássicos da literatura infantojuvenil, vivia em universo próprio. Desejava receber uma boneca de presente, mas ganhou um par de muletas. Para não vê-la triste, seu pai lhe aconselhou a ficar satisfeita pelo fato de não precisar de muletas.

Desde então a menina passou a praticar e ensinar às pessoas o jogo do contente, que consiste em sempre imaginar um lado bom nas coisas.

Habitam esse universo muitos membros dos últimos três governos petistas. Não estamos aqui nos referindo apenas ao chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que foi apelidado de “ministro Pollyana” por seus companheiros de governo. Mas aí se incluem nomes como o do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e sua mania compulsiva de desempenhar o papel de Alice no País das Maravilhas inventando PIBs inexistentes e negando todas as crises.

O jogo do contente também tem sido um esporte praticado à exaustão por governistas de calibre mais grosso, a começar pelo ex-presidente Lula, autor de uma frase que nem mesmo Pollyana seria capaz de criar: “Lá (nos EUA), ela (a crise econômica) é um tsunami; aqui, se chegar, vai ser uma marolinha que não dá nem para esquiar”. Soma-se ao time a presidente Dilma Rousseff, que vendeu ilusões na campanha eleitoral e agora entrega uma mercadoria trágica, e o próprio “realista” Joaquim Levy, cuja previsão sobre a superação da atual crise, já em 2016, é um ato de fé.

A crise econômica é muito mais grave do que eles falam e nada justifica o otimismo que vendem. Está mais próxima da verdade a avaliação do economista João Manoel Cardoso de Mello, segundo a qual a queda do PIB deve ficar entre 1,5% e 3% e o desemprego entre 10% e 12%.

Não há jogo do contente capaz de esconder a tragédia que está se formando. A face mais visível para os brasileiros é a inflação, que faz cair ainda mais a renda familiar, e o patamar do desemprego. Entre jovens de 18 a 24 anos, ele já bateu a casa de 17% no primeiro trimestre do ano. Esse é o lado mais perverso: jovens abandonam a escola para tentar entrar no mercado de trabalho e não conseguem.

Governante nenhum deveria imitar Pollyana. Todos sabem que a vida das pessoas não muda por meio da venda de otimismo e alegria que não tem relação alguma com o cotidiano. Se ingressam no universo da heroína de Porter é por pura incompetência ou por desfaçatez, com o propósito nítido de esconder do povo a dura e crua realidade.

Só assim pode ser entendida a manobra arquitetada por Lula e Dilma ao tentar criar uma agenda positiva em junho, com o anúncio de programas que certamente não sairão do papel.

Vem aí, portanto, versões recauchutadas do Minha Casa Minha Vida, PAC, Pronatec, Luz para Todos e assim sucessivamente. O governo vai bater o bumbo, fazer oba-oba e tentar criar um clima favorável por meio de bilionárias campanhas publicitárias.

Enquanto isso a incompetência petista está por todo lado, como na falta, em 17 estados do Brasil, da vacina BCG que protege as crianças recém-nascidas contra a tuberculose. Imunização fundamental que tem que ser aplicada nas primeiras horas de vida.

O alto preço da prática ilusionista já começou a chegar para os petistas. E a um custo trágico para a sociedade brasileira.

A obra Pollyana, ficção que atravessa o tempo, é recomendada mesmo para os jovens de hoje, mas sua imitação grotesca por parte de Lula e Dilma é uma interminável história de horror.

'Querida companhia'

No feirão da Petrobras, privatizar é o epílogo de um projeto político que ainda era construção quando se tornou ruína

Números falam, e nem sempre revelam coisas agradáveis. O caso da Petrobras sob o governo Dilma Rousseff é exemplar: a estatal perdeu 73% do valor das suas ações em dólares, entre janeiro de 2010 e dezembro passado.

Pela calculadora de gestoras de fundos, como a Canepa Assets, equivale a tocar fogo numa pilha de US$ 83 bilhões — mais de três vezes o valor estimado do controvertido “ajuste” nas contas governamentais.

É apenas um pedaço da conta. Menos visível é a dívida de US$ 130 bilhões acumulada nos 11 anos dos governos Lula e Dilma.