domingo, 26 de abril de 2015

A implacável lógica da mentira


Maioria dos que contestam o PT não é ‘direitista’. São brasileiros que querem que instituições funcionem, em particular a Justiça

A mentira tem uma lógica implacável. Só é possível mantê-la graças a mais mentiras. Essas mentiras a mais vão exigir, para que não sejam descobertas, uma cadeia de novas mentiras. A mentira é um poço sem fundo. Com o tempo, ela invade tudo e passa a alimentar-se a si mesma.

Para o mentiroso, o hábito da mentira acaba por transformá-la na sua verdade. Ele se sente injustiçado quando o acusam de mentir. O impostor que se apresenta como herói sofre quando lhe dizem que ele não é senão um impostor.

Foi essa logica diabólica que enredou o Partido dos Trabalhadores desde que suas lideranças começaram a mentir.

Seus militantes negam as acusações de corrupção sabendo que elas são verdadeiras. Confrontados a provas irrefutáveis, alegam estar a serviço de uma causa nobre — são os únicos que estão verdadeiramente do lado dos pobres — o que, na linha dos fins que justificam os meios, os absolveria. Argumento tragicômico. A causa dos pobres é a primeira vítima dos desvios de dinheiro público.

Protegem-se das críticas repetindo a arenga da “esquerda” contra a “direita”. E a “direita” amalgamaria todos que não compram a versão dos heróis ofendidos.

Que esquerda é essa que o PT estaria encarnando? O que o partido fundado por grandes brasileiros, como Mario Pedrosa e Paulo Freire, fez de si mesmo, seu colapso ético que desrespeitou um passado honroso e o comprometeu com uma corrupção sistêmica, não lhe autoriza a invocar o monopólio da preocupação com os mais pobres e do projeto de assegurar a todos os meios de sua dignidade.

Somos muitos no Brasil os herdeiros de um princípio de solidariedade e de igualdade, que um dia definiu a esquerda. Somos muitos, ancorados em uma consciência democrática, a honrar essa herança sem renunciar à inegociável liberdade.

À esquerda de quem estão os tesoureiros presidiários? O dossiê judiciário que se acumula contra seus dirigentes coloca o partido não à esquerda, porem à margem. Na marginalidade.

Que direita é essa com que nos assombram? A estratégia petista para manter seu poder tem sido promover a radicalização ideológica. Ameaçando as ruas com supostos exércitos do MST, pela provocação acordam fantasmas adormecidos, dando-lhes um protagonismo que já não têm. Esses fantasmas de uma volta ao passado servem então de espantalho e fica mais fácil dizer “quem não está conosco está com eles”. O amálgama desqualifica, por contágio, todos que se opõem aos seus desígnios.

A esmagadora maioria dos que hoje contestam o PT não é “direitista”. São brasileiros que querem que as instituições funcionem bem, em particular a Justiça. São pessoas que ganham a vida com o seu trabalho e a quem, por isso mesmo, a corrupção repugna. Que se preocupam, sim, com políticas que combatem a pobreza e pedem serviços públicos decentes que seus impostos pagam, bem sabendo que a corrupção é o buraco negro que suga os recursos do país.

Não se referem a doutrinas, nem à esquerda nem à direita, referem-se à vida real, querem um governo competente, querem liberdade de expressão para formar livremente sua opinião, querem respeito.

Cansaram da coleção de bonés contraditórios do ex-presidente Lula, da metamorfose ambulante, da farsa dos punhos fechados desses “prisioneiros políticos” de si mesmos, de seu próprio governo. Cansaram das promessas de campanha viradas pelo avesso, dos atos esquizofrênicos em defesa da Petrobras convocados pelos que quase a destruíram. Cansaram da mentira.

Os que se comportaram como donos do Estado quiseram também arvorar-se em donos da sociedade, tentando encapsulá-la nas fronteiras estreitas de movimentos sociais e organizações populares hoje a seu serviço mais do que da expressão autônoma de direitos e identidades. Inútil; a sociedade em sua diversidade é muito mais complexa e insubmissa do que organizações que se tornaram paragovernamentais.

A população brasileira não está dividida pela oposição esquerda e direita. Na nossa democracia cabem todos os atores políticos que se exprimam no marco da legalidade constitucional. O que não cabe mais é a corrupção se intitulando política. E, pior, mais cinicamente, revolucionária. O que não cabe mais é a impostura.

O dicionário “Aurélio” oferece várias definições da impostura, todas em torno da mentira, do embuste, da falsa superioridade. A última a define como o “farrapo que se prende ao anzol para engodar os peixes”. Engodar é seduzir com falsas promessas. O ex-presidente Lula está programando uma viagem pelo Brasil para falar às “bases”. E se os peixes não vierem?

Rosiska Darcy de Oliveira

Quem paga

FIES dilma aponta p diretor e culpa estudantes pelos aumentos nas faculdades

Sísifo chegará ao topo da montanha?

O Brasil vive a maior crise de sua contemporaneidade. Não se trata apenas de uma soma de crises que se imbricam nas teias da economia, da política, da água e da energia, entre outras. Trata-se, sobretudo, de uma crise moral que solapa as bases da credibilidade nas instituições e em seus atores. Daí a dúvida: quando abriremos o ciclo de moralização da vida política no país? Há um fio de esperança? A resposta é sim.


Vejamos as hipóteses. Três vertentes se apresentam como as mais prováveis na esfera das ocorrências futuras: a primeira é de que a atual crise será ultrapassada pela próxima; a segunda, ancorada na banalização, mostra o brasileiro cada vez mais descrente da política; e a terceira, regada a esperança, é capaz de acreditar ser possível uma flor nascer no pântano.

As duas primeiras vertentes são maléficas para o caráter nacional. Comparam-se à maldição de Sísifo. Expliquemos. Condenado a carregar uma pedra sobre os ombros e depositá-la no cume da monta­nha, o matreiro rei de Corinto nunca irá a conseguir o feito. O castigo que os deuses lhe deram no Hades, o mundo dos mortos, era definiti­vo: recomeçar a tarefa todos os dias por toda a eternidade.

Ora, o brasileiro sente que Sísifo está à nossa espreita. Há menos de um ano, as pessoas achavam que a situação começava a melhorar. A pedra poderia chegar ao topo da montanha; hoje, sentem que a coisa está prestes a degringolar. Sísifo, mais uma vez, fracassa. Pois esse é o Brasil do eterno retorno, a repetir o maçante exercício de ver frustradas suas expectativas.

O desalento se instala, sob a banalização de escândalos que abala a confiança social. Daí a indignação, a revolta, a mobilização das ruas, na esteira de uma reação aos desmandos e ilícitos. Críticas ácidas jorram de esquadrões da classe média, cuja repulsa aos eventos da Operação Lava Jato emerge de forma contundente na mídia.

O fio de luz no fim do túnel é a racionalidade fincando suas raízes. Expande-se a locução social com a tuba de resso­nância midiática fazendo eco. As camadas – com acesso à TV e ao rádio – vêem a lama escorrer da arquitetura política e aplaudem as prisões de figuras de alto calibre.

A flor nascerá no lamaçal. A crise que assola o Parlamento deixa os atores atordoados. A mobilização das ruas propaga um sentimento pátrio e uma reação em cadeia. Cristaliza-se a convicção de que a corrupção e a infração a valores morais hão de ser contidos pelas barreiras que a sociedade começa a construir.

Do sentimento de que está sempre vendo as mesmas coisas, o brasileiro extrai a argamassa para construir o edifício do amanhã. Nessa construção, serão plantadas as sementes de reformas fundamentais, a partir da reforma política e de um novo pacto federativo. Já não dá mais para conviver com um modelo político incompatível com uma estrutura racional de Estado e uma gestão moderna de democracia. A continuar a velha modelagem, cairemos fatalmente na ingovernabilidade, com o agravamento das tensões entre insti­tuições e insegurança social.

É possível, até, que não façamos, de imediato, uma reforma política completa. O importante, nesse momento, é tentar reformar o sistema político-eleitoral; modernizar a es­trutura do Estado, a partir de limites sobre competências entre Poderes (pacto federativo) com redefinição de atribuições entre entes; completar a legislação infraconstitucional, que mantém buracos desde 1988; melhorar a qualidade dos serviços públicos; e estancar a escalada tributária.

Acabamos de atualizar os eixos das relações do trabalho com a aprovação na Camara do PL 4330 sobre Terceirização. O Senado não pode e não deve deter esse projeto, sob pena de ser contrário à modernização do país. Precisamos seguir adiante.

Não dá mais para esticar o cordão das crises. O xeque-mate no jogo é a moldura da economia. Diques pontuais para atenuar a onda da recessão, que já dá sinais de vida, só serão eficazes se acompanhados de ajustes em outras frentes. Nunca esteve tão próxima a possibilidade de colhermos uma flor do pântano. A partir das sementes que os centros sociais espalham pelo seu terreno e que deverão chegar até os habitantes da base da pirâmide.

Há um preceito da ciência política pelo qual as grandes mudanças da História são produzidas quando os favorecidos e apa­niguados do poder não têm a capacidade para transformá-lo em for­ça, enquanto os que dispõem de pequeno poderio aproveitam essa capacidade ao máximo para convertê-la em força crescente. Esse é um fenômeno que se instala entre nós. É o que estamos presenciando. Se faltar vontade no andar de cima, sobrará revolta no andar debaixo. No jogo de xadrez, existe a possibilidade de o peão adquirir tanta força quanto o bispo.

De panelas prontas para o 1° de Maio

Diante da corrupção deslavada e de um governo que se comprovou débil, Dilma até deveria ir à telinha no 1º de Maio. Para pedir desculpas. Ainda que tardias
Temerosos de um novo panelaço, os conselheiros de plantão da presidente Dilma Rousseff não querem vê-la em rede de rádio e TV na próxima sexta-feira, 1º de Maio. A inédita ausência seria menos grave do que o desgaste da tradicional presença.

Partido gerado no útero do sindicalismo, o PT preferia não ter de comemorar a data nobre em um ano em que as lambanças de mais de uma década têm de ser corrigidas por um inevitável ajuste fiscal, com peso no bolso do trabalhador. Avalia, então, que é melhor Dilma ficar quietinha.


Foram 9m23s de oba-oba. As obras empacadas do PAC e o Pronatec, com atrasos nos pagamentos e sucessivos adiamentos no início dos cursos – de 7 de maio para 17 de junho e, em seguida, para 27 de julho –, que o digam. O crescimento também não veio.

No ano seguinte, Dilma dedicou boa parte dos 11m12s para escorraçar o lucro abusivo dos bancos privados. Anunciou a redução de taxas nos empréstimos do Banco do Brasil e da Caixa. Hoje, além da alta sucessiva dos juros, agora em 12,65%, não só os bancos estatais pararam de brincar com subsídios como reduziram o volume de crédito. No dia a dia, o cidadão comum, incluindo a tão alardeada nova classe média, está pagando 220% de juros no cheque especial e 345% no cartão de crédito. As taxas mais altas desde 1995.

No 1º de Maio de 2013, com a popularidade batendo em inacreditáveis 79% e apenas dois meses antes das jornadas de junho que a jogou nas cordas, Dilma garantiu que não haveria inflação.

Sempre cheia de si, ela se meteu onde não devia: proibiu aumento dos combustíveis e reduziu em 20% as tarifas de energia. As intervenções desastrosas resultam hoje em aumentos superiores a 40% nas contas de luz, percentual ainda insuficiente para cobrir o rombo que ela provocou, e em gasolina mais cara aqui dentro do que lá fora. Tudo isso para nada. Nos últimos 12 meses a inflação superou os 8%.

Em campanha pela reeleição, o Dia do Trabalho de 2014 serviu para Dilma defender a Petrobras, que já aparecia corroída pelo seu partido desde as primeiras investigações, e para o anúncio de aumento de 10% no benefício do Bolsa Família.

A torrente de dinheiro que jorraria do pré-sal sempre brilhou nos pronunciamentos do Dia do Trabalho. A educação e a saúde seriam salvas pelos royalties do ouro negro que a Petrobras, em modelo de produção partilhada, que substituiu o das concessões e ainda embutiu maior nacionalização no negócio, extrairia do fundo do mar.

O mesmo pré-sal que agora, admite a Petrobras, terá de ter parceiros de risco para sair das profundezas e – se tudo der certo – cobrir parte do prejuízo oficial de R$ 21,5 bilhões por má gestão, R$ 6,2 bilhões surrupiados em prol do PT e dos demais partidos da aliança governista.

Diante da corrupção deslavada e de um governo que se comprovou débil, Dilma até deveria ir à telinha no 1º de Maio. Para pedir desculpas. Ainda que tardias, poderiam reduzir o eco das panelas.

Falou. Não se desculpou


Dilma, como se espera de um poste, não fez nenhum gesto de pedir desculpas ao país. Com a cara de pau de sempre e a imaculada inocência dos culpados, acredita que o balanço da Petrobras jogou para debaixo do tapete a sujeira, o roubo, a falta de administração e principalmente o descaso com a população. Coisa de faxineira, contratada por temporada, não de presidente.

Dizer que a empresa "superou os problemas de gestão ligados à questão da Lava Jato, que ainda estivesse pesando" e agora vai lutar pela "recuperação". Aproveitou para enfiar no saco de cretinice a "reconstrução" como compromisso próprio e do seu governo. Falta de vergonha na cara explícita de quem esquenta o assento.

Logo ela que foi a toda-poderosa na empresa durante mais de uma década, a responsável pelos lucros e prejuízos, corrupção e roubos, vem agora falar em reconstrução por estar em jogo a "soberania nacional" e a "educação brasileira"? Tá de brincadeira ou menospreza a inteligência dos brasileiros para quem diz governar.

Dilma garante não apenas o título de primeira mulher a ocupar a presidência no país, mas exemplo da pior, mais desastrosa, incapaz e corrupta administração da história brasileira. Se sua imagem foi vendida como guerreira logo passou a faxineira, o que nunca no governo deixou de ser.

Tratar com falas de encomenda o desastre que foi a roubalheira na Petrobras – sem falar no que pode explodir, por exemplo, no BNDES – é se lixar para quem trabalha e paga seus impostos, acreditando em governança honesta e séria, no mínimo.

Dilma não pediu desculpas, nem pedirá, porque se acha a tal, cúmplice impune e imune, de um prejuízo que levará anos a ser pago. Sem contar os desastres sociais decorrentes de uma Petrobras quase no fundo do poço: obras paradas sem perspectiva de reinício, cidades abandonadas à própria sorte, desemprego, estagnação.

A história não negará à presidente, como a seu antecessor e criador, o verdadeiro epílogo de suas biografias: desastrados morais sob a faixa governamental.

Cuidado!


Incapazes de decidir mudar o nosso destino como nação, nos entregamos aos mosquitos e aos ratos

O fantasma no Planalto



"Dilma Rousseff está no gabinete, mas não está mais no poder". Está é a nova matéria do The Economist, que pouca repercussão na semana teve. "Menos de quatro meses depois de seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff permanece no cargo, mas para muitos efeitos práticos não está mais no poder. E o esquerdista Partido dos Trabalhadores nominalmente governista (PT) já não dá as ordens em Brasília".

Aponta o jornal: "É um revés extraordinário. Durante 12 anos o PT dominou a política do Brasil, graças às políticas sociais e de relacionamento com as pessoas comuns de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente em 2003-10, bem como para o crescimento inesperados de um boom de commodities que agora terminou. Dilma carece de habilidade política de Lula, e suas relações são agora mal cordial. Mas, ainda assim, a elevação dos padrões de vida eram apenas o suficiente para conquistá-la um segundo mandato em outubro passado".

A guerra do PT

O PT julga que está em guerra. É o que está escrito, com todas as letras, nas “teses” apresentadas pelas diversas facções que compõem o partido e que serão debatidas no 5.º Congresso Nacional petista, em junho.

De que guerra falam os petistas? Contra quem eles acreditam travar batalhas de vida ou morte, em plena democracia? Qual seria o terrível casus belli a invocar, posto que todos os direitos políticos estão em vigor e as instituições funcionam perfeitamente?

As respostas a essas perguntas vêm sendo dadas quase todos os dias por dirigentes do PT interessados, antes de tudo, em confundir uma opinião pública crescentemente hostil ao “jeito petista” de administrar o País. O que as “teses” belicosas do partido fazem é revelar, em termos cristalinos, o tamanho da disposição petista em não largar o osso.

“Precisamos de um partido para os tempos de guerra”, conclama a Articulação de Esquerda em sua contribuição para o congresso do partido. Pode-se argumentar que essa facção está entre as mais radicais do PT, mas o mesmo tom, inclusive com terminologia própria dos campos de batalha, é usado em todas as outras “teses”. Tida como “moderada”, a chapa majoritária O Partido que Muda o Brasil avisa que “é chegado o momento de desencadear uma contraofensiva política e ideológica que nos permita retomar a iniciativa”.

A tendência Diálogo e Ação Petista conclama os petistas a fazer a “defesa dos trabalhadores e da nação”, como se o Brasil estivesse sob ameaça de invasão, e diz que as “trincheiras” estão definidas: de um lado, a “direita reacionária”; de outro, os “oprimidos”. A chapa Mensagem ao Partido quer nada menos que “refundar o Estado brasileiro”, por meio de uma “revolução democrática” – pois o “modelo formal de democracia”, este que vigora hoje no Brasil, com plena liberdade política e de organização, “não enfrenta radicalmente as desigualdades de renda e de poder”.

Da leitura das “teses” conclui-se que o principal inimigo dos petistas é o Congresso, pois é lá que, segundo eles dizem, se aglutinam as tais forças reacionárias. O problema – convenhamos – é que o Congresso representa a Nação, o povo. Se o Congresso resiste a aceitar a agenda do PT, então a solução é uma “Constituinte soberana e exclusiva”, cuja tarefa é atropelar a vontade popular manifestada pelo voto e mudar as regras do jogo para consolidar o poder das “forças progressistas” – isto é, o próprio PT.

Uma vez tendo decidido que vivem um estado de guerra e estabelecidos quem são os inimigos, os petistas criam a justificativa para apelar a recursos de exceção – o chamado “vale-tudo”. O principal armamento do arsenal petista, como já ficou claro, é o embuste. O partido que apenas nos últimos dez anos teve dois tesoureiros presos sob acusação de corrupção, que teve importantes dirigentes condenados em razão do escândalo da compra de apoio político no Congresso e que é apontado como um dos principais beneficiários da pilhagem da Petrobrás é o mesmo que diz ter dado ao País “instrumentos inéditos” para punir corruptos. Há alguns dias, o ex-presidente Lula chegou ao cúmulo de afirmar que os brasileiros deveriam “agradecer” ao PT por “ter tirado o tapete que escondia a corrupção”.

É essa impostura que transforma criminosos em “guerreiros do povo brasileiro”, como foram tratados os mensaleiros encarcerados. Foi essa inversão moral que levou o governador petista de Minas, Fernando Pimentel, a condecorar o líder do MST, João Pedro Stédile, um notório fora da lei, com a Medalha da Inconfidência, que celebra a saga libertária de Tiradentes. A ofensiva dos petistas é também contra a memória nacional.

Ao explorar a imagem da guerra para impor sua vontade aos adversários – inclusive o povo –, o PT reafirma seu espírito totalitário. A democracia, segundo essa visão, só é válida enquanto o partido não vê seu poder ameaçado. No momento em que forças de oposição conseguem um mínimo de organização e em que a maioria dos eleitores condena seu modo de governar, então é hora de “aperfeiçoar” a democracia – senha para a substituição do regime representativo, com alternância no poder, por um sistema de governo que possa ser totalmente controlado pelo PT, agora e sempre.