quinta-feira, 9 de abril de 2015

Chega de intermediários! Lula devia assumir logo o governo


Quem pediu “Volta, Lula!” no ano passado, antes da eleição, agora pode se dar por satisfeito. O ex-presidente nem precisou ser candidato para retornar ao poder. Chegou a participar da campanha, mas apenas simbolicamente. Na verdade, meses antes Lula já estava rompido com Dilma Rousseff, que não quis abrir mão da candidatura e julgou que desta vez poderia governar sozinha. Na eleição, Lula nem queria mais conversa com ela, sua preocupação maior era apenas fortalecer o PT e impedir que o PSDB ou o PSB chegassem ao poder.

O fato é que nunca antes, na História deste país, se viu um governo ser demolido tão rapidamente. Antes mesmo de assumir, já estava destroçado. Dilma ganhou, mas não levou. Ninguém quis aceitar o ministério da Fazenda, ela teve de se humilhar e recorrer a Lula. Teve de aceitar um economista que estava no terceiro escalão do Bradesco, não fazia parte do Conselho nem da Diretoria, tinha a função subalterna de supervisionar um fundo de aplicação financeira de pequena demanda, apenas isso. Joaquim Levy não mandava nada no Bradesco, mas hoje manda no governo e representa abertamente os interesses do banco paulista.

Mesmo Levy tendo com carta branca para comandar a economia, a crise não passou. Pelo contrário, foi se agravando. Dilma teve de se humilhar novamente, pediu socorro a Lula, que deu uma resposta seca: “Se quiser conversar, venha a São Paulo, porque em hipótese alguma irei a Brasília”. Dilma obedeceu. Pegou a Aerolula e foi enfrentar a fera.

Dilma voltou a Brasília com as seguintes determinações de Lula: 1) afastar Aloizio Mercadante e Pepe Vargas da articulação política; 2) buscar um imediato entendimento com o PMDB; 3) recompor-se com Renan Calheiros e Eduardo Cunha; 4) prestigiar os partidos da coalizão, para recuperar a base aliada.

Esta conversa ocorreu numa quinta-feira, dia 12 de fevereiro. Depois do carnaval, Lula pegou o jatinho do empresário José Seripieri Jr. (Grupo Qualicorp), que fica à sua disposição, viajou a Brasília e se reuniu com a cúpula do PMDB e com as lideranças do PT, assumindo ele próprio a articulação política. Na semana seguinte, Dilma também buscou diálogo com o PT e o PMDB, mas Renan recusou o convite dela, a reunião foi um fracasso, e nada de afastar Mercadante e Vargas.

Furioso, Lula chamou o presidente do PT, Rui Falcão, pegou o jatinho de novo e voltou à Brasília para esculhambar Dilma. A reunião foi no Palácio do Planalto e entrou pela noite. A TV Globo mostrou no telejornal a imagem da conversa: Lula gesticulando, irritado, Dilma ouvindo de cabeça baixa, com as duas mãos para trás, e Falcão ao lado, assistindo à cena.

Lula voltou a São Paulo, a crise continuou se agravando e Dilma não afastava Vargas nem Mercadante, alegando que não ainda não encontrara que os substituísse. Saíram as pesquisas Datafolha, MDA e Ibope, mostrando o governo descendo a ladeira, numa celeridade impressionante.

Lula começou a mandar sucessivos recados exigindo a mudança na articulação política, e a pressão era divulgada abertamente pela imprensa, humilhando ainda mais a presidente da República. Dilma não sabia a quem nomear, Lula então mandou que convocasse Eliseu Padilha, uma das raposas do PMDB.

Como ela sempre faz tudo errado, ao invés de se acertar primeiro com Padilha, Dilma foi logo mandando o Planalto divulgar a nomeação. O resultado foi desastroso. Padilha recusou, alegando que a mulher acaba de ter um bebê e lhe pediu que não aceitasse, vejam bem que desculpa esfarrapada.

No desespero, Dilma recorreu a Michel Temer, que não poderia dizer não a convite tão honroso, que o coloca estrategicamente dentro do prédio do Congresso, ocupando o vistoso gabinete da Vice-Presidência, que fica perto do corredor do Anexo I, onde funcionam as comissões.

Será que Dilma Rousseff realmente acredita que Michel Temer vai atuar em favor dela, depois de desprezado por mais de quatro anos? Ontem, ele estreou na função e foi logo mostrando serviço, ao conseguir adiar a formação da CPI do BNDES. Mas nos bastidores, na verdade ele só trabalha para uma só pessoa, que por acaso se chama Michel Temer e é o primeiro na ordem sucessória de um governo que está caindo de maduro, em meio a uma podridão que nunca antes, na História deste país…

No meio desta confusão, Lula está de volta ao poder e Dilma não manda mais nada. Deveriam parar com o fingimento e abrir logo um gabinete para ele no terceiro andar do Planalto.

Marcha para 12 de Abril



Além do Hino Nacional, a marchinha de Juca Chaves, que ironiza a roubalheira doPetrolão, pode ser a trilha sonora para manifestações de rua programadas para domingo, dia 12

Adeus em ritmo de Lava Jato

A honestidade há muito já sumiu,
As consequências vem sempre depois,
Por isso, todo dia pra alegria do Brasil,
Morre um ladrão e nascem dois.

Saí um político, entra outro na quadrilha,
Um marionete de um teatro sem moral,
E o povo que votou pra não perder Bolsa Família,
Já não mais acredita no Pré-Sal.

Enquanto bilionários, funcionários da cobiça,
Investem lá no norte,
No norte da Suíça,

Democracia é isso,
É viajar contente,
Pra Cuba com a nossa presidente.

Infeliz, o país andou pra trás,
Secaram a nossa Petrobrás,
Adeus, ladrões
Adeus,
PT, saudações!

Chutam cachorro morto

Provavelmente você já observou o mesmo que eu. Ao longo dos anos, identificou a posição política dos formadores de opinião atuantes nos veículos a que acessa. Você reconhece, acima de qualquer dúvida, aqueles que emprestaram sua capacidade de influência para ajudar na construção da hegemonia petista. Você pode não saber o clube de futebol pelo qual cada um torce, mas percebe a que projeto político servem.

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Da mesma forma você deve estar percebendo mudanças. De repente, jornalistas que sempre ajudaram o PT com os quatro pés passam a criticar o partido, a apontar nele, como se fossem deformações recentes, defeitos congênitos de conduta moral e posição política que o acompanham desde sua fundação em 1980.

Essas figuras me trazem à lembrança o falecido escritor José Saramago. Comunista, apoiou todas as violências, todas as execuções e todas as formas de repressão impostas pelo regime cubano sobre o povo da ilha entre 1959 e 2003. Nesse ano, após a execução dos três jovens negros que sequestraram uma embarcação e tentaram fugir para a Flórida, o velho rompeu com ele em um artigo publicado no jornal espanhol "El País" com o título "Hasta aquí he llegado". Ou seja, Saramago assistiu passivamente 27 mil mortes, mas 27003 eram demais para seu humanismo e para seus princípios.

Os jornalistas a que me refiro reproduzem essa hipocrisia. Os governos petistas nunca foram diferentes. Seus principais líderes nacionais sempre usaram o Estado em benefício próprio. Nunca tiveram líderes melhores. Nunca andaram em boas companhias. Nunca foram amantes da verdade. Nunca deram aos fatos importância maior do que às versões. Nunca admitiram os próprios erros. A "causa" sempre foi o critério determinante para a justificação de meios escusos. Por isso, processados, condenados e presos, seus líderes viraram, ato contínuo, guerreiros heróis do povo brasileiro.

Enfim, esses jornalistas estiveram com o PT até o dia 26 de outubro de 2014. Mas no dia 27 a casa caiu. Caiu? Eu os assisto agora, eu os leio agora, eu os ouço agora, batendo em cachorro morto. Mudaram de lado? Não! Fazem o mais fácil. Enquanto criticam o PT, escrutinam os milhões de manifestantes segundo suas classes sociais e "raças", identificam-nos como conservadores, como direitistas, como golpistas. Embora os cidadãos das ruas e dos panelaços digam as mesmas coisas sobre o governo, não merecem palavras de estímulo à oposição que fazem. Afinal, isso beneficiaria a intolerável direita, não é mesmo? Continuarão, portanto, disseminando o mal por outros meios. Estão, simplesmente, trocando de montaria. Prefiro os irredutíveis porque são bem identificáveis. 

O diagnóstico equivocado do PT

Ao comprar briga sem ter força para tanto, os petistas acabaram ficando isolados
Decadente e desprestigiado  (Foto: Arquivo Google)Nos últimos dias, o PT tenta esboçar uma reação para sair da defensiva e enfrentar a maior crise política de sua história, comparável apenas à do mensalão. Na semana passada, em um encontro da Executiva Nacional do partido com os 27 diretórios estaduais da legenda e a presença do ex-presidente Lula, foi defendida uma espécie de retorno às origens do partido.

Entre comportamentos a serem adotados mencionou-se a necessidade de uma atuação militante mais forte, em vez de restrita a períodos eleitorais, reaproximação com movimentos sociais e partidos de esquerda, defesa da ampliação dos direitos dos trabalhadores, reforma política, democratização da mídia e reforma tributária mediante taxação de grandes fortunas.

Embora o discurso da direção petista possa ser interpretado como uma estratégia para acenar à esquerda da sigla num quadro de fragilidade política, o momento é inadequado.

A tentativa de reconstruir a forma de fazer política do PT dos anos 80 e 90 desconsidera a atual conjuntura. Diferentemente da década passada, o partido não tem a mesma capacidade de mobilização nem de ascendência sobre os movimentos sociais e as demais siglas de esquerda. Isso decorre do afastamento natural do PT de sua base original, por conta do exercício do poder.

Outro ponto a ser destacado é que a base eleitoral do partido não é mais a mesma. Desde 2006, o voto petista vem majoritariamente de segmentos com menor renda, baixa escolaridade e que habitam nos pequenos municípios. Ou seja, ao contrário dos anos 80 e 90, o partido não desperta mais a simpatia do eleitorado de classe média dos grandes centros urbanos, que saía voluntariamente às ruas para defender os ideais do partido.

Outro equívoco é argumentar que a rejeição que passou a sofrer é uma reação limitada à chamada “direita” ou às “elites”. Basta olhar alguns números da última pesquisa CNI/Ibope para constatar que o governo Dilma também é mal avaliado entre os eleitores que votaram no PT na última eleição presidencial.

Segundo o Ibope, no Nordeste, região que vota majoritariamente no PT desde 2006, o governo é aprovado por apenas 18% dos eleitores, sendo rejeitado por 55%. Desse percentual, 41% classificam a gestão Dilma como “péssima”. Nos municípios de até 20 mil habitantes, a aprovação do governo soma 13%, enquanto a rejeição totaliza 64%.

Considerando a variável renda no segmento de até 1 salário mínimo, a rejeição é de 60% (apenas 17% aprovam o governo nessa faixa salarial). Fenômeno similar ocorre entre os eleitores com renda entre 1 e 2 salários, na qual o governo é rejeitado por 63% dos entrevistados e aprovado por apenas 13%.

O abalo que Dilma sofreu entre os eleitores que votaram no PT e aprovavam as gestões do partido pode ser explicado pelos efeitos da crise econômica, sobretudo por causa do aumento dos preços dos alimentos que vão à mesa desse público.
Como se trata de um eleitorado sem afinidade ideológica com o PT, já que votava no partido devido à conjuntura econômica favorável, é pouco provável que saiam às ruas para defender o governo.

Ao contrário das eleições de 2002, 2006 e 2010, quando o PT saiu das urnas com uma vitória superior a 60% dos votos, agora não há força política suficiente para a legenda apostar numa estratégia de confronto.

Nesse cenário, qual seria o caminho mais adequado? A busca de moderação, por meio de um diálogo maior com o PMDB, que é o maior e mais importante partido de centro do Congresso. É o que a presidente pôs em prática esta semana, com a entrega da coordenação política ao vice-presidente Michel Temer.

Ao comprar briga sem ter força para tanto, os petistas acabaram ficando isolados. Prova disso é que a presidente Dilma Rousseff é aprovada por apenas 12% dos eleitores e a perda de identificação partidária no PT é crescente. Esse percentual, que já atingiu 35% do eleitorado brasileiro, hoje contabiliza apenas 14%. A conjuntura é tão adversa que nem mesmo o ex-presidente Lula é visto como capaz de liderar uma reação.

Despedida

 Estamos indo embora. Sobre o piso de ardósia,
por entre caules e corolas que exalam um perfume exótico,
os gatos deslizam. São espíritos leves e sóbrios,
com suas patas de veludo, silenciosas,
que arranham a lombada dos livros e o verniz dos móveis.
Os tapetes abafam seus passos ociosos,
como se faz quando se acolhem os órfãos.

Doze anos se passaram, e estamos indo embora.
A brisa do mar, com seus úmidos braços, nos envolve
e empurra para um outro promontório,
uma outra dimensão de nossa breve história,
de que somos, se tanto, transitórios hóspedes,
peças de um tabuleiro onde o tempo se desloca,
alheio à inútil engrenagem dos relógios,
cujas horas se dissolvem numa névoa incorpórea.

Tanto aqui se escreveu em verso e prosa:
romances, elegias, baladas, novelas e toda uma prole
de rascunhos que iam da perífrase ao apólogo.
Tanto aqui se ouviram o lamento de um fagote,
uma ária de ópera, a lenta pulsação de um órgão,
a inquieta truta de um quinteto de cordas,
essa insistente música que ecoa na memória
e que não pode (nem quer ) ir-se embora.
Como estancar as vozes e os acordes
do Réquiem em que Mozart brindou à própria morte?
Como esquecer, Palestrina, teu Kyrie, teu Sanctus, teu Glória?
Como calar esse jorro de notas, essa clave de sol
na partitura de uma noite em que faz frio e chove?

Estamos indo embora. Passem o trinco nas portas
e tranquem as janelas pelas quais rompia a aurora.
Apaguem-se a lua, as estrelas e o monólogo
do sabiá na varanda, as nervosas
mãos do vento a sacudir os vitrais da abóbada.
Levem tudo: quadros, taças, santos barrocos, oratórios,
todo esse insólito e cediço espólio.
Bebeu-se aqui o álcool da vida até o último gole.
Não se esqueçam da arca que ficou no sótão.
Desliguem a luz (e o gás, senão tudo explode).
Que fique um resto como esmola. Paguem um óbolo
ao barqueiro que nos leva rio afora.

                                               Estamos indo embora.
Ivan Junqueira

Quando a mediocridade desenha o futuro

A mediocridade extermina planejamentos, mata oportunidades e elimina a esperança. Como vírus, a mediocridade se expande e multiplica-se sem oposição aparente


A vida é infinitamente mais estranha que qualquer coisa possível de ser inventada pela mente humana. Mesmo munido de doses extras de audácia e quantidades excessivas de autoconfiança, ninguém conseguiria conceber as coisas que fazem parte do cotidiano da existência
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Se fosse possível ver através dos tetos dos edifícios e observar de cima, em primeira mão, as coisas estranhas, coincidências inacreditáveis, e as cadeias improváveis de eventos acontecendo, como são gerados ou se reproduzem, toda a ficção pareceria noticia de ontem. Com sabor de pão dormido.

E, apesar da riqueza dramática da vida, as noticias que chegam são, em regra, desinteressantes. Padecem do mistério, de criatividade, de profundidade, de vida, enfim. Carecem de justificativas e motivos complexos ou talvez pelo menos de boas razoes.

As explicações são somente desculpas. Supostos pensamentos travestidos de fantasias rotas e delírios ilusórios que, na visão de quem os concebe, deveriam tornar justificável o que não é sequer aceitável ou palatável. E sempre empacotadas em pensamentos ininteligíveis descritos em punhados de frases desconexas contendo pensamentos duvidosos.

Desde que começou a era da mediocridade, não existe grande complexidade nos fatos. São apenas resultado de atividades sempre antiéticas, frequentemente imorais, e muitas vezes ilegais. Transgressões, somente. Simples malfeitos, delitos ou crimes que dispensam explicações sociológicas.

Mas se causa preocupação o passado, é no futuro que reside o problema. Enquanto permanecemos focados no desfile eterno de explicações medíocres para atos inaceitáveis, o futuro vai virando presente sem que a gente tenha cuidado, ou melhor, a preocupação, de prepara-lo.

Enquanto isso se apela por paciência. Mesmo que paciência, a esta altura, signifique apenas a tolerância com o sofrimento causado por equívocos e desvios passados, sem a garantia, confiança ou crença de que este sofrimento semeie dias melhoras.

A mediocridade extermina planejamentos, mata oportunidades e elimina a esperança. Como vírus, a mediocridade se expande e multiplica-se sem oposição aparente.

E o futuro, silencioso, vai chegando. E assiste a oportunidades vazando por entre os dedos, sem plano, projeto, ou objetivo. Testemunha a destruição de maneira desnecessária, mas mesmo assim aparentemente inevitável, do lugar que será habitado pelas gerações por vir.

Elton Simões

Depois de certa idade...

Meu saudoso pai, exemplo de sensibilidade, dizia sempre que “a felicidade está diretamente ligada à ignorância”. Não à ignorância da brutalidade, mas àquela ignorância do não saber. Papai era um cearense “retado”. Médico, formado na Bahia, terminou o curso com uma bolsa de estudos que lhe foi dada pelo Ministro da Educação Francisco Campos, que atendeu um pedido da turma de 1932, composta, de acordo com o convite de formatura em meu poder, por 73 formandos: 38 brancos, 17 negros, 14 baianos e quatro mulheres.

Bons tempos aqueles, em que não havia a perversidade da discriminação e podia-se brincar assim. Seu anel de grau foi presente de seus colegas. Será que a sociedade em que vivemos comportaria esse modus vivendi? Hoje, quem chamar um negro de “negão” está discriminando o sujeito e pode ser processado na forma da lei, ou seja, aquilo que podia ser um tratamento carinhoso é crime hediondo. Pode-se xingar de fdp, ladrão, cavalo, égua etc. Mas bicha ou macaco é discriminação, e lá vai o perigoso criminoso para a cadeia.

Eu tinha dois amigos em Salinas que atendiam pelo nome de Negão. Um morreu, o outro está vivo e reside em São Francisco, lugar na barranca do Velho Chico, abençoado por Deus e bonito por natureza. Há muito não o vejo e não sei como chamá-lo quando o encontrar. Não que ele não entenda, mas outro “aragaço” que, porventura, esteja por perto certamente vai reparar. O país está assim: um saco.
O Congresso Nacional, composto por homens, mulheres e muita gente boa, religiosos ou não, bichas e dissimulados, mensaleiros e ladrões comuns, está que é uma sensibilidade só... Agora, estão discutindo sobre maioridade. Uns querem que ladrõezinhos de 17 anos sejam tratados como “de menor”, outros mais pés no chão, não. Tanto faz bala 22 ou 38 para fazer defunto. Mas não.

Os desocupados de ONGs, direitos humanos e outros modismos enchem o saco de qualquer um. Ô paiseco de... deixa prá lá. Se eu não estivesse com “idade avançada”, me mudaria para qualquer outro lugar onde não houvesse petistas de todas as espécies e padrecos comunistas disfarçados de intelectuais pregando aos incautos...

Agora, para completar o rol de sensibilidades de que estamos possuídos, alguns legisladores, pessoas que se dizem normais, querem tornar “crime hediondo” qualquer manifestação que expresse simpatia ou desejo pela volta dos militares, ou seja, mais ou menos o que acontece na Alemanha, onde não se pode, por outras razões, discutir sobre o Holocausto. Nossa liberdade de expressão está condicionada ao modismo “desses brasileirinhos sensíveis”, que têm medo de polícia e de lobisomem...
Um dos sentimentos que mais me maltrata é a decepção, e eu vivo hoje, como brasileiro, decepcionado com a vida, não a minha vida, mas a vida vivida no Brasil, o que me faz lembrar um salinense ranzinza que, cerrando os dentes, dizia: “Ô Sylo, qué sabê? Se lugá fô lugá, isso aqui num é um lugá”. Também acho... 

No reino da lambança


Raras vezes se viu lambança pior, desde que o PT foi para o poder, há mais de doze anos. Perderam todos, do vice Michel Temer, sem controle do PMDB, a Eliseu Padilha, a viúva Porcina que foi sem nunca ter sido, a Ideli Salvatti, sacrificada no altar da ingratidão, a Pepe Vargas, apunhalado pelas costas, e a Eduardo Cunha e Renan Calheiros, ignorados olimpicamente pelo palácio do Planalto. Agora,a mais prejudicada de todos foi a presidente Dilma Rousseff, mais perdida do que cego em tiroteio.

Temer, hoje coordenador político, fica sem o escudo protetor do palácio Jaburu, ou seja, despojado do argumento de que “quem manda é ela, não tenho nada com isso”. Fará o quê quando os presidentes do Senado e da Câmara desautorizarem o governo e persistirem na guerra de guerrilha contra a presidente?

Eliseu Padilha foi para o espaço, voando mais alto do que os aviões de carreira postos a seus cuidados. Aceitou o convite de Dilma para mudar-se para o ministério de Relações Institucionais e foi obrigado a recusar por ordem de Renan e Cunha. Imagine-se com que cara participou a rejeição.

Ideli Salvatti estava posta em sossego no ministério dos Direitos Humanos, com planos que até iam dando certo. Numa questão de minutos viu-se sem aviso prévio defenestrada. Não recebeu sequer uma palavra de solidariedade do PT.

Já Pepe Vargas, coitado, por obra e graça do Lula, passou de coordenador político a primeira vítima de seu novo ministério, carente de direitos humanos para protestar e rebelar-se contra injustiças. Quando convidado para integrar o ministério do segundo mandato, recebeu da presidente os maiores elogios por sua capacidade de coordenador. Em poucas semanas passou a incompetente.

Não se sabe se os comandantes da Câmara e do Senado ficarão verdes de raiva por terem lido pela imprensa que Michel Temer seria seu novo interlocutor, ou, no reverso da medalha, exultaram pelo fato de Madame haver-lhes fornecido mais um pretexto para continuarem sua rebelião.

O troféu de rainha da lambança, porém, vai para a presidente Dilma. Depois de haver cedido à chantagem dos partidos e formado o pior de todos os ministérios da história da República, patinou olimpicamente na recomposição parcial da equipe, obrigada a tornar-se neoliberal e a renegar as promessas da recente campanha. Mais uma vez, mostrou subserviência ao antecessor no trato da crise econômica ao assistir, inerte, o assalto aos direitos trabalhistas. Sacrificou, como tem feito desde seu primeiro mandato, auxiliares fiéis e sempre melhor preparados do que os substitutos. Com todo o respeito, não sabe para onde vai.