quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Psicopetismo

Quero me ater aos vícios mentais que assolam essa gente, para além da roubalheira.

Finalmente vimos a cara verdadeira da Dilma, carregada de ódio, acusando o governo anterior do FH, porque lá teria havido também corrupção. Claro que sempre houve; corrupção existe desde a fundação da cidade de Salvador, desde 1550, quando Tomé de Souza, primeiro governador do Brasil criou o “bahião”, roubando tanto que quase quebrou Portugal. Dilma tenta responsabilizar outros governos, esquecendo-se de que estão no poder há 13 anos e só fizeram m... ah, “malfeitos”.

Os mais espantosos escândalos do planeta foram provocados por uma corrupção diferente das tradicionais: com o PT no governo, a corrupção foi usada como ferramenta de trabalho, quando o nefasto Lula chamou a turminha dos ladrões aliados e disse: “Podem roubar o que quiserem, desde que me apoiem e votem comigo”. Mas, neste artigo não quero mais bater no governo, pois tudo já está dito, tudo provado, tudo batido.

Quero me ater aos vícios mentais que assolam essa gente, para além da roubalheira.

Como se forma a cabeça de um sujeito como Dirceu, Vaccari, a cabeça do petismo, esse filho bastardo do velho socialismo dos anos 1950?

Havia antigamente uma forte motivação romântica nos jovens que conheci. Era ingênuo, talvez, mas era bonito.

A desgraça dos pobres nos doía como um problema existencial nosso, embora a miséria fosse deles. Era difícil fazer uma revolução? Deixávamos esses “detalhes mixurucas” para os militantes tarefeiros, que considerávamos inferiores “peões” de Lênin ou (mais absurdo ainda) delegávamos o dever da revolução ao presidente da Republica, na melhor tradição de dependência ao Estado, como hoje.

Quando o PT subiu ao poder, eu achava que havia um substrato generoso de amor, uma crença na “revolução”, que era a mão na roda para justificar tudo, qualquer desejo político. Nada disso. Só vimos uma “tomada do poder”, como se os sindicalistas estivessem invadindo o palácio de inverno em São Petersburgo.

Seus vícios mentais eram muito mais óbvios e rasteiros do que esperávamos. Foi minha grande decepção; em vez da “justiça social”, o que houve parecia uma porcada magra invadindo o batatal.

E aí, me bateu: como é a cabeça do petista típico?

Em primeiro lugar, eles são inocentes, mesmo antes de pecar. Estão perdoados de tudo, pois qualquer fim justifica seus meios, vagamente considerados “nobres” no futuro.

Para eles não existe presente — tudo será “um dia”. Não sabem bem o quê, mas algo virá no futuro.

Eles têm a ideia assombrosa de que o partido pode se servir do Estado como se fosse sua propriedade; assim, podem assaltar a Petrobras, fundos de pensão, outras estatais com a consciência limpa, porque se a Petrobras é do povo, é deles. Não é roubo, em sua limitada linguagem de slogans — é “desapropriação”.

Aliás, e o silêncio dos intelectuais simpatizantes diante dos crimes óbvios? Está tudo caladinho...

Outra coisa: o petista legítimo, “escocês” (como o Blue Label 30 anos, único que o Lula toma), acha que “complexidade” é frescura e que a verdade é simplista, um reducionismo dualista. Para eles, o mundo se explica por opressores e oprimidos, tudo, claro, culpa do “capitalismo”, tratado como uma pessoa, com crises de humor: “Ih, o capitalismo está muito agressivo ultimamente”.

Para eles, na melhor tradição stalinista, deve-se ocultar da população questões internas do governo, pois não confiam na sociedade, esse aglomerado de indivíduos alienados e sem rumo.

Podem mentir em paz, sem dar satisfações a ninguém. Eles têm ausência de culpa ou arrependimento, têm o cinismo perfeito de quem se sente uma vítima inocente no instante mesmo em que se esmeram na mentira.

Na prática têm as mesmas motivações do velho stalinismo ou do fascismo: controle de um sobre todos e o manejo da Historia como uma carroça em direção ao “socialismo” imaginário em que creem ou fingem crer.

Ser esquerdo-petista é uma boa desculpa para a própria ignorância (como o são!) — “não preciso pensar muito ou estudar, pois já sou um militante do futuro!” Entrar no partido é sentir-se vitorioso, escondendo o fracasso de suas vidas pessoais, por despreparo ou incompetência.

Nunca vi gente tão incompetente quanto a velha esquerda. São as mesmas besteiras de pessoas que ainda pensam como nos anos 1940. Não precisam estudar nada profundamente, por serem “a favor” do bem e da justiça — a “boa consciência”, último refugio dos boçais.

Aliás, vão além: criticam a competência como porta aberta para a direita; competência é coisa de neoliberal, ideia que subjaz por exemplo na indicação de Joaquim Levy — “neoliberal sabe fazer contas”, pensam. Se não der certo, por causa de suas sabotagens, a culpa é dos social-democratas. Como não têm projeto algum, acham que os meios são seus fins.

A mente dos petistas é uma barafunda de certezas e resume as emoções e ações humanas a meia dúzia de sintomas, de defeitos: “sectários, obreiristas, alienados, vacilantes, massa atrasada e massa adiantada, elite branca” e ignoram outros recortes de personalidade como narcisistas, invejosos, vingativos e como sempre os indefectíveis filhos da puta. Como hoje, os idiotas continuam com as mesmas palavras, se bem que aprenderam a roubar e mentir como “burgueses”.

Obstinam-se com teimosia nos erros, pois consideram suas cagadas “contradições negativas” que se resolverão por novos acertos que não chegam nunca. Há anos vi na TV um debate entre o grande intelectual José Guilherme Merquior e dois marxistas que lamentavam erros passados: derrota em 1935, 56 na Hungria, 68 na Tchecoslováquia, 68 no Brasil, erros sem fim que iriam “superar.” Mas nada dava certo. Merquior não se conteve e replicou com ironia: “Por que vocês não desistem”?

Não pode haver dúvida da loucura contida nisso tudo. Só uma agenda irracional defenderia uma destruição sistemática dos fundamentos que garantem a liberdade organizada. Apenas um homem irracional iria desejar o Estado decidindo sua vida por ele. Muitos são psicopatas, mas a maioria é de burros mesmo.

Arnaldo Jabor

Não vai dar certo

Como pode dar certo um governo cuja base está dividida e se assemelha a uma Torre de Babel?
A cabeça da presidente deve estar azucrinada de tantos conselhos. O que não faltam nos círculos petistas são engenheiros de obras prontas, com soluções mágicas e contraditórias.

Wladimir Pomar, por exemplo, coordenador da primeira campanha presidencial de Lula, escreveu um alentado artigo sobre o “desafio da retirada estratégica”.

Sem papas nas línguas, o autor diz que os dirigentes envolvidos em caso de corrupção, deveriam pedir desculpas ao povo brasileiro e à militância, ”ao invés de viverem reiterando sua inocência, ou levantando o punho em sinal de luta”.

Dilma, claro, não deu atenção às palavras de Pomar ou não leu o seu artigo. Preferiu seguir o conselho de seu marqueteiro e jogou, com a maior desfaçatez, a responsabilidade da corrupção na Petrobrás para as costas do presidente Fernando Henrique Cardoso.

A tática do punguista que grita pega o ladrão denunciada por FHC não vai dar certo. Não resistirá à lógica implacável dos fatos. Tanto que já virou motivo de piada.

Para manter sua versão o palácio do Planalto depende do mutismo dos diretores de construtoras presos na Polícia Federal. Um deles, Ricardo Pessoa, presidente da UTC, já sinalizou o tamanho do estrago que poderá causar.

O problema do governo Dilma não é de marketing, é de credibilidade. É da falta de um discurso consistente com respostas para a crise ética, econômica e política.

Leia mais o artigo de Hubert Alquéres

Legenda de caminhão


Beijando ditador

O recente triunfo da Beija-Flor ilustra bem esta visão seletiva, e a seletiva falsificação da realidade. Assistindo ao desfile da Beija-Flor, há quem só tenha visto a riqueza dos trajes, as cores das plumas, a profusão de máscaras africanas, a ala dos ancestrais celebrando as tradições de um pequeno país africano. Porém, olhando melhor, não há como não ver o cinto do caubói. No caso, o rosto crispado de um dos mais terríveis e corruptos ditadores do nosso tempo: Teodoro Obiang.
“O dinheiro não tem cor” — argumentam alguns: “o importante é que a festa foi bonita.”
Errado. Uma coisa é aceitar apoio financeiro de Cabo Verde, Botswana ou Namíbia, para citar apenas três países africanos com democracias sólidas, outra é vender a alma ao diabo. Obiang está comprando consciências. O ditador da Guiné-Equatorial já conseguiu que o seu regime fosse aceito na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, CPLP, generosa ideia do embaixador José Aparecido de Oliveira, entretanto muito aviltada. Agora quer mais. Hoje paga a festa, amanhã irá cobrar.
“Posso convidá-lo para jantá-lo?” — pergunta o lobo ao cordeiro. E o cordeiro vai.Leia mais o artigo de José Eduardo Agualusa 

O que o Brasil pode aprender com a Itália com o Petrolão

O que a abertura da fatal caixa de Pandora das investigações pode causar ao mundo político brasileiro ainda é uma incógnita
O Brasil está à espera para saber os nomes de políticos e partidos escondidos na caixa de Pandora do Petrolão. Na mitologia grega, essa caixa, que era na verdade uma ânfora de barro, guardava “os males que afligem a humanidade”.

Pandora era a mulher que Zeus havia criado “para introduzir os males na vida dos homens”. Como a antecessora de Eva, Pandora era a que carregava todos os problemas do mundo.

Hoje a sociedade moderna redimiu a mulher do estigma de ser a grande sedutora e a origem de todas as desgraças. A política é um substantivo feminino e sua finalidade é a de criar bem-estar e felicidade aos cidadãos.

O possível resultado político dos males que a abertura da fatal caixa de Pandora pode causar ao Brasil ainda é uma incógnita. Há quem já fale de escorregões no abismo e quem prefira ver nessa atitude de coragem de juízes, promotores e policiais um sinal de ressurreição de um novo modelo de política, um modelo que rompa com os velhos esquemas do passado para dar vida a um novo rumo histórico.



 Que o Brasil seja capaz de esvaziar a velha caixa de Pandora da mitologia grega para enchê-la de novas esperanças. Que nela possam entrar, depois da tragédia do Petrolão, novas forças, políticos mais conectados com a voz das ruas, menos preocupados em enriquecer, e que ressuscitem esse país da crise à qual foram arrastados pela mitológica e trágica grega Pandora
Neste momento é, no entanto, imprescindível olhar para a Itália de 1992, onde houve uma abertura da caixa de Pandora mais parecida com a brasileira. Foi quando, depois de um período de decadência da política tradicional, o promotor Antonio Di Pietro lançou a operação Mani Pulite ou Tangentopoli, na qual a nata dos políticos dos partidos mais importantes acabou na prisão, ao lado de dezenas de grandes empresários cúmplices por terem enriquecido ilegalmente, e também seus partidos.

O juiz Sergio Moro, protagonista da Tangentopoli brasileira, a Lava Jato, já havia lembrado, há dez anos, que o Brasil caminhava para algo parecido ao vivido na época pela Itália.

E também é possível que aqui, juntos, políticos e empresários acabem condenados e que os grandes partidos que até agora governaram o Brasil possam ser duramente punidos nas urnas, como aconteceu na Itália, onde a Tangentopoli abriu caminho para novas legendas nascidas do nada.

Leia mais o artigo de Juan Arias

Titanic brasileiro leva Oscar


Dinheiro na mão

Com US$ 550 milhões do BNDES, Dilma renova fôlego da Odebrecht na crise, que expõe empreiteiras atropeladas pela ganância em negócios com a Petrobras
A decisão do governo Dilma Rousseff de financiar a construção de térmicas a carvão na República Dominicana levou alegria ao Palácio Nacional, em Santo Domingo, e à sede da Odebrecht, na Praia de Botafogo, no Rio. Os seis mil quilômetros que separam os edifícios foram abstraídos no mapa de interesses dos governos e da empreiteira brasileira.

Dilma ajudou a revigorar a campanha do presidente dominicano Danilo Medina em sua batalha doméstica para mudar a Constituição, para poder disputar novo mandato em 2016.

E renovou o fôlego da Odebrecht em plena crise, detonada pelas investigações sobre corrupção na Petrobras, que expõe as construtoras em indigência de caixa e de crédito.

O empréstimo de US$ 550 milhões do BNDES Social à República Dominicana foi autorizado na terça-feira, 30 de dezembro. Negócio regular, mas peculiar. Em valor ultrapassa a soma do apoio dado pelo BNDES nos últimos 17 anos às exportações para países vizinhos como o Chile. Equivale à metade dos financiamentos do banco à Venezuela durante os governos Hugo Chávez e Nicolás Maduro, até setembro.

É pouco mais de meio bilhão de dólares para duas usinas térmicas a carvão. Créditos a esse tipo de indústria, altamente poluidora, estão praticamente banidos do cardápio de instituições internacionais, como o Banco Mundial
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