domingo, 25 de janeiro de 2015

Desigualdade

Dentro dos países em desenvolvimento, apesar de os pobres terem melhorado, os ricos ficaram ainda mais ricos, o problema está dentro dos países. Isso é o que chateia as pessoas, a falta de dinheiro e principalmente o estigma social diante da falta de condições básicas
Hans Rosling, especialista em desigualdade do Instituto Karolinska 

Nota zero do Enem é um alerta


Mais de 500 mil candidatos, para ser preciso 529.374 (8,5% do total de inscritos), zeraram a nota da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para tirar zero, segundo os coordenadores do Enem, é preciso escrever menos de sete linhas, copiar textos de terceiros ou escrever sobre um assunto completamente alheio ao tema – no último exame, realizado em 2014, a proposta era “publicidade infantil”.

O ministro da Educação, Cid Gomes (Pros), inclusive, chegou a julgar a pouca familiaridade dos estudantes com a questão como um dos fatores principais para um resultado tão ruim. Mas seria importante o MEC promover uma leitura mais ampla para o desempenho pífio dessa edição do Enem.

Não é apenas senso comum a queda qualitativa do ensino e público e privado, como também um menor apego das gerações mais novas à leitura e à escrita formal diante de um mundo imperativo de imagens e comunicações abreviadas e superficiais. Em 2013, a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), iniciativa do próprio governo federal lançada um ano antes para mapear a qualidade do ensino no país, revelou um nível “baixo” de leitura em crianças com menos de 10 anos nas escolas públicas de 22 Estados brasileiros.

A situação não é melhor entre os adultos. Pesquisa da Pró-Livro divulgada em 2012 mostrava uma diminuição significativa do público considerado leitor entre os anos de 2007 e 2011. O percentual de quem leu pelo menos um livro a cada três meses havia caído no período, de 55% para 50% da população. Dentro desse contexto, há ainda aquela parcela não mensurada capaz de ler, mas com dificuldade de interpretar os textos.

Ou seja, apesar das estatísticas oficiais e da importância real do maior número de pessoas nas escolas e universidades brasileiras, a qualidade do ensino e da formação de pessoas minimamente críticas caminha em sentido oposto.

Para escrever uma redação, bem ou mal, com erros ou não de ortografia, é necessário compreensão do tema proposto, raciocínio lógico, associação de ideias e conexão de parágrafos. E essas faculdades estão sendo deixadas de lado não só pela escola formal, mas também por um modo de vida superficial e imediatista comum a jovens, adultos e idosos.

Os brasileiros, que estão entre os líderes de usuários de redes sociais, estão se especializando em ler títulos, em replicar matérias sem ao menos compreendê-las. É como se soubéssemos nada sobre tudo. As discussões, as opiniões emitidas são formadas e esquecidas na mesma velocidade da atualização de uma página no Facebook.

Por essas razões, o resultado da redação do Enem não é surpreendente, mas é altamente preocupante.

Heresia ministerial


“Deus é brasileiro, temos também que contar que ele vai trazer um pouco de umidade, um pouco de chuva, para que a gente possa ter mais tranquilidade ainda”.
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, sem ter como poder explicar os quatro anos em que o sistema elétrico brasileiro esteve entregue ao sucateamento e à corrupção (lembre de Paulo Roberto Costa revelando na CPI que a corrupção era generalizada e estava também na Eletrobras), resolveu conclamar a ajuda divina para trazer água.
Esquece o ministro parlamentar, com alguns quiprocós na justiça, que a palavra já conclamava: "Faça por onde que te ajudarei". Resta se perguntar quando o governo Dilma ou o de Lula fizeram por onde para que possam contar com o auxílio dos céus? Deus pode até fazer milagres, mas não faz nada quando o homem cruza os braços, ou os governos desprezam as próprias obrigações.

Bula

CORROMPIX

NOME GENÉRICO: Semancolina

APRESENTAÇÃO:

Caixa contendo 28 supositórios tamponados em tamanho megatronic.

USO ADULTO EM POLÍTICOS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS EM MARACUTAIAS.

COMPOSIÇÃO:

Cada supositório contém Semancol, Vergonhol (em solução), Neutralizador de Óleo de Peroba e mais Semancol.

AÇÃO ESPERADA DO MEDICAMENTO:

CORROMPIX deve ser guardado em lugar onde não receba luz, calor e verbas provenientes de Caixa 2. Em alguns casos, os sinais de melhora surgem rapidamente, fazendo com que o político corrupto, venal e hipócrita, transforme-se num Tiradentes em questão de horas. Em outros casos é necessário um período maior de aplicação do produto para que se dê o efeito esperado. Este medicamento só pode ser administrado no momento em que o político estiver sendo amamentado por uma autarquia, empresa privada ou órgão ligado ao Judiciário.

A interrupção repentina do tratamento com os supositórios tamponados é ALTAMENTE DESACONSELHÁVEL. O paciente em estado de corrupção aguda poderá voltar a prevaricar, ficando resistente à Semancolina e ao Vergonhol, o que o tornará um picareta crônico ou, em estados mais graves, um consultor para depósitos em dólar no Exterior.

POSOLOGIA:

Está demonstrado que 90% dos pacientes com corruptite estão infectados por uma bactéria de nome Real avida e que a sua erradicação reduz o índice de aparições dos estados de canalhice ou vontade incontrolável de se apropriar do patrimônio alheio.

Na prática, iniciar o tratamento com um supositório megatronic ao dia. Se o desejo de se locupletar prosseguir, deve-se ir aumentando as inserções, aos poucos, sem nunca exceder 17 supositórios/dia.

A duração do tratamento será de acordo com o efeito terapêutico, devendo prosseguir enquanto a porção retal do paciente oferecer condições satisfatórias de operacionalidade.

REAÇÕES ADVERSAS:

As reações adversas relacionadas com o uso de Semancolina aliada ao Vergonhol mais frequentemente relatadas foram discreta dor no local de aplicação e vermelhidão. Foram descritos raros casos de surto de benevolência, em que pacientes corruptos entregaram seus patrimônios a instituições de caridade e asilos. Mas a incidência desses casos é de 1 em cada 3.783.000 de indivíduos velhacos submetidos à medicação.

OUTRAS INDICAÇÕES:

CORROMPIX está indicado para corruptos que estejam passando por processos criminais, de acareação, renúncia de cargo, quebra de sigilo bancário ou investigação junto ao FBI.

CONTRAINDICAÇÕES:

Este medicamento não deve ser ministrado a laranjas, esposas, cunhados e parentes de políticos corruptos nem a marqueteiros ligados ao paciente.

SUPERDOSAGEM:

Em caso de superdosagem, o corrupto em tratamento com CORROMPIX deve procurar a Delegacia da Polícia Federal ou a Promotoria da República mais próxima e se entregar munido de uma lista com todos os nomes de pessoas envolvidas em seus cambalachos.

VENDA SOB PRESCRIÇÃO JURÍDICA.
MANTENHA AO ALCANCE DE POLÍTICOS.