quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A maldição da Casa Civil

Pode parecer uma espécie de maldição o fato de que os seis ministros da Casa Civil da era Lula-Dilma estejam na prisão, sob investigação ou sob suspeita de corrupção. Todos.

Ainda não se sabe se a presidenta Dilma Rousseff, na reforma ministerial que está finalizado, mudará Aloizio Mercandante, o atual ministro da Casa Civil, ele também investigado.

Se o fizer, seria o sétimo titular desse ministério, considerado uma espécie de primeiro-ministro, pois está destinado a coordenar toda a ação do Governo.

Existe alguém que se atreva a entrar nessa espécie de clube maldito? Sem dúvida, Dilma deveria pensar duas vezes antes de nomeá-lo e analisar sua biografia com uma lupa dupla para que ele também não acabe condenado ou sob suspeitas de corrupção.

Será que o cargo de ministro da Casa Civil, uma função difícil de explicar em outros países pela ambiguidade da função, carrega em suas entranhas a tentação ou o perigo de deslizar para a ilegalidade e a corrupção?

A fila dos seis ministros da Casa Civil, desde que Lula chegou ao poder até hoje, todos do Partido dos Trabalhadores (PT), é encabeçada por José Dirceu, ao qual Lula deu tantos poderes que logo foi visto como um primeiro ministro e seu sucessor natural. Acusado de ser o idealizador do escândalo do mensalão, acabou condenado e preso. Hoje voltou a ser indiciado no outro escândalo da Lava Jato e de novo está preso, À espera de mais uma condenação. Foi substituído na Casa Civil pela atual presidente, Dilma, sobre a qual paira hoje a espada de Dâmocles por ter podido manipular as contas públicas para enxugar o déficit e por ter podido financiar suas campanhas eleitorais com o dinheiro da corrupção. Isto é, ter podido ser conivente nos escândalos da Petrobras, da qual foi presidenta depois de ter sido ministra das Minas e Energia.

Dilma foi sucedida na Casa Civil, quando Lula e o PT a nomearam como candidata às eleições presidenciais, por Erenice Guerra, amiga dela, que também saiu sob suspeita de corrupção e hoje está salpicada por outro novo escândalo, a Operação Zelotes, que supostamente subtraiu da Fazenda pública 19 bilhões de reais cancelando multas de impostos.

Eleita Dilma presidenta da República, seu primeiro ministro da Casa Civil foi Antonio Palocci, importante ministro da Fazenda do Governo Lula e que tinha sido responsável pela campanha eleitoral de Dilma.

Hoje Palocci pode ser preso a qualquer momento, acusado de estar envolvido no escândalo da Lava Jato.

O médico e amigo pessoal de Lula foi sucedido por Gleisi Hofmann, que está sendo investigada por suposto crime de corrupção, suspeita de ter recebido dinheiro ilegal para sua campanha eleitoral do Ministério do Planejamento, então comandado por seu marido, Paulo Bernardo.

Finalmente, o atual e polêmico ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, talvez o político mais próximo de Dilma, pessoal e intelectualmente, ambos economistas, também está sendo investigado na operação Lava Jato, razão pela qual poderia ser substituído.

Os últimos seis ministros da Casa Civil: condenados ou sob graves suspeitas de corrupção. Destes, três são advogados (Dirceu, Guerra e Hoffmann), dois economistas (Dilma e Mercandante) e um médico (Palocci).

A pergunta que as pessoas fazem nas ruas é se essa espécie de maldição que sempre pairou sobre a Casa Civil se deve a uma pura coincidência ou se seria o excessivo poder do cargo em um sistema político presidencial como o do Brasil o demônio que acaba tentando esses importantes ministros.

Ou não seria também o próprio sistema, que opera hoje dirigindo os destinos do país, que se degradou até o ponto de que se dá como fato consumado, como dizem às vezes as pessoas simples, que se entra na política principalmente para enriquecer?

Existe, talvez, outro demônio pior, que é a fome de poder, um impulso, segundo os psicólogos, mais forte até do que o do sexo, que arrasta os políticos, para não perder esse poder, a morder a maçã proibida do paraíso para continuar se sentindo como Deus.

Uma tentação tanto maior quanto mais alto estiverem na pirâmide das decisões do poder

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