terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Bosta nunca é com o governo


Não aprendo a lição

A lição de conviver,
senão de sobreviver
no mundo feroz dos homens,
me ensina que não convém
permitir que o tempo injusto
e a vida iníqua me impeçam
de dormir tranquilamente.
Pois sucede que não durmo.

Frente à verdade ferida
pelos guardiães da injustiça,
ao escárnio da opulência
e o poderio dourado
cujo esplendor se alimenta
da fome dos humilhados,
o melhor é acostumar-se,
o mundo foi sempre assim.
Contudo, não me acostumo.

A lição persiste sábia:
convém cabeça, cuidado,
que as engrenagens esmagam
o sonho que não se submete.
E que a razão prevaleça
vigilante e não conceda
espaços para a emoção.
Perante a vida ofendida
não vale a indignação.
Complexas são as causas
do desamparo do povo.
Mas não aprendo a lição.
Concedo que me comovo.

Thiago de Mello

O mundo bipolar do PT


O ensaísta mexicano Octavio Paz costumava dizer que a primeira forma de corrupção se dá na linguagem (para desespero da Petrobras, que não admite concorrência nesse quesito…) Pois bem: dê uma passeada nos sites ditos “progressistas”. Ali você encontra o primeiro terreno fértil para esse tipo de corrupção ser colhida. Porque é nesse território em que ocorre a mais sacrossanta distorção do silogismo. Premissa maior: o governo do PT é de esquerda. Premissa menor: quem não é de esquerda é de direita. Conclusão: quem se opõe à esquerda (PT) só pode ser de direita…

Mesmo os que se dizem versados em sociologia e ciências políticas (geralmente pais do auto-desbunde de que são de “esquerda”), indicam que devem voltar para a faculdade fazer DP. São os que mais alimentam a ideia de que o oposto de esquerda é ser de direita.

Os termos “política de direita” e “política de esquerda” foram cunhados na Revolução Francesa (1789–99). Inicialmente, apenas se referiam ao lugar onde políticos se sentavam no parlamento francês. Aqueles sentados à direita da cadeira do presidente parlamentar eram singularmente favoráveis ao Antigo Regime (defesa cega da hierarquia, tradição e clero).

DIREITA FURIOSA

Aqui e agora, interessa aos zeros à esquerda dizer que no Brasil o oposto da esquerda é tão somente a direita furiosa. Mentira: a maioria oposta à esquerda dita progressista, no Brasil, é composta por conservadores. E eles em sua imensa maioria não são direitistas.

Mesmo os conservadores trazem contradições que chocariam nossas esquerdas: Edmund Burke, bretão pai do conceito de conservadorismo, era dito conservador porque se opunha à Revolução Francesa (mas defendia com unhas e dentes a Revolução Americana, para o arrepio das nossas esquerdas…)

A corrupção da nossa linguagem, tocada sobretudo pelo PT, ensina que conservadores são em essência direitistas vorazes.

Vendem nossos conservadores como se fossem caudilhos golpistas. Caudilho é outra coisa: se vende como semi-deus, seja de direita ou de esquerda. E sempre fica no poder num tempo dilatado além da conta, que arrepia as constituições e os pleitos diretos.

CONSERVADORES

Aqui se vende também que, por exemplo, que Winston Churchill, Ronald Reagan e Margaret Thatcher eram direitistas. Não, eram apenas conservadores. A política “reaganomics”, nos anos 80, visava taxar mais o salário de quem ganha menos: porque, dizia Reagan, quem usa mais serviços públicos é quem ganha menos: por isso deve pagar mais ao estado (na sua última semana de governo, Reagan disse ao “The New York Times” que “os mendigos fizeram uma opção ao ter esse tipo de vida”…)

Thatcher implantou em 1989 o Poll Tax, ou imposto comunitário, impondo a mesma taxa, a ser cobrada igualmente fosse do rico, fosse do pobre (ninguém pagava imposto calculado de acordo com o valor dos imóveis que dispunha, com o é o nosso IPTU). Isso é ser conservador. Não é ser de direita.

Mas é óbvio que toda essa discussão não interessa aos filhos do mundo bipolar. O PT não quer um mundo heteropolar. E ponto final…

A VELHA E O CAOLHO

Quando nos anos 70 o líder egípcio Anuar Saddat começou as negociações de paz com Israel, cunhou uma frase clássica. Achou Golda Meir mais durona do que o general-caolho Moshe Dayan. E disse: “A velha é pior do que o caolho”. (Foi depois disso que o sambista Blecaute dedicou a Moshe uma modinha, que ele cantava com um tapa olho…)

A frase atravessou o tempo e os continentes. Hoje a frase é resgatada pelos políticos que lidam com Cristina Kirchner. Acham ela pior que o finado marido caolho Nestor Kirchner. ”A velha é pior que o caolho”, disse o ex-presidente uruguaio Mujica, sobre Cristina. A frase virou hashtag no twitter: #estaviejaespeorqueeltuerto.

E nessa semana um amigo deste blogueiro, que lida com petróleo, usou a mesma frase, ao se referir da dificuldade de lidar com Graça Foster, muito pior do que o nosso também Nestor Caolho, Nestor Cerveró. “Na Petrobras a velha é pior que o caolho”.

O peso da Graça


Que Lula e Dilma se destruam entre si


Lula procura torpedear todos os membros do PT perante aos quais se acha inferiorizado intelectualmente e que tenham condições de estabelecer um contraditório com ele em condições de superá-lo. Isso ocorreu não somente com Aloizio Mercadante, Nilmário Miranda e Patrus Ananias, mas também com muitos outros, dentre os quais Helio Bicudo e Cristovam Buarque que foi demitido do Ministério da Educação por telefone. Atitude de moleque, de gente sem qualquer qualificação ou escrúpulo, mas foi tomada por um presidente da República.

Lula não passa de um farsante, de um tartufo. Provas? É só entrar no youtube e assistir seus etílicos discursos. Dentre suas tartufarias, temos a eleição da “Doutora” (sem colega de turma, é claro) Dilma Rousseff, eleita em razão da descarada mentira propagada por Lula de que ela “era muito melhor administradora do que ele”.

Aliás, se prestarmos bem a atenção, Lula é apenas um sortudo, um cagão que pegou uma fase excelente no contexto internacional com o preço dos produtos exportados pelo Brasil (minério de ferro, soja, e outros) lá nas alturas.

Frise-se também que esses produtos eram produzidos pela iniciativa privada, sendo que os produtores do setor agropecuário ainda eram molestados pelos sem terra, braço armado do PT – apoiados por Lula, Dilma e outros mamíferos bípedes e financiados com dinheiro oriundo de impostos cobrados dos demais brasileiros que exercem atividade produtiva.

Com aquele contexto internacional favorável, foi fácil “administrar”, pois os dólares entravam abundantemente com a exportação dos produtos. Apesar do assalto aos cofres públicos – que só agora estão vindo à tona – nada podia dar errado a curto prazo. A longo prazo, a coisa muda de figura.

Agora, o contexto é outro, pois os produtos exportados pelo Brasil estão com os preços no fundo do pinico. Aliado a esse fato, ainda temos o crime cometido contra o Brasil e os brasileiros com a roubalheira em todos os setores nos quais os petistas colocaram as patas e encheram as malas.

A Petrobras é apenas o que veio à tona mais rapidamente e vai enlamear o Brasil no exterior, pois tem títulos colocados no mercado internacional. A Eletrobras também tem e lá a gatunagem, pelo que sabemos, também foi apoteótica. Porém, as duas estão sujeitas às leis norte-americanas. E deverá vir chumbo grosso, pois lá a Justiça não foi aparelhada por Lula e Dilma.

Isso, é claro, vai arrastar Dilma e Lula no tsunami, pois, como comandantes supremos – por analogia ao que afirmou a Comissão da Verdade com relação aos ex-presidentes militares – não podiam desconhecer os fatos que ocorriam bem embaixo de suas mandíbulas.

Aliás, a mim parece evidente que o congelamento dos preços dos derivados de petróleo e os descontos nas contas de energia elétrica representaram, apenas, a compra antecipada de votos na eleição que se realizou este ano. Está na cara que quem pagou essa compra de votos foram os acionistas aqui e no exterior.

Votos comprados e eleição ganha, os preços vão subir. No mais, que Lula e Dilma se destruam, pois isso é fato corriqueiro entre criatura e criador, pois, reciprocamente, um é digno do outro.

Celso Serra