sábado, 20 de dezembro de 2014

Comemoração


Marido também levou os seus milhões


Não adianta só tirar o sofá da sala, exigir a expulsão de toda diretoria da Petrobrás e botar um monte de gente na cadeia. O Brasil vai continuar sendo dilapidado enquanto o governo petista estiver no poder. A Dilma está cada dia mais atolada nos escândalos. Criar factóides como o da Comissão da Verdade na tentativa de tirar a corrupção das manchetes, agora que a lama chegou na sala principal do Planalto, também é paliativo.

A presidente não pode negar, por exemplo, que não é da sua responsabilidade a nomeação de Graça Foster para a Petrobrás, uma dirigente que se mostrou incompetente e desastrada no comando da empresa. No período de dezembro de 2010 a dezembro deste ano, Foster conseguiu até então o inimaginável: desvalorizou a Petrobrás em 80,4%. Além disso, ainda mentiu cinicamente na CPI quando disse desconhecer as falcatruas na empresa, agora desmascarada pela ex-gerente Venina Velosa da Fonseca que diz que ela foi informada de tudo por mensagens na internet.

Graça, que é chamada carinhosamente de Graciosa pela presidente, conheceu a Dilma quando ela exercia o cargo de secretária de Energia do Rio Grande do Sul, quando ambas cuidaram do gasoduto Bolívia/Brasil (Gasbol), parceria que envolveu a BP e a Shell. De lá pra cá viraram amigas e confidentes.

Dilma também é amiga de Colin Vaughan Foster, marido de Graciosa, de quem herdou o sobrenome. Colin é figura carimbada na Petrobrás. Frequenta com intimidade e desenvoltura os gabinetes dos diretores no suntuoso prédio da Avenida Chile, no Rio. Só nos últimos três anos, a C. Foster assinou 43 contratos com a estatal, dos quais 20 sem licitação para fornecer componentes eletrônicos para a área de tecnologia, exploração e produção.

Graça Foster, se sair amanhã da Petrobrás por causa dos escândalos, não tem do que se queixar. Além de gozar de todos os benefícios de uma rica aposentadoria com direito a bônus e salário integral, ainda terá uma vida confortável ao lado de Foster. A empresa do maridão, a C. Foster Serviços e Equipamentos faturou R$ 614 milhões com a Petrobrás nos 43 contratos assinados.

Colin Foster circula livremente pelos corredores da empresa apresentando-se como marido de Graciosa. Faz lobby em todos os setores e a sua empresa alimenta uma série de outras que formam um cartel no fornecimento de equipamentos. O casal é íntimo da presidente.

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Parlamentares brasileiros $uperam europeus


Aumento salarial aprovado pela Câmara dos deputados faz com que parlamentares brasileiros não só ganhem mais que presidente, como também superem os deputados do Parlamento italiano, os mais bem pagos da Europa.

O projeto de reajuste salarial de deputados e senadores, aprovado nessa quarta-feira  pela Câmara dos Deputados eleva os vencimentos dos parlamentares dos atuais R$ 26,7 mil para R$ 33,7 mil. A proposta ainda tem que receber aval do Senado para que os reajustes passem a vigorar em 2015. Caso aprovado, o reajuste fará com que os deputados brasileiros tenham pagamento básico bruto anual equivalente a quase 130 mil euros, cerca de 5 mil euros anuais a mais que os vencimentos brutos básicos dos deputados do Parlamento italiano, os mais bem pagos da Europa.

No continente, os integrantes do Bundestag, o Parlamento alemão, também estão bem colocados na lista dos que recebem os melhores salários básicos (que não inclui os benefícios, como verba de gabinete , assessores, viagens e outros extras, que diferem de acordo com o país). Os alemães recebem 8.020,53 euros mensais, somando 96.240 euros no ano em vencimentos básicos brutos. Em janeiro de 2015, a quantia será reajustada para 9.082 euros, perfazendo um salário anual de 108.984 euros brutos – dos quais cerca de 43% são descontados em imposto de renda.

Os legisladores austríacos também não podem reclamar. Eles ganham anualmente quase 104 mil euros em vencimentos básicos brutos, sendo que recebem aumento em 2015, quando passam a ganhar 120,62 mil euros anuais. Os britânicos ganham o equivalente a cerca de 84,5 mil euros por ano.

França e Suécia pertencem aos países cujos salários dos deputados estão na faixa média europeia, com, respectivamente cerca de 85 mil euros e 85 mil euros brutos anuais.
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Desde velhos tempos


Desfecho melancólico


Seis meses atrás, a presidente Dilma ainda não se dera conta das proporções do desastre que se abatera sobre a Petrobras. Continuava a se autocongratular por seu longo envolvimento com a empresa: “Quem olhar o que aconteceu com a Petrobras nos últimos dez anos e projetar para o futuro, conclui que fizemos um grande ciclo. Eu estive presente em todos os momentos.” (“Folha de S.Paulo”, 2/7/2014)
Seu envolvimento teve início em 2003, quando assumiu a presidência do Conselho de Administração da empresa, cargo do qual só se afastou em 2010, para disputar a eleição presidencial.

A partir de 2005, na posição privilegiada de quem também passara a ser ministra-chefe da Casa Civil e coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Dilma tornou-se a figura-chave na interface da cúpula do governo com a Petrobras.

Era por meio dela que as preferências, diretivas, prioridades e urgências do Planalto se faziam sentir na gestão da empresa. E, naturalmente, toda e qualquer nomeação de diretor, fosse a escolha técnica ou política, tinha de passar por seu crivo.

Com a descoberta do pré-sal, o envolvimento de Dilma com a Petrobras tornou-se ainda mais intenso. Especialmente a partir de 2008, quando o presidente Lula, preocupado com a falta de experiência eleitoral da sua futura sucessora, decidiu transformar o pré-sal em espalhafatosa plataforma de lançamento antecipado da sua candidatura à Presidência da República.
Para definir o arcabouço legal que pautaria a exploração do pré-sal, o governo poderia ter optado por um encaminhamento suprapartidário do problema, como questão de Estado. Mas preferiu partidarizar a discussão e brandir uma restauração nacionalista do controle estatal sobre a exploração e produção de petróleo, para exacerbar diferenças que pudessem favorecer a candidata oficial no embate político.

No novo arcabouço, concebido por uma comissão formada por Dilma Rousseff, Edison Lobão, Guido Mantega, José Sergio Gabrielli, Luciano Coutinho e três outros membros, a Petrobras acabou sobrecarregada pela tríplice exigência de: manter o monopólio da operação dos campos do pré-sal, assegurar pelo menos 30% de cada consórcio que explorar tais campos e arcar com a “nobre missão” de desenvolver a indústria de equipamentos para o setor petrolífero no pais.

Montou-se um gigantesco cartório para distribuição de benesses a produtores de equipamentos. Uma espécie de coronelismo industrial, em que a Petrobras passou a deter o “cofre das graças e o poder da desgraça”

Quem blinda quem?

Ilustração de John Vernon Lord

Humpty Dumpty sat on a wall.
Humpty Dumpy had a great fall.
All the king’s horses and all the king’s men
Couldn’t put Humpty together again.

Humpty Dumpty, o ovo com rosto, braços e pernas, sentava muito pimpão no muro alto, apesar dos conselhos para que não o fizesse, dada sua fragilidade.

Mas teimoso e arrogante, não havia meio do bom senso ocupar por um átimo que fosse, sua cabeça. E deu no que deu: caiu, espatifou-se e nem todos os cavalos do rei e nem todos os homens do rei puderam juntar seus pedaços outra vez.

Quem já leu Alice no País das Maravilhas com certeza sabe que Humpty era presunçoso e, certamente, procura não copiar seus malfeitos. Mas há quem tenha lido e sofra do mesmo mal, teimosia misturada com arrogância. Esses certamente cairão do muro.

Já em Lula no Brasil das Maravilhas quem foi colocada no alto do muro foi a Petrobras: inesquecível a cena de Lula com as mãos sujas de óleo a dizer ao Brasil que daquele momento em diante seríamos autossuficientes em petróleo.

E o pré-sal? Que Lula anunciou como se fosse tão simples retirá-lo do fundo do oceano que os estados e municípios “pre-saleiros” quase entraram em guerra para saber quem ficaria mais rico?

A essa altura não cabia à Graça Foster refutar o presidente da República, mas quando dona Dilma assumiu a Presidência da República e a nomeou para a presidência do Conselho da Petrobras, aí ela passou a ser responsável por todos os comunicados que se referissem à empresa e devia ter explicado porque não somos autossuficientes em petróleo e porque o pré-sal ainda é sonho distante.

A Imprensa, tratada como inimiga da hora, quando foi ela que fez o Lula, passou a ser vista como a aloprada que precisa ser regulada. É sempre assim: os nossos defeitos são dos outros.