terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Vai sobrar pra alguém


Os filhos da nova esperança


Uma das frases mais lidas por estes dias sobre o que está acontecendo no Brasil é que o país precisa “ser passado a limpo”

O velho Brasil da corrupção e da impunidade pode felizmente terminar sepultado pelos chamados “filhos da esperança de um novo Brasil”, compostos por uma geração de jovens juízes, promotores, advogados, jornalistas e oxalá também de novos políticos, que não aguentam ver o país com a imagem que se forma dele dentro e fora de suas fronteiras. Essa imagem forjada por uma corrupção de cunho mafioso que, segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, “envergonha” a nação.

São os filhos de uma geração de pais e mães espantados com o atropelamento da legalidade, com o assalto sistemático e programado do dinheiro público com a conivência de políticos e empresários.

Esses pais, muitos dos quais viram nestes anos passar aos seus olhos bilhões subtraídos do suor de seu trabalho por corruptos sem escrúpulos, parecem hoje querer se vingar por meio de seus filhos.

É emblemática, por exemplo, a reação da mãe do promotor Deltan Dallagnol, que com seus 34 anos encabeça a equipe de trabalho do escândalo das empresas coniventes com a corrupção da Petrobras. No Facebook, feliz com o trabalho de seu filho, a mãe escreve: “Sua postura ética nos enche de orgulho”. No plural, como que para indicar que esse orgulho é de toda a família.

Em outros momentos, por vezes tomados pelo medo de represálias ou pela incapacidade, muitos pais aconselhavam seus filhos a “não se meterem em encrencas”.

Hoje, ao contrário, incentivam-nos a ser corajosos e a enfrentar a fera da ilegalidade, que começa a se tornar insuportável mesmo para os mais acostumados à atávica impunidade brasileira.

Uma das frases mais lidas por estes dias sobre o que está acontecendo no Brasil é que o país precisa “ser passado a limpo”.

Parece cada vez mais claro que nem os velhos conchavos políticos nem as velhas ideologias nem talvez muitos dos desgastados partidos de hoje são capazes de passar a limpo, por mais esforços que façam para criar uma nova cara, em que cada vez acreditam menos os cidadãos.

A esperança de regeneração deve vir desses jovens ainda não comprometidos com as velhas práticas de corrupção e até enojados com elas. Eles ainda podem levar levá-la a cabo antes que a onda do conformismo ou da cumplicidade os contamine e os arraste também ao abismo.

Muito se tem falado nos últimos anos sobre a mítica classe média saída da miséria, hoje ameaçada pela crise econômica, em especial pela inflação e pelo fantasma do desemprego, que começa a rondar.

Serão provavelmente os filhos dessa nova classe, metade dos quais já navegam pela Internet, que ao contrário de seus pais agora estudam, conhecem melhor a semântica da linguagem, são menos ideologizados, são mais pragmáticos e por enquanto mais limpos eticamente, a esperança desse Brasil, nascido dos escombros do passado.

Por falar em pobreza

"Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria, é uma concha vazia"
Nelson Mandela

O estranho caso de uma empresa que quebrou um país


O lulopetismo conseguiu outra proeza sem comparativos históricos: usar uma empresa estatal para quebrar um país. A Petrobras seria privatizada por tucanos irresponsáveis, diziam os companheiros. Foi privatizada pela quadrilha do PT. Antes da descoberta do pré-sal, tinha um valor de mercado superior ao atual. Chegou a valer 737 bilhões de reais. Agora, vale 127 bilhões.

A Petrobras hoje não tem crédito em nenhuma birosca financeira. E é a petrolífera mais endividada do mundo. Não terá com honrar encomendas e empréstimos. Os papéis da estatal na Bolsa de Nova York estão sendo “derretidos” por vendas de bilhões, às pressas, pelos investidores. Melhor do que ficar com o mico na gaveta.

Mais: prevê-se que, nos próximos dois anos, a cotação do barril no mercado internacional permaneça na faixa dos U$ 50. O patamar anterior era de U$ 120. (A causa principal é a guerra de preços entre o petróleo dos sheiks e o petróleo do xisto, mas isto é assunto para outro comentário). Só a extração do barril do pré-sal custa U$ 90.

A Petrobras também terá de pagar algumas centenas de milhões de dólares aos investidores americanos que foram enganados. Eles desconheciam o que o PT fez na empresa (e com a empresa).

E nós com isso? Simples. Quebramos juntos.

Qual empresa brasileira (privada ou estatal) terá acesso a financiamentos para a produção depois da descoberta dessa parte podre do país? Se a maior entre todas está falida, se deu garantias eque não cumpriu, se não consegue sequer apresentar um balanço (algo obrigatório no mundo inteiro), o que dizer das outras? Os recursos públicos (infindáveis, na lógica distorcida da seita petista) serão usados para salvar a Petrobras, como sempre aconteceu e continua acontecendo, via BB, CEF e BNDES?

Sinto informar: nossas reservas, que Dilma apresentava como uma prova de sucesso fenomenal, são menores que os buracos. Só conseguirão cobrir o rombo da Petrobras. Os bancos brasileiros estão expostos a riscos ,medidos em bilhões, decorrentes do Petrolão. Se a conta vai ficar no prejuízo do banco, ele tratará de transferir o espeto para quem? É óbvio que não haverá crédito para nenhuma empresa, seja qual for seu tamanho.

O mal dos tempos


A ignorância é a enfermidade de nosso tempo. Observo isso em determinados políticos. É como se o poder lhes tirasse a faculdade de fazer e dizer qualquer coisa, ainda sem ter a menor ideia do que estão dizendo. Creio que a ignorância é uma desgraça como é a indecência. O problema é que o indecente e o ignorante nos governam.

Há que ter claro que a política é fundamental. Como escreveu Aristóteles, é a mais arquitetônica das ciências, pois organiza o público e o coletivo, os estados e a justiça, e permite a luta pela igualdade
Emillio Lledó, que se considera um operário da filosofia aos 88 anos 

Dilma confunde autoridade com autoritarismo


É isso o que ela tem em comum com seus antigos carrascos
Dilma detesta ser pressionada a fazer alguma coisa – qualquer coisa. Até mesmo aquelas que parecem necessárias. É do temperamento dela.

Dilma confunde autoridade com autoritarismo. E na maioria das ocasiões se comporta como a autoritária que é, e não como a autoridade que deveria ser.

Até os apontadores do jogo do bicho abancados na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, sabem que Graça Foster, presidente da Petrobras, já deveria ter sido demitida.

Acabará sendo, é no que apostam. Mas à custa de muito desgaste para ela mesma, a empresa que preside, e Dilma que a mantém no cargo.

Por duas vezes até aqui, Graça pôs o cargo à disposição de Dilma. E ela não o quis de volta.

A política ensina que a pessoa que põe o cargo à disposição do seu superior é porque não deseja pedir demissão. Nem ser demitido.

Quem quer sair - ou está convencido de que a saída é o melhor que lhe resta - simplesmente sai, ora.

O cargo de Graça pertence a Dilma. E se Graça não quer deixá-lo, cabe a Dilma fazer com o que o deixe.

Entra dia e sai dia, e a Petrobras continua sangrando em praça pública. O preço de suas ações se desvalorizou 40% de janeiro para cá. Seus acionistas estão em pânico.

A roubalheira na Petrobras está sendo investigada por três países – fora o Brasil. São eles: os Estados Unidos, a Holanda e a Suíça. É o maior escândalo de corrupção da nossa história. E um dos maiores do mundo.

Não é mais a imagem da Petrobras que está sendo enlameada no mercado internacional. É a do Brasil.

E ao invés de agir, Dilma defende sua própria paralisia com a desculpa de que não age sobre pressão.

Alguns dos presidentes da ditadura militar de 64 gostavam de dizer que não agiam sob pressão. Faltava quem tivesse peito para pressioná-los, isso sim.

Sob vários aspectos, Dilma e seus carrascos se parecem mais do que ela mesma desejaria.

Falta de recursos ameaça medição de terremotos


Poucos meses após lançamento de uma plataforma que reúne dados sobre abalos sísmicos no país, projeto que consumiu 25 milhões de reais em recursos públicos pode acabar sucateado por falta de verba para manutenção.
 O recém inaugurado site da Rede Sismográfica Brasileira corre o risco de ficar desatualizado já no próximo ano, por falta de recursos. O financiamento do projeto que monitora e mapeia terremotos no Brasil termina este ano. Para manter o monitoramento, integrantes da iniciativa buscam novas parcerias.

O projeto iniciado em 2008, do qual fazem parte o Observatório Nacional, a Universidade de São Paulo, a Universidade de Brasília e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, custou cerca de 25 milhões de reais, financiados pela Petrobras, e contou com a integração e instalação de estações sismográficas em todo o Brasil.

"A sismologia no país era fragmentada. Agora a rede permite fazer um monitoramento mais extensivo do Brasil, temos uma cobertura mais homogênea de estações que possibilitam entender aonde ocorrem os sismos", conta o geofísico da USP Marcelo Bianchi.

Os dados recolhidos por cerca de 80 estações espalhadas pelo país são disponibilizados, quase em tempo real, no site da rede, que foi inaugurado no final de novembro. Mas todo esse esforço para monitorar tremores de terra em território brasileiro pode acabar sucateado, caso o projeto não receba mais recursos.

"Os equipamentos estão comprados, mas precisam de manutenção. Além disso, é necessário dinheiro para pagar a transmissão de dados. À medida que não temos mais financiamento, o projeto vai começar a parar. Os sismos não acontecem sempre, mas de tempos em tempos. Por isso, precisamos ter um monitoramento constante para entender melhor esses eventos", conta Bianchi. 

Jogo da verdade


A verdade é um labirinto.

Se digo a verdade inteira,
se digo tudo o que penso,
se digo com todas as letras,
com todos os pingos nos is,
seria um deus-nos-acuda,
entraria um sudoeste
pela janela da sala.
Então eu digo
a verdade possível,
e o resto guardo
a sete chaves
no meu cofre de silêncios.

Roseana Murray