quarta-feira, 19 de novembro de 2014


'Não há uma cidade, um estado no Brasil, sem obra superfaturada'


Para promotor especialista em carteis, algumas empresas atuam como a máfia
Mudam os esquemas, mas os protagonistas continuam os mesmos. Ano após ano, grandes empresas – em especial, construtoras – são apontadas como pivôs de escândalos suspeitos de desviar uma fortuna dos cofres públicos no Brasil. O mais atual, que atinge a empresa estatal mais importante do país, a Petrobras, revelado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), pode ter causado um rombo de até 10 bilhões de reais. Para o promotor de Justiça de São Paulo, Marcelo Batlouni Mendroni, especialista em investigar crimes financeiros e cartéis, somente uma ampla reforma na legislação diminuirá a ocorrência de casos de corrupção que, na avaliação dele, é endêmica.

“Não há uma prefeitura, um Estado no Brasil, sem contratos superfaturados de obras, de prestação de serviços”, disse o promotor, doutor pela Universidad Complutense de Madrid, na Espanha, com pós doutorado na Università di Bologna, na Itália. Em entrevista ao El País, na sede do Gedec, órgão do Ministério Público paulista criado em 2008 para investigar delitos de ordem econômica, Mendroni comparou as empresas envolvidas em escândalos dessa natureza à máfia italiana.

O promotor é autor da denúncia, de 2012, um grupo de empreiteiras suspeitas de fraudar uma concorrência pública para obras do metrô paulista. Embora sejam casos completamente distintos – um afeta o Governo Federal, comandado pelo PT, e o outro o Governo paulista, a cargo do PSDB –, chama a atenção a repetição dos “personagens” da esfera privada. Dentre as denunciadas pela Promotoria de São Paulo há dois anos, seis estão agora sob a mira da Operação Lava Jato da PF: as construtoras Camargo Corrêa, Mendes Júnior, OAS, Queiroz Galvão, Iesa e Odebrecht – todas negam irregularidades. Na semana passada, 36 investigados, entre eles executivos de oito construtoras, foram detidos pela Polícia Federal.
Leia a entrevista do promotor Marcelo Mendroni 

Somos cúmplices



A corrupção se converteu no ambiente da sociedade. É tão velha como a prostituição encontra terreno fértil numa sociedade que premia o cinismo e o êxito rápido. E parte da cultura globalizante que tira do rumo os códigos morais como consequência das exigências sociais. Somos corresponsáveis pela corrupção 
Jorge Zepeda Patterson

Paisagem Brasileira

Aguilon,Tempo chuvoso em Ouro Preto

A calçada dos milhões


Propaganda de supermercado? Oferta de televisão em programa popular? Promoção de loja de eletrodomésticos? Nova comédia de sucesso no cinema? Quem dera.

O título é mesmo de mais um rombo em nome do progresso “revolucionário” (como se esse precisasse de adjetivo) das Organizações Quaquá, monopólio petista dos rombos nos cofres públicos de Maricá.

Sempre disposto a desenvolver o município com as velhas receitas rançosas e conservadoras, colorizadas de bolivarianismo, o multifuncional prefeito Quaquá protagonizou outro escandaloso roubo no Erário: mais de R$ 8 milhões para a recuperação “ecológica” das calçadas de 1,5 m de largura em alguns trechos do Centro. Obra digna de um Nabucodonossor de esquina, insuperável até mesmo pela Calçada da Fama em Hollywood, nem tão cara assim.

O calçamento passa incólume (será que nada viram?) pela mídia local e é recebido pelos basbaques de sempre com o estrondo de aplausos, quiçá com reverências carnavalescas do comissariado e daqueles sempre afeitos a aplaudir pouca bosta e se calar diante dos desmandos, falcatruas e desgoverno. Faz parte da pirotecnia da empulhação.

Eleito e reeleito como um símbolo da revolução no município, ficou no meio-fio como um pierrô pré-revolução russa. Se tornou verdadeiramente um “coroné” da Velha República dando esmolas em troca de votos de cabresto, levando o desenvolvimento com obras de barrigada.

A caricata postura de político de meia tigela tem propiciado ao município as maravilhas de obras, com verbas estaduais e federais, de que se apropria indevidamente para justificar a permanência no trono, em troca dos favores da bica comissariada e das esmolas de bolsas. Ambas também escandalosas.

O número de apadrinhados dentro da administração supera os 3 mil, logicamente para não fazer nada, a ponto de o governo sair alugando casarões para abrigar parte da gentalha da boquinha, que a outra está em casa na sombra e água fresca de só aparecer para receber na boca do caixa.


A farra se completa com a distribuição, além do Bolsa Família, da modalidade Bolsa Mumbuca, atendendo mais de 14 mil famílias beneficiadas com R$ 85 num universo populacional de 120 mil habitantes. É sinal de que muita gente está no nível de pobreza e o indigno prefeito nada faz para desenvolver o município e melhorar a vida da população mais necessitada. O interesse é sustentar esses eleitores de cabresto com suas bolsas e calçadas para “beneficiar deficientes físicos e visuais” para continuar mamando com a gente do seu curral. Mesmo que para isso o município sem afunde na maracutaia e ignorância dos basbaques.