terça-feira, 21 de outubro de 2014

É preciso cuidado


O Brasil de Dilma e o Brasil de Aécio


O país que está sendo desenhado para o futuro talvez não coincida com o resultado das eleições
A impressão é que estavam se dirigindo a dois países diferentes. E é verdade que nestas eleições, mais que em todas as anteriores desde a democratização, os brasileiros se apresentam divididos em duas metades praticamente iguais entre os que se dispõem a votar no Brasil de Dilma e os que preferem o Brasil de Aécio.

Como são esses dois Brasis apresentados pelos candidatos com vocação para governar o país? Ou se trata de uma divisão artificial criada pelos assessores de imagem dos candidatos já que, na realidade, existe um único Brasil? Quem e como foi dividido o país entre os que temem perder o que têm e os que desejam conseguir mais do que já foi conquistado, que é o que exigia o clamor da rua em 2013?

A candidata Rousseff em suas palavras finais no debate deixou claro que existe um projeto em curso que fez o país avançar com novas conquistas, como maior inclusão social, que não existia antes, e outro que seria o espelho de um passado que criou desemprego e salários baixos.

O candidato Neves, ao contrário, fez alusão a outros dois projetos diferentes: o que continua comparando o Brasil de hoje com o Brasil do passado, que seria o do PT, e o que desejaria mudar o país em tudo aquilo que hoje significa retrocesso para oferecer novas possibilidades, que seria o seu, o da mudança. Seria um choque entre o passado e o futuro. As duas posições têm força eleitoral quase igual.

É, no entanto, interessante analisar melhor quais brasileiros, por idade, estudos e posição social apoiam cada um desses projetos.

Pelo que revelaram até agora as pesquisas do Datafolha, fica bastante claro que o Brasil que poderíamos chamar de “do medo”, o que teme perder o já conquistado, se concentra principalmente entre os eleitores de idade mais avançada, de menor escolaridade e de menor posição econômica, localizado nas regiões menos ricas do país e nas menores cidades do interior.

Ao contrário, o chamado Brasil “da mudança”, se divide entre os mais jovens, os mais escolarizados e os de maior renda, que vivem nos Estados mais prósperos e nas grandes cidades.

Isso significa alguma coisa? Talvez signifique. Poderia indicar, segundo os sociólogos, que a tendência do Brasil para o futuro, independente de quem ganhar a eleição, será a de colocar mais foco no presente e no futuro do que no passado. São os jovens, que não conheceram o passado, que continuarão apoiando mais a política de mudança que a do medo, já que está mais próxima a seus pais. São os que mais estudaram e estão mais bem preparados para fazer uma análise completa da situação do Brasil que apresentarão, daqui para a frente, menos medo de mudar.
Leia mais o artigo de Juan Arias

Enigma que nos devora


A corrupção e a estagnação são filhas do dirigismo econômico e da concentração de poder político.
Os negócios de grandes grupos de interesse econômico com partidos políticos desidratados a serviço de um desenvolvimentismo estatizante são o nosso passado recente sob o regime militar. Ali foi moldado este aparelho de Estado dirigido por uma tecnoburocracia administrativa centralizada, este Leviatã alimentado por uma aliança entre autoritarismo político e oportunismo econômico.

A associação histórica entre enormes estruturas burocráticas de administração centralizada e a degeneração de regimes políticos é bem documentada. Tocqueville registrou a tradição dirigista francesa de centralização burocrática como um eixo de autoritarismo atravessando os tempos dos monarquistas, dos revolucionários e dos bonapartistas.

O despotismo absolutista, o Terror e as guerras napoleônicas resultaram dessa engrenagem dirigista. O mesmo dirigismo burocrático prussiano arquitetado por Bismarck, da máquina militarista imperial aos correios, às ferrovias e à previdência social, foi muito além do Antigo Regime.

Prosperou em meio à avalanche social-democrata da República de Weimar e atingiu seu clímax com o capitalismo de Estado sob o regime do Partido Nacional-Socialista na Alemanha de Hitler.

Das vítimas do stalinismo aos dissidentes na China contemporânea e aos não bolivarianos hoje perseguidos, a questão política não pode ser apenas como chegar ao poder, mas essencialmente em que grau se exerce tal poder. Como nunca se sabe quem será o próximo a controlar a máquina de moer adversários, é fundamental limitar seu grau de arbítrio.

O caminho para asfixiar a corrupção e recuperar a dinâmica de crescimento é acelerar as reformas de modernização. “A economia perdeu sua vitalidade. Acumulam-se os problemas. Instalaram-se a deterioração e a estagnação”, diagnosticava Mikhail Gorbachev em “Perestroika” (1987).

Haja voto do dinheiro


Ou você tem o voto ideológico ou você tem o voto do dinheiro. Se você gastar R$ 5 milhões, é difícil perder eleição
Deputado federal Stepan Nercessian (PPS) derrotado no Rio


Se com tantos milhões é difícil perder, então com R$ 10 milhões, por cabeça, dá para garantir duas cadeiras, na Alerj e na Câmara, em Brasília. Certo, Quaquá?