sexta-feira, 3 de outubro de 2014

‘Não tem Coronel aqui. Quem manda é o povo!’



Candidato Luis Fernando Pezão, em Maricá, quando o prefeito Quaquá, presidente regional do PT, ordenou que sua “maré vermelha” atrapalhasse a caminhada do governador na cidade, respondeu ao coronelismo petista.

Gesto deselegante, para dizer pouco, e nada democrático, como costuma ser a atitude petista que atropela tudo para ser o vencedor. No caso, eleger a mulher do prefeito à Alerj, o que está sendo repudiado pela população. E assim o PT vai engolindo o país com suas safadezas e pilantragens.


Licença para enganar


Fica, pois, assentado que campanha é assim mesmo, um vale-tudo emocional, sem relação com os fatos e com a lógica.

Dá para compreender: eleição tem muito de emoção, de modo que as campanhas, dominantemente de rádio e TV, precisam apelar para o sentimento dos eleitores. Mas vale enganar, especialmente, as pessoas mais desinformadas?

Pessoal que trabalha com Dilma tem dito que muitas afirmações feitas pela presidente, como a que os banqueiros querem dominar o Banco Central para tirar a comida do povo, são “coisa de campanha”. Reparem: o pessoal faz essa ressalva para os eleitores mais informados, líderes de setores, formadores de opinião ou, para usar a linguagem de Lula, a elite rica.

Supondo que vale a ressalva, fica assim, portanto: a campanha tem umas mentirinhas para pegar o voto daquela turma que, vocês sabem, não é muito esperta; mas no governo será diferente, mais razoável e menos emocional.

E a campanha da presidente Dilma está no lado oposto, no lado do máximo vale-tudo: banqueiro é ladrão de comida, os ricos querem expulsar os pobres dos aeroportos, a imprensa é contra o povo, as empresas querem matar os seus trabalhadores para ter mais lucro, ter uma colaboradora acionista de banco é grave falta pessoal. Já ter aliados na cadeia ou perto disso é perseguição política do Judiciário das elites.

Arremedo de democracia


Nem a Folha de S. Paulo, que publicou a entrevista na última segunda-feira, nem os demais veículos de comunicação deram importância ao que disse Benjamin Steinbruch, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo e dono da Companhia Siderúrgica Nacional, sobre a eleição presidencial do próximo domingo.

A certa altura da entrevista, o repórter Fernando Rodrigues perguntou em quem Steinbruch votaria. O poderoso industrial respondeu:

- Não sinto necessidade de revelar. Meu voto é a favor das mudanças. Se a presidente Dilma propuser mudanças com relação ao futuro do Brasil, ela tem chance de ter o meu voto. Se a candidata Marina propuser mudanças, ela tem a possibilidade de ter o meu voto. Assim como o Aécio.

Rodrigues insistiu:

- Se um empresário como o senhor revelar o voto no Brasil, pode sofrer perseguição?

A resposta foi espantosa, a se levar em conta que vivemos numa democracia e que as pessoas são livres para votar em quem quiser:

- Com certeza. Pode.

Rodrigues foi adiante:

- Se disser que vota em Marina e ela perder a eleição, o senhor acha que poderia ser perseguido?

- Acho que sim. O empresário brasileiro e o banqueiro são tremendamente dependentes do governo. Lá fora você não tem essa necessidade de ter a boa vontade do governo. Aqui, só o BNDES te dá financiamento de longo prazo com carência.

Quer dizer: se o presidente da República não for com a sua cara, o BNDES lhe fechará as portas.

Temos um arremedo de democracia – a verdade é essa. E a democracia entre nós é tanto mais fraca quanto maior é a determinação dos donos do poder de não abrir mão do poder.


Chantagem de prefeito


Já asfaltei muito. Mas vou asfaltar toda Maricá. Vou fazer ainda mais pela cultura, pela educação, pela segurança. Vou construir o novo hospital. Mas para isso preciso de seu voto para eleger Zeidan para a Câmara estadual e Fabiano Horta para federal.

(Gravação do prefeito Quaquá em carro de som circulando há dois dias pela cidade. Embutida a chantagem de que se não forem eleitos seus candidatos petistas não serão cumpridas as promessas. Aliás, que sequer foram cumpridas ainda)