quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Arrogância de cara de pau



"Acho que o caminho da nova política passa pela nossa candidatura"
Lindbergh Farias, senador candidato ao governo do Rio

Você viu o Lula pelaí?


Em plena efervescência eleitoral, há uma figurinha que sumiu da mídia. Dizem até que estaria “doente”. Com certas dores que sempre o atormentaram quando a situação do partido está feia ou negra, como agora. Chá de sumiço é a receita caseira que mais usa, quando não as frases de efeitos para não dizer nada, parecendo que diz tudo.

Lula está fora de cena, com raras aparições para “vender” a imagem da sua eleita, e cada vez mais se torna um fantasma assombrado. Como aqueles ditadores que com o tempo são atacados por alucinações. Vagueia pelos corredores, em verdade, maquinando uma saída para si próprio quando o cataclismo estourar. Não terá nenhum escrúpulo em detonar mesmo os companheiros, sejam quais forem.

O importante é não ser atingida sua imagem de grande presidente como assim sonharam outros, tiranos e imbecis. Treme de ouvir uma revisão histórica dos seus mandatos para não passar no futuro a ser a sombra de FHC, em seu primeiro mandato. Porque a partir daí mostrou de vez que a única coisa que o diferenciava de ditadores de republiquetas era o fato de ter nascido no Brasil.

Um futuro de trevas para o partido pode colocar o ex-presidente, que se acha ainda o maior da República, mais assombrado por alucinações. Principalmente a de ser apenas pó como muitos outros, misturados numa vala comum de nomes comuns, quase como um ex-operário.

O pelego de ontem não se conforma com a História. E silencia para não ser envolvido e engolido pelo esquecimento de ter sido apenas mais um. Está convencido de que só ele poderia fazer um país, esquecido de que outros, menos cafajestes, cretinos e megalomaníacos, fariam muito mais do que fez e a custo bem menor.


Doente deve estar mesmo desde que mordido pela mosca azul, ainda no Planalto. Agora se agravou, porque não tem mais aquele poder de tudo mudar custando o que custasse, criando até a governança para reeleição, lançada em 2012, quando o governo se tornou máquina eleitoral com vistas a administrar a vitória em outubro. E o sonho agora fica cada vez mais distante e o pavor das assombrações aumenta.

Dilma foge de entrevista

A presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, apesar de passar o dia em São Paulo, sem qualquer explicação, não participou da série de entrevistas do Jornal da Globo com os principais candidatos à  Presidência. É a primeira vez que um candidato à Presidência não comparece à entrevista desde o início da série, em 2002.

Sem Dilma, os jornalistas William Waack e Christiane Pelajo leram no ar as perguntas que ficaram sem resposta da candidata.

1. Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?

2. A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?

3. A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil, no seu governo, tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?

4. A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?

5. Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo, mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez da senhora, em campanha, fazer a mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela primeira vez, depois de 15 anos. Por quê?


6. A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre, um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?

O bicho vai pegar em quem?


Marina pode ser o olho de um furacão que, claro, jamais conseguirá renovar a velha política sólida; mas ela pode criar um 'caos' na vida politica

O Brasil se move por acaso. Os rumos da História, se é que tem rumos, tendem a se enrolar em si mesmos e só fatos, traumas inesperados disparam a mutação. Que quer dizer essa frase? Que não são apenas as “relações de produção” que explicam nossa marcha, mas os detalhes, as ínfimas causas, as bobagens casuais e tragédias intempestivas fazem o Brasil andar.

Getúlio deu um tiro no peito e adiou a ditadura por dez anos. Jânio tomou um porre e pediu o boné, um micróbio entrou na barriga do Tancredo e mudou nossa vida, encarando o Sarney por cinco anos, o Collor foi eleito por sua pinta de galã renovador e acabou “impichado” por suas maracutaias. Roberto Jefferson mostrou sua carteirinha de corrupto, se denunciou junto com os mensaleiros e mudou a paisagem política. E agora Marina Silva pode ser presidente, em vez da Presidenta.

Com a população mal-informada em sua maioria (não falo dos miseráveis e analfabetos, mas de gente de terno e gravata) sobre as complexas questões da política e da economia, a emoção e a catarse movem o país.

Agora, estamos na expectativa; somos o país do eterno suspense: Marina vai ser eleita ou não? Será que o efeito “tragédia” vai se evaporar? A grande mudança seria, claro, a social-democracia apta a desfazer as boquinhas e os pavorosos erros com que o PT nos brindou. Aécio, se eleito, pode trazer a agenda correta. Mas, se Marina ganhar, teremos um outro tipo de mudança, uma virada para um “novo” desconhecido, uma virada psicológica e cultural inesperada. Não adianta analisar Marina com os instrumentos de análise costumeiros.

Agora em vez dos óbvios vexames do PT, estamos diante do mistério Marina.

Os petistas têm uma visão de mundo deturpada por conceitos acusatórios: luta de classes, vitimização, culpados e inocentes, traidores e traídos. Petistas só pensam no passado como vítimas ou no futuro como salvadores e heróis. O presente é ignorado, pois eles não têm reflexão crítica para entendê-lo.