terça-feira, 2 de setembro de 2014

Surpresa!


Alternativas

A única alternativa para a velhice é a morte. Já as alternativas para a democracia são várias, uma pior do que a outra. É bom lembrá-las sempre
Luis Fernando Verissimo

Não houve Copa


Segundo o ministro da Economia, Guido Mantega, foi por culpa dessa Copa do Mundo que o país deixou de crescer

O ministro da Economia, Guido Mantega, revelou aos brasileiros um segredo: não houve Copa. Não é brincadeira. Nem se trata do fato de que o Brasil perder de 7 a 1 da Alemanha foi pior do que não ter havido Copa. É algo mais sério.

Segundo Mantega foi por culpa dessa Copa do Mundo que o país entrou em recessão técnica, ou seja, deixou de crescer. Se isso é verdade, quer dizer que não houve Copa. Ganharam os que saíram às ruas para impedir sua realização.

Por que não houve? Muito simples: a Copa do Mundo que o Brasil conseguiu realizar em seu território deveria ter servido, segundo o Governo, para "fazer a economia crescer". Costuma ser assim em todos os lugares onde acontece. A Copa movimenta uma série de engrenagens industriais, comerciais e de infraestrutura que estimula a economia do país.

Se o Brasil, pouco mais de um mês depois do evento, parou e não cresce é porque "não houve Copa". Não como tinha sido concebida.

Os Silva são diferentes

Lula e Marina, os dois fenômenos políticos mais fascinantes da história recente, são filhos de Brasis que se desconhecem
Há uma ideia no Brasil de que os pobres são todos iguais. É uma visão de senso comum, mas que assinala a análise também de intelectuais. Ela explica a afirmação de que Luiz Inácio Lula da Silva e Marina Silva têm biografias parecidas – e a de que Marina teria sido a sucessora mais natural de Lula, não fossem as divergências que a levaram a deixar o Ministério do Meio Ambiente e depois o PT. Para chegar ao poder num país desigual como o Brasil, Lula e Marina fizeram uma travessia impressionante, uma espécie de jornada de herói. Mas as semelhanças acabam aí. Há enormes diferenças entre a trajetória de um filho de sertanejo que fez o caminho de São Paulo e se tornou operário e depois líder sindical, na região mais industrializada do país, e a trajetória de uma filha de seringueiro, seringueira ela também, na floresta amazônica, que iniciou sua carreira política em um estado como o Acre. Para alcançar a riqueza desse momento histórico do Brasil é preciso compreender que os Silva são diferentes.

Lula e Marina são ambos filhos do Brasil, mas de Brasis bem diversos. E é exatamente por causa de diferenças fundamentais de visões de mundo que, a certa altura, Marina não encontrou mais lugar no projeto do “lulismo”, usando a expressão do cientista político André Singer.