terça-feira, 22 de julho de 2014

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Nani Humor

Velhos filmes em pobres cenários


Lá pelos idos de 1940 e até 1950, Hollywood produziu filmes, normalmente de classe B, em que o bandido quase sempre fugia para o Brasil. Aqui era o reduto da bandidagem cinematográfica na mesma época em que Havana era o refúgio da máfia norte-americana. O cinema convergia as cenas para o paraíso tropical a fim de não comprometer as aberrações criminosas sob o regime de Fulgêncio Batista. Colocar bandidos em Havana, na época, era contra os interesses nacionais (deles). Então que viessem para o Rio – “Yes, nós temos banana” também.

Os saudosistas podem ficar tranquilos. Os tempos estão voltando. Mas os bandidos não são os de cinema, nem vivem em Hollywood, também o paraíso da impunidade não fica no Rio dos cassinos, que já não existem. Agora a bandidagem, que não é cinematográfica, nem estrangeira, nem estrela, prefere uma pequena e desleixada cidade bem próxima ao Rio.

Depois de abrigar Marcelo Sereno e Maria Helena, prósperos asseclas de Zé “Mensalão”, por um bom tempo, na primeira gestão de Washington Quaquá, o grande nome das paradas já há algum tempo é Lurian Lula, dona de um extenso prontuário de atuações em governos municipais petistas. Depois de passear por São José, cidade vizinha de Florianópolis, onde abocanhou o cargo de secretária de Desenvolvimento Social, quando trocou as cestas básicas pela criação de um Cartão Cidadão, e ser figurinha na última campanha no Maranhão ferrando 13 candidaturas petistas no estado, parece que se encantou pela sujeira de Maricá, onde desde o ano passado vem participando da politicalha local, nos bastidores, como confessou há tempos sobre sua preferência de ação. E com tempo até para acompanhar o casal reinante em passeios internacionais e na passarela do samba.

Lurian teria trocado São Paulo, o apartamento em Florianópolis e as praias nordestinas pela suja e desleixada (pelo governo) cidadezinha fluminense encantada. Por que deixaria o bem-estar lá de fora por um muquifo em Maricá, sem ruas asfaltadas, saneamento básico, saúde, segurança? Ou será, dizem as más línguas, que é uma cidadã virtual podendo confortavelmente fazer seu trabalho através do mundo e receber tudo via internet? Pois Lurian agora é a jornalista responsável (sic) pela revista Maricajá, de propriedade do casal Quaquá, que tem como diretora nada menos do que a consorte Zeidan, candidata à Câmara federal.

O caso Maricajá, agora nas mãos de Lurian, é o mais escandaloso uso de verbas públicas para abastecer a empresa sem registro do prefeito, que se tornou órgão oficioso e de propaganda da Prefeitura. E no comando agora temos a sempre zelosa pelo bem do povo, Lurian, uma representante de sangue azul dos pelegos. É ou não é a volta dos velhos filmes classe B, em que pontuavam os mafiosos?       

E no cordão dos puxa-sacos...


"Presidentes temperamentais dizem o que querem, e os áulicos aprendem a fingir que concordam"
Elio Gaspari 

Altas contas dos TCEs

Benefícios como 14º e 15º salários são pagos como ‘aquisição de obras técnicas’
 Os salários ultrapassam R$ 26 mil. A eles, somam-se auxílio-alimentação que chega a R$ 1.000 por mês; auxílio-moradia que, em alguns casos, ultrapassa R$ 7 mil por mês; R$ 2.924 por abono de permanência, pago ao magistrado que, aposentado, continua trabalhando; e 14º e 15º salários camuflados sob a rubrica de “aquisição de obras técnicas”. É a folha dos conselheiros dos Tribunais de Contas dos estados no país.

Em Mato Grosso, por exemplo, o auxílio-moradia é de R$ 7.235 — mais que o dobro do que têm direito os deputados federais, que podem receber até R$ 3 mil. Mesmo com as regalias, há diversos casos de conselheiros acusados de desvios de verba pública, como mostrou O GLOBO neste domingo. Além disso, os tribunais, que cobram a prestação de contas de vários entes governamentais, não são transparentes.