segunda-feira, 28 de abril de 2014

Bertold Brecht

Quem me defende

Quem se defende porque lhe tiram o ar
ao lhe apertar a garganta, para este há um parágrafo
que diz: ele agiu em legítima defesa. Mas
o mesmo parágrafo silencia
quando você se defende porque lhe tiram o pão.
E no entanto morre quem não come, e quem não come o suficiente
Morre lentamente. Durante os anos todos em que morre
não lhe é permitido se defender.

Arquitetura e o poder

Aquário municipal lembra o Congresso, outro símbolo do Poder

A recente divulgação de vídeo promocional de Maricá (RJ), essa Vila dos Patos, é um pequeno exemplo de como, através da arquitetura, o poder resolve se implantar de vez. A apresentação de obras como teleférico, com vista panorâmica, e aquário municipal não passam de mais uma aplicação da arquitetura que pode estar intimamente ligada ao poder para atender aos interesses de governo, e só dele. Bem esclarecedora sobre essa relação é a reportagem de El País, “A arquitetura e o poder”:
 “Há anos, Rem Koolhaas declarou estar convencido de que sua sede para a televisão chinesa em Pequim, um enorme arranha céu espetacularmente fotogênico, contribuiria para levar o progresso e a democracia à China. Não ocorreu a ele que se já se tem o símbolo não há necessidade de mudança. Pela mesma época, Normal Foster concluía em Astaná, a atual capital do Kazaquistão, sua primeira interferência urbanística na cidade: a imensa pirâmide do Palácio da Paz e Reconciliação. Bem mais do que Nursultan Nazarbaiev – o presidente do país que, em 1997, fez coincidir a fundação da nova cidade com o dia de seu aniversário -, Foster é o grande protagonista da operação urbanística que quer transformar o antigo país da estepe na primeira capital do século XXI. O último exemplo de como a melhor arquitetura está servindo a regimes totalitários para enviar uma mensagem de progresso adquire as formas curvas do novo edifício assinado por Zaha Hadid: o Centro Cultural Heydar Aliyev. Construído em Bak (Azerbaijão), quer contribuir para a modernização e, portanto, democratização, da antiga república soviética. (...) É difícil querer vender progresso em um país governado, há 40 anos, por uma mesma dinastia”.

A habilidade (deles)


"A habilidade específica do político consiste em saber que paixões pode com maior facilidade despertar e como evitar, quando despertas, que sejam nocivas a ele próprio e aos seus aliados. Na política como na moeda há uma lei de Gresham; o homem que visa a objetivos mais nobres será expulso, exceto naqueles raros momentos (principalmente revoluções) em que o idealismo se conjuga com um poderoso movimento de paixão interesseira. Além disso, como os políticos estão divididos em grupos rivais, visam a dividir a nação, a menos que tenham a sorte de a unir na guerra contra outra. Vivem à custa do “ruído e da fúria, que nada significam”. Não podem prestar atenção a nada que seja difícil de explicar, nem a nada que não acarrete divisão (seja entre nações ou na frente nacional), nem a nada que reduza o poderio dos políticos como classe". 
Bertrand Russell (1872/1970)